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Um passeio pela Art Basel Miami

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Acaba de terminar a Art Basel Miami Beach, realizada no Convention Center em South Beach, Florida. Durante minha visita não pude deixar de constatar que a feira revelou-se manifestação física do quintessencial problema do mercado da arte atualmente: busca por significado por vezes gratuita, revestida com brilho e humor. Booth após booth, me deparei com conceitos duvidosos e demonstrações estéticas questionáveis. Me pergunto por que foram poucas as obras que abordaram assuntos políticos, isso enquanto ocorrem grandes protestos sobre os eventos em Ferguson e o veredito inocentando Eric Garner. Aparentemente, muitos artistas optaram por ignorar a situação política nos Estados Unidos. Na feira desse ano vi mais confete do que gostaria. Não diria que ocorre o mesmo nas versões da Art Basel em Hong Kong e Basileia. Ali existe menos espaço para ênfase no glamour ou na estética pela estética.

Apesar dos pesares, havia sim bastante coisa imperdível. Fiz uma pequena lista do que me interessou:

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Galleria Continua – havia trabalhos de artistas como Carlos Garaicoa, Anish Kapoor, Daniel Buren e Pascale Marthine Tayou. Este útlimo é meu favorito, um artista africano do Camarões que questiona a cultura pós-colonial, lidando com temas da globalização e do modernismo.

Arthur Casas: Art Basel (Foto: Paulo Sabatini )

Kader Attia – artista francês de origem argelina que trabalha a essência de diferentes meios. Essa diversidade permite uma reflexão aprofundada sobre cada tema sem ater-se à continuidade estética.

Arthur Casas: Art Basel (Foto: Paulo Sabatini )

Shilpa Gupta- artista indiana que explora temas como o desejo, a religião, a segurança, o nacionalismo e, sobretudo, sua própria identidade em meio a estes. Trabalha com grande variedade de meios.

Paul Kasmin Gallery –instalação incrível do Ivan Navarro que reproduz espaços com lâmpadas fluorescentes e luzes Neon.

Arthur Casas: Art Basel (Foto: Paulo Sabatini )

Sadie Coles – a instalação do Urs Fischer tomou conta do booth inteiro da galeria. Mimetiza pingos de chuva em movimento, pintados de verde. Um trabalho espetacular.

Kavi Gupta – A artista afro-americana Mickalene Thomas instalou no booth da galeria uma copia idêntica de sua sala em seu studio no Brooklyn. Na televisão passava o documentário feito pela artista sobre sua própria mãe, chamado Happy Birthday to a Beautiful Woman.

Arthur Casas: Art Basel (Foto: Paulo Sabatini )

Havia várias outras feiras para além da principal: Scope, Pinta, Miami Art e NADA (New Dealers Alliance). Destas, a NADA parecia ter a curadoria mais consistente. As “satellite fairs” estão dando plataforma para galerias e artistas novos, ou ao menos aqueles que se posicionam como mais jovens. A NADA estava sendo exposta no Deauville Beach Resort, em North Beach. A feira em si é dedicada à exploração de novas formas de arte e à conscientização do público sobre obras atípicas, fora dos parâmetros do art establishment atual.

Tomorrow Booth – tinha trabalho incrível do artista Brad Troemel. Além das cores brilhantes da obra, exame mais detalhado revelava formigas trabalhando no interior para obter montes de açúcar. Segundo o galerista, Troemel indaga quanto as condições de trabalho na contemporaneidade.

Arthur Casas: Art Basel (Foto: Paulo Sabatini )

Rachel Uffner – o booth inteiro era dedicado à artista Anya Kielar. Seu trabalho é extremamente sentimental, com screen prints de sua roupa íntima, que parece estar flutuando. Realmente tocante.

Arthur Casas: Art Basel (Foto: Paulo Sabatini )

Fugindo das feiras, haviam ainda exposições de coleções “privadas”, como a CIFO e a Rubell Collection. Para comemorar seus 50 anos de casados, os Rubell comissionaram 6 artistas promissores para criar exposições individuais dentro de seu espaço. Foram chamados Lucy Dodd, Aaron Curry, Will Boon, Kaari Upson, David Ostrowski e Mark Flood. A intenção do casal foi emular a experiência que fizeram em 2012 com o artista Oscar Murillo. Ao se depararem pela primeira vez com as obras do artista, quiseram comprá-las mas todas haviam sido vendidas. Reagiram convencendo-o a vender um lote de quadros que sequer tinha sido produzido. Os quadros foram feitos na galeria do casal onde o artista terminou por instalar sua primeira exposição solo.

Finalmente, o Ella Fantanals-Cisneros Collection (CIFO) tentou ir além da mostra exclusiva de artistas latino-americanos e criou interessante mescla com a exposição “Impulse, Reason, Sense, Conflict”, repleto de trabalhos abstratos e linhas geométricas.

 


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