Minha chegada a Myanmar, neste ano, foi impactante desde o momento da aterrissagem, quando vislumbrei o prédio do aeroporto de Yangon. Muito diferente do lugar onde desembarquei 11 anos atrás, em um edifício precário e escuro, sem nenhuma aparência de aeroporto. Mesmo assim, este país me fascinou desde a primeira visita. Myanmar, antiga Birmânia – Burma para os britânicos –, foi dominada pelos ingleses desde o século 19 até o final da Segunda Guerra Mundial. Posteriormente, quando já era independente, a nação foi fechada por um regime socialista e tomada por uma rígida ditadura. No entanto, apesar da repressão imposta por décadas, o birmanês não perdeu seu espírito dócil e hospitaleiro e manteve a fé budista inabalada.
Hoje, a cidade de Yangon é um verdadeiro mercado a céu aberto. Coloridas e ruidosas, suas feiras diárias estão por toda a parte e têm uma variedade imensa de frutas, legumes e especiarias muito bem ornamentados em cestos sobre o solo. Aliás, o chão é também o assento usual do povo. O mercado é um agitado evento social: os vendedores e suas famílias trabalham, conversam e comem sempre alegres. Relógio não existe, tampouco a nossa referência de conforto. Talvez eles sejam exóticos para nós, mas a palavra “encantadores” é, sem dúvida, o melhor termo para defini-los.
Ainda em Yangon, me deliciei com as novas avenidas arborizadas, embelezadas por parques e jardins bem cuidados. Mas seu ponto alto é o imenso pagode Shwedagon. Ele foi construído no topo de uma colina e, com o passar do tempo, a cidade se desenvolveu ao seu redor. A imponência e a beleza desse centro religioso me deixam impressionada. Voei para Bagan, cidade que fica em um grande vale às margens do rio Ayeyarwady, onde monarcas viveram desde o século 11. A paisagem é inesquecível: por onde se olha no horizonte, se vislumbram monumentos dourados brilhando. São centenas de pagodes, templos e stupas (construções religiosas). O cenário é marcante. Tudo simples, chão de terra, todos descalços. A atitude religiosa do povo é leve, suave e autêntica, sem culpas ou punições. Os monumentos budistas, tal como as feiras abertas, funcionam como centros de encontro da comunidade.
*Teresa Perez é fundadora da Teresa Perez Tours.
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