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Chicago, a fênix norte-americana

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  (Foto: Fran Parente)

Às margens do rio de quem herdou o nome e do lago Michigan, Chicago é a encarnação perfeita da gênese americana. Fustigada por ventos polares durante o inverno, ela conheceu, ao longo da história, adversidades maiores como um incêndio, em 1871, que fez tremer seus alicerces, mas a cidade, mais do que renascer das cinzas, aproveitou o infortúnio para repensar seu urbanismo.

Do alto (literalmente) de seus 180 anos bem vividos, Chicago esbanja cultura e prosperidade. Da oferta, fazem parte, segundo dados oficiais, 200 teatros e galerias, 7.300 restaurantes, 42 quilômetros de margem de lago e 552 parques – a cidade é recordista de espaços verdes e tem, por exemplo, quase 300 mil m² de jardins no topo do City Hall –, sem falar nas cerca de 6 mil esculturas (de nomes que vão de Picasso a Anish Kapoor) que enfeitam parques, praças e o revitalizado bairro The Loop.

Terceira maior cidade dos Estados Unidos (depois de Nova York e Los Angeles), ela é símbolo de sua hegemonia industrial, sede do time de basquete Chicago Bulls e berço político de Obama. São atrações importantes, claro, mas é sua arquitetura espetacular que mais chama a atenção. Nomes como Daniel Burnham, autor do Plano Diretor da cidade, ou John Sullivan, o “pai” do arranha-céu, não devem ser esquecidos, mas foi pelas mãos de Frank Lloyd Wright, precursor ali do Movimento Moderno da Arquitetura, que a cidade ganhou, durante a Segunda Guerra, o título de “sede da Bauhaus nos EUA”.

De Lloyd Wright ficaram marcos como a casa-estúdio, em Oak Park, a Robie House, no Hyde Park, ou ainda o saguão do Rookery Building, no centro. Do alemão Mies van der Rohe, não se pode perder uma visita ao Lake Shore Drive e ao Illinois Institute of Technology – IIT. De lá para cá, a urbe pós-moderna e pioneira no uso do vidro e aço laminado viciou-se na arquitetura ousada – intervenções recentes, como o Jay Pritzker Pavilion, de Frank Gehry, o McCormick Tribune (no Campus do IIT), de Rem Koolhaas, a ponte Nichols Bridgeway, de Renzo Piano, permitem essa confirmação.

  (Foto: Fran Parente)

O testemunho estético tem sido também assegurado por talentos locais, como Jeanne Gang, a primeira mulher no mundo a ser autora de um arranha-céu (no caso, o Aqua, com 262 m de altura, que abriga o hotel Radisson Blu), ou Jimenez Lai, fundador do ateliê Bureau Spectacular, que tem sede em Chicago e ganhou, em setembro, o prêmio Debut da Trienal de Arquitetura de Lisboa graças à forma como vem revolucionando a ideia de espaços expositores e de mobiliário de rua.

O melhor de tudo, porém, é que a arte de Chicago se presta a ser vivida. Lá, pode-se ir aos endereços certos, como o Art Institute Chicago, que mostra, até janeiro, uma belíssima exposição sobre arte e comida, com pinturas de Edward Hopper e Norman Rockwell, entre outros, e o Museum of Contemporary Art, desenhado pelo arquiteto alemão Josef Paul Kleihues, que abriga, neste mês, uma individual do americano Paul Sietsema. Mas as muitas galerias não ficam atrás. Caso da Hales Gallery e da Kavi Gupta, que representa, ao lado da inglesa White Cube, artistas como Theaster Gates – destaque na última Documenta de Kassel, ele ficou conhecido por aplicar o dinheiro que ganha vendendo suas obras na recuperação de imóveis degradados da cidade. Para os amantes do design, vale a visita a galerias como a Wright20 – comandada por Richard Wright, neste mês apresentará peças escandinavas – e a Casati Gallery, especializada em peças italianas, além do estúdio da decoradora Angela Stone, o Hinge Organic Design, ou a Ikram, misto de galeria, café e loja de moda conceitual.

  (Foto: Fran Parente)

Num capítulo à parte, a alta gastronomia é um dos trunfos da “cidade dos ventos” e, em alguns casos, merece até ser equiparada a seu patrimônio artístico. Para começar, é inevitável mencionar o chef Grant Achatz, mentor não só do Alinea, que está em 15º na lista The World’s 50 Best Restaurants, mas também do Next, desenhado por Tom Stringer, e do bar The Aviary, que atraem gourmets de todo o mundo. No L20, por sua vez, o talento do chef Matthew Kirkley une-se ao do ateliê Dirk Denison Architects, que planejou o espaço. Assinado por Thomas Schlessor, o Blackbird tem cozinha moderna que lhe valeu o James Beard Award. Vale jantar também no NoMi, no Park Hyatt, com vista de tirar o fôlego para a cidade.

Para encerrar o roteiro, um punhado de hotéis à altura do desafio. The Langhamé a novidade mais badalada por ficar no edifício IBM, desenhado por Mies van der Rohe, além de ter um lobby assinado por ninguém menos que o neto do arquiteto, Dirk Lohan. Seguem-se ainda o Park Hyatt Chicago – renovado em parceria com a Bottega Veneta – e o James Hotel, que faz as vezes de residência artística, ou seja, hospeda nomes que produzem obras inspiradas pela cultura local. Sabe tudo, Chicago. Que venham mais 180 anos de grandes ideias.

* Matéria publicada em Casa Vogue #339 (assinantes têm acesso à edição digital da revista)

  (Foto: Fran Parente)

 

  (Foto: Fran Parente)

 

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