“Quando chefes de Estado trocam presentes, cumprem um rito anterior às nossas formações econômicas capitalistas. Antes que negociem o que quer que seja, afirmam, pela dádiva, uma intenção de amizade recíproca”. É assim que o curador Alberto Tassinari explica o argumento da exposição Ensaio Sobre a Dádiva, do artista contemporâneo Nuno Ramos.
Baseando-se em um estudo etnográfico de Marcel Maus, intitulado Ensaio sobre o Dom, o artista criou três instalações, dois filmes e 27 gravuras que povoam a Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre. As três instalações planejadas especificamente para o espaço mostram trocas inusitadas que pretendem ressignificar a dimensão dessa prática primitiva.
Em Copod’águaporvioloncelo, um violoncelo é trocado por um copo de água; Em Cavaloporpierrô, um pierrô é trocado por um cavalo. E, num terceiro espaço, as instalações são sintetizadas por réplicas esculpidas em alumínio e latão e amarradas por uma mangueira transparente em que circulam dois líquidos diferentes, representando o sono e a vigília.
Para nortear a proposta estética, dois videos mostram as histórias das trocas, com referências a barcos, montanhas russas e carrosséis. Dádiva 1: Copo d’Água por Violoncelo usa a metáfora da purificadora água marinha em cenas gravadas às margens do Guaíba e da Lagoa dos Patos. Já em Dádiva 2: Cavalo por Pierrô, o tradicional personagem da Commedia dell’Arte é sequestrado em Porto Alegre por motoqueiros, que devolvem um cavalo em seu lugar.
As gravuras foram produzidas no próprio atelier da Fundação, usando a monotipia, com exclusividade para a mostra.
Nuno Ramos: Ensaio Sobre a Dádiva
Data: até 10 de agosto
Local: Fundação Iberê Camargo
Endereço: Av. Padre Cacique, 2.000, Porto Alegre, RS
Entrada gratuita