"A conversão desta propriedade, que antes fora uma lavanderia, numa residência, foi uma fantástica oportunidade de repensar o uso de locais abandonados", disse o arquiteto espanhol Carles Enrich Gimenez. O grande desafio foi otimizar o conforto dentro de casa. A primeira grande decisão projetual feita foi a derrubada de quase todas as divisórias internas, deixando apenas as paredes que delimitam o banheiro.
Sem barreiras visuais, o imóvel de 145 m² ganhou amplitude. Até então, o arquiteto desenvolvia um projeto para duas pessoas. No entanto, em dado momento, o número de moradores que habitariam aquele espaço cresceu. O casal engravidou. Assim, Enrich impôs mudanças ao projeto, sendo a mais expressiva delas o rebaixamento de parte do piso, para que um dormitório de bebê coubesse na morada.
Enquanto a maior parte da residência tem como acabamentos materiais de ares industriais, como o piso de concreto, a estrutura aparente de aço e os tijolos à vista, no espaço destinado à criança impera a madeira clara, o pinho. O dormitório do casal paira sobre o do bebê, sustentado por vigas metálicas, ligadas à pilares que pendem do teto, em vez de descerem até o chão. Estantes baixas separam o dormitório da circulação.
Em ambos os quartos, do casal e do bebê, há móveis de dupla abertura – cujas portas, gavetas e nichos voltam-se tanto para dentro dos dormitórios, quanto para os espaços externos a esses cômodos. A premissa do arquiteto era dar a essa morada uma aura de loft, onde nenhum espaço segrega-se drasticamente dos demais. Do mesmo modo, o interior não isola-se do pátio, que ocupa a parte posterior do terreno.
Ainda depois do terraço, há uma pequena construção. Trata-se de um estúdio que opera de modo independente em relação à casa. Sobre essa edícula foi improvisado um breve mirante particular, decorado com duas espreguiçadeiras de pano. Abaixo, no pátio, há apenas uma mesa acompanhada por duas cadeiras e algum paisagismo majoritariamente verde, sem flores ou frutos para colori-lo.