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Nas ondas incríveis de Zaha Hadid

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  (Foto: Iwan Baan e Helène Binet)

Foi a bordo do avião que a levou de Baku, capital do Azerbaijão, a Londres, onde vive, que Zaha Hadid respondeu a esta entrevista à Casa Vogue com exclusividade. Incansável, a maior arquiteta da história foi até a fronteira entre a Europa e a Ásia para cortar a fita de inauguração de mais um projeto com suas emblemáticas formas curvilíneas: o instituto cultural Heydar Aliyev Center, aberto com uma grande mostra em homenagem aos 85 anos de nascimento de Andy Warhol. Além de revelar em detalhes a maneira de pensar e fazer arquitetura, Zaha, sempre com grande admiração por Oscar Niemeyer (“sua importância não deve ser subestimada”), fala de seu primeiro projeto no Brasil e diz sobre o fim de ano: “Nessas datas, faço de tudo para ficar entre amigos e curtir a  família”.

As formas orgânicas são o principal elemento estético de seu trabalho. Por que curvas e não as linhas retas?
A complexidade e o dinamismo da vida contemporânea não podem ser reduzidos às grades ortogonais e aos volumes da arquitetura do passado. O desafio do arquiteto do século 21 é romper essas convenções, erguendo construções flexíveis que se adaptem à heterogeneidade da vida contemporânea. A vida não é formada por linhas retas, veja a natureza.

Como se dá o seu processo criativo?
Nosso repertório de trabalho é bem vasto. Em cada projeto, elaboramos um briefing único, mas, claro, temos alguns princípios que nos norteiam, como a investigação do terreno, da topografia e da circulação local. Em seguida, desenhamos linhas que representam a localidade e a circulação e transferimos essas linhas para o terreno, a fim de que se convertam na base do projeto. Assim, o projeto mimetiza o terreno, aproximando-se ao máximo da realidade do entorno.

Qual o seu maior atributo como arquiteta?
Elaboramos todas as obras a partir do pressuposto de que se tratam de espaços públicos, em que seres humanos vão se relacionar. A humanização é fundamental, afinal a arquitetura é um espaço cívico que se relaciona com as pessoas.

O fato de ter nascido no Iraque influenciou de algum modo sua visão arquitetural?
Não tenho referências formais ligadas às minhas raízes. No entanto, desde cedo, sou apaixonada pela matemática, que é uma criação genial do mundo árabe – uma fusão da lógica e do abstrato. Ainda pequena, já me interessava por matemática e geometria. Mais tarde, percebi elos entre a lógica da matemática e a arquitetura, a pixelização e a álgebra, e tudo isso relacionado à abstração e à fluidez da caligrafia árabe.

Seu volume de trabalho é surpreendente; sua produção, imensa. Como faz para administrar tudo isso?
Tenho uma regra de que não abro mão: trabalho em equipe. Confiar no talento do outro é fundamental. Aprendi cedo que não dá para fazer tudo sozinha.

O arquiteto japonês Fumihiko Maki, junto de conterrâneos como Toyo Ito, Sou Fujimoto, Kengo Kuma e Riken Yamamoto, se opõe à escala grandiosa de seu projeto para o estádio olímpico de Tóquio, que sediará a Olimpíada de 2020. Como vê o legado desse tipo de arquitetura do espetáculo?
Foi uma concorrência para um estádio com 80 mil lugares. Submetemos nosso projeto e ganhamos. Estamos trabalhando com empresas japonesas para erguer um estádio magnífico tendo em vista o futuro, legando à população de Tóquio um espaço com inúmeras facilidades para todos na cidade.

Agora, conte-nos sobre o seu primeiro projeto no Brasil, um hotel no Rio, na praia de Copacabana.
Estou muito feliz com a nossa participação nesse projeto. O traçado topográfico da praia de Copacabana é mágico, de tirar o fôlego, dos mais belos do mundo. Além de ser o espaço público aberto mais importante do Rio de Janeiro e do Brasil, capaz de atrair ao mar e à praia os inúmeros prédios ali construídos durante décadas e multidões de tribos diferentes, que frequentam suas areias e seu calçadão criado por Burle Marx, amigo de Niemeyer, todas as horas do dia e da noite. Nosso projeto irá assimilar o contexto da avenida Atlântica e da praia para se integrar ao urbanismo do Rio. A exuberância de Copacabana será um atributo valioso no nosso primeiro trabalho no Brasil.

* Matéria publicada em Casa Vogue #340 (assinantes têm acesso à edição digital da revista)

  (Foto: Iwan Baan e Helène Binet)

 

  (Foto: Divulgação)

 

  (Foto: Jacopo Spilimbergo)

 

  (Foto: Divulgação)

 

  (Foto: Luke Hayes)

 

  (Foto: Iwan Baan e Helène Binet)

 

  (Foto: Brigitte Lacombe)


 

 


 





 


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