Debatendo sobre o Louvre-Lens, novo museu instalado na pequena cidade francesa ao norte do país; sobre sua arquitetura cúbica de vidro criada pelo estúdio de arquitetura SANAA; sobre sua ausência de acomodações – que fazem do espaço expositivo um ambiente único em que arte e paisagem estejam em simbiose –, lembramos do Masp; nosso belíssimo museu modernista projetado por Lina Bo Bardi. Também uma caixa, ora feita de concreto, sobre o maior vão livre da América Latina, encoberto por uma pele de vidro.
Estranho pensar nessa semelhança hoje, já que tantas paredes modulam as salas do Masp e persianas vedam a entrada de luz natural – assim como se perde o landscape de um dos mais altos pontos da cidade. Questionar quem ou quando desconfigurou um dos mais importantes museus do país pouco importa. O que questionamos é como ele ainda está assim? Como iniciativas não foram tomadas para trazer de volta para São Paulo essa contemplação? Como reavivar esse projeto arquitetônico tão bem resolvido, mas esquecido?
É curioso pensar como curadores e administradores do museu não se perguntem o porquê dos vidros, o porquê da ausência de paredes, afinal, essa foi essa a proposta de Lina. Durante os 12 anos em que o Masp foi idealizado e projetado, ela teve apenas uma condição imposta pelo doador do terreno: manter a vista de passantes de visitantes para a paisagem desse belvedere paulista. Condição essa que hoje não nos privilegiamos.