Sudário é o nome dado, no passado, a um pano usado para limpar o suor e servir como mortalha. O mais famoso deles, o sudário de Turim ou Santo Sudário, supostamente foi utilizado para envolver o corpo de Jesus Cristo e, graças às marcas que ficaram nele, tornou-se uma relíquia cristã. Inspirado nesses vestígios que ficaram sobre o tecido – mas sem uma conotação religiosa obrigatória –, o artista Carlos Vergara criou sua mais recente exposição, que leva o nome do artefato.
Na mostra, que acontece no Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Vergara traz vários sudários criados por ele mesmo. Para isso, utilizou a técnica da monotipia para imprimir sobre tecidos as memórias dos lugares por onde passou. Em destinos como Índia, Capadócia, Cazaquistão, Londres, Pantanal, São Miguel das Missões e Salvador, usou lenços para coletar instantes, guardando apenas uma impressão vaga, mas poética e densa, desses destinos.
Além dos sudários, o artista apresenta pinturas, fotografias, monotipias, instalações e um vídeo. No pátio do museu, ele montou 30 esculturas do projeto “Liberdade”, realizadas com fotografias e portas gradeadas das celas recolhidas nos escombros do Complexo Penitenciário da Frei Caneca, Rio de Janeiro, em 2011.
Carlos Vergara, um artista quase nômade, acumulou cinco décadas de vida artística e agora busca explorar de maneira diferente os materiais e técnicas. “Quero que o espectador experimente o invisível através do visível. Quando fragmentos de lugares são deslocados para o âmbito do museu, outras possibilidades de significados se constroem”, explica.
Sudário
Local: Museu de Arte Contemporãnea de Niterói
Endereço: Mirante da Boa Viagem, s/n – Niterói, RJ
Data: até 23 de fevereiro de 2014
Horário: de terça à domingo, das 10h às 18h
Preço: R$10 (inteira) e R$5 (meia). Gratuito às quartas-feiras
