Depois de morarem cerca de 20 anos nesta residência dos anos 1960, erguida numa área nobre de Brasília, seus proprietários decidiram que era hora de renová-la, tornando-a maior e bem iluminada. Para a tarefa, contrataram a designer May Moura, responsável por uma intervenção feita dez anos antes na decoração e também pelos projetos de suas duas outras moradias: um apartamento em Juiz de Fora e outro no Rio de Janeiro, locais para onde costumam viajar. “Os moradores são donos de um impressionante acervo de telas, esculturas e mobiliário de época, que foi distribuído entre seus três endereços. Uma boa parte dessa coleção, no entanto, foi reservada para uma galeria de arte de 450 m² construída ao lado da casa principal”, conta May.
O imóvel tem 850 m² de área construída. Já o terreno chega a 20 mil m², nos quais estão incluídos, entre outros, um espaço gourmet (de 420 m²), uma academia de ginástica, uma casa de hóspedes, piscinas e um imenso jardim com plantas ornamentais. E essa rica área verde, agora, após a reforma, faz parte da paisagem que se tem a partir dos interiores da casa, já que a designer fez questão de abri-la ao máximo, protegendo-a apenas com um pano de vidro.
Para atualizar a construção, May decidiu eliminar elementos arquitetônicos, como suas muitas divisórias e desníveis, a fim de ampliar ainda mais os diversos salões, tais como o living principal, o home theather, o piano-bar, a sala de jantar e as varandas, aproveitando para integrá-los, como tanto queriam os moradores, preocupados em receber seus convidados com total conforto durante suas frequentes reuniões. “Tentei limpar os ambientes, valorizando, inclusive, o pé-direito, que não era muito alto”, explica a designer, que precisou contornar na medida do possível a presença de paredes estruturais. “Foi um desafio, mas consegui, por exemplo, unir uma das varandas à sala de jantar que, com a mudança, passou a desfrutar da vista de um lago bem em frente.”
No design de interiores, May manteve a maior parte dos revestimentos, caso do piso de travertino romano. “Ele é neutro e deixa em destaque as telas e esculturas, o que era uma prioridade desde o começo. Também preservei o teto de tijolo aparente na área do piano-bar, por combinar como mobiliário inglês que já existia nesse espaço.” Os proprietários não abriram mão da sua sóbria sala de jantar, composta por cadeiras Dom José e mesa com tampo de vidro e base de mármore esculpido, além de um tapete persa e um imponente lustre. O living, no entanto, recebeu mobiliário novo, como as poltronas Glove, de Patricia Urquiola, que fazem interessante contraste com a secrétaire Biedermeier, assim como outros móveis de época que ganharam locais de destaque na composição, junto a obras assinadas por artistas do quilate de Vik Muniz e Frans Krajcberg.
A seguir, a arquiteta aponta suas lojas preferidas em Brasília.
Portfólio May Moura
