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Tempos modernos no ambiente de trabalho

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Hernan Miller (Foto: Divulgação)

Se você pensa no velho gabinete de trabalho (com escrivaninha de madeira escura, máquina de escrever e estante apinhada de livros) como um espaço pré-histórico, é hora de rever também como enxerga o típico escritório de hoje – com baias, diretores em salas isoladas, raros espaços sociais e entraves à comunicação entre os funcionários. Nesses tempos em que se pode trabalhar em qualquer lugar, sem a necessidade da presença física na empresa, o ambiente corporativo clama por transformação. Foi com base nessa premissa que a Herman Miller lançou o conceito do Living Office: design solutions para fazer desse um lugar de bem-estar e apoio à criação (mais rápida e fértil) de ideias.

Hernan Miller (Foto: Divulgação)

“A busca é por movimento e flexibilidade”, diz o diretor de landscaping environments da empresa, Greg Parsons. A partir de uma “grande visão do ser humano”, nas palavras de Greg, essa multinacional de mobiliário de escritório e residencial, com sede em Zeeland, nos EUA, preocupou-se em projetar espaços adaptáveis que favorecessem o próprio homem. “As ferramentas que você usa são as pessoas que contrata. Como construir times multiculturais, compartilhar informações e transformar as ideias dos CEOs em realidade? Eis alguns dos questionamentos do Living Office”, diz ele. Para Mark Schurman, diretor de comunicação corporativa, “como livre fluxo de informações, cada um compartilha seu talento para o sucesso de todos”.

Hernan Miller (Foto: Divulgação)

São dez “modos de trabalhar”, dez ambientes para a interação e produtividade, que oferecem novas experiências ao empregado. Com uma linguagem natural que pretende tocá-lo física e emocionalmente, os chamados settings são talhados para situações diversas,como trabalhar em pé ou descansar ao lado de quem está em pleno ápice produtivo. Direcionam-se, ainda, a momentos como conversar, relaxar, dividir, criar e contemplar, e abrangem configurações espaciais de grande leveza visual, que incluem o mobiliário principal e o circundante.

Hernan Miller (Foto: Divulgação)

Os settings receberam nomes convidativos. Haven é um abrigo onde, sozinho, o funcionário poderá manter 100% seu foco. Plaza é o “coração”, uma área vibrante de convívio onde as pessoas tomam o pulso da empresa. Já o Clubhouse tira os diretores de suas dependências e os coloca para atuar lado a lado, sem cerimônias (em busca de agilidade nas decisões). E há Hive, Jump Space, Cove, Meeting Space, Landing, Workshop e Forum. Apresentado em 2013, o conceito ganhou corpo e voz no mês passado, na feira Neocon, em Chicago, com o début de três sistemas de mobiliário correlatos: Locale, de inspiração arquitetônica, de Sam Hecht e Kim Colin; Public Office Landscape, pura fluidez para o escritório, de Yves Béhar; e Metaform Portfolio, projeto centrado na economia de material, do Studio 7.5.

Hernan Miller (Foto: Divulgação)

Seja a filosofia do Living Office, sejam suas peças, nada passa ao largo do design. Melhor, do bom design. Afinal, a Herman Miller, criada em 1923 por Dirk Jan De Pree, é uma espécie de sinônimo para o termo: cunhou ícones como a Eames Lounge Chair (1956), de Charles e Ray Eames, e a mesa Noguchi (1948), de Isamu Noguchi, e teve como diretor de design, por 25 anos, ninguém menos que George Nelson (1908-1986), autor da máxima: “O design é responsável pela mudança social”. E existe mudança social sem trabalho?

Hernan Miller (Foto: Divulgação)

Em busca da fluidez

Para Yves Béhar, suíço radicado nos EUA, um bom design acelera a produção de novas ideias. E são elas que o inspiram – não estilo, formas ou tendências. Dentro do conceito do Living Office, criado pela Herman Miller, empresa com a qual mantém uma colaboração de dez anos, ele acaba de lançar o sistema Public Office Landscape. O designer conversou com a Casa Vogue.

Como se dá a sua parceria com a Herman Miller?
Como embaixadora do design desde os anos 1950, a empresa sabe como trabalhar com designers e desenvolver projetos durante toda a carreira deles. Nosso trabalho se iniciou com a Leaf, em 2007, escultural e controlada por toque, foi a primeira luminária de LED criada por um grande fabricante.

A cadeira Sayl, de 2010, foi lançada em um duro período econômico.
Sempre penso que o design pode ser inovador e eficiente a partir do uso de materiais. A Sayl nasceu para oferecer uma nova abordagem ergonômica, com menor peso e complexidade. Seu arrojo estrutural veio de se utilizar um material de suspensão (aplicado na base) usado em pontes – uma influência da Golden Gate. Sem o peso do mateiral, a cadeira perdeu a típica moldura posterior e ganhou conforto, respondendo ao usuário de forma mais dinâmica. Uma vantagem definitiva, a menor custo.

Você criou o Public Office Landscape pensando em qual cenário?
Em primeiro lugar, em como minha equipe de 70 pessoas, na Fuseproject, pode trabalhar de forma mais colaborativa. A segunda questão: a única razão para ir ao escritório físico, hoje em dia, é estar com outras pessoas. Há mais ideias e criatividade quando se está em contato com gente – porém, os móveis de escritório nunca foram feitos para reuni-la. Uma pesquisa global da Herman Miller aponta que 70% da colaboração entre funcionários nasce em mesas não projetadas para a interação. O Public transforma cada canto do escritório – mesas, espaços de circulação, salas – em lugar de colaboração, incentivando uma transição fluida entre o trabalho em conjunto e focado.

Qual é a melhor qualidade do Public?
Ele oferece uma micro-curadoria de um escritório: pessoas e departamentos encontram diferentes soluções para trabalhar, e o espaço todo ganha consistência em design, cor e propósito. O Public contribui para o foco das empresas no que realmente importa: a comunicação e a colaboração entre as pessoas.

Como você vê os escritórios em um futuro breve?
Eles terão de ser mais humanos e únicos, de acordo com cada cultura empresarial. Variadas configurações para a mesa de trabalho, bem como cores e materiais, tornarão os produtos diferentes de lugar para lugar. No futuro, os escritórios irão dispor de mais dados para comunicar aos seus empregados – e esses dados os permitirão compartilhar ideias de forma mais efetiva e rápida, gerenciando com sucesso as tarefas colaborativas.

*O jornalista viajou a Zeeland, EUA, a convite da Herman Miller

* Matéria publicada em Casa Vogue #346 (assinantes têm acesso à edição digital da revista)

 


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