Foi nos anos 1970 que José Tibiriçá Martins visitou a Europa pela primeira vez. Acostumado com a culinária de lá – já que tem em sua árvore genealógica uma avó espanhola, outra italiana e um avô português – encontrou no velho continente os sabores que ficariam em sua memória. Depois de se envolver com o sucesso de nomes conhecidos da noite paulistana, como o Clube Vegas, a casa noturna Lions, o bar Volt e o Z Carniceria, o empresário que é dono do Bar Caos resolveu investir na simplicidade da culinária que cresceu experimentando. Assim, em parceria com o sócio Marcelo Alves, ele abriu o Armazém Alvares Tibiriçá.
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Localizado no bairro de Vila Buarque, o espaço aconchegante busca conquistar o público com conceitos que estão faltando no mercado. "A culinária anda meio chata. Tudo é caro, mal servido e cheio de pretensão", conta Tibira à Casa Vogue. "Os lugares do passado tinham um atendimento próximo, comida farta e deliciosa. Nunca me esqueci do que comi em destinos como o Algarve, que visitei com meu pai na infância. Com o Armazém realizei o sonho de ter uma cozinha fresca, verdadeira, com minhas ascendências e com preço justo. É uma mistura ibero-ítalo-brasileira", se diverte.
Resgatando receitas de família – e com o auxílio do chef Paulo Grobe e da chefe de bar Laís Alvez –, Tibira criou um menu eclético que varia de acordo com a disponibilidade de ingredientes – já que servir comida fresca é indispensável. "Um prato deve trazer memória afetiva, como os experimentados em momentos de família. No passado, era comum que o almoço de domingo fosse na casa da avó, e tudo era preparado com muito amor." Assim, o Armazém Alvares Tibiraçá oferece opções como alheira galiza, peixe galego, sobremesas como rabanada com banana flambada e drinques exclusivos.
Para acompanhar o mood do cardápio, foi construído, com a ajuda das arquitetas Isabel Nassif e Renata Pedrosa, do Sub Estúdio, um ambiente que evoca a simplicidade dos estabelecimentos portuários. Com influências da arquitetura ibérica do século 17, o ambiente dividido entre lobby, salão principal, armazém e espaço para eventos, foi todo feito com material reciclado. As paredes de sotaque industrial, que mostram tijolos e rejuntes antigos, foram descobertas quando as camadas de revestimento branco e pasteurizado foram sendo retiradas.
Já a decoração é obra do próprio Tibira, garimpeiro de coração. Peças herdadas da família se juntam a outras encontradas na feira da Ladra, em Lisboa; no Bexiga, em São Paulo; e em mais uma porção de brechós ao redor do mundo. O mobiliário e as luminárias, por exemplo, faziam parte de restaurantes antigos. O destaque fica por conta do balcão de jatobá que o empresário guardou por 15 anos e a chopeira de bronze resgatada de bares de São Paulo.
Com pouco tempo de portas abertas – e prestes a inaugurar um armazém de produtos artesanais brasileiros –, o local já parece ter conquistado clientes fiéis. "É só olhar ao redor. Tem velhinhos, famílias, modernos, arquitetos... Todo mundo gosta de ser bem tratado e de comer bem. Essas duas características eu garanto que nunca faltarão."