James van der Velden queria uma casa fora de série, mas mesmo as belas casas do século 17 que fizeram a fama de Amsterdã não atendiam a seu requisito de extraordinariedade. “Já procurava uma casa sensacional há tempos quando me deparei com essa garagem”, contou.
O que chama carinhosamente de garagem é, na verdade, um prédio comercial dos anos 1950 sem maiores atrativos, além de precisar de uma bela reforma. Mas para van der Velden, arquiteto e designer de interiores, era perfeito. “À primeira vista, já sabia como seria o projeto”, revelou. E entre a compra da propriedade e a conclusão das obras, passou um ano e quase um milhão de dólares para que o espaço de 135 m² se transformasse em um lar.
A fachada quase inalterada não sugere o que há por dentro. Ultrapassada a porta da garagem, uma parede em vidro e aço dá o tom da casa. “O espaço grande e aberto exigiu a construção de paredes para criar cômodos”, explicou. O primeiro deles é uma ampla cozinha em preto e branco em que se destaca a mesa em madeira rústica criada pelo próprio van der Velden. Sobre ela, pendem duas luminárias industriais gigantescas, uma homenagem à história do espaço.
Ao fundo, um átrio envidraçado se abre para um pequeno jardim dotado de sistema central de drenagem e confere iluminação a todos os aposentos. “O mais complicado deste projeto foi remover parte do telhado para criar esse espaço, mas era muito importante ter um pouco de ar livre”, disse.
A entrada para o jardim fica na sala de estar de altura dupla, de onde se tem acesso aos dois dormitórios, um quarto de hóspedes e a suíte principal, onde uma motocicleta vintage ocupa o topo da estante em frente à cama.
Os objetos espalhados pela casa impressionam. “Quase tudo aqui é antigo, garimpado em mercados de pulgas parisienses e leilões na internet”, revelou. “Queria um lugar onde pudesse expor minhas coleções, como um museu onde as pessoas não tivessem medo de tocar os objetos”. Porém, diferente do museu, o espaço que van der Velden chama de “pequeno oásis” não chama a atenção por fora. E os visitantes, garante ele, ficam surpresos com o que veem por dentro. “Nunca me canso da expressão surpresa das visitas quando abro a porta da garagem”.