Depois de passar vinte anos criando as duas filhas em uma vila próxima a Londres, Daniel Harris e sua esposa Gaynor resolveram se mudar. Deixaram, a bela casa moderna onde habitavam e estavam à procura de um lugar na capital inglesa que fosse menor, em preparação para a saída das filhas de casa. Quando encontraram a morada perfeita, um lugar irresistível e com uma arquitetura de personalidade, jogaram metade dos planos para o alto.
O local escolhido foi a vizinhança de Hampstead, em Londres. Mas o tamanho da casa não coincidiu com o que havia sido previamente decidido. O casal, que é dono de uma empresa de eletrônicos, acabou desembolsando 17 milhões de dólares para adquirir a Klippan House, uma construção de nada menos que quatro andares. Esse é o preço que se paga quando acontece um amor à primeira vista arquitetônico.
A imensa casa de tijolos vermelhos foi erguida na década de 1880 por Ewan Christian, o mesmo arquiteto responsável pela National Portrait Gallery, museu que exibe retratos de importantes personalidades de toda a história britânica. As duas chaminés que se lançam sobre o telhado da construção foram responsáveis por conquistar de imediato o coração de Daniel e Gaynor. Depois, os detalhes da arquitetura de época e os quase 3 mil m² de área verde fizeram com que eles tivessem certeza de que aquele lugar era destinado a eles.
Mas como estavam acostumados com a casa antiga, feita nos mínimos detalhes de acordo com as vontades da Sra. Harris, era óbvio que a Klippan House passaria por boas reformas. Com a ajuda do arquiteto Shahriar Nasser, lá se foram mais 4,5 milhões de dólares para dar ao lar da era vitoriana a cara dos novos moradores.
O resultado foi dos melhores. Preservando seletivamente alguns detalhes para manter a energia histórica, a construção foi invadida por um inesperado ar de modernidade, branco, amplitude e luz natural. O contraste entre o novo e o antigo tomou conta do lugar. Na cozinha, por exemplo, os armários e utensílios foram escondidos por paredes lisas, em contraste com o teto de madeira que foi reformado. No hall de entrada, um espaço entre janelas clássicas foi destinado unicamente a uma escultura modernista.
Na dança entre o novo e o antigo, a casa ganhou um cômodo adicional: uma biblioteca. Ela foi construída aproveitando os tijolos vermelhos da fachada para criar um ambiente relaxante que mescla interior e exterior. Para completar o mood, em vez de janelas foi construído um teto de vidro que deixa a luz do sol entrar e mostra apenas os topos das árvores ao redor. Para uma família acostumada a morar em uma vila, a privacidade é um luxo indispensável.
Quando se trata da mobília, o balanço entre novo e antigo não foi nada equivalente. Dos móveis vintage, só ficaram duas cadeiras de madeira e alguns quadros. No lugar, vieram as linhas simples e as superfícies coloridas das cadeiras e mesas contemporâneas. E muito espaço para circular.
Com um lar como esses, não é de se estranhar que as filhas desistissem de sair de casa. Dito e feito. O último andar foi transformado na residência da filha mais velha, estudante de medicina. Já os planos da filha mais nova, ainda sem idade para morar sozinha, parecem ter ficado na casa antiga. Assim como a síndrome do ninho vazio, que o casal possivelmente não vai ouvir falar por muito tempo.