“A humanidade sempre foi fascinada pelo conceito do efêmero e da temporariedade das coisas que nos cercam. Cheiros, poeira, vegetação ou até o bolor, todos esses fantasmas do passado nos lembram que estamos aqui de passagem e que, no fim, tudo vai voltar para a terra.”
É com essas palavras que o fotógrafo Romain Veillon defende sua última série de fotos, entitulada Les Sables du Temps ou, em português, As Areias do Tempo. Para realizá-la, o francês viajou até uma cidade abandonada que vem sendo continuamente tomada pelo deserto da Namíbia. Seus cliques mostram imagens surreais de edifícios completamente tomados por dunas de areia.
O que à primeira vista pode parecer a cenografia de um filme de ficção, é o que restou da cidade de Kolmanskop. O local foi colonizado por mineiros alemães no início do século 20 graças à descoberta de diamantes na região. Pouco mais de 50 anos depois, as minas se exauriram, o valor da pedra caiu e todos foram embora.
Dos prédios opulentos que rapidamente haviam sido erguidos ali, só restou a imagem da desolação. Com poesia e sensibilidade, Veillon registrou os últimos suspiros da cidade – que se tornou não mais que o destino de turistas aventureiros –, e construiu uma narrativa que diz respeito a todos. Assim como a existência daquelas antigas casas, a vida passa e não há nada o que fazer. Mas há que se aproveitar. Afinal, “o importante não é o destino, mas sim a jornada”.