Quantcast
Channel: Casa Vogue
Viewing all articles
Browse latest Browse all 23614

Beleza em movimento nas obras de Palatnik

$
0
0
Expo Palatnik (Foto: Marcello Kawase)

Embora especialistas em arte moderna, os jurados da 1ª Bienal de São Paulo, em 1951, não sabiam em que categoria classificar a obra Aparelho Cinecromático Azul e roxo em seu primeiro movimento. A peça misturava escultura e pintura. Era uma caixa com lâmpadas e telas coloridas que se movimentavam com um motor, projetando luzes e cores na parede. Acabou sendo classificada como pintura/escultura e rendeu o prêmio especial na categoria pesquisa ao seu criador, Abraham Palatnik, então com 23 anos.

Nas décadas seguintes, Palatnik continuaria impressionando júris com suas peças de arte cinética, marcadas por movimentos e ilusões de óptica. Entre 2 de julho e 15 de agosto, as mais representativas habitarão o Museu de Arte Moderna de São Paulo.

A retrospectiva Abraham Palatnik - A Reinvenção da Pintura é a maior mostra já realizada sobre o consagrado artista, com 97 obras, curadas por Pieter Tjabbes e Felipe Scovino. Na sala ao lado, a exposição Diálogos com Palatnik, reúne 39 peças de artistas presentes no acervo do museu que também repensam o conceito de pintura.

Nascido em Natal, Palatnik especializou-se em motores a explosão em Tel Aviv, mesma cidade onde se aprofundou em escultura e estética. De volta ao Brasil, conheceu a arte criada pelos pacientes esquizofrênicos do Hospital Psiquiátrico Dom Pedro II, em Engenho de Dentro (RJ) - entre eles, Emygdio de Barros e Raphael Domingues. As pinturas excepcionais influenciaram Palatnik a abandonar os pincéis e iniciar pesquisas em cor e movimento com Mario Pedrosa. É nessa época que surgem os Aparelhos, levando Pedrosa a cunhar o termo arte cromocinética.

Expo Palatnik (Foto: Sergio Guerini)

Na década de 1960, desenvolve os Objetos Cinéticos - aparelhos que se movimentam lentamente, movidos por motores, dando uma dimensão estética à mecânica. Do período até os anos 1990, o artista cria seus Relevos Progressivos. Neles, transpõe os padrões de cores e formas que ocorrem na natureza para materiais como madeira, papel acartonado, metal e até cordões. Nos anos 2000, iniciou a série W, mais bidimensional.

Em seus 86 anos de vida, Palatnik divide-se entre a arte e a engenharia. Projetou máquinas para quebrar o coco de babaçu sem danificar as sementes, de onde se extrai óleo; inventou um dispositivo para agilizar a produção de farinha do peixe. Além disso, fundou uma fábrica de móveis com o irmão - a Arte Viva - e outra especializada em objetos decorativos em formato de animais, a Silon.

"Para inventar alguma coisa, é preciso possuir um comportamento anticonvencional", escreveu o criador. "Eu acho que as indústrias deveriam convocar artistas plásticos, porque eles possuem um potencial perceptivo que pode resolver inúmeros problemas."

Abraham Palatnik - A Reinvenção da Pintura
Diálogos com Palatnik
Local: Museu de Arte Moderna de São Paulo
Endereço: Avenida Pedro Alvares Cabral, s/n°, São Paulo - SP
Data: até 15 de agosto
Horário: terça a domingo, das 10h às 17h30 (com permanência até as 18h)
Entrada:  R$ 6,00 - gratuita aos domingos

Expo Palatnik (Foto: Vicente de Mello)

 

Expo Palatnik (Foto: Vicente de Mello)

 

Expo Palatnik (Foto: Vicente de Mello)

 


Viewing all articles
Browse latest Browse all 23614