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Jorge Elias reforma lar em Nova York

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Apartamento Jorge Elias Nova York (Foto: Fran Parente)

O termo pre-war building, nos Estados Unidos, é usado para se referir a um edifício erguido entre 1900 e 1940, antes da Segunda Guerra. Em Nova York, os apartamentos nestes prédios são disputados não só por seu valor histórico, mas por serem mais espaçosos, possuírem pé-direito mais alto que o das construções atuais e ainda apresentarem detalhes nobres, como piso de madeira de verdade, acabamentos elaborados, paredes de alvenaria (em vez de dry-wall) e uma lareira bien placé no living. Muitos desses condos luxuosos estão localizados na Park Avenue. É o caso deste, na esquina com a rua 79, região conhecida como Upper East Side, indicativa de poder, muito poder.

Apartamento Jorge Elias Nova York (Foto: Fran Parente)

Reeditar o espírito de um apartamento clássico na elegante avenida foi o mote do projeto no 15º andar, de 350 m², com três suítes, pronto em fevereiro, assinado pelo arquiteto e decorador Jorge Elias.

Apartamento Jorge Elias Nova York (Foto: Fran Parente)

“Fiz uma grande reestruturação arquitetônica e desenhei todos os acabamentos. O décor tem cores suaves e românticas, ótimas peças de arte e de mobiliário. É mais clean, mais iluminado, porém dentro do meu estilo”, diz o profissional, obrigado a fazer dez pit stops em Nova York por conta da obra, elaborada para um casal com filhos, ligado ao Brasil por laços familiares, mas que vive na Europa.

Apartamento Jorge Elias Nova York (Foto: Fran Parente)

Após o hall, o visitante passa a uma galeria, com piso tradicional de mármore preto e branco. Centralizada na parede principal, está uma cômoda bombê, francesa, ladeada por um par de cadeiras de braço, inglesas, estilo Queen Anne. O conjunto é o que se convencionou chamar de chinoiserie, ou seja, móveis e objetos produzidos no Ocidente, com formas europeias e motivos  ornamentais inspirados na arte e técnica chinesas, em moda no século 18, e agora revivida no décor dos dias de hoje, conforme atestam essas três peças.

Apartamento Jorge Elias Nova York (Foto: Fran Parente)

O ambiente seguinte, o living, é um amplo salão de convívio que reúne também a sala de jantar e uma sala de TV dissimulada, pois o aparelho foi embutido atrás do espelho da lareira. Esta, de mármore entalhado ao estilo Luís XVI, acentua as proporções áureas do espaço e forma um eixo harmonizador. Sobre a cornija, apenas um par de pratos assinados por Picasso e nada mais (para quê?). Pertencem à série produzida pela cerâmica Madoura, em Vallauris, sul da França, de Suzanne e Georges Ramié, sócios de 1941 a 1971 do grande artista espanhol em sua criativa incursão no milenar artesanato do barro cozido.

Apartamento Jorge Elias Nova York (Foto: Fran Parente)

Mas não é só isso. Ali, há mais dois objetos de desejo de colecionadores. Um deles está na parede. É a aquarela dos anos 1970 de Alexander Calder (1898-1976),que esteve no Brasil, em 1959, expôs no Masp e se deliciou com a simpatia e a informalidade dos nossos trópicos, conforme contam suas biografias. 

Apartamento Jorge Elias Nova York (Foto: Fran Parente)

O outro é a mesa de centro Table Bleue (1961-1963), um sanduíche de vidro e acrílico com o icônico pigmento azul registrado como International Klein Blue, a cor criada e que identifica o bad boy das artes francesas Yves Klein (1928-1962), incensado por sua obra monocromática. Klein desenhou a peça um ano antes de sua morte repentina, enquanto assistia, no Festival de Cannes, ao filme Mondo Cane, um cult chocante para a época, do qual ele participou. Coisas da história da arte.

*Matéria publicada em Casa Vogue #357 (assinantes têm acesso à edição digital da revista)

Apartamento Jorge Elias Nova York (Foto: Fran Parente)

 

Apartamento Jorge Elias Nova York (Foto: Fran Parente)

 

 


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