Quando foi chamada para fazer o projeto da morada nova-iorquina de uma médica, um banqueiro e suas duas filhas pequenas, a designer de interiores Maria Brito recebeu o seguinte pedido: uma casa com toques de cor, mas nada muito exagerado. Para a brasileira radicada na Big Apple, a missão seria fácil. “Eu sempre desenho espaços para abrigar arte contemporânea de alguma forma”, contou à Casa Vogue. “Então mostrei ao casal um díptico multicolorido de Erik Parker. Eles amaram”. A obra, da última mostra do artista na cidade, acabou tornando-se o ponto de partida para a criação de um décor moderado, mas vibrante.
Dentro de seis meses, os cerca de 1.000 m² da construção contemporânea haviam sido dominados – com parcimônia – por diferentes tons. As paredes brancas e o chão de madeira tornaram-se a galeria ideal para bons itens de decoração e arte, móveis assinados e momentos felizes em família.
O coração da casa, formado pelo grande cômodo que dá espaço à cozinha, à sala de jantar e ao living, trazia consigo uma característica especial: um pé direito de quase oito metros. “Um espaço maravilhoso, realmente incomum em Nova York”, comentou Maria. Para aproveitar tamanha regalia, nada melhor que algo escultural dependurando-se sobre o ambiente. Em homenagem à estética industrial da construção, Maria escolheu um enorme ventilador vermelho que, além de sua exuberância natural, ainda trouxe história para o lugar: “Precisamos de cinco homens e um andaime especial para pendurar a peça. Quando perfuramos o teto, descobrimos que ainda faltava um metro até chegar ao concreto em que a base ficaria presa. Foi uma odisseia!”. Mas valeu à pena. Para completar o mood, prateleiras retas foram instaladas ao lado das enormes janelas piso-teto e, para aquecer o ambiente, mobiliário assinado. Nomes como Eames e Platner são apenas alguns exemplos.
Nos outros cômodos, o papel de parede substituiu a alvura da tinta branca. Na sala de TV, o menor cômodo da casa – sem janelas, ideal para sessões de cinema – o revestimento da companhia suíça Mr. Perswall criou a divertida ilusão de ter uma biblioteca em casa. No hall de entrada, o revestimento geométrico criou um ambiente artsy em companhia do pendente Big Bang, também cheio de ângulos, da Foscarini.
Os dormitórios também ganharam papel. Na suíte máster, a parede texturizada cria, em parceria com os criados mudos espelhados, um clima sensual e aconchegante, quebrando a frieza das linhas retas da arquitetura. No quarto das meninas, a paleta de tons pastel e cítricos têm o mesmo efeito de humanizar mas, dessa vez, o clima é de diversão.
Questionada sobre a satisfação dos clientes quanto ao resultado, Maria responde sem titubear: “Eles ficaram muito felizes com os ambientes espaçosos e com as cores”. Mas como nem tudo é perfeito, ela completa, com humor: “mas teriam ficado ainda mais felizes se o furacão Sandy não tivesse atrasado a obra em quase um mês.”