Morreu nesta quinta-feira (12/2), em São Paulo, Tomie Ohtake. A artista, 101 anos, estava internada desde o dia (2/2) com pneumonia, quadro que se agravou nessa terça-feira (11/2) devido a uma broncoaspiração seguida de uma parada cardíaca. Desde então, Tomie seguia em estado grave na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital Sírio-Libanês. O velório será nesta sexta-feira (13/2), entre 8h e 14h, em seu Instituto, em São Paulo, onde a artista será cremada.
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“A Dama das Artes Plásticas”
Dona de uma criatividade e um instinto de renovação aguçado, Tomie, que nasceu no Japão e desembarcou no Brasil em 1936, se consagrou logo nos primeiros trabalhos, em 1960, e manteve tal maestria ao longo dos anos e nas diferentes fases de sua pintura, gravura e escultura. O domínio total de seu trabalho e ideias fizeram da artista dona de sua arte, e não refém dela, como muitos nomes que se perderam na história. Tal controle fez sua maturidade pessoal e profissional caminharem juntas, como pode ser visto em suas pinturas, que mudaram, em primeiro momento, na imaterialidade aparente para um estudo profundo e perturbador da relação da cor com a forma.
E as renovações não pararam por ai. A partir dos anos 1980, novas referências permearam o trabalho da artista: a alusão à natureza deu espaço às formas orgânicas; paisagem, frutas; o sensual ao francamente sexual. E, com isso, as telas, ao invés dos planos coloridos chapados, ganharam manchas justapostas e sobrepostas. Já nos anos 1990, e até os dias atuais, a transparência e a profundidade se acentuaram nos trabalhos.
Tomie entre nós
E além da pintura e da gravura, outra técnica que Tomie se especializou foi a das esculturas, que além de marcarem presença em grandes feiras e exposições, a levaram para os cenários urbanos. Ao todo foram 27 obras espalhadas em cidades brasileiras. São Paulo, por exemplo, foi presenteada com os painéis As Quatro Estações (1991) na estação de metrô Consolação, a escultura de concreto armado Monumento à Imigração Japonesa (1988) na avenida 23 de maio, a pintura em parede cega na Ladeira da Memória, e a escultura em homenagem aos 100 anos da imigração japonesa no Brasil no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos.
Tomie deixa dois filhos, Ruy e Ricardo Ohtake, entre outros familiares, e uma bagagem histórica e artística de respeito. Ao todo foram 28 prêmios, mais de 50 individuais e 85 coletivas ao redor do mundo.