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Sig Bergamin agora é pop! (e on-line)

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Entrevista Sig Bergamin (Foto: Marcio del Nero)

Afirmar que Sig Bergamin “sabe misturar” não esgota seu talento inimitável, reconhecido no país e no exterior. A abordagem, aqui, recai sobre um arquiteto e decorador que completa 36 anos de profissão e que cunhou um estilo identificado à distância. Sig exalta de um jeito particular – em projetos residenciais e comerciais, em livros e objetos – as belezas do Brasil, do Oriente e de um universo de luxo e apuro estético que demanda pesquisa intensa e incontáveis viagens a Nova York, Paris, Londres e Roma, só para citar alguns dos destinos mais frequentes. Apesar de upscale, ele engendra um movimento para se popularizar, seja por meio de sua coluna Sig Responde, a ser iniciada neste mês no site da Casa Vogue, seja pelo seu portal Sig In ou seu Instagram, que já soma cerca de 50 mil seguidores. “Hoje sou alta-costura. Quero ser prêt-à-porter, estar mais perto das pessoas. Descobri que sou popular com meu Instagram”, diz. Prestes a lançar um novo livro e uma linha de tecidos, ele conversou com a Casa Vogue.

Clique aqui e vá direto para a coluna Sig Responde

Como é ser unanimidade no Brasil e um dos maiores do mundo?
Não penso nisso. Se eu me visse assim, me acharia superior – não iria, por exemplo, me preocupar em fazer bem uma Casa Cor. Fico nervoso antes de uma mostra, não me ponho em um pedestal. Talvez eu seja mais popular do que o melhor.

As mostras de decoração ainda comovem você?
Voltaram a me encher os olhos. Na casa dos clientes, nem sempre posso fazer o que faço em mostras. É como um desfile, um conceito. Cliente tem medo de arriscar, e eu adoro correr riscos na decoração. Mas tento fazer o que não agride, o que todos possam ter.

Entrevista Sig Bergamin (Foto: Divulgação)

Sig é indissociável da cor.
Se Valentino é o vermelho, Sig é o azul, cor que sempre escolhi. Existem 3 mil azuis. É o infinito, é o mar, dá paz. Mas não sou contra nenhuma cor. Só não faço casa toda preta. Usei o preto – e não é lugar para ele – na green house da Casa de Campo que criei para a Casa Cor SP deste ano.

E sobre a experiência com o Sig In? Como se dá a curadoria do portal?
Eu escolho tudo. O portal traz lançamentos, achados, notícias de Milão, pratos, estampas de tecido, livros, uma pincelada de peças minhas... São seis “cápsulas” diárias. Tem Pierre et Gilles ao lado de Charlotte Perriand... Não há regras. É o meu universo, que é diversificado.

Fale sobre sua coluna Sig Responde no site da Casa Vogue.
Adoro responder a perguntas de leitores. Hoje sou alta-costura. Quero virar prêt-à-porter, estar mais perto das pessoas. Como Instagram, me descobri popular. Quero ser mais pop.

Está desenhando novas peças?
Estou assinando uma linha de tecidos para a 6F Decorações – para a qual concebi peças de
décor no ano passado –, todos desenvolvidos na Índia. Os clássicos, como os paisleys, levam a marca dos block prints, mas há também as releituras. Serão apresentados em agosto.

São 11 anos desde que lançou o livro Adoro o Brasil (Ed. Girafa). Você ainda adora o Brasil?
Adoro. Costumam dizer: “Quanto mais pobre um país, mais colorido ele é”. Vejo esse Brasil colorido e feliz, de gente fazendo o que gosta. Vejo o colorista genuíno, o artesão de Trancoso, que não teve referências da pop art ou de Warhol. Vem do coração. Na Bahia, a mulher faz acarajé sorrindo. Ela é feliz.

Há um novo livro a caminho?
Sig Style ficará pronto em setembro, pela Toriba Editora. Como um scrapbook, é uma colagem de viagens, amigos, filmes a que assisti, lugares que visitei, projetos meus e de outros. Flores, amores, decoração, vida, tudo! E não será o último.

Já pensou em parar?
Meu divertimento é trabalhar, e gosto de fazer isso em casa, que é minha paz. Não me estresso: em São Paulo, não almoço ou janto fora; não pego trânsito, porque moro a três quadras do escritório; não ponho gasolina no carro, não vou ao supermercado, não tenho as chaves de casa – há quem cuide disso para mim. Guardo meu tempo para criar.

Entrevista Sig Bergamin (Foto: Gabriel Arantes)

O que inspira você?
Viagens. Um verão na Puglia, Itália, com aquelas masserie [fazendas], o pé de figo, as oliveiras. São de uma simplicidade e de um luxo! Sardenha, Capri e Mykonos também me inspiram, assim como a arte.

Você é um world traveller. O que o atrai nos hotéis em que fica e quais os preferidos?
Em primeiro lugar, o prazer para os olhos. Em segundo, estar a walking distance dos meus
afazeres. O luxo não pretensioso me atrai. Em Paris, não preciso me hospedar no Plaza Athénée ou no Le Bristol – prefiro o Costes ou o Thoumieux. Na Índia, sim, tem de ser palácio, que antes pertencia aos marajás. Em todos os resorts Aman, fico de olhos fechados: são inseridos na natureza e de extremo bom gosto, não há nada fora do contexto.

O que não entre em um projeto seu?
Não entra o fake - seja o design, seja a flor. Pode ser over, mas não pretensioso. O desconforto e o temático (tudo anos 50, por exemplo) também não têm vez. E acho a falta de proporção uma tragédia.

Entre as casas criadas por você, qual é insuperável?
A de Laranjeiras, feita 14 anos atrás. É perfeita. A dona é perfeita, mantém o projeto, cuida bem dele – a começar pelo sofá, sempre branco. Seu jardim é impecável. E meu apartamento [de 50 m², no West Village] em Nova York: minúsculo no tamanho e gigante na concepção.

Para você, qual é a tradução da casa brasileira?
É a casa com ventilação cruzada, em cidades como Recife, Olinda ou Paraty. Seu jardim é, na verdade, um pomar. É a casa com grandiosas janelas e piso de madeira lavada. Casa fresca, com plantas e sombra em volta – sem caminhos no jardim, o que a tornaria kitsch. Adoro o casarão do século 19 do Norte. Adoro o colonial brasileiro, a construção caiada.

Quais são os destaques entre seus últimos projetos residenciais e comerciais?
Minha nova casa em Paris: um hôtel particulier com 4,5m de pé-direito, próximo à Place Vendôme. Levei [obras de] Milhazes, Vik Muniz. Tem parede marrom com longas cortinas roxas. Como não fico direto lá, pude escurecer meu mundo, que é claro. E a loja Pat Bo, de Patricia Bonaldi, no shopping JK Iguatemi. Ela faz uma roupa superbordada, de condessa do século 21. Por isso criei um délabré, como um palácio decadente de Veneza. Tem parede descascada e grandes provadores de veludo. Um high and low.

E as suas grandes referências de todos os tempos na arquitetura e no décor?
Attilio Baschera é um mito. Desenhista, criador, aprendi imensamente com ele. Respeito
muito o arquiteto Isay Weinfeld. Andrea Moroni, com sua antiga loja Terri & Andrea, na Oscar Freire, trouxe tudo de lindo do Oriente. Já com [Renzo] Mongiardino passei a dominar por completo o trompe-l’oeil.

Há apostas entre a nova geração de decoradores?
Uma delas é o americano Miles Redd, que usa muito bem a cor, as misturas e os tecidos. Amo tecidos. Outra é a também americana Kelly Wearstler, com seu pé no kitsch. No Brasil, Murilo Lomas, meu companheiro. Acredito nele, no seu bom gosto, no seu empenho e na sua capacidade.

Seu melhor conselho para os jovens decoradores é...
Antes de gastar dinheiro com noitadas, comprem livros. Livro por livro, forma-se uma biblioteca. São Paulo é cara, Nova York é cara. Melhor ficar em casa e comprar livros!

* Matéria publicada em Casa Vogue #346 (assinantes têm acesso à edição digital da revista).

Entrevista Sig Bergamin (Foto: Gabriel Arantes)
Entrevista Sig Bergamin (Foto: Manu Oristanio)

 

Entrevista Sig Bergamin (Foto: Divulgação)

 

Entrevista Sig Bergamin (Foto: Divulgação)

 

Entrevista Sig Bergamin (Foto: Tuca Reinés)

 

Entrevista Sig Bergamin (Foto: Tuca Reinés)
Entrevista Sig Bergamin (Foto: Divulgação)

 

Entrevista Sig Bergamin (Foto: Divulgação)

 

 


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