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As criações fortes de Nacho Carbonell

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Entrevista com Nacho Carbonell (Foto: Lisa Klappe)

Ele atraiu a atenção internacional pela primeira vez em 2007 com uma peça bastante improvável: em Pump It Up, seu projeto de graduação pela Design Academy Eindhoven, Nacho Carbonell apresentava um sofá que, ao ser usado, dava vida às criaturas infláveis ligadas a ele. E assim tem sido desde então – dia após dia, propõe peças autorais e com alto teor conceitual, capazes de instigar e surpreender o usuário, levando-o a refletir sobre questões diversas. Designer, artista, artesão? O espanhol radicado na Holanda recusa qualquer rótulo: “Todos somos um tipo de collage”, retruca. Sobre seu design “fora da caixa”, ele espera uma coisa: que comunique a que veio. “Desejo que, ao ver o trabalho, as pessoas entendam – talvez não agora, mas em um futuro breve – como e por que faço as coisas.” À Casa Vogue, Nacho fala sobre suas criaturas e seu universo.

Os objetos que você cria remetem a organismos vivos. A natureza (ou a naturalidade) lhe influencia de alguma forma? Essa abordagem é consciente ou apenas acontece?

Tem muito a ver com meu subconsciente e com meu background. Cresci em Valência, na Espanha, perto do mar, mergulhando, fazendo snorkel... Sempre me senti confortável junto à natureza, então, isso ficou em mim. Quando você se expressa, formas e memórias se juntam naturalmente. Por isso, a natureza e as linhas orgânicas certamente aparecem bastante no meu trabalho. Em algumas situações [risos] De algum modo, eles ganham a minha alma e a de todas as pessoas que trabalharam para fazê-los.

Entrevista com Nacho Carbonell (Foto: Divulgação)

Areia, borracha, concreto, papel, couro, silicone... Você já usou diversos tipos de materiais em seus projetos. Como lida com eles?

Explorar os materiais é sempre muito instigante. Às vezes, a ideia de um novo objeto vem pelo entendimento da matéria-prima. Em outros casos, quero expressar algum conceito muito claro e aí preciso encontrar o material certo. Já lidamos com materiais com os quais realmente não sabíamos trabalhar, então, os abordamos de uma perspectiva ingênua, para entendê-los desde o princípio. É comum experimentarmos sem saber exatamente onde vamos chegar.

O casulo é um elemento recorrente nas suas criações. Há uma razão especial para isso?

Como casulo falamos sobre a vida em uma sociedade global e cheia de mídias, brainstorms e brainwashs, e onde, às vezes, precisamos de espaço para refletir. Por isso, criei esses móveis com os casulos, que simbolizam nosso lugar pessoal, onde podemos digerir ou pensar sobre o que estamos fazendo.

Existe alguma peça que você considere como sua criação mais forte? Por que?

Pump It Up, porque tem várias camadas de leitura: fala a respeito da ideia de vida e morte, de simbiose, de ajudar uns aos outros, e que, quando estamos juntos, algo acontece. Estou sempre tentando envolver o usuário com o objeto, e essa peça faz isso. E também há uma inversão de papéis. Normalmente somos nós que necessitamos das coisas: uma cadeira para sentar, uma bengala para caminhar melhor, uma luminária... Mas, dessa vez, o objeto precisa do usuário para existir. Acredito que criar esse link é o segredo do futuro em nossos objetos, de modo que eles se tornem tão importantes em nossas vidas que não vamos mais querer jogá-los fora.

Seus projetos mais recentes, Panta Rei e Time is a Treasure, abordam a questão do tempo. Esse é um tem a que lhe atrai no momento?

Creio que quando tratamos de um assunto, é como se nosso cérebro se ativasse e abrisse várias portas. Quando comecei a fazer um relógio e a pensar sobre como concebemos o tempo, tive uma espécie de brainstorming que gerou algumas peças mais funcionais, como Time is a Treasure, e outras mais conceituais e especiais na forma de entender o tempo, como Panta Rei, que não nos dá uma indicação precisa das horas,mas que está a todo momento nos lembrando de que o tempo está passando, e enquanto isso, as coisas estão acontecendo. Agora estou ocupado desenvolvendo novos projetos ligados a esse conceito de tempo, como o produto que apresentarei na galeria de Rossana Orlandi, em Milão, durante o Salão do Móvel.

* Matéria publicada em Casa Vogue #343 (assinantes têm acesso à edição digital da revista).

Entrevista com Nacho Carbonell (Foto: Divulgação)

 

Entrevista com Nacho Carbonell (Foto: Tatiana Uzlova)

 

Entrevista com Nacho Carbonell (Foto: Divulgação)

 

Entrevista com Nacho Carbonell (Foto: Divulgação)

 

Entrevista com Nacho Carbonell (Foto: Divulgação)

 

Entrevista com Nacho Carbonell (Foto: Divulgação)

 

Entrevista com Nacho Carbonell (Foto: Divulgação)

 

Entrevista com Nacho Carbonell (Foto: Tatiana Uzlova)

 

Entrevista com Nacho Carbonell (Foto: Lilian van Rooij)

 

Entrevista com Nacho Carbonell (Foto: Divulgação)

 


 

 


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