Uma das maiores vantagens de escolher uma paleta de tons pastel é que, mesmo suaves, eles são capazes de injetar energia instantânea em um ambiente. Mas para que isso aconteça, é necessário que estejam presentes em quantidade e variedade. É o caso do lar da estilista francesa Vanessa Bruno. A sala de estarde paredes brancas e teto de madeira rústica foi mobiliada com uma coleção de móveis vintage de pés palito. A tríade adocicada formada pelo roxo, rosa e amarelo chega para dar contemporaneidade e diversão à decoração. Para completar, arranjos de flores imitam as nuances escolhidas para os acessórios.
Ao criar o design de interiores desse apartamento de 300 m² em São Bernardo de Campo, na Grande São Paulo, a arquiteta Eliana de Souza teve que compatibilizar algumas demandas de seus clientes. Os proprietários do imóvel, um casal com um filho adolescente, estavam em busca de espaços aconchegantes e confortáveis para a família. Também desejavam uma atmosfera mais suave e bem diferente da sua morada anterior, que tinha um décor baseado em tons escuros.
A planta original compartimentada foi alterada visando maior amplitude. Um dos quartos foi eliminado dando origem à sala de TV, integrada à sala de jantar e ao living.
A proposta criada por Eliana e sua equipe se baseou em um visual mais vibrante, com ambientes claros, bem iluminados, alguns elementos clássicos e pitadas de cor para imprimir maior personalidade. Em cada um dos espaços há peças que se sobressaem em meio a um conjunto neutro, com revestimentos claros e um pouco de madeira. É o caso do tapete azul fornecido pela Pazyrik no living, e do pendente da Scatto na sala de jantar.
Arrematam as ambientações a iluminação que se dá principalmente por meio de pontos embutidos no forro de gesso, arandelas e pendentes.
A combinação de materiais com diferentes texturas predomina na varanda gourmet. Nesse espaço, reservado ao lazer, é possível encontrar peças em madeira com acabamentos variados, cadeiras em fibras naturais e pastilhas (Mais Revestimentos) nas paredes.
As três suítes - máster, do filho e de hóspedes - mantém estilos distintos, acompanhando a individualidade de seus usuários. O quarto do jovem rapaz, por exemplo, tem uma pegada urbana, baseado em uma paleta que combina cinza, preto e amarelo vivo. Já o quarto do casal é essencialmente sóbrio, com cama e banqueta fornecidos pela Q&E e revestimentos nobres, como a madeira.
A localização desta cobertura dúplex não poderia ser melhor: acomodada no topo do Aldyn, um edifício de alto luxo a poucas quadras do Lincoln Center, de frente para o Hudson e com uma vista de 180 graus - garantida de permanecer desobstruída -, para o histórico rio: pode se ver desde a icônica ponte George Washington, até o mais lindo pôr do sol sobre New Jersey. E para os outros lados, a vista do sempre crescente skyline de Nova York, com sua colagem de estilos arquitetônicos. Os arquitetos do edifício, Goldstein, Hill & West Architects, tiraram proveito da privilegiada localização e desenharam logo de cara um longo e espaçoso terraço, que tem mais de 100 m² e vai do lado oeste, passa por toda a fachada sul e ainda dobra para o leste.
Dentro do apartamento, os arquitetos continuaram com o foco na amplitude, e distribuíram generosamente os mais de 500 m² do apartamento em cômodos dimensionados generosamente – sem dúvida, um luxo em um dos bairros com o metro quadrado mais caro de Manhattan. O living principal, além da grande área quadrada, é todo envidraçado para o lado das vistas, e o pé-direito duplo realça ainda mais a sensação de continuidade com o terraço. Uma olhada rápida no living nos leva a imaginar as festas ali possíveis. Na parte íntima, a cozinha é aberta para a área que compõe o corredor e o living interno. O espaço é equipado com geladeira Sub-Zero, fogão Miele e armários em laca.
Os acabamentos usados por todo o apartamento são também um plus, um traço característico da Extell Development, empreiteira do projeto, responsável também pelo badalado One57, do arquiteto francês Christian de Portzamparc. Os pisos são, na maioria, todos de cerejeira. Nos banheiros, azulejos em vidro fosco e mármore Bianco Dolomite. As banheiras top de linha são da Zuma.
As áreas em que a amplitude teve maior foco foram nos halls e corredores. A largura e a altura, como poucas vezes se vê, tanto em casas ou apartamentos, dão um clima arejado ao dúplex, além de oferecer possibilidades decorativas diversas.
“O Aldyn é especial”, diz Michele Kleir, presidente da imobiliaria Kleir Residential, que representa o apartamento. “Entre a vista deslumbrante da cidade de um lado e o majestoso rio do outro, você se sente, ao mesmo tempo, no coração de Manhattan e num hotel de alto luxo em Veneza.”
O economista João Carlos Magalhães chegou em Brasília aos três anos, mas nunca se importou muito com os móveis modernistas que povoam a cidade. Tudo mudou em 2001, quando reformou sua morada. Ele começou a frequentar os leilões da capital e se apaixonou pelas obras de Sergio Rodrigues, Jorge Zalszupin e Florence Knoll.
Quando chegou a hora de mudar de casa, Magalhães escolheu um prédio na Superquadra 105 Sul, uma das primeiras a ficar pronta na capital federal. Criado por Hélio Uchôa, arquiteto da equipe de Lúcio Costa, o apartamento oferecia janelas generosas, cobogós e colunas delgadas típicas do período. Um cenário perfeito para abrigar a coleção de móveis recém-criada.
O primeiro passo foi expandir a cozinha até a sala de estar, criando uma planta ainda mais integrada. Em seguida, foi a vez de trocar as paredes do quarto por vidraças. Agora o morador consegue enxergar a sombra dos elementos vazados se movimentando pela casa – para seu grande prazer. "Você pode dizer que o cobogó é uma arte cinética", compara.
Revestir os pisos com tacos de madeira da Indusparquet crio um ar de aconchego dos anos 1950. A única exceção é a cozinha, onde ladrilhos hidráulicos geométricos lembram as igrejas que o morador visitou. Abrir o espaço para a sala de estar foi uma tentativa (malsucedida) de cozinhar mais para si mesmo. "Não deu certo, mas pelo menos me sinto feliz por lá", confessa.
É mesmo difícil se lançar ao trabalho quando a sala de estar tem tantas peças confortáveis de design. Nela, a Amanta Lounge Chair, de Mario Belini, bate um papo gostoso com o piano e a poltrona Mole, de Sergio Rodrigues. O ambiente ao lado ganha mais móveis do carioca: os sofás Millôr e Beto. Movendo-se entre as superfícies acolchoadas, os gatos Max e Tobin passam dias longos e preguiçosos.
Os móveis baixos, típicos do modernismo, permitem à luz que entra pelas vidraças inundar a casa e brilhar sobre a tela multicolorida de Gilvan Nunes. Atrás do piano, ficam azulejos emoldurados de Athos Bulcão. O ambiente conta ainda com tela de Marcelo Brandão.
Os quartos repetem o aconchego das paredes imaculadas, peças de linhas retas e materiais naturais. "Minha mãe é de Natal. É muito comum por lá essa combinação de madeira, branco e algodão claro. O Nordeste é muito moderno". Mesmo recente, a morada está repleta de memórias afetivas.
A sala de estar acima é um exemplo de como as almofadas têm o poder de dar personalidade a um ambiente. Criada pelo escritório sueco Fastighetsbyrån, ela abusa do branco e orquestra, nos detalhes, um elegante mix entre a exuberância do dourado e o frescor tropical do bambu. O espaço sofisticado ganha vida e diversão extra ao incorporar muitas almofadas multicoloridas. Além de vibrantes, elas carregam conforto e humanidade em suas estampas e evocam lembranças de um verão vivido com intensidade.
O design Made in Italy tornou-se conhecido mundialmente pelo seu grau de excelência e peças icônicas. Unindo tais qualidades à mistura de cores vibrantes tipicamente brasileira, a designer e arquiteta italiana Giada Schneck criou a coleção de papéis de paredeMagia BrasItalia. "Ela possui linhas sinuosas e sobreposições que geram um jogo de luz e de gráficos inusitados“, explica Giada. "O resultado é moderno e original."
A linha, composta por maxipadronagens que misturam referências da natureza em versão multicolorida, foi criada para a empresa italiana Glamora e será apresentada ao país que a inspirou amanhã, dia 18. Nesta data, a designer participará do workshop Happy Design, realizado em Brasília pela Associação Brasileira de Design de Interiores do Distrito Federal (ABD-DF).
Na ocasião, Giada palestrará sobre algumas de suas principais influências, a cultura italiana e as formas de ocupação do espaço. Ela mostrará ainda parte do trabalho e deve abordar conceitos como os de arquitetura emocional, um dos pilares de seus projetos, além dos cuidados com os detalhes e com a iluminação, quesitos que a pautam na carreira.
Happy Design, com Giada Schneck
Data: 18 de novembro
Local: Auditório do Centro de Convenções Brasil 21
Endereço: SHS Quadra 06, Lote 01, Conjunto A, Setor Hoteleiro Sul, Brasília, DF
Horário: 19h
O museu alemão de arte contemporânea MMK sempre se orgulhou de ser um apoiador do girl power. Nada mais natural, então, que escolher uma coletânea de obras feitas somente por elas para inaugurar o seu anexo no centro da cidade de Frankfurt, o MMK2.
Assim nasceu a exposição Boom She Boom, que reúne peças feitas por artistas mulheres nas últimas décadas e outras terminadas especialmente para a ocasião. A seleção engloba várias técnicas e abordagens conceituais, passando por esculturas, instalações, pinturas, desenhos, filmes, performances e fotografias que representam os questionamentos femininos quanto à visão de mundo, ao corpo e a mais uma infinidade de assuntos mundialmente relevantes.
Os trabalhos de nomes como Vija Celmins, Marlene Dumas, Barbara Klemm, Anja Niedringhaus, Vanessa Beecroft, dentre dezenas de outros, foram eleitos pela percepção individual e subversiva que demonstram, enquanto Tamara Grcic e Eva Kotátková desenvoveram novas obras especialmente para a mostra.
Boom She Boom: Works from the MMK Collection
Data: até 14 de junho de 2015
Local: MMK2
Endereço: 60310 Frankfurt am Main, Alemanha
A rica história do Lower East Sidenova-iorquino serviu como inspiração e locação para o novo empreendimento dos hoteleiros Sean MacPherson, Ira Drukier e Richard Born. Com 184 quartos, o hotel Ludlow resgatou um prédio abandonado após o crash financeiro e preencheu as paredes de tijolos com o glamour do passado, reunindo referências que passam pela era das Gangues de Nova York, pela imigração judaica e pela efervescente arte e música dos anos 1980.
Logo na entrada, portas de sotaque industrial se abrem para um atemporal e elegante lobby coberto de painéis de carvalho e por piso de mosaico de mármore. Dali estende-se o lounge e o bar, ambos inundados de luz graças às enormes janelas de aço e vidro. Para os dias de sol e para as noites de drinques, um pequeno jardim de inverno é uma agradável surpresa nos fundos.
Subindo para o segundo andar, o piso de madeira de lei, os tapetes artesanais e os móveis garimpados deixam claro que o aconchego é palavra de lei. Enquanto isso, pendentes dourados trazidos do Marrocos adicionam, por todos os lados, um bem-vindo toque étnico.
Em cada um dos quartos, uma mesa com tampo de mármore a la bistrô ladeadas por duas poltronas criam o clima ideal para descansar enquanto se admira as vistas da Big Apple. À noite, camas no estilo indo-português recepcionam os hóspedes com suas belas formas.
Para deixar a estadia mais interessante, o badalado restaurante Dirty French, do Major Food Group, oferece clássicos gauleses com uma pitada nova-iorquina desde o café da manhã até ceia. Seja nas propriedades do hotel ou na vizinhança habitada por restaurantes sofisticados e casas musicais agitadas, a permanência no Ludlow promete ser inesquecível.
Se tem uma coisa que chama a atenção e sempre é o ponto alto da festa de aniversário, esse momento é o parabéns. E no caso das meninas, mais que os amigos no entorno da mesa, a beleza do bolo e da decoração é essencial para dar charme e lindas fotos.
Para ajudar os pais que gostam de fazer tudo com as próprias mãos, que tal uma receita maravilhosa de um bolo todo cor-de-rosa? Veja como é especial essa dica!
Bolo cor-de-rosa
Ingredientes da massa
• 175 g de manteiga amolecida
• 175 g de açúcar
• 1 colher de café de cardamomo em pó
• 3 ovos
• 175 g de farinha com fermento
• 25 g de amêndoas moídas
• 2 colher de sopa de água de rosas
• 1 receita de ganache de chocolate branco
Ingredientes do glacê rosa
• 2 claras de ovos grandes
• ¼ colher de café de creme tártaro
• ¼ colher de café de sal
• 125 ml de xarope de rosa
• 125 g de açúcar
• Algumas gotas de corante alimentar vermelho
• 50 g de pérolas prateadas comestíveis
• 50 g de pétalas de rosas cristalizadas grosseiramente picadas
Ingredientes do ganache de chocolate branco
• 175g de chocolate branco
• 100 ml de natas para bater
• 2 colheres de sopa de licor de rosas
Modo de preparo
Pré-aqueça o forno a 180°C. Unte ligeiramente duas formas baixas redondas de 20 cm e forre com papel vegetal. Misture a manteiga, o açúcar e o cardamomo em pó no bowl da batedeira com a pá plana na velocidade 4 até obter uma mistura pálida e fofa. Incorpore gradualmente os ovos batidos, acrescentando uma colher de sopa de farinha e batendo bem após cada adição.
Acrescente o restante da farinha e as amêndoas moídas e misture rapidamente. Adicione 1 ou 2 colheres de sopa de água para dar à mistura uma consistência mais solta e suave. Coloque a massa nas formas preparadas e alise a parte de cima. Deixe cozinhar durante 25 a 30 minutos, até a massa crescer, estar dourada e flexível ao toque. Deixe esfriar e, em seguida, desenforme para a grelha. Borrife a água de rosas uniformemente pelos dois bolos. Deixe esfriar e, em seguida, retire o papel vegetal.
Para preparar o ganache de chocolate branco, raspe o chocolate com o disco de ralar grosseiro no cortador rotativo de legumes na velocidade 4. Coloque em uma taça resistente ao calor. Leve as natas para ferver em fogo brando. Despeje sobre o chocolate e aguarde 2 minutos, em seguida misture lentamente até o chocolate ter derretido. Acrescente o licor de rosas enquanto o ganache ainda estiver morno, porém, não quente. Deixe esfriar e em seguida leve à geladeira durante 3 horas ou até ganhar uma consistência flexível.
Espalhe o ganache em um dos bolos e coloque o outro por cima. Pressione ligeiramente para uni-los. Prepare o glacê rosa. Bata os 3 primeiros ingredientes no bowl da batedeira com o fouet na velocidade 8 até formarem montinhos suaves. Adicione gradualmente o xarope rosa, o açúcar e o corante vermelho até o merengue ficar firme e brilhante. Espalhe o glacê por todo o bolo, criando espirais e montinhos que o tornem mais bonito. Polvilhe o glacê com as pérolas prateadas e pétalas de rosa cristalizadas e frescas. Aguarde o glacê solidificar antes de colocar as velas.
Pequenos, temporários e rápidos de montar, os pavilhões são perfeitos para experimentar novas maneiras de construir. Com uma dessas estruturas, a Fundação Naomi Milgrom pretende levar a centenas de pessoas o debate sobre projetos - em pleno verão australiano.
O M Pavilion, criado pelo arquitetoSean Godsell, fica até 1 de fevereiro de 2015 no parque Queen Victoria Gardens, em Melbourne. Painéis de vidro formam o teto, enquanto os fechamentos são feitos de alumínio perfurado. Durante a noite, a luz de dentro da construção transborda pelos furos.
Braços pneumáticos permitem que a estrutura se abra completamente pela manhã e feche-se conforme o dia avança. Godsell conta que concebeu o pavilhão para "desabrochar como uma flor".
A Fundação se comprometeu a construir pelo menos quatro novos projetos semelhantes nos próximos anos, em parceria com o governo estadual e a prefeitura. A inspiração veio da Serpentine Gallery, em Londres, que chama grandes profissionais do mundo para construir pavilhões no parque Kensington Gardens.
O prédio de Godsell receberá dezenas de atividades do Festival de Melbourne – apresentações de dança, música, projeção de filmes, bate-papos, oficinas e até passeios de bicicleta. Uma das maiores vocações da arquitetura, afinal de contas, é reunir as pessoas.
Uma brisa dos années folles sopra em Santa Teresa pelas asas da imaginação de Jean Michel Ruis, expoente da corrente migratória francesa que descobriu o Rio de Janeiro e transformou esse bairro boêmio na versão tropical de Montmartre. Depois de decorar seu hotel-boutique Mama Ruisa à moda dos anos 1920, o hôtelier trouxe para sua nova morada a mesma vibração e nostalgia de sua década fetiche, que inspira as suítes de uma das guest houses mais charmosas da cidade. Vive desde janeiro num casarão de 1925 cercado de toda vanguarda daqueles bons tempos, com o art déco intacto na arquitetura e menções claras à Paris de Josephine Baker pelos cinco quartos com vista para a Urca de Carmen Miranda. “A música negra, o espírito livre e a leveza das pessoas eram contagiantes naquela época”, conta. “Mas gosto de outras épocas também e você encontra tudo aqui: século 19, anos 1970 e arte contemporânea. Tenho cores e influências que fogem do padrão, minha casa não é um showroom”, brinca.
Passeiam pelos cinco quartos obras de arte, mobiliário, fotos originais e objetos de design garimpados na feirinha de antiguidades da Praça XV, zona portuária carioca, e no Marché aux Puces, além de relíquias adquiridas nos leilões mundo afora. Misturam-se ao estilo dominante da construção referências do modernismo brasileiro que Jean Michel cultua com a mesma voracidade que adora quincailleries transportadas na bagagem das viagens para o Oriente. Debaixo do mesmo teto repousam móveis de Ricardo Fasanello e Sergio Rodrigues estofados com tecidos da finlandesa Marimekko, de cores tropicais e desenhos categoricamente nórdicos, e tapetes vindos de Aleppo, na Síria, e Tanger, no Marrocos, além de raridades trazidas da China. “Queria reencontrar a essência da casa, que estava abandonada, e dar uma nova alma a ela, mesclando padrões e inspirações que ajudam a contar o meu estilo de vida.”
O canto de refeições na varanda tem cadeiras de Madeleine Castaing, cabinet de curiosités chinês dos anos 1920, espelhos e quadros comprados na Praça XV e quadros de borboleta da Deyrolle, de Paris
O pequeno portão de ferro encravado entre casarios do século 19 ladeira acima não dá a menor pista do que acontece escada abaixo. É surpreendente saber que atrás dos muros brancos à moda grega e por entre frestas caiadas que revelam a Baía de Guanabara existe um túnel do tempo que nos leva para o melhor do século 20.
Nosso personagem, inclusive, parece saído de uma mesa do La Coupole – com Hemingway, claro. Irresistível e nem um pouco invasivo reparar na grande sala principal pintada com toques de azuis por todos os lados, cores escolhidas em homenagem à decoradora francesa Madeleine Castaing, musa de alguns dos ídolos que ele cultua em sua biblioteca – fala-se de André Derain, Iché e Erik Satie guardados nas estantes dos amplos salões adornados com fotos e quadros de Jean Cocteau, pequenas estátuas de porcelana de sua musa Isadora Duncan, desenhos de Paul Colin em todo canto, assim como uma insólita coleção de insetos, de borboletas a escaravelhos, comprados um a um na loja de taxidermia Deyrolle, na rue du Bac, em Paris.
“Me encanta o mistério dos animais mortos que renascem através de mim a cada vez que os vejo.” Faz de tudo, da cozinha aos corredores e banheiros, um cabinet de curiosités com um pé no avant-garde e outro na aristocracia. Mistura delicada de tempos e referências que pouco se combinam – o que torna a casa, o anfitrião e a sua paixão pela decoração ainda mais especiais.
Outro ângulo da varanda mostra mesa e cadeiras dos anos 1920 e espelhos da Praça XV
Em primeiro plano, sofá, poltronas e mesa de jacarandá assinados por Sergio Rodrigues, prato de Jean Cocteau (sobre a mesa), lustre Lalique e, ao fundo, escultura de porcelana de Isadora Duncan
O quarto se inspira nas cores de Capri e tem móveis dos anos 1970 comprados na Lapa, almofadas trazidas de Buenos Aires e lustre de Zemog
A fachada da casa, junto à piscina – no deque, almofadas feitas com tapetes adquiridos em Aleppo, na Síria
A área embaixo da escada exibe quadro de Marilyn Monroe assinado por Vik Muniz, oratório da Praça XV e banco e luminária garimpados na rua do Lavradio
Jean Michel na escada externa da casa – sobre a prateleira de mármore, escultura de animal, do artista Zemog
No detalhe da sala de estar, aplique da Lalique, Borboleta da loja Deryrolle, de Paris, e poltrona de Sergio Rodrigues revestida com tecido da Marimekko
Canto de trabalho com escrivaninha art nouveau comprada em leilão, cadeiras revestidas com tecidos de Madeleine Castaing, quadro assinado por Jean Cocteau e foto de Jean Cocteau com um estudante
Detalhe do livro de Jean Cocteau, um dos artistas que mais inspiram Jean Michel
No balcão da cozinha, utilitários de prata comprados na Praça XV, no Rio, e chás da marca Mariage Frères, de Paris
Na cobertura sobre o lavabo que se abre para a piscina, cama árabe com tecidos comprados na Síria
Junto à janela com vista para a piscina, piso de ladrilhos hidráulicos inspirados no desenho do estilista Pierre Hardy, e cadeira com figura de Zelda Fitzgerald
No canto do quarto do morador, banheira freestanding comprada na Praça XV
O dormitório do morador, com tecidos comprados em Tanger, no Marrocos, e abajur dos anos 1920 adquiridos no Marché aux Puces, em Paris
O quarto de visitas tem almofadas compradas em Buenos Aires e armário garimpado na rua do Lavradio, no Rio
Nas prateleiras do móvel chinês, jarra turca, ovos russos, além de cavalos e borboletas trazidos de Paris
Jean Michel posa sentado em banco de 1920 na área externa do hotel-boutique
A múltipla coleção de tapetes da linha Dutch Landscapes
Além de dividirem uma vida, alguns casais acabam compartilhando também a profissão. Quando isso acontece, principalmente na esfera criativa, inspiração mútua é algo que não falta. Esse foi o ponto de partida para que a ICE Internationalconvidasse quatro harmoniosos pares do mundo do design para criarem a coleção de tapetes feitos à mão Dutch Landscapes.
Durante o processo, cada cônjuge foi incumbido de uma peça única e pessoal. O resultado não poderia ser mais múltiplo. Usando lã e seda, Claire e Roderick Vos, Jeanine e Piet Hein Eek, Petra Janssen e Edwin Vollebergh e Kiki van Eijk e Joost van Bleiswijk deram origem a verdadeiras biografias em forma de produto, que, não surpreendentemente, compartilham algumas características com os feitos por suas almas-gêmeas. Abaixo, cada artista conta de onde veio sua ideia. Veja!
Claire Vos e seu tapete camaleônico
Feito manualmente na Índia, 100% lã neozelandesa, 2,50 x 3,50 m
Claire Vos
"No meu trabalho, as possibilidades técnicas marcam o início de um projeto. Por isso me inspirei nos métodos de produção e pós-tratamento apresentados pela ICE International para criar um tapete com um efeito camaleônico surpreendente, ideal para ser usado em espaços amplos. Esse visual é alcançado graças a um relevo contínuo feito à mão, no qual cada um dos lados apresenta uma tonalidade diferente. Dessa forma, a peça mostra tons diversos dependendo do ponto de observação. Usar degradês para trabalhar cor e material é algo típico da minha produção."
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Roderick Vos e seu quebra-cabeças de referências tibetanas
As peças têm 70% de lã artesanal e 30% de seda, 2,50 x 3,50 m
Roderick Vos
"Meu trabalho nessa peça foi como uma pesquisa arqueológica bidimensional sobre as estampas dos tapetes tibetanos, já que sempre fui fascinado pela técnica manual dos tecelões. Por isso, colecionei os desenhos dos últimos 200 anos que achei mais interessantes e traduzi em uma espécie de quebra-cabeças cultural."
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Piet Hein Eek criou uma peça que serve de assento
De lã e seda, 4,95 x 1,80 m
Piet Hein Eek
"Pensei que seria interessante ter um tapete em um hall de entrada ou sala de espera que pudesse ser usado como um assento. Assim, desenhei círculos e marcações que adornam a peça, enquanto servem de medidas para demarcar o espaço que cada um tem para descansar sobre ela."
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Jeanine Eek Keizer se inspirou no sofá de sua mãe para criar o tapete
De lã e seda, 2,50 x 3,50 m
Jeanine Eek Keizer
"Nos anos 1980, meus pais tinham um sofá italiano superglamouroso coberto de listras pretas e douradas em um efeito diagonal. Minha mãe adaptou todo o décor para combinar com o móvel, já que ele era a peça dominante na sala de estar. Como para mim o tapete deve ser o protagonista, relembrei a estampa usando os nós típicos do Nepal."
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Edwin Vollebergh e a homenagem às donas de casa
Lã e seda, 2,50 x 3,50 m
Edwin Vollebergh
"Meu tapete foi inspirado na música 'Mother's Little Helper', dos Rolling Stones. É uma homenagem a todas as donas de casa que ficam confinadas em seus lares em uma rotina diária de obrigações e tarefas. Bons maridos comprariam essa tapeçaria como um tributo a elas. É uma imagem forte que combina com ambientes minimalistas e barrocos. Traduzir um desenho em técnica de tecelagem foi uma experiência excitante, já que estou acostumado com o processo de impressão dos pôsteres que crio."
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Petra Janssen reinterpretou os tapetes persas com referências holandesas
Tapete 50% lã, 50% seda, 2,50 x 3,50 m
Petra Janssen
"Minha peça para a coleção Dutch Landscapes foi uma tentativa de criar uma versão holandesa dos tapetes persas. Procurei texturas e desenhos do folclore local e os adaptei à estética persa: decorações com flores estilizadas, formatos de folhas e muitas cores – sendo as últimas fator preponderante do meu trabalho. Para que a mistura ficasse harmoniosa, criei uma borda decorativa com laços, listras e motivos típicos, incluindo um tom de laranja que foi desenvolvido especialmente para esta finalidade."
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Joost van Bleiswijk evocou imagens arquetípicas em sua peça
Lã artesanal e seda, 2,50 x 3,50 m
Joost van Bleiswijk
"Estereótipos caracterizaram meu trabalho de graduação, e mesmo anos depois, eu ainda os amo. É exatamente porque as coisas são tão bem reconhecidas que se pode brincar com elas. Por isso, esbocei com lápis um tapete arquetípico. Simples assim. O complicado foi transportar a ideia para o produto final, já que o desenho à mão cria diferentes tons de cinza. É aí que entra a importância do trabalho manual e, depois de muitos testes, nasceu minha peça."
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Kiki van Eijk teve a aquarela como inspiração
90% lã, 10% seda, 2,50 x 3,50 m
Kiki van Eijk
"Trabalhar com aquarela é algo que me dá prazer. Amo as gradações de cor que a técnica gera e, por isso, acabo usando nos meus rascunhos. Como mesclo o esboço ao produto final, fiquei muito curiosa em ver como o efeito de pintura ficaria em um tapete. O resultado é exatamente como meu desenho, só que melhor: como ele foi feito de seda, as formas ganharam um brilho incomum, um efeito líquido que o original não tinha."
Quando Paul McCarthy ergueu na Place Vendôme sua escultura inflável Tree – uma enorme árvore de natal que também pode ser interpretada como um brinquedo sexual –, ele não imaginava que a obra seria depredada em menos de 48 horas e que a ousadia artística custaria sua integridade física. Menos ainda esperava o público – irado ou não – que aquilo era apenas o prelúdio de algo muito maior e mais provocador. Nas mãos do artista, a Monnaie de Paris, a casa da moeda local, tornou-se uma enorme fábrica de chocolates com um mecanismo completo para produzir cerca de 15 mil doces sugestivos.
O local escolhido para sediar a exposição Chocolate Factory foi crucial. Por lá, um exército de operários teatrais com longas perucas louras produzem, sem parar, uma sucessão de papais noéis empunhando "árvores de natal" – uma crítica à produção em massa de dinheiro realizada ali. Mas antes de alcançar esta sala, o visitante tem de passar por uma lúdica e provocativa floresta de pinheiros cheios de ar como aquele que levou McCarthy a apanhar.
Passando pela fábrica artsy, oito salas exibem uma videoinstalação labiríntica, na qual o norteamericano expressa, na forma de imagens repetitivas, tabus, repressão e subconsciente. No fim das contas, o público pode adquirir pela quantia de 40 euros um dos chocolates, mas também pode levar para casa uma enxurrada de contestações sobre as próprias ideias.
Paul McCarthy: Chocolate Factory
Data: até 5 de janeiro
Local: Monnaie de Paris
Endereço: 11, Quai de Conti - 75006, Paris
Horário: de sexta à quarta, das 11 hs às 19 hs; quintas, das 11 hs às 22 hs
Um pixel é o menor pedaço de uma tela ao qual é possível atribuir uma cor. Apesar de não obrigatoriamente ser representado por um quadrado, a forma virou símbolo deste artefato tecnológico e, em um desdobramento que vai além do mundo hi-tech, tornou-se inspiração para o universo das artes e para o design. Este é o caso das Pixel Tables, uma coleção de mesas de formas geométricas criada por Ilia Potemine.
Ainda que a referência venha do mundo digital, o designer adepto de técnicas artesanais resolveu criar suas peças cúbicas com as próprias mãos. "Essa é uma maneira de transmitir minhas vibrações para as pessoas através da mobília", defende o ítalo-russo. E o resultado é bem elegante.
Feitas em edição limitada e distribuídas pela galeria parisiense S. Bensimon, as mesas de centro são compostas por uma fina estrutura metálica de cobre ou bronze que dá forma aos pés e por blocos de MDF ou madeira empilhados assimetricamente. Para deixar tudo ainda mais interessante, elas podem vir nas cores preto, bege, verde claro, com detalhes bronze ou pintura iridescente pérola. Seja em meio a uma decoração minimalista ou mesclada com peças clássicas, as Pixel Tables prometem não passar despercebidas.
Jean Michel Ruis foi um dos expoentes de uma corrente migratória que trouxe um pedacinho da França para o bairro carioca de Santa Teresa. Depois de decorar seu hotel-boutique Mama Ruisa à moda dos anos 1920, o hôtelier trouxe para sua nova morada, um casarão de 1925 com detalhes intactos do art déco, a mesma vibração de sua década fetiche. Para os amantes do vintage, Casa Vogue preparou uma seleção de móveis inspirada no décor de Ruis capaz de instaurar imediatamente ares do passado em qualquer ambiente.
Muitos podem torcer o nariz para ambientes decorados com vermelho, mas é impossível negar que a cor é sinônimo de personalidade forte – ainda mais quando combinada a móveis vintage. Na sala de jantar acima, instaura-se um verdadeiro clima da década de 1950 com um mix harmonioso de materiais e formas garantido por uma coleção predominantemente rubra. As cadeiras do casal Eames, o abajur minimalista, a coleção de vasos e o tapete artesanal defendem o tom com unhas e dentes, enquanto o aparador de linhas retas feito de madeira e o relógio minimalista inspirado nos espelhos sunburst deixam claro a referência do passado. Para garantir um equilíbrio atemporal, um sopro de contemporaneidade: a parede preta, uma tendência forte dos dias atuais, ajuda a acalmar o excesso cromático.
Novembro é o mês em que Vic Meirelles traz para Casa Vogue algumas sugestões criadas a quatro mãos, com a amiga e florista Flávia Rocco. Ele conta como reencontrou por acaso a amiga durante um passeio e o encontro rendeu um plano. "Conversávamos sobre sua loja no Shopping Iguatemi de São Paulo quando surgiu a ideia de fazer uma parceria baseada na minha coleção de Velas Perfumadas, da Phebo!" Aqui, sugestões de presentes luxuosos criados pela dupla de amigos, perfeitos para mimar alguém querido nas datas especiais que vêm por aí. Enjoy!
4 sugetões que agradam na aparência e no aroma
1. Romântica
A vela Rosa Amorosa compõe o arranjo feito com a própria flor (rosa cor-de-rosa) e uma mini topiaria de buxinho. A caixa acrílica faz o suporte e emoldura o verde.
2. Natural
A caixa de feira sustenta o vaso de barro com folhas de magnólia e tomates de verdade. A vela Flor de Tomate com Sândalo é a escolhida para este dueto.
3 e 4. Rústica & clássica
Fragrância preferida de Vic, a vela Gengibre Spicy, ganhou duas versões: um arranjo mais dramático, feito com a própria raiz, e outra mais etérea, com uma flor que tem o ano todo, a linda e colorida gloriosa
O 30° andar do edifício Turnberry Ocean Club tem uma atração inusitada: duas piscinas com borda infinita suspensas a 100 m do nível do mar. Com 197,8 metros de altura, o condomínio de alto luxo na beira da praia em Miami tem apartamentos custando de US$ 4 milhões a US$ 35 milhões.
Os consumidores no alvo dos corretores são os milionários brasileiros.Tanto que a empresa Turnberry Associates lança o prédio na noite desta terça (18/11) em um coquetel em São Paulo. As vendas começam no final deste ano e o prédio deve ser entregue em 2018.
Os afortunados clientes devem morar em residências medindo de 270 m² a 989 m², com amplas vidraças com vista para o Oceano Atlântico. O projeto dos arquitetos Carlos Zapata e Robert Swedroe prevê apartamentos dúplex e tríplex, com até seis quartos.
Três dos 52 andares do prédio, o 30º, 31º e 32º, receberão um clube privativo. Ali os moradores poderão aproveitar, além das piscinas suspensas, spas de hidroterapia, saunas, estúdio para ioga e pilates, salas de massagem, academia, salões de beleza, salão de jantar e biblioteca.
No térreo, de frente para a praia, os moradores têm mais uma piscina de borda infinita, cercada por cascatas e cabanas privativas. Também haverá um teatro, sala para crianças, café-bar e restaurante.
No Teatro Everyman, em Liverpool, não são apenas os atores que contam histórias, mas também os tijolos. Construído no local onde funcionava uma igreja do século 19, o prédio serve há décadas como centro de convivência e criatividade para a cidade inglesa. Agora, foi completamente desmontado. No local, uma nova construção aproveita os blocos.
O edifício fica no centro histórico, ao lado de prédios tombados, como a catedral do século 18. Em respeito ao local, o projeto tem fechamento discreto, de tijolos vermelhos e linhas retas. A arquitetura é de Haworth Tompkinse os interiores foram feitos em parceria com Katy Marks.
O contraste com os prédios antigos é feito através dos dutos de ventilação em formato de chaminé e a fachada, composta por 105 paineis móveis de metal. Cada um traz a imagem em tamanho real de um morador de Liverpool. Os arquitetos trabalharam com o fotógrafo local Dan Kenyon, que clicou pessoas em cada seção da cidade durante eventos públicos. A ideia era dar à obra a cara de um retrato de família.
Devido ao terreno apertado, os espaços de convívio foram organizados em uma série de mezaninos. Os salões foram distribuídos em três andares, culminando em um piso nobre com vista para a rua. Obras de arte complementam uma paleta composta por tijolinhos, aço negro, carvalho, madeira escura e concreto exposto. Por fim, chega-se ao auditório com 400 lugares. Ali os tijolos originais dão forma a um espaço de apresentações de alta tecnologia – uma bela costura entre novo e antigo.
A sala de estar tem lareira revestida de painéis de aço, cabeça de touro balinesa, lustres de metal vindos de Hong Kong, sofá de veludo forrado pela Domme e poltronas da Ornare
Estar no alto do Joá é ser confrontado pela imensa força de uma paisagem tipicamente carioca: a junção entre mar, montanha e floresta. Quando o empresário Arif Noor esteve no Rio de Janeiro pela primeira vez, no fim de 2012, visitou uma casa que estava à venda nessa região. A paisagem o encantou de tal modo que o que era para ser mais um investimento tornou-se uma aventura pessoal de quase dois anos – a reconstrução da morada, planejada nos mínimos detalhes pelo próprio Arif. “Coloquei minhas forças mais profundas neste projeto”, diz ele, que contou com a ajuda técnica do escritório Fabio Barreto Arquitetura e Design. Arif nasceu em Uganda, no leste da África, mas migrou com a família para o Canadá aos 9 anos. Trabalhando desde cedo no comércio ligado à moda, incorporou em sua vida o gosto pelo apuro visual e o apreço pelo design.
Como empresário, acostumou-se a viajar o mundo a negócios. Desenvolveu, assim, em suas próprias palavras, “uma capacidade de ajustar a sensibilidade para as diferentes culturas”. Foi com esse olhar plural que Arif compôs os ambientes de sua casa carioca. Ele comprou pessoalmente móveis na Indonésia e em Hong Kong. Numa garagem na Cidade de Deus, famoso bairro do subúrbio do Rio, encontrou por acaso os parafusos com perfil e tamanhos exatos para a grande lareira da sala, que há tempos ele procurava sem êxito. A residência era uma maravilhosa oportunidade de ele exercitar continuamente sua imaginação de projetista, cada item sendo cuidadosamente pensado na medida em que a obra ia sendo executada, numa espécie de work in progress.
A encantadora vista do Joá
A primeira ação a ser feita foi “abrir” as paredes, deixar que a casa fosse literalmente invadida pela paisagem. De fato, a qualidade mais notável da morada é sua transparência – jamais há a sensação de se estar preso entre paredes. O espaço inteiro parece respirar. O pé-direito de quase 4m contribui para tal sensação, e no teto se percebe o grafismo elegante da estrutura do telhado de madeira. Remanescente raro da construção antiga, o telhado foi criado há cerca de 40 anos por José Zanine Caldas, arquiteto que se notabilizou pelas casas construídas nessa mesma região da Joatinga – moradas feitas de madeira, pedra e vidro, materiais básicos que buscavam uma integração orgânica com o entorno. Ao seu modo, Arif seguiu a mesma trilha.
Na sala de estar, o tom quente das vigas do telhado faz eco aos móveis e esculturas de madeira rústica e também às tonalidades de marrom do couro de cadeiras e sofás. Junto ao jardim do muro interno, com as cubas de pedra rústica dos lavabos e banheiros, eles reforçam a impressão de que a natureza está dentro da casa. Os ambientes são marcados por uma transição macia, quase uma conciliação, entre interior e exterior. Em nenhum momento a decoração tenta competir com o cenário natural – a vista passeia por ele para logo depois repousar sobre a linha do horizonte, ou sobre os contornos do morro Dois Irmãos. “Sentimos os móveis como se fossem transparentes”, conta Arif. Não há grandes contrastes na paleta de cores. As superfícies metálicas de lustres e revestimentos refletem o espaço externo, trazendo as cores do céu e do mar do Rio de Janeiro. E, no fim, era exatamente essa a intenção de Arif: construir uma casa que soubesse escutar a voz da paisagem.
O grandioso muro abriga jardim vertical com cerca de 8 mil plantas, compradas pessoalmente pelo proprietário em fazendas na região de Guaratiba, Rio
Cozinha desenhada pela Poggenpohl, importada da Alemanha, mesa de jantar com tampo de madeira de trilhos ferroviários e pés de aço inox, vinda de Bali, luminárias trazidas de Hong Kong e tapete vintage
Transparências e aberturas permitem que a bela paisagem flua pela casa, como se vê no lounge e na varanda; nesta, guarda-corpo de vidro e, entre as poltronas, braseiro de vidro embutido no piso; no lounge, com poltronas de aço e couro Mars, da Timothy Oulton, o telhado projetado por Zanine Caldas recebeu canais de aço inox que embutem a fiação da iluminação, trabalho de Roberto Rodrigues
O canto de refeições junto ao muro de concreto aparente, com mesa e cadeiras da Franccino Giardini
O dormitório exibe cama revestida, na Vivence Interiores, abajur Bourgie, de Ferruccio Laviani para a Kartell, e tapete, na Hamadan Tapetes
A varanda da suíte tem mesinhas da Finish
Banheira retrô, na Heaven, parede com ripas de madeira ipê petrificada de Bali e espelho e acessórios importados de Hong Kong
Outro ângulo do lounge e da sala de estar com lareira revestida por chapas de aço e piso cimentício de 1 x 1 m, da Castelatto - ao fundo, portas de correr de vidro deixam à mostra o jardim vertical
Detalhe da cozinha, com revestimento de pastilhas, na Amoedo, torneiras de design italiano importadas de Hong Kong e acabamento de vidro da Solution Aço e Vidro
Na entrada da casa, a junção dos ambientes da sala, do jardim vertical e da varanda (ao fundo): escultura de madeira importada de Bali, guarda-corpo feito de ripas de ipê com parafusos industriais e barras de aço inox e luminárias de cobre balinesas
Detalhe da cabeça de touro balinesa e dos globos metálicos de luz, importados de Hong Kong
Vista da varanda, com o elevado do Joá ao lado e o morro Dois Irmãos ao fundo
Detalhe da bancada no banheiro da suíte, desenhada pelo escritório Fabio Barreto Arquitetura e executada pela OCLL Marmoraria Granito - os acessórios importados de Hong Kong