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O mergulho sem volta no colecionismo

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  (Foto: Ricardo Labougle)

O espírito desta colecionadora paulistana está resumido em um trabalho exposto em sua residência: Es dificil ser atado como una oveja cuando se es un lobo. Pendurada na parede da varanda do pavilhão, a frase com letras compostas por meio de um jogo de armas do narcotráfico mexicano apreendidas nas prisões locais é também o título da obra de autoria de Moris, nascido no México, considerado “um etnógrafo visual do espaço urbano” por Luis Pérez-Oramas, curador da 30ª Bienal de São Paulo. A frase revela o outro lado da discreta Regina Pinho de Almeida, que, desde 2006, vem amealhando uma arte híbrida, com estranhamento plural e bem-humorado, definida pela curadoria de seu olhar genuíno.

Regina cultiva um acervo prioritariamente de brasileiros e latino-americanos contemporâneos, com um ou outro de fora admitido ao time. Algumas obras figurarão no livro Made by Brasil, patrocinado pelo grupo francês Allard, importante compilação bilíngue das artes do país, com capítulo sobre as contemporâneas a cargo do expert Marc Pottier, a ser lançado neste ano pelo editor Enrico Navarra, criador da série Made by, que já publicou as artes da Índia, China e do Oriente Médio.

Componente significativo neste acervo é o humor. Está na temática das obras ou no diálogo que a própria moradora estabelece entre os trabalhos na montagem que mapeia nos espaços da casa. “Adoro expor as obras e mudá-las de lugar para criar novas correspondências”, diz ela, apontando para a Formica sobre madeira, de 1983, de Geraldo de Barros, ao lado da obra de Lenora de Barros, Tapeçaria em Casa Caiada, de 2008. Ambas são em preto e branco, mas não só isso: são pai e filha.

  (Foto: Ricardo Labougle)

Foi uma tela da série Astronauta, de Claudio Tozzi, que a arremessou na arte, em1978: “A tela estava na casa dos meus pais, no Guarujá, jogada, e resolvi recuperá-la”. Também contribuiu sua trajetória profissional na área de projetos culturais no Sesc, com Danilo Miranda, hoje presidente da instituição, e na Galeria São Paulo, de Regina Boni. “Um centro catalisador da arte contemporânea nacional nos anos 1980”, afirma. Dali, partiu para uma galeria e, depois, um escritório de arte, hoje fechados. Desde 2006, mergulhou com tudo no colecionismo.

Com o acervo em constante expansão, adquiriu o terreno adjacente ao seu e encomendou à amiga arquiteta Tania Eustáquio um projeto duplo: a reforma da casa original e, no terreno anexo, a construção de um pavilhão para o acervo, com suíte para os amigos artistas em trânsito por São Paulo. A propriedade dobrou de tamanho e a residência de dois pisos voltou-se para um generoso pátio interno avarandado, com vista para o pavilhão, criando assim uma arquitetura que privilegia a luz e os espaços amplos à maneira de uma galeria.

Além de se dedicar à coleção, financiar a produção de artistas e frequentar regularmente a SP-Arte e feiras do circuito internacional, esta colecionadora contumaz tem outra paixão. É o ICCo – Instituto de Arte Contemporânea, que fundou em 2009, com foco em curadoria, residência artística e publicações culturais.

E para a casa, alguma nova obra chegando? “Ah, sempre tem. No momento, é um bonito trabalho do Artur Lescher.”

* Matéria publicada em Casa Vogue #334 (assinantes têm acesso à edição digital da revista)

  (Foto: Ricardo Labougle)

 

  (Foto: Ricardo Labougle)

 

  (Foto: Ricardo Labougle)

 

  (Foto: Ricardo Labougle)

 

  (Foto: Ricardo Labougle)

 

  (Foto: Ricardo Labougle)

 

  (Foto: Ricardo Labougle)

 

  (Foto: Ricardo Labougle)

 

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  (Foto: Ricardo Labougle)

 

  (Foto: Ricardo Labougle)

 

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