Prédios altos oferecem belas vistas e criam pontos de interesse nas cidades. Mas muitas vezes significa a presença de volumes desajeitados na paisagem urbana e interrupção do fluxo de pessoas. Um edifício projetado em Taiwan pela equipe do arquiteto Richard Meier, vencedor do Prêmio Pritzker de 1984, dá boas respostas a esses dilemas.
Em construção no município de Taichung, que cresce rapidamente, o prédio tem 163 m de altura e deve ser entregue em 2018. Está distribuído em duas torres, unidas em seu centro. A face norte, voltada para um bairro moderno do município, é mais alta e sóbria. A torre sul comunica-se com construções mais baixas e residenciais. Por isso, ela é menor e tem a volumetria levemente ondulada.
As fachadas ganham superfícies de vidro revestidas com filmes plásticos semi-perfurado, semelhantes aos usados para revestir ônibus de viagens. Visto de fora, o prédio parece branco; de dentro, é possível enxergar o exterior. O filme também filtra a luz do sol, elemento importante em uma ilha cortada pelo Trópico de Câncer.
Os apartamentos têm cerca de 300 m² e ganham leveza com pé-direito de 3,5 m e janelas altas, de 1,8 m. O 16º andar tem um jardim compartilhado, onde é possível contemplar a cidade.
"A arquitetura dos prédios residenciais altos de Taiwan é muito bloqueada, cinzenta e escura", conta a arquiteta associada Vivian Lee. Natural do país, ela assina o design com Meier e Dukho Yeon. "O projeto é novo nesse contexto".
O térreo não tem muros, uma exigência do governo. Equipamentos de lazer como piscina foram distribuídos nos primeiros três andares. Os arquitetos cercaram o prédio com árvores e tornaram o térreo permeável. Uma cobertura com pé-direito triplo dá as boas-vindas a quem circula na rua e cria uma boa relação com a vizinhança.
"O cliente não queria fazer uma barricada", conta Vivian. "O edifício é alto, mas não precisa perder a escala humana".