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Casa dos sonhos em tempos de crise

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Casa de Marsha Fatino e Alison Thorn (Foto: Ryann Ford / The New York Times)

Quem vê a casa Deep Eddy, localizada em uma rua tranquila na zona oeste de Austin, no Texas, não imagina que sua construção nasceu do sonho de um casal obstinado e do trabalho de três homens em meio a um período de recessão.

Alguns meses antes dos Estados Unidos começarem a sentir os efeitos da crise de 2008, Marsha Fatino e Alison Thorn haviam conseguido empréstimos bancários para financiar a construção da casa de seus sonhos e contrataram o arquiteto Burton Baldridge, do escritório Burton Baldridge Architects, para executar a obra, orçada em 461 mil dólares. O terreno já pertencia a Marsha e ela se sentia confortável com as cifras. “Até então, havíamos levantado esse valor com facilidade junto aos bancos”, diz.

Parecia ser o momento perfeito. A casa em que viviam, um chalé dos anos 1930 comprado por Marsha em 1997, tinha linhas de esgoto que faziam com que a água voltasse pelos encanamentos com certa frequência. “Parecia mal-assombrada, vimos que realmente precisávamos de uma casa nova”, confirma Alison.

Casa de Marsha Fatino e Alison Thorn (Foto: Ryann Ford /  The New York Times)

Elas queriam permanecer no bairro, mesmo após um vizinho ter construído uma casa de três andares que as fazia sentir-se como “peixes em um aquário”. Começaram a visitar escritórios de arquitetura e, na busca por uma proposta que restaurasse a privacidade, se apaixonaram pelo projeto de Burton. Porém, às vésperas do início das obras, a economia norte-americana entrou em colapso e, do dia para a noite, os mesmos bancos que disputavam entre si para oferecer empréstimos imobiliários já não podiam mais financiar a construção civil.

A solução foi sacrificar a poupança, já dilapidada pela crise. Porém, o valor alcançado era insuficiente para os requisitos do projeto, e a saída foi cortar alguns custos - a começar pela mão-de-obra, que se resumiu no arquiteto e mais dois funcionários do escritório.

Quando largou a carreira como advogado para montar um escritório de arquitetura, Burton tinha em mente acompanhar de perto todos os processos, desde sua concepção até a entrega - mas ele próprio não esperava que seu envolvimento com a execução fosse tão próximo a ponto de manusear soldas e pincéis. “Assim como muitos arquitetos determinados a seguir em frente com suas carreiras em tempo de crise, fiz o que tinha de fazer”, disse.

Para garantir a privacidade do casal, a sugestão foi uma série de janelas pequenas na face oeste, colada à casa vizinha. Na face leste, grandes áreas envidraçadas se abrem para um jardim lateral, protegido da visão da rua pela cerca de madeira original da propriedade. Um velho carvalho oferece sombra, mas permite que os ambientes sejam bem iluminados.

Já a fachada, em aço corten pulverizado com ácido muriático para garantir o efeito oxidado, foi criada e montada pelo próprio arquiteto a um baixo custo. O material foi utilizado também nas demais paredes externas da casa. Lá, um gramado cobre toda a extensão do teto da garagem, facilitando a drenagem e permitindo que as moradoras cultivem um jardim de ervas. 

No segundo andar da casa, foram previstas uma sala de música para Marsha tocar violão e um estúdio de pintura e fotografia para Alison. Além de bastante espaço para os três cães do casal – dois chihuahuas e um chinese crested dog – circularem livremente. Na hora da pintura, mais economia: foram convocados os outros arquitetos e designers do escritório, e as paredes receberam apenas uma demão de tinta, além de dispensar rodapés.

Com 235 m², a nova casa é mais de duas vezes maior que a anterior, mas foi tão bem pensada quanto à utilização da iluminação natural que o valor da conta de luz caiu pela metade. Elas aprenderam também que não precisavam de muitos dos objetos que ficaram em um guarda-móveis durante a construção. “Vamos desempacotando nossas coisas e perguntando porque guardamos isso”, conta Marsha.

Foram criados tantos nichos com prateleiras e gavetas que praticamente não há necessidade de móveis. Apesar disso, o casal pretende mobiliar com peças mais modernas alguns dos muitos quartos vazios da nova morada, mas com bastante calma.Uma decisão tomada por conta da rasteira que levaram da economia foi nunca mais financiar compras. “Agora só pagamos à vista”, diz uma convicta Marsha Fatino.

Casa de Marsha Fatino e Alison Thorn (Foto: Ryann Ford /  The New York Times)

 

Casa de Marsha Fatino e Alison Thorn (Foto: Ryann Ford /  The New York Times)

 

Casa de Marsha Fatino e Alison Thorn (Foto: Ryann Ford /  The New York Times)

 

Casa de Marsha Fatino e Alison Thorn (Foto: Ryann Ford /  The New York Times)

 

Casa de Marsha Fatino e Alison Thorn (Foto: Ryann Ford /  The New York Times)

 

Casa de Marsha Fatino e Alison Thorn (Foto: Ryann Ford /  The New York Times)

 


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