Quando um jovem casal de Londres decidiu reformar sua penthouse no descolado bairro de Belgravia, o projeto haveria de se adequar à coleção estrelada de peças de arte e de mobiliário. Os itens assinados por Zaha Hadid, Mattia Bonetti, Fabio Novembre, irmãos Campana, Andy Warhol e Keith Haring, dentre muitos outros, deveriam ganhar condições de habitação tão favoráveis quanto seus donos. A responsável por conciliar tais exigências em uma imensidão clean foi a arquiteta brasileira Fernanda Marques.
"Meus clientes faziam questão que os três andares da morada tivessem condições ideais para a exposição de sua consistente coleção", conta ela. "O maior desafio foi encontrar o ponto de equilíbrio entre móveis de design de perfil escultórico e o cotidiano de uma casa."
O primeiro passo foi uma enorme mudança estrutural. O projeto original possuía infinitas divisões entre os cômodos, sejam eles privados e comuns. Depois que muitas paredes foram abaixo, os interiores surgiram redesenhados como grandes espaços conectados, restringindo o uso das portas apenas ao indispensável.
Duas suítes – incluindo a do casal – foram parar no primeiro piso. Por lá, o isolamento acústico foi aprimorado. Subindo por uma escada esculturalmente espirada, o home theater, a suíte dos filhos e a dos hóspedes. Na cobertura ficam a cozinha, a sala de jantar e o living.
Para guiar com propriedade o ousado retrofit, a arquiteta teve que fazer um estudo profundo dos materiais e cores usados nos interiores de forma a garantir paredes livres, espaços amplos e muita iluminação. As paredes foram cobertas de branco enquanto o piso neutro mostra revestimentos de pedra e de madeira. As obras de artistas como Adriana Varejão e Zhang Huan ganharam um projeto luminotécnico caprichado. Durante a noite, luminárias focais criam cenas que valorizam o acervo artsy do casal, enquanto durante o dia, a claridade natural passa por muitas janelas e algumas claraboias.