Vista da rua, a construção residencial parisiense de sete andares, no estilo pós-Haussmann, projetada em 1913 pelo arquiteto Albert Joseph Sélonier, nada revela da transformação recém-concluída no Hôtel Vernet. Um clássico no 8º arrondissement, próximo do cobiçado Triângulo de Ouro formado pelas avenidas George V, Champs-Elysées e Montaigne, e do Arco do Triunfo, o hotel acaba de completar seu centenário totalmente reinventado pelo designer francês François Champsaur, e agora como parte do grupo familiar de propriedades-boutique Bessé Signature.
Ao cruzar as portas, a sensação é de estar em uma luxuosa townhouse, mas com os pés firmes na modernidade, a nova cara da Paris de hoje. A área da recepção tem pisos originais de mármore, balcão de linhas gráficas e paredes cobertas de tecido elaborado com fios de cobre, que ganham vida quando iluminadas, produzindo reflexos dourados. “O projeto, nesse lugar tradicional, baseou-se em criar um diálogo entre o espírito do espaço e peças de desenho atual”, conta Champsaur. “Usei um mix de mobília de design assinado, fortes padrões gráficos e obras de arte contemporânea para conceber o conjunto”, completa. Uma sucessão de colunas e arcos conduz o visitante ao lounge, com móveis nitidamente clean revestidos de tecidos de toque macio, carpete com desenhos que se assemelham a uma pintura abstrata e lustre de Eric Schmitt. Já no elegante bar, o balcão de mármore branco de Carrara, os painéis de cobre dobrados à mão e os afrescos de Jean-Michel Alberola compõem um look cosmopolita e leve.
Uma escadaria central iluminada por vitrais originais e um elevador de última geração, construído com madeira e vidro, conduzem aos 50 quartos e suítes. Nos corredores, paredes são pontuadas por pequenas e finas mesinhas de console, que exibem o número de cada acomodação. Nestas, o carvalho predomina e serve de cabeceira, adorna as molduras no teto e cobre os pisos, dando uma atmosfera cozy e confortável. Há, ainda, cortinas de algodão orgânico da Pierre Frey e mantas de lã da Arpin. Nos banheiros, mais Carrara, mosaicos de vidro e torneiras de cobre da Stella.
Mas o grande destaque do hotel é o restaurante avant-garde The V, montado debaixo de uma cúpula de metal e vidro do lendário engenheiro civil Gustave Eiffel, com cozinha à vista. Mesas e cadeiras de formas arredondadas combinam com obras de artistas contemporâneos penduradas por toda parte. “A impressão de privacidade é reforçada pela escolha que fiz – como um apaixonado por arte contemporânea – de uma série de desenhos, aquarelas originais e gravuras, criando o princípio de uma casa de colecionador”, disse François Champsaur. “Trabalhei para fazer com que o hotel entrasse na era da modernidade.” Missão cumprida.
Grandes Soirées
As noites no Hôtel Vernet prometem um revival das festas tradicionais dos anos 1980 e 1990 em Paris. O hotel contratou como residente o DJ Dam para o comando da trilha no bar de quarta a sábado. Damé conhecido na cena noturna parisiense por suas passagens por hot spots como Barrio Latino, Georges, La Cantine du Faubourg, La Mezzanine de l’Alcazar, Queen, Les Bains Douches e Murano. A soirée, porém, começa no restaurante The V, saboreando os pratos do chef Richard Robe, que traz de volta receitas antigas e faz uma reinvenção de clássicos da gastronomia francesa. Entre as delícias, foie gras de pato confit acompanhado de geleia de maracujá ao café e chutney de manga, e linguado à la meunière.
Hôtel Vernet
Endereço: 25 Rue Vernet, Paris, França
Diárias a partir de 250 euros
* Matéria publicada em Casa Vogue #351 (assinantes têm acesso à edição digital da revista)