Quando o vitralista Emile Gallé finalizou seu projeto para a Maison Perrier-Jouët, no longínquo ano de 1902, talvez não imaginasse que os motivos florais inspirados em anêmonas japonesas fossem eternizar a ligação da champanheria com o movimento da art nouveau. O fato é que as flores brancas não só transformaram em ícone a garrafa do champanhe safrado Belle Époque como também reforçaram a inequívoca relação da marca francesa com a arte.
As flores de Gallé, afinal, serviram de base para futuras colaborações de Perrier-Jouët com artistas (Daniel Arsham, Makoto Azuma e o brasileiro Vik Muniz, entre eles). A mais recente dessas parcerias, assinada pelo profícuo designer Tord Boontje, já desembarcou desejada no pavilhão da última SP-Arte, evento que reuniu mais de 120 galerias do Brasil e do mundo na capital paulista, no mês de abril.
Conhecido por criar peças de forte apelo sensorial, o holandês, que baseia muitas de suas esculturas na relação entre a natureza e a tecnologia, buscou nas flores de Gallé um ponto de partida. Em The Enchanting Tree, árvore-instalação que foi apresentada ao público brasileiro na mostra, a proposta foi brindar à vida: nos galhos, taças de champanhe (que eram delicadamente entregues aos visitantes) reforçavam a filosofia da art nouveau e reverenciavam o legado que tanto inspira Perrier-Jouët.
O primeiro dia de visitas à obra montada no pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera, teve mais de 3 mil taças de champanhe servidas aos special guests da SP-Arte. O brinde, prova do luxo que permeia a relação dos clientes com a champanheria fundada por Pierre-Nicolas Perrier e Adèle Jouët em 1811, foi inesquecível. Santé!