Em um dia como qualquer outro, o designer Kenyon Yeh estava a caminho do trabalho quando um grupo de animadores de torcida chamou sua atenção. Um dos garotos estava na mesma posição em que ficaria se estivesse sentado em uma cadeira, mas sem o móvel. Com as costas apoiadas em uma parede, foi possível até que sua colega ficasse em pé sobre suas pernas dobradas.
Quando chegou em seu escritório, aquela cena se transformou em inspiração para criar a Wall Table, uma mesa lateral com apenas duas pernas que se mantém em pé ao ser apoiada em uma parede.O processo criativo do taiwanês é sempre assim. Levando ao extremo a máxima de que “a inspiração está em todos os lugares”, Yeh cria peças inovadoras e provocantes.
Logo que se formou em design de produto na Universidade de Kingston, em Londres, seu primeiro projeto já trazia esse caráter inusitado e uma forte busca pela identidade pessoal de criador. Unikea, uma linha de "estantes-objeto" decorativas, desconstruía completamente o conceito de massificação do design em prol da originalidade. A partir de módulos de madeira da multinacional sueca Ikea, Yeh construiu mobílias geométricas que passavam longe das recomendações de montagem indicadas no manual de instruções. “O design deve ser usado como processo e ferramenta de comunicação”, defende. Para incrementar ainda mais as quatro estantes desconstrutivistas e angulosas da coleção, ele recriou, usando resina, pequenos pés no estilo das cadeiras inglesas.
A originalidade do jovem designer já resultou em boas parcerias internacionais. A Wall Table, por exemplo, produzida pela marca Menu, foi apresentada na Feira do Móvel de Estocolmo deste ano. Yeh, com apenas 29 anos, já colaborou com a italiana Seletti, a taiwanesa Esaila, e já fez até uma parceria com a Topman UK como designer de ambientes.
Dentre outras criações inusitadas, estão Chimney, um candelabro inspirado na redução das formas de uma chaminé e suas casas; e Flab Table, uma releitura moderna em metal das clássicas mesas barrocas. Em Swan Lamp, Yeh criou um abajur a partir da perna de uma cadeira inglesa e em Pushpin, se inspirou nos alfinetes usados para afixar recados na cortiça para elaborar um híbrido de mesa lateral e banco.
Além de influências captadas ao seu redor, o processo empírico e as próprias criações de Yeh servem como motor inspiracional para suas novas obras. E assim ele segue criando e remixando referências. Ao ser perguntado sobre seu mantra pessoal, Yeh responde, categoricamente: “Nunca pare a criatividade.”