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Releitura tropical de Le Corbusier

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Casa Arthur Casas Pernambuco (Foto: Leonardo Finotti / divulgação)

As pessoas, em geral, conhecem Porto de Galinhas. Mas como o paraíso caminha para cada vez mais longe, a 17 km dali, rumo ao sul, ainda no município do Ipojuca, encontra-se o novo éden na costa de Pernambuco. Porém, não conte para ninguém. É Toquinho, uma praia de areia fina, água cristalina, protegida pela ilha de Santo Aleixo, cujos arrecifes bloqueiam o ímpeto das ondas atlânticas, tornando-a um ponto de calmaria. Como se não bastasse, no final da praia de Toquinho fica a foz das águas preguiçosas do rio Sirinhaém. Ou seja, dá para alternar banhos de mar com água doce nesse encontro abençoado pela mãe natureza.

Casa Arthur Casas Pernambuco (Foto: Leonardo Finotti / divulgação)

É em um dos terrenos mais próximos à líquida confluência que está plantada esta morada de veraneio, projeto do arquiteto Arthur Casas. “A residência possui uma volumetria simples, com uma base abrigando as áreas de convívio e o primeiro andar, os quartos. Para ampliar a presença constante do mar, a base foi elevada em 1,20 m. Utilizamos abundantemente a madeira, como intuito de sublinhar a atmosfera praiana de casualidade e de despojamento”, explica o craque, sobre a construção de 920 m² em terreno de 6.200 m², dos quais 2.400 m² têm paisagismo assinado por Renata Tilli, outra profissional do primeiro time da arquitetura nacional. Talvez você se pergunte, para que um terreno tão grande? Pais previdentes que são, o casal de proprietários deseja que seus filhos construam suas casas ali também, para o lazer da futura grande família.

Casa Arthur Casas Pernambuco (Foto: Leonardo Finotti / divulgação)

Localizada no segundo pavimento, a área intima é composta de quatro suítes, todas privilegiadas com a vista para o mar, protegidas pelo sanfonado das portas-janelas camarão de cumaru, madeira 100% brasileira. O térreo, por sua vez, integra a ala comum com um social fluido, sem divisões, que reúne sala de jantar, living e home theater sob um respeitável balanço de 18,5 m de estrutura protendida. Esse living amplo ainda possui duas grandes aberturas paralelas, com portas-janelas de vidro temperado de fora a fora, que o mestre Le Corbusier (1887-1965) denominou nos anos 1920 como a janela panorâmica. Uma vem a ser a entrada da casa e a outra leva aos “fundos”, isto é, ao varandão e ao deque que dão para a piscina e a praia, razão de ser desta magnífica morada ao mar. No décor do estar, algumas peças criadas pelo Studio Arthur Casas, como a mesa retangular de marcenaria fixa na entrada e a mesa de centro revestida de azulejaria com desenho de tramado concretista, design do arquiteto, produzida pela Dpot. 

Casa Arthur Casas Pernambuco (Foto: Leonardo Finotti / divulgação)

Sobre o projeto paisagístico, Renata Tilli afirma: “O conceito é o de uma área verde natural, com formas orgânicas e plantas nativas”. Aqui, neste cenário, prosperam representantes da flora do costão brasileiro, com seus bonitos nomes tupi-guarani: o guajeru, ou guajuru, um arbusto com frutos arroxeados que parecem azeitonas; o guaimbê, ou banana-de-macaco, uma trepadeira capaz de chegar a 5 mde altura, com suas folhas grandes e recortadas; o sapoti, uma árvore de copa farta e fruto saboroso que faz gostosas geleias, compotas e sucos; e a pitangueira, com seus frutinhos em tons que vão do amarelo ao vermelho, quase vítreos, como se fossem delicados brincos de Murano nativo, com a cara do Brasil.

* Matéria publicada em Casa Vogue #356 (assinantes têm acesso à edição digital da revista)

Casa Arthur Casas Pernambuco (Foto: Leonardo Finotti / divulgação)

 

Casa Arthur Casas Pernambuco (Foto: Leonardo Finotti / divulgação)

 

Casa Arthur Casas Pernambuco (Foto: Leonardo Finotti / divulgação)

 

 


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