Este é o ano de James Turrell. O artista mais respeitado no campo da light art, este caubói barbudo, que tem uma fascinante capacidade de lidar com a imaterialidade da luz para criar experiências físico-emocionais de extrema plasticidade, terá quatro exposições ao longo de 2013. Formado em psicologia da percepção e amante da astronomia, ele inovou ao explorar a imaterialidade da luz através de blocos cromáticos abstratos que nos permitem “sentir a luz fisicamente”, conforme define o próprio artista. Com RGB, LED, neon ou qualquer outra fonte luminosa, a light art surgiu como movimento nos EUA nos anos 1960, com James Turrell, Michael Heizer e Walter de Maria em oposição ao conceitualismo de Joseph Kosuth, Lawrence Weiner e Robert Barry.
Para celebrar os 70 anos de Turrell, a galeria Kayne Griffin Corcoran, em Los Angeles – cidade natal de Turrell –, exibirá, entre 25 de maio e 20 de julho, Sooner Than Later, Roden Crater em dois endereços. No tradicional QG, em Santa Monica, será possível encontrar obras de menor porte e uma versão de Meditation Room, da série Perceptual Cells. Já na nova galeria de 1.400 m² que o trio construiu especialmente para o artista em South La Brea, Turrell terá espaço permanente para abrigar uma de suas grandes instalações Skyspace, criadas desde 1967. No dia seguinte, o LACMA, também em Los Angeles, abre as portas com James Turrell: A Retrospective. Na maior e mais longa exposição dedicada ao artista, o visitante poderá conferir 40 obras de sua trajetória até 6 de abril de 2014. O terceiro tributo será entre os dias 9 de junho e 22 de setembro no The Museum of Fine Arts de Houston, no Texas, com obras como a instalação múltipla Vertical Vintage.
Para completar o circuito, o Guggenheim de Nova York apresentará mostra homônima ao artista, entre 21 de junho e 25 de setembro, que vai “colorir” o vazio central da rotunda do museu. Vale notar: para receber as instalações que irão incandescer a curvatura do prédio, o conselho do Guggenheim concordou em empreender a maior reforma na planta helicoidal do edifício criado por Frank Lloyd Wright desde sua inauguração, em 1959. Turrell já fez mais de 140 mostras mundo afora e mais de 50 Skyspaces, porém, o maior espaço dedicado à sua obra se encontra na América do Sul. The James Turrell Museum abriu em 2009, na província de Salta, Argentina. São 1.700 m² abrigando nove instalações que pertencem a seu principal colecionador, o viticultor suíço Donald Hess. Próximo passo? Em 1974, ele comprou um vulcão extinto no Arizona que vem sendo transformado em um observatório cósmico-meditativo. Finalizado, será seu opus magnum, ou seja, a obra máxima que esse visionário legará ao mundo.
_____________________________________________________________________
Light Art Imperdível
Com raiz na arte do vitral da Idade Média, a light art tem como precursor o húngaro László Moholy-Nagy (1895-1946), criador da arte cinética, que tem seu equivalente no Brasil em Abraham Palatnik. O movimento ganhou corpo e nome nos anos 1960 graças ao trabalho dos americanos James Turrell e Dan Flavin, cujo trabalho pode ser visto em galerias permanentes dedicadas ao artista na Dia Art Foundation, em Nova York, e na The Chinati Foundation, no Texas. Na Europa, foi encampado pelo francês François Morellet, pela austríaca Waltraut Cooper e pelo inglês Anthony McCall, com mostra em cartaz no Kunstmuseum St. Gallen, na Suíça, até 21 de julho. Neste ano, o americano Bruce Nauman, que impressionou público e crítica com a mostra Mindfuck – realizada na londrina Hauser & Wirth no início deste ano –, terá retrospectiva, até 1º de setembro, no Göteborgs Konstmuseum, na Suécia, com trabalhos realizados desde os anos 1960. Com infinitamente mais recursos tecnológicos, a light art contemporânea é mais urbana e centrada no homem da geração me, myself and I – caso das instalações high-tech do coreano Chul Hyun Ahn, da sueca Aleksandra Stratimirovic e do madrilenho Pablo Valbuena, que terá individual em agosto na Borusan Contemporary, em Istambul. Por aqui, confira o renomado Olafur Eliasson, que tem obras no Instituto Inhotim e estará em duas mostras conjuntas nas galerias Luisa Strina e Fortes Vilaça até 4 e 25 de maio respectivamente, na capital paulista.
* Matéria publicada em Casa Vogue #333 (assinantes têm acesso à edição digital da revista)