Mario Buatta é provavelmente o único decorador cujo nome permanece reconhecível além do eixo imaginário que liga Palm Beach a Upper East Side e Southampton. Hoje com 77 anos de idade, ele segue ornamentando seus ambientes, como sempre fez, segundo o estilo que ele mesmo chama de campestre inglês. Um exemplo disto é a residência nova-iorquina cujas fotos ilustram essa página, pertencente a Hilary Geary Ross, editora de sociedade da revista Quest, e seu esposo bilionário Wilbur L. Ross Junior. É lá que o decorador recebeu visitantes interessados em falar da sua mais recente criação: o livro Mario Buatta: Fifty Years of American Interior Decoration.
Muitos consideram a publicação um evento tardio na vida profissional deste celebrado decorador. Ele mesmo concorda. “Queria tê-lo chamado de ‘Já era hora’ ou ‘A Buattapedia’”, brincou. Como muitos dos grandes talentos, Buatta é um homem que tem problemas com seu pai e uma piada pronta para cada ocasião. Nascido em Staten Island, Buatta é filho de um músico, líder de banda, que nunca reconheceu seu sucesso e de uma dona de casa que faleceu quando ele tinha 23 anos. O senso de humor, assim, veio cedo, quase que como resposta imunológica. Era preciso sobreviver.
Nas mais de 400 páginas de seu livro, histórias, recortes de jornal, recados de agradecimento, desenhos da New Yorker e fotos de seu arquivo pessoal se misturam aos projetos luxuosos. Entre seus clientes estão figuras da “realeza americana” cujos sobrenomes são Ford, Forbes, Doubleday e por aí afora. Além destes, a cantora Mariah Carey também já empregou seus serviçoes. A maioria de seus clientes continua chamando Buatta para decorar suas novas residências. Um deles, que já o fez decorar um chateau de 98 quartos na Califórnia, agora espera o projeto da casa de 40 quartos em Palm Beach. Só para o casal Ross, foram sete projetos feitos.
Para manter-se no topo, a fidelidade é a alma do negócio.
E é justamente com essa lealdade que Buatta contou, ao pedir a Hilary sua casa emprestada para lançar o livro (e de quebra mostrar um de seus grandes trabalhos). “Eu sou o bagunceiro original”, confessa. “Poeira é a proteção dos móveis e eu gosto dela em grandes bolas”, brincou novamente. Assim, seria impossível receber convidados em seu próprio apartamento ou mesmo no seu famoso escritório, na East 80th Street. O artista e escritor Christopher Mason é um amigo íntimo de Buatta. O que ele diz sobre a organização do decorador é: “É impressionante perceber que o homem que cria interiores quase esculpidos artesanalmente é o mesmo que vive em absoluto caos”.
No livro, no entanto, é possível conhecer uma versão mais ajeitada da morada de Buatta. As fotos foram tiradas por volta de 1998. Pelas paredes pistache enconta-se um exército de quadros de cachorro – “meus ancestrais”, explica com sua irreverência imbatível.
Para não deixar que seu bom humor tornasse o livro raso demais, Buatta contou com a competência de Emily Evans Eerdmans, estudiosa de história do design. A publicação deverá chegar às lojas em outubro, pela editora Rizzoli.