Logo na entrada do ateliê de Xavier Veilhan, ao lado do cemitério Père-Lachaise, veem-se Jean Nouvel, Norman Foster e Tadao Ando. Os famosos arquitetos de poliestireno, que serviram para fazer moldes das esculturas da série Les Architectes, apresentada no Palácio de Versalhes, em 2009, são apenas o primeiro indício do diálogo entre a obra do artista e a arquitetura. Em Architectones, Veilhan realizou intervenções em marcos modernistas, como a Cité Radieuse, de Le Corbusier, e o VDL House, de Richard Neutra. No último ano, passou a abordar o assunto de forma mais intensa e renovou o château de Rentilly, sede do museu de arte contemporânea da Île-de-France, reaberto em novembro.
“Eu deixei de falar sobre o assunto e passei para a prática”, contou à Casa Vogue. O francês de 51 anos ganhou, em 2012, um concurso incomum: uma equipe de arquitetos liderada por um artista teria a missão de reformar o prédio construído na década de 1950. Com a ajuda da dupla Bona & Lemercier, que assinou tanto a sua casa quanto o ateliê, ele transformou o espaço completamente, para melhor. “O interior parecia cenário de filme, de tão malfeito”, relembra. É o exterior, no entanto, que mais impressiona. Para valorizar os jardins da propriedade, ele se inspirou na criatura do filme O Predador e cobriu a fachada – cujo estilo diretório foi preservado – com painéis de aço inox polido e espelhos-espião, que deixam a luz entrar e ainda refletem a exuberante natureza.
Célebre pelas esculturas facetadas, que dão roupagem high-tech a temas tradicionais da história da arte – motivo pelo qual foi selecionado para expor em Versalhes –, Veilhan fez jus à fama, ao travestir a arquitetura clássica do château de Rentilly com uma fachada moderna. “É engraçado como as pessoas me ligam pedindo conselhos sobre tecnologia, mas eu não entendo tão bem. No meu trabalho, a técnica está a serviço de uma dimensão humana”, diz. Aliás, ele pode até atuar com empresas que produzem peças para carros de corrida, mas sua primeira ferramenta continua sendo o bom e velho caderno Moleskine. Quando quer relaxar, fabrica manualmente estruturas que, às vezes, servem de gênese para alguma obra. Descritas como “simples construções gratuitas”, essas peças estão expostas no FRAC Centre, em Orléans, até o próximo mês.
Quer ver outros nomes e trabalhos artísticos como o de Xavier? Acesse o board de arte no Pinterest da Casa Vogue e faça uma coleção dos seus nomes favoritos!
Os projetos para este ano são grandiosos: no momento, ele está à espera da resposta de 16 dos maiores produtores musicais do planeta – Quincy Jones e Daft Punk, entre eles – para posarem em seu ateliê. Quem aceitar será escaneado e terá suas feições estilizadas com efeitos que podem lembrar o corte de pedras preciosas ou a própria frequência de suas músicas. As esculturas resultantes irão para individuais previstas nas filiais nova-iorquina e francesa da galeria de Emmanuel Perrotin. Além dessas mostras paralelas, ele vai participar da versão japonesa da bem-sucedida exposição Formes Simples, no Mori Art Museum, e ainda apresentará seu trabalho em solo brasileiro, na galeria Nara Roesler. Aguarde.
* Matéria publicada em Casa Vogue #353 (assinantes têm acesso à edição digital da revista)