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Viagem: arquitetura e design em Tóquio

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  (Foto: eefeewahfah (flickr))

Tadao Ando, um dos arquitetos mais influentes do Japão, disse certa vez que, trabalhando em Tóquio, pôde se convencer de que, “ao contrário do que muitas pessoas pensam, ela é realmente uma das cidades mais lindas do mundo”. De fato, é surpreendente descobrir a beleza da superpopulosa capital japonesa, que abriga mais de 13 milhões de habitantes em um cenário urbano caótico e diversificado. Destruída por um grande terremoto em 1923 e, posteriormente, na Segunda Guerra Mundial, a metrópole revela um interessante mix de arquiteturas moderna e contemporânea – de torres com estruturas pensadas para suportar os efeitos dos frequentes sismos a construções minimalistas e retrô, além de emaranhados de fios elétricos. E, ainda assim, consegue manter a aura tradicional japonesa na sua forma de apresentação: civilizada, limpa e silenciosa. É impecável tanto nas ruas quanto no metrô e até no táxi, cujo motorista usa luvas brancas.

Para o skyline em constante transformação, Tadao Ando e outros mestres da arquitetura contribuíram com obras-primas. Um exemplo é a Tokyo Sky Tree, a torre de TV mais alta do mundo, com 634 m, concluída no ano passado e projetada por Ando e pelo escultor Kiichi Sumikawa. Suba ao observatório e admire a visão panorâmica. Outros cartões-postais incluem a St. Mary’s Cathedral, do japonês Kenzo Tange, revestida com placas de aço inox, o Asahi Super Dry Hall, sede da marca de cerveja homônima, do francês Philippe Starck, e o Za-Koenji Public Theatre, cujo conceito de tenda fechada foi criado por Toyo Ito, ganhador do Pritzker deste ano.

  (Foto: divulgação)

São de Ito também os projetos da joalheria Mikimoto Ginza, como um tubo com aberturas irregulares, e da italiana Tod’s, inspirada na geometria de galhos e troncos. São muitas as lojas de grife assinadas por grandes arquitetos, boa parte na região de Omotesando e no bairro vizinho Aoyama. A flagship da Prada, de vidro esverdeado, dos suíços Herzog & De Meuron, é uma das que se destacam na paisagem. Em Ebisu, a Maison Martin Margiela ocupa uma antiga fábrica, com interiores que parecem uma megainstalação. No sofisticado bairro de Ginza, há a Tiffany & Co., obra de Kengo Kuma, que quis traduzir no prédio a forma como as pedras preciosas são cortadas, e a maison Hermès, concebida pelo italiano Renzo Piano, com blocos de vidro e inspiração nas lanternas japonesas.

Exemplares da arquitetura tradicional são raros na cidade, salvo joias como o santuário Meiji. Para ter contato como passado japonês, o minimalista Nezu Museum, desenhado por Kengo Kuma, abriga um jardim sagrado e mais de 7.400 peças – de objetos arqueológicos a cerâmicas. O museu 21_21 Design Sight – criado por Tadao Ando e sob direção de três famosos designers locais, Issey Miyake, Taku Satoh e Naoto Fukasawa – foca em exposições de design internacional. Tadao assina, ainda, o projeto da Yu-un, galeria particular de arte contemporânea do empresário Takeo Obayashi, marcada pelas paredes revestidas de azulejos de cerâmica com esmalte platinado, criados por Olafur Eliasson. Para conhecer a arte japonesa de hoje, o Hara Museum tem ótimas mostras. Ao roteiro artsy, vale incluir o National Art Center – maior museu do Japão –, ao menos para ver o prédio, de Kisho Kurokawa, com “ondas” de aço e vidro.

  (Foto: divulgação)

Aficionados do design têm duas paradas certas: a loja de Koichiro Kimura, conhecido por seus objetos laqueados, e a Found Muji, com peças do dia a dia garimpadas ao redor do mundo, ambas em Aoyama. O bairro Meguro também não pode faltar: é a Meca dos móveis e artigos avant-garde e vintage. É lá que está situado o escritório da marca Nendo, do designer Oki Sato, que só vende per request.

Fica também em Meguro o primeiro design hotel de Tóquio, o Claska, cujo espaço inclui galeria de arte e loja. Os quartos têm décor individual concebido por designers como Kaname Okajima e Torafu. Falando em hospedagem, o Hotel Okura, de 1962, possui o estilo modernista de Yoshiro Tanigushi. No rol de hotéis internacionais, o Ritz-Carlton Tokyo, na torre mais alta da cidade, de 248 m, integra o complexo de lojas Tokyo Midtown, com um andar inteiro dedicado a artigos para casa.

Quando cai a noite, Tóquio ganha vida em forma de neons. Um dos endereços preferidos pelos boêmios sofisticados é o Bar Trench, em Ebisu, com atmosfera vintage e um menu de 30 variedades de absinto. Aliás, come-se muito bem na capital japonesa. O Two Rooms Grill & Bar, sobre os telhados de Omotesando, exibe ambiente moderno de madeira, aço e vidro e é o favorito para saborear cortes do boi wagyu. Restaurante cool, o A to Z Cafe tem design (e obras) do japonês pop Yoshitomo Nara. E, para provar gastronomia contemporânea japonesa com princípios sustentáveis, o Narisawa, do chef Yoshihiro Narisawa, foi eleito este ano pela revista inglesa Restaurant o número um da Ásia. “A forma de cozinhar pode ser moderna, mas a essência é tradicional”, diz.

Tóquio é assim.

* Matéria publicada em Casa Vogue #336 (assinantes têm acesso à edição digital da revista)

  (Foto: Labeyrie & associés (flickr))

 

  (Foto: lesley (flickr))

 

  (Foto: camknows (flickr))

 

  (Foto: divulgação)

 

  (Foto: Haseo (flickr))

 

  (Foto: divulgação)

 

  (Foto: divulgação)

 

  (Foto: divulgação)

 

  (Foto: divulgação)

 

  (Foto: divulgação)

 

  (Foto: divulgação)

 

  (Foto: divulgação)

 

  


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