Além de integrar o living à sala de jantar, o ambiente da foto também é bem-sucedido em unir o despojamento da estética étnica à sofisticação das linhas retas e tons sóbrios. Enquanto o tapete e a almofada trazem desenhos tribais em tons terrosos e as mesas são compostas por madeira rústica, a horizontalidade da mobília torna o espaço amplo e elegante. Tanto os sofás de tecido cinza mesclado quanto às cadeiras negras são responsáveis por fazer um contraponto de sobriedade, enquanto o pendente metálico remete a lembranças de viagens exóticas.
O banheiro acima, criado por Tamara Kaye-Honey para o quarto de uma garota, é um ótimo exemplo de como a ousadia na escolha dos revestimentos pode transformar um espaço. Para começar, a parede recebeu o ultravibrante papel de paredeLush, criado por Mary Kysar para a Makelike. Um contraponto cromático foi formado pelo piso de pastilhas azuis, fazendo um jogo de quentes e frios no banheiro de louças brancas. Para completar com muito charme, optou-se por uma estátua de cachorro ao lado da banheira e por quadros vintage de Pierre Durrieu, pintados nos anos 1960.
Quando uma jovem professora resolveu reformar seu apartamento de 86 m² na cidade de Kaohsiung, em Taiwan, seu desejo mais importante fora que o lar evocasse o mesmo sentimento de positividade e alegria com o qual ela encarava a vida. Para realizar esse pedido, o estudio House Design mergulhou em um profundo estudo de cores e referências fantásticas para criar o projeto que foi batizado de Wonderland Apartment.
"Em projetos residenciais, lidar com as cores é um dos elementos mais essenciais e, provavelmente, um dos que tem melhor custo-benefício. Por isso nos inspiramos no doce macaron e suas cores suaves para construir o ambiente mágico e alegre como a cliente queria", contam os responsáveis pela obra.
Logo no hall de entrada, a parede cor de algodão doce – com um quadro de flamingo – já anuncia o teor adocicado da propriedade. Ali, um banco feito sob medida destila curvas sensuais feitas de madeira laqueada de um tom chocolate, formando a base para um estofamento azul claro e lúdicas almofadas com estampas de borboletas. Chegando à sala de estar – que é integrada à cozinha e ao jantar – paredes e teto branco servem como base para uma verdadeira explosão candy color. Os detalhes arquitetônicos das paredes e teto brancos ganharam pintura azul clara na mesma tonalidade do sofá e da mesa lateral de pés palito. Ao lado, um pitoresco abajur de formas delicadamente femininas cria um link cromático com o cômodo anterior.
Ao lado da mesa de jantar, uma criativa instalação technicolor tem lugar. Canos amarelos criam a estrutura para que prateleiras de madeira formem ali uma estante. Sobre elas acomoda-se uma coleção de objetos que, não surpreendentemente, absorvem o mood sonhador do local. Para completar esse país das maravilhas, plantas trazem o frescor da natureza.
No quarto, uma cabeceira de madeira natural cria a base para que duas arandelas azul claras iluminem dois criados-mudos com sotaque retrô. Sobre a cama, um conjunto de almofadas traz estampas do mundo da fantasia, enquanto objetos decorativos ao lado deixam clara a referência lúdica. Mas o closet da professora é o espaço que faria todas suas alunas ficarem de queixo caído. Construído em rosa e branco, é o cenário perfeito de uma casa de bonecas da vida real.
Quando o designer Chikara Ohno recebeu a missão de reformar um apartamento de 60 m² na cidade de Fujigaoka, no Japão, escutou dos clientes que deveria torná-lo arejado e bem iluminado. Para driblar a pouca metragem com estilo e aconchego – já que a morada seria habitada apenas por um jovem casal –, a alternativa encontrada foi simples: integrar todos os cômodos e criar espaços intermediários entre eles.
Quase todas as paredes foram abaixo, deixando apenas uma delas, que separaria os dois dormitórios. O local ganhou sotaque industrial graças às vigas de sustentação e canos que ficaram à mostra. Para separar a área social da privada, foi erguida uma parede em forma de L, feita de madeira natural, definida por Ohno como "uma grande peça de mobiliário que constitui o coração da casa."
No interior da caixa que se formou, longe da vista de quem chega pela porta de entrada, ficam os quartos. Ao redor da estrutura de madeira se distribui o restante dos cômodos, sendo que, de cada lado, encontra-se um setor do lar. Em um deles, enfileiram-se a sala de jantar, a cozinha e uma área de relaxamento; do outro, a sala de estar e a entrada para o quarto de hóspedes.
Os espaços para armazenamento foram divididos entre prateleiras instaladas na parede de madeira e armários embutidos nas paredes estruturais. Nestes, inclusive, estão as únicas portas do lar – tirando a de entrada e a do banheiro, naturalmente.
O quartoretratado é um ótimo exemplo de como aplicações pontuais de cor podem transformar um espaço. Com a parede pintada de um suave verde azulado, móveis de madeira escura e roupas de cama em nuances de bege, o ambiente ganha uma injeção de vida ao incorporar o vermelho. Presente apenas em dois lugares – nas almofadas de bolinhas brancas e no maxivaso sobre o armário – ele tempera, na medida certa, a decoração com vibração e calor.
Há quem acredite que, quando um novo ano se inicia, a vida se renova. Assim sendo, uma boa maneira para mudar de ares pode começar dentro de casa, modificando pequenos detalhes do décor. Elementos versáteis como os tecidos são aliados nessa tarefa e dão frescor aos ambientes, transmitindo elegância, sem a necessidade de trocar toda a mobília. Eles reforçam o estilo e eliminam qualquer sombra de tédio, levando bossa à decoração.
Lisos ou estampados, em cortinas, almofadas, toalhas e estofados, um bom revestimento faz toda a diferença. A mistura de cores é uma maneira de fugir do óbvio – e da mesmice do bege – e deixar a morada mais ousada. Para quem deseja começar o ano inovando, Casa Vogue fez uma seleção especial que vai revolucionar todos os espaços.
Confira em nossa galeria e comece o ano com o pé direito!
No topo de um edifício histórico do século 18, no coração de Paris, o amplo apartamento de 500 m² precisava de um profundo retrofit para transformá-lo em uma casa condizente com o estilo de vida contemporâneo do morador. O cliente escolheu então o designer Elliott Barnes, que, apesar de norte-americano, mantém escritório em Paris e faz projetos por toda Europa - fato que o tornou perfeito para captar o estilo de vida cosmopolita dessa metróple.
Um aficcionado por jazz, Elliott sempre começa seus projetos inspirado pela improvisação encontrada no estilo musical, buscando encontrar o feeling de cada cômodo, bem como dar aos espaços um certo conteúdo emocional. Tudo, claro, desprovido de exageros para não cansar o design.
Com uma área de apartamento tão ampla, Elliott tirou partido da metragem e deu ao projeto uma fluidez entre os cômodos. Com isso, o profissional permitiu diferentes vistas e perspectivas que se sobrepõem, dando variadas possibilidades contemplativas ao olhar, e garantindo ao dia a dia do morador algo sempre novo.
Essa ideia esta bem presente no design da escada de acesso ao segundo e terceiro andar. Com degraus de aço escurecido que parecem flutuar e um delicado corrimão linear, o projeto, apesar de ocupar uma área grande, permite ver através de sua estrutura, deixando tanto a luz como as vistas abertas.
Com um look clean e sofisticado, o luxo se faz presente nas peças escolhidas para a decoração. No living principal, que se abre para uma deslumbrante vista da Cidade Luz, sofá, cadeiras e mesa de centro, todos Christian Liaigre, sobre um tapete Tai Ping no mesmo tom. Na parede, uma foto-pintura de Zhang Huan.
Um dos destaques do apartamento é o banheiro principal, que recebeu a alcunha “Quite Zone”, já indicando a ideia por trás do design. Inspirado pelos rituais de banho japoneses, o espaçoso ambiente tem uma larga banheira, design Atelier Artea, com duas cadeiras Habitat, pia e espelho da Boffi - que também forneceu o set da cozinha -, e cortinas customizadas feitas pela firma francesa Home Sails, que filtram e graduam a abundante luz natural do ambiente.
“Tentei criar volumes, com atenção nos detalhes, e que permitissem sempre novos pontos de vista”, diz Elliott sobre o projeto. O designer, sem dúvida, conseguiu seu objetivo, criando um oasis zen de onde se pode contemplar Paris com novos olhos.
Neste ano, Casa Vogue completa 40 anos. São 40 anos publicando
as casas mais belas do Brasil e do mundo, entrevistando os maiores nomes da arquitetura, do design e das demais artes, divulgando o melhor do desenho de mobiliário e acessórios, desbravando destinos e endereços imperdíveis. São 40 anos antecipando tendências e inspirando os amantes do bem viver.
Nosso aniversário, tecnicamente, é em novembro. Mas como dizem que a vida “começa aos 40”, decidimos comemorar ao longo de 2015. Iniciamos, aqui, com a tão esperada 24ª edição do Especial Decoradores e Paisagistas, um número turbinado de 572 páginas com um amplo panorama do jeitinho brasileiro de morar, em que mostramos mais de cem projetos de décor e jardins assinados por 123 profissionais, de norte a sul do país.
Capa da Casa Vogue de janeiro exclusiva para assinantes
E inovamos: os participantes deste especial, que assim escolheram, terão seus projetos também apresentados em nosso Instagram. Para esta linda edição de coleção, produzimos duas capas ousadas e ao mesmo tempo encantadoras, saídas das páginas do editorial Estilo
Tendência, para fazer sonhar – em cores diferentes –nossos assinantes e leitores de banca.
A designer Tammy Takenaka, da equipe Casa Vogue, nos presenteou, ainda, com um lindo selo que vocês verão aplicado em nossas capas daqui até dezembro. Teremos, também, uma série de ações, ainda top secret, para celebrar intensamente nosso aniversário – as quais compartilharemos com vocês no decorrer dos próximos meses.
E que venham outros 40!
Para saber o que você encontra na Casa Vogue deste mês, confira o sumário. A revista chega às bancas e à banca do iPad no dia 5 de janeiro.
70 Ícone: Poul Kjaerholm e sua revolucionária chaise PK 24
74 Tendência: Estampas que vão dominar o ano
82 Inspiração: Frisson caleidoscópico
84 Decoração: AD Intérieurs: lições estéticas
Gente
92 Nas artes: Xavier Veilhan: mente facetada
94 No décor: Florence Lopez e Christian Liaigre em tacada de mestres
100 Entre 4 paredes: O luxo natural e sem excessos de Charles Zana
Universo Casa Vogue
106 Um jardim com ares paradisíacos envolve a fachada preservada. Nos interiores totalmente recriados, a história de vida de Pierre Bergé é revelada em cada contorno arquitetônico e cada peça. No centro de Tânger, a casa funde África e Mediterrâneo com sabedoria
116 Branco, preto, elegantes tons de azul e toques de amarelo: essas cores embalam – às vezes com rigor, às vezes com bossa – a decoração vintage e cult da townhouse cinematográfica (e onírica) do casal Charlotte Gainsbourg e Yvan Attal em Paris
126 O arquiteto Antonio Martiniello ocupou um palazzo do século 18 em Nápoles com a desenvoltura de quem parece viver ali há anos. Unindo estética e despojamento, nivela móveis italianos, obras de arte e itens do dia a dia
134 Kelly Wearstler fez de uma morada “sem amor” em Mercer Island, nos EUA, um oásis de glamour. Feminilidade e brilho contrastam com materiais rústicos de um jeito que só os experts sabem fazer
Lazer
144 Viagem: Paris, berço do (novo) décor
148 Hotel Edition: Miami chic
Especial Decoradores
158 Adriana Piva 160 Afrânio Reis 162 Alessandra Benotti e Luciana Godoy 164 Alessandro da Matta 166 Alexandra Garcia 168 Alexandre Milhomem 172 Amanda Miranda 174 Ana Campos 176 Ana Lucia Salama & Gerson Dutra de Sá 178 Ana Paula Faria 180 Ana Paula Padovani 182 Andrea Teixeira e Fernanda Negrelli 186 Andrea Z. Glezer e Rosita Zylberstajn 188 Anita Lerner 190 Arcco Arquitetura 194 Avant Design 196 Betina Gomes 198 Beto Tozi 200 Blanc Concept Design 202 Camila Klein 204 Carina Korman e Ieda Korman 210 Carlos Rossi 220 Carolina Vaiano e Vanessa Rossetto 222 Celene Gurgel, Sadia Gurgel e Mirna Albuquerque 226 Christina Hamoui 240 Conceição Almeida 242 Creuza Lippo e Sandra Leahy 244 Cristina Barbara 246 Cristina Barretto 248 Dado Castello Branco 250 David Bastos 256 Debora Aguiar 264 Deborah Roig 268 Denise Barretto 274 Diego Ferraz 276 Érica Salguero 280 Fabio Basani e Tulio Xenofonte 282 Fabio Malves 284 Fernanda Marques 288 Gilda Maldonado 290 Guilherme Torres 298 Inês Cavalcante e Mônica Albuquerque 300 Inês Sobreira e Ricardo Braga 302 Ione Fiuza 304 Ivana Andrade 306 Janaina Sthel e Thais Fontenelle 308 Jorge Elias 318 Jorge Elmor 322 Juliana Lemos e Anrriete Caldas 324 Juliana Pippi 326 Junior Pacheco 328 Karina Korn 330 Leila Libardi 334 Lícia Mansor 338 Lilia Duarte 340 Luciana Teperman 346 Luiz Ricardo Bick e William Simonato 360 Marcela Mendes e Mayra Mendes 362 Marcele Muraro 366 Marcia Nejaim e Suzana Azevedo 370 Márcio Pedrico 372 Marcos Baldasso 374 Martha Dzelme 376 Maximiliano Crovato 382 Neca Abrantes 388 Nicole Krause 390 Nilza Alves e Rita Diniz 398 Ninha Chiozzini 400 Patricia Cillo 402 Patricia Penna 406 Paula Pilla e Raquel Mansur Ruiz 408 Renata Selmi Herrmann 410 Ricardo Rossi 416 Roberta Banqueri 418 Roberta Zimmermann Buffon 420 Roberto Migotto 440 Rose Diani 442 Samia Sarayedine Testa 444 Selma de Sá Moreira 446 Selma Tammaro 450 Sergio Paulo Rabello 460 Sérgio Valliatti Jr. e Luciana Patrão 464 Sig Bergamin 476 Silvia Binato e Daniele Carneiro 478 Simone Mantovani 480 Stella Crissiuma 482 Susan Bortoletto 484 Tata Wu e Luciana Degani 490 Tatiana Temperani 494 Thiago Moura 496 Urbem Arquitetura 498 Valéria Oliveira 502 Wesley Lemos 506 Zai Arquitetura
Especial Paisagistas
510 Alex Hanazaki 530 Caqui Fontes 536 Carla Pimentel e Marina Pimentel 538 Fernando Thunm 544 Gigi Botelho 546 Luciana Moraes 558 Márcia Lima
Paulo Goldstein com duas peças da coleção Repair is Beautiful, criada como projeto de conclusão do mestrado em design. Na foto, um iPod Shuffle ganhou um corpo de osso e um fone de ouvido foi consertado com estruturas de metal e de madeira
Ao ver uma peça criada por Paulo Goldstein, infinitas teorias podem passar pela cabeça do observador. Cadeiras e armários ganham personalidade única ao incorporarem exoesqueletos cheios de traquitanas. Mas ao conversar com o designer, que atualmente transita entre Londres e São Paulo, as coisas começam a fazer mais sentido – apesar de serem conceitualmente complicadíssimas. "Meu trabalho surgiu como uma forma de suprimir a frustração. Era uma fase em que as coisas não estavam dando certo e, então, fiz um paralelo dos entraves da vida com pequenos objetos que não funcionam e geram aquela raivinha no fim do dia", conta ele, em entrevista exclusiva à Casa Vogue. "Depois conheci uma teoria econômica – aplicada em uma porção de áreas humanas – que se chama Lei das Consequências Não Intencionais. Basicamente, ela diz que todos os atos geram resultados inesperados, sejam bons ou ruins. Abracei o conceito e assim nasceu minha primeira coleção, Repair is Beautiful."
Goldstein posa com toda a coleção Repair is Beautiful. Para a sua surpresa, a foto tornou-se capa da revista de design Frame, em novembro de 2012
Para construir suas primeiras peças, feitas como conclusão de um mestrado na Universidade Central Saint Martins, em Londres, Goldstein partiu do pressuposto de consertar objetos quebrados e devolver a eles a função, não importa como. "É um processo de 'gambiarra chic', quase como reinventar a roda. Quando deixamos o defeito de um objeto exposto e cheio de distrações ao redor, as pessoas passam a não notá-lo mais. É assim que crio e é assim que a sociedade funciona."
Um bom exemplo é o fone de ouvido que fez em 2010. Com uma parte plástica quebrada, o autofalante não funcionava mais. Para dar vida nova a ele, foi necessária uma estrutura de madeira - o que fez com que ficasse muito pesado, gerando então a necessidade de um apoio para o ombro. "É um processo quase infinito de consertos. Se eu simplesmente trocasse a peça quebrada pro outra igual, o projeto não teria sentido. E se eu reparasse todos os problemas que surgem, teria trabalho para o resto da vida."
Assim, uma clássica luminária Anglepoise – a primeira peça de Goldstein – ganhou novas engrenagens externas; uma cadeira de diretor recebeu uma estrutura protética para ajustar a tensão, e um iPod Shuffle foi parar em um pedaço de osso. "Lidar com a frustração significa retomar o controle do que incomoda. No meu caso, o trabalho manual traz essa sensação. Os itens que crio são como capítulos da minha pesquisa."
Uma das cadeiras produzidas na recente temporada de Goldstein no Brasil. O encosto ganhou uma estrutura de cordas que ajusta a tensão quando o usuário senta
A Teoria das Consequências Não Intencionais parece funcionar bem na vida do artesão. Filho de uma bióloga e um médico que, como hobbie, construíam estátuas de cerâmica e barcos em escala, ele cresceu em um ambiente cercado de ferramentas e aprendeu cedo a arrumar brinquedos. Logo ao descobrir que, ao invés de reparar poderia criar, ganhou um pequeno ateliê dos pais em um quarto desocupado e lá desenvolveu o gosto pela criação.
Mais tarde, ao falhar no vestibular para Odontologia, resolveu estudar Artes Plásticas como forma de aproveitar suas habilidades. Passou alguns anos realizando ilustrações e esculturas para as páginas de revistas e, quando não sabia mais o que fazer, tirou uma temporada sabática na Europa com a sua então namorada. Por lá, mudou-se para Londres, consertou cadeiras em uma escola para ganhar algum dinheiro e, depois de muita insistência – entenda-se ligações semanais durante um ano –, mudou-se para Manchester e foi trabalhar no estúdio de bonecos Mackinnon & Saunders, onde participou de sucessos de animação como Noiva Cadáver, de Tim Burton; e O Fantástico Sr. Raposo, de Wes Anderson.
O bar da foto, produzido no Brasil e exposto na feira paulistana MADE, em novembro de 2014, foi feito a partir de uma vitrola antiga que o designer herdou do avô
"Queria ser dentista e não passei. Durante a faculdade percebi que meu trabalho também não configurava artes plásticas. Fui feliz fazendo bonecos, mas não via perspectiva de futuro. Foi quando descobri que gostava de outra coisa. Fazer mestrado em design foi uma forma de juntar tudo que eu fazia antes, executar muito mais e me sentir satisfeito. Mas no fim das contas, não pertenço apenas ao design. Ja participei de exposições de design, de arte e de artesanato, todas com as mesmas peças. A minha formação é uma junção de tudo que vivi. Fui trabalhando do jeito que eu vou levando a vida. É meio caótico, mas funciona."
Coleção de cadeiras criadas a partir de pedaços encontrados nas ruas de Londres para o Scarcity Project
Depois de Repair is Beautiful, veio o convite do reitor da universidade para produzir uma instalação permanente que funcionaria como uma sala VIP. A iniciativa, batizada de Scarcity Project, criou móveis a partir de pedaços encontrados por Londres. E como uma mente criativa que não pára nunca, ele continuou desenvolvendo móveis com o que encontra por aí. "Minha pesquisa é voltada para o que as pessoas descartam. Tenho interesse no conceito do acúmulo de conhecimento. Trabalho com o que foi produzido pelos outros e dou a esses pedaços um novo significado. Tanto a sustentabilidade quanto a estética surgiram apenas como consequências", revela.
A instalação Scarcity Project foi pensada para ser uma sala VIP permanente na Universidade Central Saint Martins, em Londres
Agora, de volta ao Brasil – onde participou recentemente da feira MADE, em São Paulo – Goldstein se prepara para mais uma temporada na capital britânica. Sua exótica cadeira de diretor fará parte de uma mostra no renomado Victoria and Albert Museum, onde também ministrará um workshop de criação. Em abril, ele revelou para Casa Vogue que participará do Salão do Móvel de Milão. Depois de passar pela capital mundial do design, ele ainda não sabe o que vai acontecer. O que vem a seguir, só o destino poderá dizer.
As peças da foto foram revitalizadas com "adições protéticas". O armário de cordas vermelhas pertencia à avó
O designer faz questão de deixar seus consertos à mostra. "Se não fosse assim, meu projeto perderia sentido."
A cadeira de diretor, um arquétipo do design, se mantém em pé graças à tensão que ela cria quando aberta. Para substituir uma madeira rachada e a falta de um tecido, Goldstein criou todo um exoesqueleto voltado para o funcionamento dela. "A estética é apenas uma consequência no meu trabalho", diz.
A luminária Anglepoise foi a primeira criação do designer. Para substituir uma de suas articulações, foi necessário produzir uma estrutura externa
O fone de ouvido da coleção Repair is Beautiful foi ganhando adições à medida que novos problemas iam aparecendo. "Talvez esse seja o melhor exemplo do meu processo criativo. Poderia consertar essa peça para sempre."
Com o plástico quebrado, foi necessária a construção de uma peça de madeira
Goldstein une pedaços de móveis diferentes para dar origem a um híbrido de cadeira
Novos pinos foram necessários para que a cadeira ficasse estável. Ele optou por um material vermelho, que ficaria bonito se mantido aparente
"O iPod Shuffle, quando foi criado, representou o ápice da tecnologia, pois reduzia um sistema de som completo a um objeto de centímetros. Para consertar esse exemplar, que tinha a parte plástica quebrada, usei um pedaço de costela de boi. O osso foi uma das primeiras matérias utilizadas pelo homem para confeccionar ferramentas, e eu queria resgatar esse dado como uma maneira de reforçar o aspecto manual do meu trabalho."
Cadeira Repaired Garden Chair
"Em um sistema complexo, se você tira a parte quebrada, tudo que está interligado cai. Por isso é importante trabalhar ao redor e fazer esse conserto estético. São novas conexões. É como contratar outros funcionários para desempenhar a função de um gerente fantasma", explica ele.
Repaired Anglepoise #2
Detalhes da segunda luminária criada por Goldstein
Além de fazer sonhar, o cinema tem o poder de inspirar pessoas e ambientes. Pensando nisso, Casa Vogue reuniu quatro filmes biográficos de grandes personalidades e elegeu móveis e acessórios que vão inserir um toque de luxo e de humor na decoração. Escolha entre Grace Kelly, James Brown, Joãozinho Trinta e Yves Saint Laurent e inspire-se!
Clique nas imagens abaixo e confira nossas galerias
* Matéria publicada em Casa Vogue #353 (assinantes têm acesso à edição digitalda revista)
Principais fornecedores
Davis Paro Lighting Designer (iluminação), Firma Casa (móveis), Galeria Rabieh (obras de arte), Madeira Viva (marcenaria), Pantanal Mármores (mármores) e Uniflex Jardim Sul (cortinas e rolôs).
O fechamento dos terraços e a integração de todos os ambientes sociais do apartamento paulistano de 300 m2 ampliou os espaços de convívio da família.
Principais fornecedores
Dpot, Olho Interni e Vermeil (móveis), Empório Beraldin e Entreposto (tecidos), Galeria Eduardo Fernandes, Galeria Fernandes Naday e H.A.P. Galeria (quadros) e Lumini (luminárias).
A casa de 500 m2 em um condomínio de Campinas, SP, ganhou espaço de trabalho integrado à área social, onde o décor mescla os estilos clássico e contemporâneo.
Principais fornecedores
Artzzi (móveis), Cambui Store (objetos decorativos), Fernanda Piccolotto Design de Flores (arranjos florais), Forma Final (mármores e granitos), Hausen (tecidos, cortinas e persianas) e Lumini (projeto luminotécnico e luminárias).
Com três chefs de cozinha na família, o ambiente preferido dos moradores desta casa no interior paulista só poderia ser o espaço gourmet.
Principais fornecedores
Alessandra Mitteldorf (florista), Assoalhos Monet (piso de madeira), Dpot, Estúdio Glória, Saccaro D&D e Vermeil (móveis), JO Box (vidros e espelhos), João Migotto (quadros), La Lampe (iluminação), Marisa Lima (paisagismo), Marmoraria Paulista (mármores e granitos), MC Tapeçaria (colchas), Orlean (papéis de parede), Ornare (armários dos quartos), Revest Solution (revestimentos), Santa Mônica Santo André (tapetes), Schneider (interruptores), Shark Metais (metais), Uniflex Plaza Sul (cortinas e persianas) e Vita Projeto (obra).
A casa paulistana de 430 m2, há muitos anos sem uso, ganhou ambientes modernos e descontraídos graças aos novos acabamentos e ao projeto luminotécnico atualizado.
Principais fornecedores
By Kamy (tapetes), Dpot, Etel, Interni e Montenapoleone (mobiliário), Kitchens (cozinha), Getsêmani Móveis Planejados (marcenaria), Interbagno (banheiros), La Lampe e Lumini (iluminação), Led Luz (automação), Loja Carimbo e Stella Crissiuma (objetos decorativos), Pedra Grande (marmoraria), Saint Germain (galeria de arte) e Santa Rita Decorações (persianas e tecidos).
Temporário, mas com décor bem cuidado, o apartamento foi projetado para receber a família com conforto em suas passagens por São Paulo.
Principais fornecedores
F. Interiores/Fabiana Gelmini (projeto de decoração), FF Armários Embutidos (planejados), UAU Globaltec (projetos de automação, áudio e vídeo), Vertz Iluminação (projeto luminotécnico e luminárias) e Viametal Esquadrias (esquadrias).
Os grandes panos de vidro que fecham esta casa de 590 m2 num condomínio residencial de Piracicaba permitem que os moradores tenham sempre à vista a bela paisagem do entorno.
Principais fornecedores
Interpam Iluminação (iluminação), Silvia Heringer (colchas e cortinas) e Síria Solange (tapetes Aubusson).
O toque clássico percebido na arquitetura de interiores e no décor não impediu esta grandiosa casa, em Goiânia, de receber elementos contemporâneos, como queriam os moradores.