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Arte, mesa e convívio no Rio de Janeiro

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Ateliê Zemog (Foto: Filippo Bamberghi)

No bairro de Santa Teresa, Zemog conseguiu realizar o sonho de unir Rio de Janeiro e Minas Gerais. É lá que ele atualmente mora e trabalha – ateliê e casa a uma distância de dez minutos um do outro. “Aqui, para mim, é o ambiente ideal, porque estou na montanha, mas posso ver o mar”, diz o artista plástico, apontando a paisagem da Baía de Guanabara, vista da varanda. José Maurício Perdigão Gomes nasceu em São Domingos da Prata, cidadezinha localizada a 150 km de Belo Horizonte – “a única que ainda tem um trem diário de passageiros que vai para a capital”. No microcosmo do bairro carioca, o artista reencontrou o ritmo da província.

Situado no alto da montanha, o bairro se destaca do burburinho frenético da cidade, respirando um ar de vizinhança tranquila. Ao mesmo tempo, está próximo do centro histórico do Rio: “Adoro caminhar no Centro. Eu vivo o Rio antigo, o Rio quatrocentão”, conta Zemog. Aos 17 anos, ele deixou a paz de São Domingos e foi para BH fazer faculdade de desenho industrial. De lá, foi para Nova York, onde morou por cinco anos. Ali, ampliou o contato com o mundo das artes plásticas. Era o início do anos 1980. “Havia uma cena artística poderosa, com Andy Warhol, Basquiat, Keith Haring... Nova York me ensinou a ser mais ativo e independente.” Só depois disso é que se aboletou em Santa Teresa, onde mora desde 1998, ao lado da mulher Rita Dias, designer de objetos de decoração – e com quem divide também o ateliê.

Ateliê Zemog (Foto: Filippo Bamberghi)

Zemog é afável, tem gestos brandos, voz mansa. Com calma, explica como se fazem os nós de marinheiro que dão volume aos objetos da série Organismos – imensas tiras de tampinhas de refrigerantes e de cervejas. Diz guardar a lembrança dos ofícios manuais que observava em São Domingos. “Minha cidade tinha sapateiro, ferreiro, celeiro... Às vezes, eu passava a tarde vendo o sapateiro trabalhar segurando as tachinhas com a boca para deixar as mãos livres. Minhas ferramentas de trabalho também são muito rudimentares.” Há cerca de dez anos, o artista começou a catar tampinhas de garrafas, sem ainda saber direito o que fazer com elas. Aos poucos, foram virando quadros e esculturas. Aponta para uma delas, feita com tampinhas revestidas de alumínio dourado, e comenta brincando: “Sendo mineiro, uma da série tinha de ser dourada, com um quê barroco...”. Muito do que está lá parte da mesma premissa – Zemog coleta coisas que estão no mundo, como filipetas de jogo do bicho, palitos de fósforo riscados e antigos retratos de passageiros do Zeppelin, e faz delas uma outra coisa. Seus trabalhos mais recentes são montagens com pinturas alheias que ele foi catando por aí, em suas andanças. A série traz o sugestivo nome de Tudo já foi feito.

O ateliê não é apenas destinado ao trabalho. Zemog e Rita usam o espaço também para receber visitas. Com uma surpresa estética em cada canto, e o calor histórico de sua arquitetura de época (anos 1930), a casa parece perfeita para isso. “Eu adoro conhecer as pessoas e observar a força que o meu trabalho exerce sobre elas.” Na sala, um piano de cauda e um violão sugerem bons encontros, que muitas vezes são embalados pelas habilidades culinárias do próprio Zemog: “Tenho um prazer manual com a cozinha. Como vim do interior, sempre vivi perto dela. A cozinha é primordial: viva a mesa e o convívio!”

* Matéria publicada em Casa Vogue #350 (assinantes têm acesso à edição digital da revista)

Ateliê Zemog (Foto: Filippo Bamberghi)

 

Ateliê Zemog (Foto: Filippo Bamberghi)

 

Ateliê Zemog (Foto: Filippo Bamberghi)

 

Ateliê Zemog (Foto: Filippo Bamberghi)

 

Ateliê Zemog (Foto: Filippo Bamberghi)

 

Ateliê Zemog (Foto: Filippo Bamberghi)

 

Ateliê Zemog (Foto: Filippo Bamberghi)

 

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Ateliê Zemog (Foto: Filippo Bamberghi)

 

Ateliê Zemog (Foto: Filippo Bamberghi)

 

 

 


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