![Reparos e reformas feitos por mulheres para mulheres (Foto: Divulgação) Reparos e reformas feitos por mulheres para mulheres (Foto: Divulgação)]()
Se há quem acredite que mulheres nasceram com o dom de decorar, é claro que não iriam faltar os que duvidam da capacidade feminina para executar reformas na casa, desde as mais pesadas até os pequenos reparos. Resultado de anos de uma cultura que incentiva o desenvolvimento estético das meninas, mas não as presenteia nem com ferramentas de brinquedo e duvida de qualquer tipo de força bruta vinda do ainda chamado de “sexo frágil”.
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No comecinho desta nova era, porém, assistimos mulheres que contestam o estereótipo se estabelecem no mercado colocando, literalmente, mãos à obra. Mais bonito do que isso, as “empreiteirAs”, com “a” maiúsculo, por assim dizer, se mostram especialmente dispostas a ensinar e até atender outras mulheres. Como? Algumas desenvolveram cursos presenciais, outras tutoriais no Youtube, isso sem contar as muitas que oferecem serviços domiciliares. Um atendimento que, além de competente, como deve ser qualquer um, vem com o bônus de evitar possíveis constrangimentos e até casos de assédio (o que claro, deveria ser o básico, mas como relatam muitas das clientes, não é).
Neste sentido essa coluna faz o que lhe cabe: ajudar nossas leitoras a encontrar cursos e serviços de reparos e reformas, sempre feitos por mulheres e para mulheres, nas diversas cidades do Brasil. Confira abaixo uma lista preciosa, que vai te ajudar a fazer com a maior tranquilidade as próximas mudanças na casa, além de dar aquele socorro a próxima vez que o cano estourar ou o interruptor queimar.
Mana Manutenção (São Paulo)
Gerenciado por Ana Luiza, a idealizadora, e Katherine, sua sócia, a Mana Manutenção atende apenas mulheres da cidade de São Paulo – mas já planeja uma expansão para cidades da Grande São Paulo até 2020. A equipe conta com 10 profissionais, executa algumas reformas e quase todos os tipos de reparos, elétricos, hidráulicos, pintura, instalação de fixos, montagem de móveis e daí em diante. Tudo começou em 2015, após a fundadora sofrer um caso de assédio de um prestador de serviço em sua casa. Ana começou o negócio pelas redes sociais e logo Katherine se ofereceu para ajudar: “Minha mensagem para ela foi: sou arquiteta, tenho um dinheiro para investir e gostei da sua ideia, vamos conversar? Nesse meio tempo eu já estava saindo da minha área de atuação, não gostava de fazer projeto e sim executa-los. Gosto de obra mesmo!”, conta.
Para fazer seu orçamento acesse o site da Mana Manutenção
Segundo o próprio site da empresa, a Manas à Obra nasceu da necessidade de assegurar a integridade física, moral, social e psicológica de mulheres e pessoas LGBT que necessitam de Serviços e Reparos Domésticos. A ideia é evitar possíveis abusos, assédios e discriminação. Para tanto Priscila, que fundou o projeto em 2015, montou uma rede de colaboradores mista, que dá prioridade para a contratação de transexuais. “Homem cis, hétero, só trabalha sob supervisão e como ajudante, principalmente em alguns trabalhos mais pesados nas obras”, explica a idealizadora. A empresa atende tanto homens quanto mulheres de São Paulo, em ambos os casos por causa do seu diferencial.
Para saber mais informações acesse o site da Manas à Obra
Se Vira, Mulher! (São Paulo)
![Reparos e reformas feitos por mulheres para mulheres (Foto: Divulgação) Reparos e reformas feitos por mulheres para mulheres (Foto: Divulgação)]()
Criado em 2017, após Thais observar a crescente procura por profissionais mulheres nas áreas de manutenção, o “Se Vira, Mulher!” é um projeto de educação que oferece cursos de elétrica, marcenaria básica, jardinagem e mecânica automotiva - todos ministrados por mulheres e para mulheres. “Notei que grande parte da demanda de serviços de manutenção era para reparos simples, que podem ser desempenhados sem a necessidade de uma formação profissional. Comecei a refletir sobre como essas atividades são socialmente tidas como "papel do homem" em casa, e daí veio a ideia de incentivar e disseminar esse conhecimento entre mulheres.” Hoje, no total, já são 10 colaboradoras, mas a equipe deve crescer com o surgimento de outras “disciplinas” como hidráulica e pintura, por exemplo.
A sede do Se Vira, Mulher fica em São Paulo, no bairro de pinheiros, mas os cursos também já forma ministrados em algumas lojas e centros culturais parceiros. Para acompanhar a agenda acesse aqui
Ela repara (Rio de Janeiro)
Formada em Mecânica Industrial pelo Cefet/RJ, Isis, fundadora do “Ela repara” se inspirou na inciativa de outras mulheres para criar o próprio negócio. Cansada de ser olhada com desconfiança nas entrevistas de emprego, além de receber ofertas com valores bem abaixo do mercado, desconfia ela que por ser mulher em um meio predominantemente masculino, a jovem carioca partiu para o empreendedorismo. “Meu namorado havia visto na TV sobre duas meninas em São Paulo que faziam trabalhos residenciais e sugeriu que eu começasse aqui também, até arrumar algum trabalho. Fizemos uma página no Facebook e para minha surpresa muitas pessoas entraram em contato logo no início”. Hoje Isis atende no Rio de Janeiro e tira seu sustento do projeto. “a ideia é crescer, me especializar em outras coisas e por aí vai....”, revela.
Para contrara os serviçoes de Isis, basta seguir a página do Ela Repara no Facebook
A Entre Minas é formada por mulheres e atende somente mulheres e mulheres trans. Fundada em 2016 pela museóloga May Rosa, a iniciativa oferece serviços de hidráulica, pintura, elétrica, marcenaria e cenografia para filme e teatro – além de, desde de 2018, ministrar oficinas e cursos para mulheres, com o propósito de capacita-las e contribuir com sua autonomia. “Elas chegam sem saber usar um martelo e já saem querendo comprar uma furadeira. É gratificante demais poder contribuir de alguma forma com todo esse processo mudança”, conta May que hoje conta com mais duas colaboradoras.
Para acompanhar a agenda dos cursos e requisitar os serviços siga o perfil do Entre Minas nas redes sociais
A ideia surgiu após uma experiência para lá de traumática vivida por uma amiga, que chegou a ser ameaçada pelo empreiteiro que contratou. “Falamos num almoço que a gente deveria fazer essas coisas, porque os nossos clientes não iriam passar por isso”. Um ano após a brincadeira, saiu do papel a Mari Donas. O tempo foi suficiente para a jornalista pós-graduada em sociologia e política, Guta Brandt, e a designer com cursos em Londres e no Japão, Melany Sue, aprenderem como azulejar paredes e montar instalações hidráulicas e elétricas. Hoje a dupla atende na cidade de Curitiba e região Metropolitana, principalmente mulheres, como sua amiga, mas não só. “Entendemos que mais gente precisa se sentir segura e acolhida. Temos muitos clientes gays e atendemos muitos casais jovens, com filhos pequenos, que têm medo de receber prestadores do sexo masculino em casa”, explicam.
Para contratar os serviços basta acessar o site da Mari Donas
Marida de Aluguel (Curitiba)
"Depois de perder o emprego e terminar o segundo casamento decidi me tornar "marida de aluguel". Faço pequenas manutenções que normalmente os maridos fazem!”, conta a curitibana Nattasha Silva, que hoje ganha a vida realizando reparos residenciais. Com técnico em edificações e experiência acumulada na faculdade de Engenharia, ela começou sua empreitada em 2016, através de um grupo de Facebook. Hoje trabalha com uma ajudante, mas sonha em ter uma equipe 100% feminina, assim como suas clientes. Ela atende exclusivamente mulheres – segundo ela, algumas são solteiras e outras casadas também. “Para os que tinham preconceito, acho que eu já provei que isso é coisa do passado!”, concluí.
Para solicitar os serviços acesse a página da Marida de Aluguel no Facebook
S.O.S Gurias (Porto Alegre)
Dany, administradora, e Sabrina, advogada, realizam pequenos reparos residenciais e montagem de móveis desde janeiro de 2016. O casal de Sapucaia do Sul (RS) estava com dificuldades de encontrar emprego quando decidiu transformar suas habilidades em pequenos reparos em sustento. Juntas elas fundaram a S.O.S Gurias, uma empresa de reparos que atende apenas mulheres - em Porto Alegre e na região do Trensurb.
Para orçamentos mande mensagem no Facebook da S.O.S Gurias
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Foi a mão e de Paloma quem deu a ideia. A jovem que criava conteúdos de comportamento de forma aleatória e tinha o sonho de ser youtuber não estava tendo muito retorno até que seguir o conselho: “Como eu sempre fiz essas coisas manuais e mais pesadas aqui em casa, minha mãe sugeriu que eu gravasse vídeo instalando o piso do meu quarto, já que eu iria instalar de qualquer forma. Não gostei muito da ideia, mas gravei e postei o vídeo”. Isso foi há três anos, hoje Paloma vive do conteúdo que cria na internet e se destaca por ser uma das poucas mulheres que ensina praticamente tudo que você precisa saber para realizar as próprias reformas em casa. O público, conta ela, ainda é majoritariamente masculino, mas aos poucos ela conquista o interesse feminino. “Antes era apenas de 20% do público feminino, hoje já estamos em cerca de 40%, meu desejo é chegar em pelo menos 50%”, revela.
Para acessar todas as dicas, basta seguir o canal da Paloma no Youtube
Giovanna Maradei é editora-assistente de design e arquitetura de Casa Vogue, feminista e autora da coluna Feito por elas. A jornalista acredita que é compartilhando o trabalho e as histórias de mulheres criadoras que ficamos mais próximos de um mundo mais justo e igual para todos.