Para a maioria das pessoas, este endereço, no distrito nova-iorquino do Brooklin, não parecia um lugar óbvio para construir uma casa. Localizado na fronteira entre o bairro residencial de Carroll Gardens e uma área industrial, o lote funcionou durante décadas como sede de uma garagem, até conquistar o casal Philippe Baumann e Lisa Sardinas, em 2009. “Eu realmente gostei da condição de margem do terreno, desse mix entre moradias e fábricas”, conta o arquiteto Philippe, 50, que adquiriu a propriedade e idealizou o novo projeto. Ele e sua esposa foram atraídos também pelo fato de existir ali, na mesma rua, uma boa escola, onde o filho de seis anos estuda atualmente, e de não existirem muitos prédios altos nos arredores.
Como o plano era construir uma residência com pátio e jardim, era importante que as construções vizinhas não bloqueassem totalmente o sol. A antiga garagem deu lugar ao lar de 325 m², com dois andares, três quartos, quatro banheiros e uma área externa generosa, equipada com pátio térreo e dois níveis de lajes verdes.
LEIA TAMBÉM: Duas breves varandas verdes em NY
O elemento mais atraente do conjunto é o efeito duplo da fachada voltada para a rua, que têm duas estruturas: uma feita de aço galvanizado e painéis de vidro operáveis e outra de madeira, posicionada 1,5 metros atrás da primeira. “A ideia é envolver a rua, mas, ao mesmo tempo, separar-se dela um pouco”, conta o arquiteto, explicando que o metro e meio entre elas serve como um terraço, que permite a ventilação cruzada no verão. Na face oposta, voltada para o fundo do terreno, fica o pátio, integrado à sala de estar.
O projeto de interiores foi inspirado, segundo o arquiteto, pelo "lema antigo dos modernistas de valorizar a honestidade dos materiais”. Pensando nisso, ele deixou a estrutura de algumas paredes à mostra, e elegeu o concreto para revestir o piso. A fim de esquentar o décor, o casal optou por pintar uma das paredes da cozinha com um tom vibrante de laranja, e elegeu móveis feitos de materiais naturais, como as poltronas de couro Paulistano, do arquiteto Paulo Mendes da Rocha. Os itens conversam com o tapete turco de 1950, no living.
Em busca de um projeto de baixo custo, Philippe cuidou de toda a obra, tratando de executar ele mesmo diversos trabalhos. Outras vezes, requisitou a ajuda de amigos. “Foi quando meu cabelo ficou branco”, brinca o arquiteto. Apesar de a família ter começado a viver ali em 2011, o lar só ficou totalmente pronto dois anos mais tarde. “Ela não se parece com o tipo de casa "faça você mesmo", isto porque teve muito amor e suor envolvido”, declara Lisa. Uma morada feita em família, entre amigos, e com amor.