Os arquitetos do escritório Bloco participaram desta residência desde o princípio. O cliente, um pai de três crianças, chamou a equipe a opinar na escolha do imóvel. Eles concordaram em adquirir um dúplex que fornecia espaço suficiente no meio do Plano Piloto, em Brasília.
Mas profissionais e proprietário viram problemas no apartamento de 250 m². O lar era compartimentado demais para a família cheia de energia. E a decoração neoclássica escondia laje e estrutura, cuja beleza bruta gostariam de revelar. Juntos, idealizaram um projeto inspirado no estilo dos apartamentos brasilienses dos anos 1960.
A primeira medida foi derrubar paredes no térreo. Quatro quartos deram lugar a dois dormitórios, uma brinquedoteca e uma suíte máster com closet. Os profissionais derrubaram as paredes que circundavam a escada de concreto do living – foi abaixo inclusive um pilar. A ligação em formato de caracol ficou exposta e, para continuar de pé, recebeu reforço de cabos metálicos.
O próximo passo foi despir o apartamento dos adornos considerados excessivos. Saíram porcelanatos e o forro de gesso. O chão recebeu cumaru, mesma madeira que passou a demarcar a escada. No teto, os arquitetos esperavam expor a laje nervurada, de acordo com as informações que tinham. Encontraram uma estrutura de formato misto. O projeto teve de ser mudado: agora uma textura feita com cimento e água dá o ar industrial ao forro. O quarto das crianças foi protegido com piso vinílico, mais resistente às travessuras dos pequenos.
Os profissionais optaram por uma paleta colorida. O segredo para evitar excessos, opina Daniel Mangabeira, um dos autores do projeto, é eleger um tom predominante. "O vermelho entrou como diretriz cromática", conta. A cor é visível no piso de cumaru, cortinas e adornos, a exemplo das impressões de arte das paredes. Os outros itens e revestimentos, em matizes de marrom, cinza e preto azulado, harmonizam-se ao escarlate.
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Os móveis misturam clássicos do design moderno brasileiro a peças contemporâneas. Assim, o apartamento recebeu poltronas Mole e bancos Mocho, de Sergio Rodrigues; eles dialogam com o aparador de Paulo Alves e a luminária Bossa de Fernando Prado. A mesa de centro foi feita com roldanas que o morador encontrou em uma viagem.
Os arquitetos usaram cortinas como coringas na decoração. A peça de veludo na sala de estar oculta um armário sem design muito interessante que fica de frente para a entrada. No home theater, um modelo de fibra natural ajuda a abafar o som, trabalhando junto com o tapete de nylon. Luminárias de LED, que não emitem raios ultravioleta A e B, iluminam os tecidos sem danificá-los ou esquentá-los.
Os LEDs foram espalhados pelo apartamento, sempre banhando as paredes ou focados sobre móveis e objetos decorativos. O resultado é uma iluminação predominantemente indireta.
No andar superior, os arquitetos mantiveram as bancadas de granito da churrasqueira. A placa cerâmica com base oca também permaneceu no piso, já que o revestimento resiste à água e pode ser retirado para manutenção.
Mas o ambiente foi bastante alterado: recebeu fulget em dois tons na parede e uma pesada mesa de cumaru (ladeada por cadeiras Havaianas, de Carlos Motta)." O móvel precisou ser içado por um guindaste", conta Mangabeira. Mas quem lembra desses duros detalhes quando a decoração encanta?