No Teatro Everyman, em Liverpool, não são apenas os atores que contam histórias, mas também os tijolos. Construído no local onde funcionava uma igreja do século 19, o prédio serve há décadas como centro de convivência e criatividade para a cidade inglesa. Agora, foi completamente desmontado. No local, uma nova construção aproveita os blocos.
O edifício fica no centro histórico, ao lado de prédios tombados, como a catedral do século 18. Em respeito ao local, o projeto tem fechamento discreto, de tijolos vermelhos e linhas retas. A arquitetura é de Haworth Tompkins e os interiores foram feitos em parceria com Katy Marks.
O contraste com os prédios antigos é feito através dos dutos de ventilação em formato de chaminé e a fachada, composta por 105 paineis móveis de metal. Cada um traz a imagem em tamanho real de um morador de Liverpool. Os arquitetos trabalharam com o fotógrafo local Dan Kenyon, que clicou pessoas em cada seção da cidade durante eventos públicos. A ideia era dar à obra a cara de um retrato de família.
Devido ao terreno apertado, os espaços de convívio foram organizados em uma série de mezaninos. Os salões foram distribuídos em três andares, culminando em um piso nobre com vista para a rua. Obras de arte complementam uma paleta composta por tijolinhos, aço negro, carvalho, madeira escura e concreto exposto. Por fim, chega-se ao auditório com 400 lugares. Ali os tijolos originais dão forma a um espaço de apresentações de alta tecnologia – uma bela costura entre novo e antigo.