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‘Mi casa, su casa’, no mundo da arte

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  (Foto: divulgação)

Algumas das maiores obras de arte foram produzidas quando seu autor estava bem longe de casa. É só lembrar das taitianas de Paul Gauguin e do céu estrelado da Provence de Van Gogh. Pollock, por sua vez, aperfeiçoou a técnica do dripping no seu home away from home em East Hampton, a poucos quilômetros de Nova York. Esta busca de uma mudança de ares para aguçar a criatividade, rito de passagem artístico para muitos, é uma prática de muito antes do nascimento desses pintores, mas acabou se institucionalizando nos últimos cem anos – é a famosa “residência”. Com financiamento público ou privado, opções não faltam! Algumas têm, no entanto, um appeal particular para seus residentes por terem sido outrora o lar de outros artistas.

É o caso da Casa do Sol, atual sede do Instituto Hilda Hilst, onde a poetisa morou boa parte da sua vida e escreveu já clássicos como Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão e Contos de Escárnio. A charmosa casa cor-de-rosa em estilo colonial tem um jardim de mais de 9 mil m² e já foi point da nata artística brasileira: os escritores Caio Fernando Abreu e Lygia Fagundes Telles viviam lá – aliás, uma mesa de mármore teve o tampo quebrado pelo peso de ninguém menos que Jô Soares!

A propriedade acolhe, desde 2011, artistas de todas as áreas cuja obra tenham uma ligação com o universo da autora. “Sempre tive o sonho de um dia ir à Casa do Sol. Quando finalmente cheguei, era como se eu já tivesse morado aqui. Chorei muitas vezes. A aura da casa, a flora exuberante e os jardins agregaram diversos significados ao meu trabalho”, contou Adir Sodré, artista mato-grossense que morou na casa a 20 quilômetros de Campinas em junho de 2013. O pintor de 52 anos se inspirou no lirismo poético e no erotismo presentes em obras da escritora como O Caderno Rosa Lori Lamby. Resultado: não só esta produzindo um relicário para a autora, como esta ilustrando um de seus livros.

  (Foto: Cortesia Fundação Alexander Calder )

Assim como a poetisa brasileira, o escultor Alexander Calder também gostava de viver e trabalhar no meio da natureza. Durante a última década de sua vida, o destino escolhido foi Saché, um vilarejo pertinho de Tours. Imagine criar um projeto no mesmo ateliê onde o americano concebeu a maior parte dos seus stabiles (suas esculturas abstratas fixas ao contrário dos famosos mobiles). É a experiência que vivenciaram Ernesto Neto, Tomás Saraceno, Marina Abramovic e Haroon Mirza, artista britânico conhecido pelas instalações de objetos encontrados no seu dia-a-dia associados a composições sonoras.

Para sentir a vibração e sons do lugar onde Calder viveu, Mirza ficou no local de olhos vedados durante duas semanas. O resultado foi uma performance do ateliê no final de julho, quando acabou sua residência. O Atelier Calder vem acolhendo três residentes por ano desde 1989 – o que é quase nada comparado à Villa Médicis, residência que recebe pensionários desde... 1803!

Situado no topo do Monte Pincio, com uma vista deslumbrante para Roma, o palazzo do Cinquecento já foi morada de cardeais e grão-duques que, ávidos mecenas e colecionadores, sempre tinham artistas no seu entourage para realizar suas comissões. Há exatos 210 anos, Napoleão Bonaparte decidiu tornar o local a sede da tradicionalíssima Academia da França em Roma, um projeto lançado em 1666 por Colbert, Le Brun e Bernini, respectivamente ministro do Estado, pintor oficial e escultor favorito de Luís XIV. Já passaram por lá de Ingres e Debussy até Balthus e, mais recentemente, Laurent Grasso, um dos artistas contemporâneos mais badalados.

O sucesso foi tanto que a Academia abriu o espaço a vários métiers artísticos: em 2013, o espaço recebe cineastas, designers e até cenógrafos, como o francês Agnès Chekroum, que é conhecido por fazer associações entre dança e política e vai criar, durante sua residência, uma cenografia inspirada em duas esculturas que estão no Museu Chiaramonti, em Roma. “São duas mulheres estrangeiras entre si que se conectam e confrontam por movimentos de dança”, explica em seu projeto. Apesar do peso de suas histórias, se dependerem destas residências, o melhor ainda está por vir!

  (Foto: divulgação)

 

  (Foto: divulgação)

 

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  (Foto: divulgação)

 

  (Foto: divulgação)

 

  (Foto: Cortesia Fundação Alexander Calder)

 

  (Foto: Cortesia Fundação Alexander Calder)

 

  (Foto: Cortesia Fundação Alexander Calder)

 

  (Foto: Cortesia Fundação Alexander Calder)

 

  (Foto: divulgação)

 

  (Foto: divulgação)

 

  (Foto: divulgação)

 

  


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