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Chef une sua casa ao próprio restaurante

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  (Foto: Gui Gomes)

O dinamarquês Simon Lau sabe ir atrás do que quer. Foi assim que somou a arquitetura à gastronomia e construiu uma casa onde vive e serve os clientes de seu restaurante, o Aquavit. A clientela, aliás, depois de provar o trabalho do chef de cozinha, quer conhecer sua faceta de arquiteto e solicita um sightseeing pelas dependências da morada.

Simon adora guiá-los pela construção de inspiração modernista que ele mesmo desenhou, com todos os ambientes abrindo-se para o lago Paranoá. Ele sabe que é o dono de um privilégio, conquistado com muito trabalho. Aos 15 anos, em 1980, já executava cortes em peças de carne em um açougue de Copenhague. Depois, se embrenhou por vários restaurantes como auxiliar de cozinha, “para ganhar um dinheiro enquanto estudava”. Começou a faculdade na Dinamarca e a concluiu em Brasília, em 1996. E para onde mais deveria ir um estudante de arquitetura interessado no modernismo? “Me apaixonei pela cidade e acabei trabalhando na embaixada da Dinamarca, como adido cultural”, lembra ele, que mais tarde acabou se firmando na gastronomia e abrindo o Aquavit.

  (Foto: Gui Gomes)

Os tons de verde das pastilhas que recobrem a cozinha – mesma cor dos vidros – não foram uma escolha aleatória. Eles remetem à água, que brilha em volta da sua casa do Cerrado. “E em volta dos prédios da orla carioca”, completa. O ambiente superequipado serve ao restaurante, mas, para os encontros mais informais com os amigos, é também o palco onde o chef prepara um de seus pratos mais frequentes, ao menos na intimidade do lar vasto e luminoso: camarão ao molho de coco. Arroz com suã ou com pequi são outras atrações que ele já cozinha de olhos fechados. Fala da tradição culinária local com uma desenvoltura capaz de fazer um brasileiro passar vergonha pela falta de repertório. “O cajuzinho-do-mato é a nossa joia. Temos pequi no verão, a gabiroba e a baunilha-do-cerrado. Além disso, há em Goiás fornecedores de uma carne de porco incrível”, conta, escorregando um pouco nas palavras, mas sempre acertando a mão nos pratos – ou o Aquavit não seria tão conhecido e premiado.

O design escandinavo e o brasileiro, reunidos nos espaços, dialogam tão bem que parece haver uma consanguinidade de traços e materiais, como a madeira. Sergio Rodrigues, Verner Panton, Zanine Caldas, Poul Henningsen e Jorge Zalszupin estão todos por ali, lembrando que comodidade é fundamental. E o morador já reservou espaço na sala para uma chaise-longue de Oscar Niemeyer que ainda está por chegar. “Imagine deitar-se numa peça dele e contemplar Brasília”, suspira.

Simon herdou dos pais o apreço pelo design de qualidade, como o do sofá de Borge Mogensen, estrela do estar. Mas o gosto do chef se estende também à arte, principalmente a brasileira, desde a indígena até a que frequenta grandes galerias. Nada, no entanto, compete com o Paranoá. Quando abre os olhos pela manhã, é ele que se descortina para o chef. “Outro dia, acordei com seis tucanos em uma árvore, com o lago ao fundo, bem em frente à minha janela”, conta. “A natureza é mais forte que qualquer obra de arte.”

* Matéria publicada em Casa Vogue #335 (assinantes têm acesso à edição digital da revista)

  (Foto: Gui Gomes)

 

  (Foto: Gui Gomes)

 

  (Foto: Gui Gomes)

 

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  (Foto: Gui Gomes)

 

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  (Foto: Gui Gomes)

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