A história da paixão de Jean Michel Ruis pelo Rio de Janeiro começou, à semelhança de tantas outras, com uma viagem de férias. Mas, no caso do francês criado no Marrocos, não foi apenas amor de verão. "Cheguei, gostei do carioca way of life, voltei para passar um mês aqui e fiquei", conta.
Ruis não se dedicou à sombra e água de coco durante as quatro semanas que passou na cidade. Visitou cerca de 50 imóveis até encontrar o lugar perfeito para criar o hotel boutique Mama Ruisa. Construído em um palacete do século 19, a hospedagem de apenas sete quartos fica no alto de uma rua do bairro boêmio de Santa Teresa.
A localização garante belas vistas para a Baía de Guanabara e o Pão de Açúcar, além de proximidade com ateliês de artistas e restaurantes. A posição, combinada com o serviço elegante e o décor eclético, garantem que a hospedagem tenha sido escolhida por famosos como o ator Jude Law, o cineasta francês Jean-Jacques Annaud e o multiartista suíço Not Vidal.
Os clientes do Mama Ruisa, como o dono, não desejam viver em meio a um clichê praiano carioca. "Eu queria revelar um Rio totalmente diferente, onde você pode passear pelo centro e almoçar em um museu", conta Ruis. "Antes, não existia hotel boutique que mostrasse o design brasileiro, a cultura de Minas Gerais".
Essa tentativa de mostrar outra face da cidade aparece também na decoração, criada pelo proprietário. O salão mistura sofá dos anos 1930 e santos de Minas aos bancos Anel e à poltrona Fardos, de Ricado Fasanello. Nos quartos, poltronas de Sergio Rodrigues se misturam a almofadas estampadas com imagens de flores multicoloridas.
O piso de madeira é uma das poucas características que iguala as suítes, cada uma com sua própria decoração. Elas foram inspiradas por grandes artistas do início do século 20: Carmen Miranda, Josephine Baker e Jean Cocteau, entre outros. Para Ruis, se eles vivessem hoje, certamente comporiam o vibrante caldo cultural de Santa Teresa
