Durante seus 38 anos como arquiteto, o baiano David Bastos tornou-se conhecido por seu estilo próprio facilmente identificável. Agora ele lança David Bastos Arquitetura Brasileira, um livro comemorativo que traz nada menos que um projeto para cada aniversário de carreira.
Dentre os 38 trabalhos de arquitetura, design de interiores, mostras e restaurantes, é possível encontrar o conceito de brasilidade que Bastos lapidou e estendeu a seus projetos urbanos. Suas casas sem paredes, suspensas do chão e envolvidas por espelhos d’água são quase etéreas e mimetizam o que a paisagem tem de mais natural. “O importante é não ter nada que atrapalhe o olhar, pode ser para o mar ou para uma paisagem de prédios, seja em São Paulo ou Nova York. Gosto de espaços que permitem que o olhar vá além da casa”, comenta. Além de fotos deslumbrantes, a publicação ainda possui prefácios de Joyce Pascowitch, Nizan Guanaes, Guilherme Deucher, Tuca Reinés, Licia Fábio e Luiz Mendonça Filho.
Para aproveitar ainda mais o momento de celebração, David Bastos Arquitetura Brasileira contará com dois lançamentos: em São Paulo, no dia 13, e em Salvador, no dia 18 de dezembro.
David Bastos Arquitetura Brasileira
Preço: R$294
400 páginas - Tamanho 31cm x 38cm
Zeta Editora
Lançamento em São Paulo
Data: 13 de dezembro
Local: Ligne Roset Brasil
Endereço: Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 1844.
Horário: Das 14h às 18h.
Lançamento em Salvador
Dia: 18 de dezembro
Local: Galeria Paulo Darzé
Endereço: Rua Dr. Chrysippo de Aguiar 8 - Corredor da Vitória
Horário: Das 18h às 22h.
Casa Vogue reuniu na noite dessa quinta-feira (11/12) arquitetos, decoradores e amigos na loja da Artefacto, em São Paulo, para lançar a edição de dezembro “Verão Relax”. Além do brinde ao sucesso do material e do ano maravilhoso que tivemos, o petit comitê também contou com a apresentação da nova coleção exclusiva de almofadas desenhadas por Lais Bacchi para a marca.
Posicionar a cama no meio do quarto – em vez de alinhá-la a uma das paredes – é uma estratégia que pode gerar resultados muito interessantes. Na foto acima, além de criar uma estética ousada, a localização do móvel divide o cômodo em dois ambientes. De um lado, a pintura preta combinada com um tapete vinho resulta em um clima aconchegante e privativo. Do outro, a madeira clara em parceria com paredes lilás e janelas piso-teto cria o espaço ideal para se vestir com muita luz. Os dois lados se conectam graças à harmonia de formas e de cores. Os móveis arredondados adicionam leveza e elegância enquanto as roupas de cama abraçam os tons dos arredores.
Área bastante valorizada da capital mineira, o Belvedere é um dos bairros mais procurados e badalados da cidade, com uma ampla oferta de serviços de alto padrão. Por isso, o jovem solteiro proprietário não pensou duas vezes quando surgiu a oportunidade de adquirir esse apartamento de 70 m² na região. Para personalizar o imóvel novo, ele contou com a ajuda da arquiteta Ana Lívia Werdine, que logo entendeu sua necessidade por um décor masculino e por espaços descontraídos e práticos, para receber amigos.
Um dos desafios foi garantir amplitude aos ambientes já que a planta de dois dormitórios tinha uma metragem enxuta. A saída encontrada por Ana Lívia foi apostar em soluções que adicionassem charme e, ao mesmo tempo, criassem a ilusão de que o espaço era maior.
Uma dessas estratégias foi introduzir um amplo espelho estrategicamente posicionado para transmitir a sensação de que a sala é mais profunda. Outra ação foi optar por materiais com superfícies reflexivas, como a laca preta.
As paredes foram mantidas na cor branca estabelecendo um contraste com as demais superfícies que versam sobre o cinza e o preto. Na sala que tem a função de estar e home, o mobiliário da Maria Alice Decorações foi escolhido com foco no conforto e na flexibilidade.
As telas que adornam as paredes com referências a carros e a cartoons pontuam e dão autenticidade aos espaços, reforçando a atmosfera jovial. Marcando a separação da sala com a cozinha americana, o papel de parede geométrico fornecido pela Adecolor adiciona personalidade.
A iluminação procurou criar um clima intimista em todo o apartamento. Além da iluminação geral realizada com lâmpadas fluorescentes amareladas, foram instaladas lâmpadas dicroicas para evidenciar o papel de parede e as fotos nas paredes.
No quarto, com pouquíssimas peças, o cenário é mais tranquilo, mas sem perder a pegada pop. Destaque para a reprodução do famoso trabalho de Roy Lichtenstein na cabeceira, e para o abajur da Kartell em acrílico preto.
Com vista para o Parque Germânia, em uma área nobre de Porto Alegre, esse apartamento foi projetado para um casal jovem, pais de dois meninos. Quando contrataram as arquitetas Andrea BonottoeKarina Ritter para criar o design de interiores de sua nova morada, os proprietários pediram um visual elegante, que maximizasse o aproveitamento dos 150 m² de área, com ambientes adequados para receber amigos e relaxar.
Entre o rol de soluções oferecidas pelas arquitetas está a integração do home e da sala de jantarcom a varanda, o que conferiu maior amplitude e luz à área social. Outra proposta foi usar bastante marcenaria sob medida, de modo a atender às necessidades da família e, ao mesmo tempo, conferir uma ambiência acolhedora. Destaque para o uso da divisória ripada em lâminas louro pardo entre a sala de jantar e a varanda. O elemento, além do caráter ornamental, permitiu a passagem de luz entre os ambientes, favorecendo a integração.
Nos espaços de vocação social, o mobiliário de formas contemporâneas e cores neutras foi distribuído para garantir aos usuários usufruir a vista de vários pontos, não apenas da varanda. Além disso, as poltronas Ninho (fabricadas pela Schuster) com estrutura em freijó e revestimento em linho criam um espaço de descanso e de contemplação do verde.
A cor aparece de forma mais contundente em elementos de destaque, como a escrivaninha bordô que divide o home da sala de jantar. O projeto de iluminação automatizado, com a programação de cenas diversas, reforça a atmosfera intimista e suave no conjunto de salas.
A cozinha possui integração com a área social por meio de uma ampla porta de correr. O ambiente, aliás, recebeu tratamento de espaço gourmet a pedido dos proprietários que gostam de cozinhar e de curtir esse espaço aos finais de semana. Colaboraram para dar esse status mais nobre ao ambiente o revestimento de parede com arabescos Decortiles, fornecido pela Ladrilhart, e as cadeiras Gruvyer, com formas orgânicas, da Loja Contemporânea.
Diferente do que ocorre na área social onde há uma uniformidade de estilo, a área íntima foi pensada em resposta às necessidades de cada integrante da família. Na suíte do casal a decoração tem como base uma paleta de tons neutros, combinados com linho e acabamentos laqueados.
Já a suíte dos meninos faz referência ao personagem favorito dos garotos: o Homem Aranha. Daí as cores primárias e mais intensas. Os banheiros em cinza demarcam o território masculino, que recebeu marcenaria em azul anil para dar ar lúdico. Também com revestimentos coloridos e estampados, a brinquedoteca foi concebida como um espaço de integração familiar e de diversão para as crianças.
Já aposentados, o casal de proprietários desse apartamento decidiu ficar mais próximo dos filhos e netos. Os dois deixaram Blumenau (SC), onde haviam construído uma vida, e se mudaram para Curitiba. Mas, se os amigos e conhecidos ficaram a centenas de quilômetros, o mesmo não vale para os quadros que acumularam ao longo dos anos.
"Os clientes são muito ligados a arte", conta o arquiteto Nicholas Alencar, autor do projeto com a sócia Fernanda Rabello, do Studio Alencar. "Ela toca piano e ele é escultor. A paixão deles nos contagiou incrivelmente".
A pedido dos clientes, o escritório decorou a casa de 203 m² com tons claros, que ressaltam as esculturas do morador e pinturas de artistas baseados em Curitiba, como Mário Rubinski, Simone Tanaka e Daniele Henning.
A equipe fugiu do branco. Assim, o piso laminado e painéis de MDF com aparência de madeira criam aconchego. Outro detalhe é o revestimento imitando pedra, produzido pela Mosarte, ao redor da lareira. "O tom sobre tom não deixa a casa ficar minimalista", explica Alencar.
A morada deveria servir tanto para netos quanto avós – os clientes brincavam que seria o último apartamento de suas vidas. Por isso, as portas ultrapassam os 80 cm de largura mínimos para deixar passar uma eventual cadeira de rodas. Os banheiros têm piso aquecido. Já os móveis dispensam a laca e usam MDF, revestimento mais resistente à curiosidade das crianças.
A área social de 110 m² se divide entre lareira, jantar, home theater e biblioteca. A ideia era permitir ao casal passar bastante tempo em casa. "Eles podem fazer atividades diferentes em cada espaço", conta Alencar. Móveis-chave mantêm a conexão do espaço. O sofá sob medida, criado pela Seats Home Alvorada, por exemplo, serve a dois ambientes.
A iluminação é baseada em LEDs, distribuídos por muitos pontos. Usar apenas as luminárias embutidas ou as direcionadas às obras de arte cria uma atmosfera relaxante com luz indireta. Todas as lâmpadas são dimerizáveis, ou seja, têm intensidade regulável. O cuidado garante conforto para quem assiste TV no home theater automatizado. Os netinhos, inclusive, já aprenderam a usar os controles remotos.
Se em vários projetos de arquitetura a cozinha ganhou status de área social, por que não dar a ela arroubos de personalidade? No espaço acima, optou-se por uma combinação de cores que mescla contemporaneidade e energia. Enquanto o cinza da parede adiciona sobriedade urbana, o amarelo dos armários injeta energia instantânea ao ambiente. A madeira do piso e o aço inox dos eletrodomésticos acrescentam textura à paleta de materiais, dando ainda mais vida à dupla de tons que se tornou um hit da decoração. O resultado é um espaço alegre e jovial; um convite aos bons momentos gastronômicos.
O quadro de Fábio Miguez, na Galeria Nara Roesler, é o ponto focal da sala de jantar, que leva ainda pendentes de David Wiseman, mesa de Jorge Zalszupin, na Passado Composto Séc. XX, cadeiras da Novo Rumo, na Loja Teo, forradas com tecido da Orlean, centro de mesa da Érea e vaso da Conceito: Firma Casa (à esq.)
Quem atravessa a porta de entrada nem se dá conta de que a cabreúva usada na parede do hall envolve o “coração da casa”, como define o arquiteto Dado Castello Branco. “É a partir dessa caixa de madeira que os ambientes sociais se distribuem em espaços integrados”, diz ele sobre a construção erguida em um terreno de 1.200 m² no Jardim Paulistano, em São Paulo. Da antiga morada que havia ali não restou nada. Foi tudo demolido para a concepção de uma residência de 750 m² que privilegiasse o convívio familiar do casal com seus quatro filhos. No piso térreo, o projeto explorou os ambientes amplos, abertos uns para os outros e posicionados de forma que as pessoas pudessem ver, de qualquer ponto, o jardim e os cantos verdes assinados pelo paisagista Gilberto Elkis.
No living com piso de travertino da Belas Artes, brilha a tela de Amelia Toledo
Dado desenhou o volume de cabreúva no centro da planta e com base nele dispôs os recintos: à esquerda do hall de entrada fica o home theater e, atrás dele, a cozinha e a copa. Do lado direito da caixa foram estabelecidos o grande living integrado à varanda e o escritório anexo. E atrás do volume fica a generosa sala de jantar com mesa de 3,5 m assinada por Jorge Zalszupin. “Quis fazer tudo muito aberto para que a casa fosse vista em perspectiva. Ou seja, de um ambiente avista-se o outro, e assim sucessivamente”, afirma Dado.
Nesse balé visual, que os olhos percorrem ao observar os espaços, o verde surge por todos os lados, legitimando as aberturas de vidro do piso ao teto e as portas de correr, em lugar de janelas convencionais. Essas, aliás, quase não existem na residência, já que a ideia é deixar que seja banhada pela luz natural na maior parte do tempo. À noite, a iluminação precisa oferece uma atmosfera suave e aconchegante vinda de spots embutidos no forro e de abajures em pontos estratégicos. O recurso inclui até mesmo a varanda, pensada para fazer crescer o living quando se abrem suas portas, e também a cozinha, muito usada pelos moradores nos fins de semana – tanto que anexo a ela há um pequeno jardim com mesa para refeições.
No jardim assinado por Gilberto Elkis, é possível encontrar palmeiras-fênix, cicas e bambuzinhos
Característica marcante do estilo de Dado, os tons suaves se evidenciam nos revestimentos – a exemplo da pedra madeira nas paredes da varanda e na fachada, do travertino navona em todo o piso do térreo e da madeira de demolição do piso das cinco suítes e da sala íntima do casal, material que aparece ainda nos móveis. Esses acabamentos criam o pano de fundo para os ambientes decorados com peças do acervo dos proprietários e outras compradas para o novo endereço, como o sofá e as poltronas italianas. A pitada de ousadia no mobiliário cabe ao vibrante amarelo que reveste as poltronas dos anos 1950, adquiridas em um modernariato de São Paulo. “Gosto de usar cores em obras de arte e manter o restante neutro”, afirma o arquiteto, justificando a escolha do quadro de Fábio Miguez, que ocupa quase toda a parede da sala de jantar, e a tela cor de laranja de Amelia Toledo exposta no living.
Essa receita, de apoiar o projeto em uma base monocromática, se molda perfeitamente à proposta de mimetizar a casa ao entorno verdejante, fazendo com que o olhar não consiga delimitar o que está dentro e o que está fora. O resultado traz a sensação de se estar ligado à natureza o tempo todo, algo que é um privilégio, ou melhor, um luxo, em grandes cidades como a capital paulista.
Vista do escritório exibe a mesa da Christian Liaigre por Atrium e luminária da Holly Hunt, sobre ela – na parede externa, escultura de Artur Lescher, na Galeria Nara Roesler
O living abre-se para o terraço, onde ficam três poltronas com design de Paola Navone para a Gervasoni, na Casual Exteriores
A cozinha planejada da Kitchens leva piso da Portobello e equipamentos da Viking
Detalhe do living revela vaso, na Ana Luiza Wawelberg, e tela de Abraham Palatnik, na Galeria Nara Roesler
No hall de entrada, bufê, na Passado Composto Séc. XX e quadro de Vik Muniz, na Galeria Nara Roesler
Um canto do escritório tem poltrona de Antonio Citterio para a Flexform e mesa lateral da Cecotti Collezioni, ambas na Casual Interiores
No caminho que leva à entrada da casa, o paisagismo assinado por Gilberto Elkis emprega uma ampla variedade de plantas, que inclui bambus-mossô e xanadú (à esq.) e pacovás (à dir.)
Além de revelar a distribuição das áreas sociais ao redor da "caixa de madeira", como diz Dado, a vista panorâmica do living destaca alguns dos móveis ali presentes, como os sofás Magnum, da Flexform, na Casual Interiores, e o par de poltronas Richard, design Rodolfo Dordoni, da Minotti por Atrium (de costas)
Detalhe do mesmo ambiente ressalta o par de poltronas amarelas dos anos 1950, na Loja Teo, forradas com tecido da Orlean, e a mesa de centro Noir, da Érea, além da lareira com moldura de aço corten, da Ketesi, e do painel de cabreúva executado pela Plancus
Lá fora, a área com piso de travertino navona, da Belas Artes, chaises da Casual Exteriores e uma grande piscina revestida de cerâmica, da Palimanan, é a estrela da casa nos dias quentes
Na suíte do filho figuram dois móveis desenhados por Dado Castello Branco para a Casapronta Quartos - a cama e o criado-mudo -, além de papel de parede e cortinas da Orlean, tapete da Clatt e jogo de cama da Trousseau
Quem mora nas grandes cidades pode encontrar facilmente lojas de design com uma infinidade de produtos à disposição. Mas se o consumidor vive em municípios menores, a dificuldade quase sempre aumenta: muitas vezes é preciso viajar para chegar às ruas de luxo do país.
A Conceito: firmacasa facilitou as coisas para sua refinada clientela. A empresa lançou um site com serviço de e-commerce. Os itens são entregues em todo território nacional. Também dá para acompanhar lançamentos, promoções e o surgimento de (sempre surpreendentes) espaços na loja.
"Em breve serão lançados novos recursos como, por exemplo, a lista de casamento online", promete a empresária Sonia Diniz, proprietária. "Com o site, esperamos fortalecer mais ainda a relação com clientes e proporcionar mais agilidade nas compras e promoções."
Sonia revela ainda que a linha de acessórios para cozinha Toilet Paper, da Seletti, foi a mais comprada pelos clientes durante os primeiros cinco dias da loja. As peças coloridas e bem-humoradas inspiram-se nas obras dos artistas italianos Maurizio Cattelan e Pierpaolo Ferrari.
Peças da linha Estetico Quotidiano Golden Edition, da Seletti. O design é de Alessandro Zambelli
Os descolados itens da linha Memorabilia Gold, criados pelo escritório Selab em parceria com Alessandro Zambelli
Poltrona Proust, design Alessandro Mendini para a Magis
Versão laranja da poltrona Proust
A linha de utensílios para a mesa Toilet Paper, da Seletti, fez sucesso nos primeiros cinco dias
Cachorro Puppy, criado pelo finlandês Eero Aarnio para a Magis
A peça também vem no tom laranja
Louças da linha Hybrid, da Seletti
Chair_ONE, design Konstantin Grcic para a Magis
A cadeira de alumínio ganha energia na cor vermelha
O quarto acima é um ótimo exemplo de como usar a madeira de demolição de forma criativa. Em uma das extremidades, uma espécie de caixa foi construída com a aplicação do material como revestimento no piso, na parede e no teto. O resultado é um recanto especial e acolhedor que traz para o cômodo cinza um splash rústico. Para deixar tudo ainda mais aconchegante, o colchão foi colocado no chão. Quando se tem um lugar como esse para dormir, qual a necessidade de se ter uma cama?
Manter a casa organizada é um desafio ainda maior no dinamismo dos tempos atuais. Pensando nisso, a arquiteta e designer Bel Lobo criou, em uma parceria de sua marca m.o.o.c com a Tok&Stok, a linha Vira e Mexe.
Idealizada com o objetivo de facilitar a vida das pessoas e de se adaptar a diferentes situações do cotidiano, a coleção é formada por móveis múltiplos para todos os espaços da casa. São gaveteiros, bancos, arquivos, organizadores, extensões e luminárias, todas com cores, formas e materiais irreverentes e cheios de charme.
Bel escolheu a madeira clara de reflorestamento pela capacidade de aquecer um ambiente sem pesar na decoração. As cores alegres que cobrem de forma contemporânea as ferragens dos móveis e dos cavaletes, por exemplo, foram eleitas para dar conotação estética aos elementos utilitários.
Além de múltiplas, as peças da coleção acumulam funcionalidades. Um ótimo exemplo é o gaveteiro. Nele, bandejas fazem as vezes de gavetas e podem ser retiradas do móvel facilmente para transportar objetos. Já as extensões elétricas, peças que normalmente não possuem atribuições estéticas, aparecem com belas formas de madeira, fios coloridos, e até a função luminária. A estante, formada por suportes de metal, é a mais versátil das peças da coleção. Ao ser combinada com prateleiras e nichos, possibilita a criação de várias propostas para personalizar a organização de ambientes com tamanhos e necessidades diferentes.
A linha foi pensada para satisfazer, com charme, as necessidades do dia a dia
As estantes, prateleiras e nichos da coleção podem ser rearranjados para criar uma infinidade de opções
Os itens da coleção Vira e Mexe combinam harmoniosamente entre si
A estante modular Vira e Mexe se adapta às necessidades do dono
Cavaletes de aço com pintura de epóxi-pó e com sapatas elásticas
Os cavaletes permitem a criação de composições com funções variadas: desde bancadas até estação individual de trabalho
O gaveteiro é um carrinho com bandejas que assumem o lugar das gavetas. Todas elas são soltas, permitindo o fácil transporte dos itens armazenados
Porta-papel de mesa triplo
Os blocos multiuso são o coringa da coleção. Podem ser usados em pé ou deitados
As extensões elétricas Anda Luz e Da Casa dão charme ao acessório necessário em qualquer lar
As caixas para arquivo/porta-revistas podem ser usadas sobre a bancada ou fixadas na parede. As cores indicam a separação de assuntos ou simplesmente colorem o espaço
A luminária de mesa da coleção Vira e Mexe é de polietileno e está disponível em amarelo ou branco
Madeira de reflorestamento divide espaço com fundo de MDF colorido nas caixas organizadoras da coleção Vira e Mexe
Todas as caixas organizadoras possuem rodízios para facilitar o transporte
As caixas organizadoras são empilháveis e vêm em diversos tamanhos
O porta-revistas para sofá tem bolsões de tamanhos variados para guardar tudo o que deve ficar a mão
Neste ângulo do grand salon vê-se lareira Luís XVI do antiquário Marc Maison, de Paris, encimada por bronze, séc. 19, do escultor Antoine-Louis Barye, e ladeada por obra-terço de Jean-Michel Othoniel – recamier de Antonio Citterio para a Maxalto, poltronas Jensen, de veludo cor cappuccino, design Rodolfo Dordoni para a Minotti, console Regência, na Galerie Delvaille, na capital francesa, com pantera azul-royal de Richard Orlinski, lustre Zenith, de Philippe Starck para a Baccarat, e tapete da Square Foot
Comissionado por Napoleão III, casado com Eugênia, a Lady Di do 19º fin de siècle, o barão Haussmann, prefeito de Paris, elaborou o projeto de reurbanização que, entre 1853 e 1870, transformou-a na cidade que tanto amamos. Com a implosão dos cortiços medievais descritos em O Corcunda de Notre-Dame e das tabernas dos revolucionários de Os Miseráveis (as duas maiores obras literárias de Victor Hugo), ela foi alçada a Cidade Luz, a primeira iluminada por rede elétrica. O traçado de regulamentos rígidos implantou os boulevards, a divisão em 20 arrondissements (distritos) e um novo partido arquitetônico residencial, baseado em quartiers com prédios de cinco andares e suas fachadas simétricas de pedra limestone, criando, dessa forma, a unidade harmoniosa que desenha a Paris neoclássica.
A sala de jantar traz lustre Zenith, de Philippe Starck para a Baccarat, mesa e cadeiras de Christian Liaigre, aparador inglês de época arrematado na Sotheby’s e, na parede, painel dourado do artista Kyosuke Tchinai, c. 1948, na galeria Taménaga, em Tóquio
Esses residenciais estão nos arrondissements centrais, como o 16º, ou melhor, le Seize, assim mesmo com maiúscula. É como o chamam os habitués do bairro mais BCBG (bon chic bon genre) da cidade, endereço deste apartamento com reforma e decoração assinados por Roberto Migotto, terceiro job do arquiteto na capital francesa. “O projeto foi desenvolvido no Brasil, mas é obrigatória a contratação de um profissional francês para a execução. Contamos com advogados e um especialista que acompanhou o extenso processo burocrático”, explica o paulista de Taubaté, que festeja três décadas de atuação estrelada. Em seu interior, a planta de 290 m² reflete a elegância haussmaniana. Distribuindo os espaços com pé-direito de 3,50 m, o hall age como a artéria principal que leva aos ambientes o requinte do detalhamento de gesso nas paredes, a sofisticação do piso de parquet, o charme das lareiras de mármore, a dignidade das portas de folha dupla e a luminosidade natural de janelas verticais, equidistantes, que partem do teto, pormenores presentes neste projeto de Migotto, onde tudo reflete o classicismo parisiense chic. Très chic.
Ao lado, boiserie de carvalho escurecido no tom moka envolve o home theater, que revela banco-pufe Simpliciter, design Antonio Citterio para a Maxalto, obra Moon Cut (na parede), de Daniel Arsham, na Galerie Perrotin, em Paris, e luminária de piso 8 ½ Omaggio a Constantin Brancusi (à dir.), design Carlo Forcolini para a Nemo
“Criei um décor elegante com um mélange de peças clássicas com o melhor do design italiano e elaborei uma cartela de beges, taupes e marrons com pinceladas de cores nas obras de arte contemporânea”, é como ele conceitua o trabalho que segue esse fio condutor logo ao abrir as portas do hall. Envolta no espaço de mármore de Carrara, artede peso recebe o visitante. Uma é Vanité aux papillons, uma caveira de prata sobre bronze, do artista plástico francês Philippe Pasqua, a outra é Fractured mirror, obra representativa da série de grandes discos com superfície polida do aclamado Anish Kapoor, adquirida na Lisson Gallery, em Londres.
No detalhe do hall, a obra Fractured mirror, de Anish Kapoor, adquirida na Lisson Gallery, em Londres
Durante o ano devotado à empreitada, Migotto viajou a cada três meses para supervisionar a reforma e reunir o acervo do décor em endereços cultuados, como a Marc Maison, a Galerie Delvaille e a Maison Baccarat, e o casal de clientes ainda arrematou peças nos leilões da Sotheby’s, caso do bronze de meados do século 19 de uma corrida de cavalos do escultor animalier Antoine-Louis Barye, sobre a lareira do estar do grand salon. Ao final do dia, Migotto dava uma paradinha perto dali, na Carette, uma pâtisserie fundada em 1927, longe do circuito turístico. Naqueles momentos, deliciava-se com suas gourmandises, refletindo sobre a oportunidade de, mais uma vez, deixar sua marca em Paris. “É uma conquista gratificante”, complementa o árbitro do gosto.
Detalhe da suíte do casal, com cama da linha Andersen, da Minotti, cômoda espelhada estilo Luís XV, abajur de Murano dos anos 1940, colcha feita com tecido da Pierre Frey e almofadas da Manuel Canovas
O lavabo de mármore calacata gold recebeu, nas paredes, toile de Jouy tropical em preto e branco, da Hermès
A cozinha da Arclinea, com piso de Silestone Blanc Zeus, mostra equipamentos da Foster e da Miele, banquetas Spoon, da Kartell, e, na parede, fotografia, anos 1940, do americano Louis Stettner
No detalhe, escultura de Richard Orlinski apresenta-se sobre um console de estilo regência, na Galerie Delvaille, no grand salon
No mesmo ambiente, uma parede especial é reservada para uma colagem do artista britânico Patrick Hughes
Ainda no grand salon, mais perto da lareira, figura uma peça cara aos moradores: a mesinha lateral adquirida em uma viagem ao Marrocos
Da passagem do estar para a galeria já se avista uma das grandes obras do acervo: Fractured mirror, de Anish Kappor, adquirida na Lisson Gallery, em Londres
Vista da galeria, com piso de mármore calacatta gold – ao fundo, escultura de Philippe Pasqua
No detalhe, a escultura Vanité aux papillons, de Philippe Pasqua, de prata sobre bronze
O toque de cor no escritório vem da cadeira Hola, design Hannes Wettstein para a Cassina – fotografia sobre a mesa, de Raoul Dobremel
A casa em Zawiercie, Polônia, com projeto assinado pelo Kropka Studio, é uma combinação de pedra e madeira na fachada com interior amplo e branco. Elegante, a residência projetada para uma família de quatro pessoas contempla espaços generosos, grande incidência de luz natural e enormes janelas de vidro. Um visual moderno e aconchegante num lugar arraigado de tradições agrícolas locais.
Construída em um terreno alongado e ligeiramente inclinado nos arredores do Parque Ninhos das Águias, a casa está situada numa área verde dominada por plantações. Em seu entorno, uma antiga igreja de pedra, ruínas das Torres de Morsko e do Castelo Ogrodzieniec. É neste cenário pitoresco, usando volumes com formas simples e materiais locais, que a construção tenta se tornar uma parte integrante da paisagem.
Com 215 m², a residência é composta de dois volumes principais, um com os ambientes sociais e privativos e o outro com a garagem, que são conectados por um pergolado de madeira, o qual permite a entrada de luz natural no pequeno pátio central.
Os materiais utilizados na construção priorizaram a resistência e a durabilidade, além da disponibilidade, o que justifica o uso abundante do calcário, matéria-prima proveniente das formações calcárias típicas das paisagens montanhosas polonesas. O destaque neste projeto é o revestimento externo: foram utilizados gabiões – uma espécie de gaiola de estrutura armada, flexível, drenante, de grande durabilidade e resistência –, feitos com malha de fios de aço e que têm a característica de ser uma “camuflagem” ao misturar a casa à paisagem do seu entorno. A parede estrutural, por sua vez, recebeu placas de PIR (Placas de Espuma Rígida de Poliisocianurato) para criar isolamento térmico. Já o telhado ganhou folhas de titânio e zinco.
No piso térreo, em forma de L, há a área principal com a cozinha aberta, estar e espaço para refeições – tudo integrado sem qualquer tipo de divisão –, quarto do casal, casa de banho e closet. No piso superior, dois quartos e um banheiro. Os poucos móveis com linhas retas e o branco que permeia todos os ambientes reforçam ainda mais a sensação de amplitude e liberdade. Como complemento, generosas janelas que privilegiam os moradores com uma bela vista do horizonte. A elegância da área social criou a atmosfera perfeita para que a escada ocupasse o lugar de destaque. Feita em balanço, a escadaria é de aço e carvalho – neste caso, a madeira surge como um ponto de cor e de calor na ala social de uma casa que convida ao prazer de morar nas montanhas polonesas.
Para quem está em Toronto, Canadá, à procura de um lugar em meio à agitação, hospedar-se no The Drake Hotel é uma boa escolha. Localizado na Queen Street West, rua com muitas opções culturais e de lazer, e concebido num prédio construído no século 19, ele oferece uma experiência memorável com arte, intensa vida noturna, culinária deliciosa e quartos confortáveis. E a qualidade dos serviços é garantida pelo seu exigente proprietário Jeff Stober.
O conceito eco-friendly também é adotado no The Drake. Ele possui horta orgânica própria e todos os produtos de limpeza utilizados são de empresas amigas – companhias comprometidas com a preservação do meio ambiente na fabricação de seus produtos. E este ano Stober teve motivos de sobra para se orgulhar, é que o The Drake foi eleito como um dos cem melhores hotéis em todo o mundo pela Fodor Award. Também ganhou na categoria Boutique Chic, na premiação dos Hotéis Hip, e seu restaurante, o Drake Fifty One, é tido como um local que oferece uma das refeições mais saborosas da cidade.
O hotel dispõe de quartos com TVs de tela plana, acesso de alta velocidade gratuito à internet e base para iPod. O hóspede também pode apreciar as obras de arte de artistas locais, as instalações de fitness na academia 99 Sudbury – que fica próxima, a poucos minutos do hotel. Os quartos Crashpads e Dens são confortáveis e têm banheiros envidraçados. Em uma das suítes, uma parede de tijolos expostos confere um charme distinto, a exemplo de outros espaços do hotel. Já os quartos 301 e 302 têm vista para a rua, iluminação especial e obras de arte em sua decoração. Um mimo para os casais em lua de mel.
Depois de uma noite agradável de sono e de se deliciar com as iguarias do restaurante, é possível se divertir no espaço Drake's Underground e em seguida tomar uma bebida no elegante lounge do hotel. Mas se der vontade de saborear sushis ou ostras, é só ir ao Raw Bar. Já o Sky Yard, no terraço, é uma boa opção para curtir a madrugada.
Embora o The Drake ofereça um serviço impecável, não é recomendado para quem está viajando com crianças, já que seu foco é direcionado para hóspedes que buscam uma estadia mais agitada e cool.
Vic Meirelles promoveu um mix de azul sobre a mesa de réveillon (Foto: Divulgação)
2014 passou voando – e não parece que o ritmo vai diminuir até a virada. Esta sensação inspirou o décor de réveillon assinado pelo florista Vic Meirelles, que absorveu o apressado espírito do nosso tempo e transformou-o em uma proposta prática e muito bonita: “Todo mundo hoje só pensa no now, em viver o presente. Por isso planejei uma mesa rápida, temperada por itens gastronômicos fáceis de encontrar como frutas secas, pró-seco, uvas e flores”.
Para não deixar o ano virar sem a merecida pompa, Vic usou e abusou da combinação de azul e branco, que ele considera atualíssima: “Selecionei uma estampa da Donatelli, com desenho carioca de Gregorio Kramer e Attilio Baschera (meus ídolos de bom gosto) e outra com azulejos da rua Buenos Aires, localizada no Centro do Rio”. O ton-sur-ton dos tecidos foi arrematado por prataria vintage de feirinhas, taças de champanhe e as flores brancas indispensáveis nesta época. Um certo clima intimista ficou por conta das velas Orquídea e Flor de Lótus, da Phebo, que além da iluminação suave enchem o ambiente com fragrância floral inspirada em um jardim encantado. Ideal para o começar o ano novo, não?
A fragrância das velas Orquídea e Flor de Lótus é inspirada em um jardim encantado (Foto: Divulgação)
Quando o momento é de comemoração, nada melhor que reunir amigos e pessoas queridas. Foi exatamente isso que o arquiteto David Bastos fez, no último domingo (14/12), na loja Poliform, na rua Gabriel Monteiro da Silva, 653, em São Paulo. Nomes como Astrid Fontenelle, Adriana e Romeu Trussardi, Gui Deucher, Ugo Di Pace, Joyce Pascowitch, Camila Klein, Tuca Reines, Esther Shatan e Celina Dias se reuniram para o lançamento do livro que comemora seus 38 anos de carreira.
David Bastos Arquitetura Brasileira reúne 38 projetos de arquitetura, design de interiores, mostras e restaurantes assinados por ele.
Ambientes cada vez mais integrados se tornam também multifuncionais. A sala de estar, por exemplo, muitas vezes se transforma em local para assistir TV, ler um livro ou, nas reuniões de amigos, sentar em uma roda de conversas. O desafio dos designers é criar móveis atrativos e, ao mesmo tempo, capazes de responder a essas necessidades.
As cadeirasGemini, projetadas pelo escritório de arquitetura holandês UN Studio em parceria com a fabricante Artifort, são uma boa resposta para a equação. O assento ondulado das peças curva-se para cima ou em direção ao piso. Dessa forma, serve como apoio de braço para quem senta ou encosto para quem deitar.
Entre uma posição e outra, o usuário consegue realizar uma série de movimentos sem perder o apoio da cadeira. A peça permite, por exemplo, inclinar-se para ler uma revista, girar o corpo e bater papo com a pessoa ao lado, ou simplesmente relaxar depois de um dia cheio.
Por ter um braço só, as cadeiras funcionam individualmente ou em grupos. Também dá para organizá-las em duplas, já que vêm em cópias idênticas ou espelhadas. Lado a lado, os seus traços curvos criam uma interessante simetria. Mais ou menos como uma mobília modular – porém com muito mais charme.
As cadeiras medem 88 x 78 x 81 cm e têm estrutura de aço e estofamento de espuma. A coleção também inclui um pufe.
Os tons pastel são uma aposta garantida para quem quer alcançar uma decoração colorida, mas suave ao mesmo tempo. Na sala de estar acima, optou-se por uma cartela de cinzas, rosas e pitadas de amarelo. Para tornar o ambiente mais interessante, móveis e acessórios adicionam outras texturas. Enquanto as mesas de centro trazem a madeira crua, o lustre e os castiçais geométricos, ambos de Tom Dixon, acrescentam o brilho do cobre, um hit do momento. Para deixar o espaço ainda mais cool, a manta Crux, de Pia Wallén, vem estampada com desenhos minimalistas de cruzes, um clássico do décor sueco.
Raquel Silveira se apoia em divisória desenhada por ela
Tem gente que, quando se muda, muda tudo. Mas tem gente, como a arquiteta bissexta Raquel Silveira, empresária à frente da Mostra Black, que se muda de casa carregando muito do que tem e ainda reproduz no layout e no décor – de forma aprimorada – o que era bom no endereço anterior. É o caso deste seu novo apartamento no Jardim Europa, com vista para o rio Pinheiros, o Jockey Club e a parte mais moderna do skyline de São Paulo. Desde o hall do elevador, totalmente preto, com suas paredes de vidro e esculturas de chão iluminadas, até o hall interno, também negro, com as fotos em preto e branco de Mario Cravo Neto, a cor e o clima são os mesmos da antiga morada (em ambos os casos são projetos de sua autoria): é festa no ar!
Os grandiosos puxadores de latão das portas dão entrada ao salão generoso, com um living fora do comum – o sofá fica no meio e olha para todos os lados. À direita, se volta para a biblioteca, com as já famosas estantes forradas e tacheadas, desta vez de couro. À esquerda, se abre para a sala de jantar, com uma novidade: a cozinha está dentro dela e tem, logo à frente, outra cozinha funcional fechada. E, ao fundo, para a varanda original da planta, que foi integrada a esse generoso ambiente único, e onde todas as paredes possíveis foram abaixo. “A casa tem de mudar sempre”, diz a errante Raquel, que não consegue ficar parada por muito tempo. Nem em seus apartamentos daqui nem em Nova York, para onde vai sempre, pois lá tem casa há mais de 20 anos.
Uma mesa da extinta Collector’s, design Rino Levy, ocupa o hall de entrada, ao lado de uma banqueta da Clássica e Moderna e à frente da porta de entrada, da Spinosa Marcenaria, com puxador máxi de latão, da Júpiter Metais, tudo design de Raquel Silveira – o lustre é da Baccarat, na Began, e as fotos, de Mario Cravo Neto
Sem preocupação com simetrias, ela aposta em uma corajosa mistura de materiais: veludo nas cortinas; tinta, vidro, espelho e madeira laqueada nas paredes e nas portas almofadadas e desenhadas por ela, como as maçanetas de metal dourado; carvalho-americano e granito em pedaços no piso da entrada; e gesso nas sancas iluminadas revividas, para manter o pé-direito alto. Assim, procura montar sua estratégia sutil de décor, como faz com seu business, uma receita de sucesso: “Para mim, decoração é proporção! E fiz essa casa dessa forma porque moro sozinha e em São Paulo (os três filhos vivem fora dali: a mais velha, também na capital paulista, o do meio em Santa Catarina e o mais novo em Boston), pois em outro local seria diferente”.
Muitos móveis e objetos dos melhores antiquários se juntam a sofás, tapetes de pele ou estampados, de lã, marcenaria e serralheria contemporâneas com seu desenho, e ainda peças de design autoral brasileiro – a cadeira de Flávio de Carvalho, as mesas de Jacqueline Terpins, a mesa de jantar e os aparadores de Candida Tabet, amiga e ex-sócia, com quem já dividiu o projeto de outra de suas casas, na Bahia, como fez como ex-patrão Sig Bergamin, em Nova York. Lustres monumentais de cristal Baccarat, de Murano e de metal com folha de ouro complementam a iluminação automatizada, que cria moods diversos.
Contemporâneo e antigo convivem na biblioteca: o sofá criado por Guilherme Torres ganha a companhia de um par de poltronas de couro e aço, na Renée Behar, e outras duas poltronas de tecido, na Juliana Benfatti Antiguidades e Excentricidades, tudo sobre tapete da By Kamy
A arte acontece naturalmente, de todas as formas, de desenhos de Andy Warhol a esculturas como o charque de Adriana Varejão, a trança de Tunga, as ondas de Joaquim Tenreiro, um bicho de Rogério Degaki, pérolas de Luciano Carmo, entre outros exemplares. Das fotografias de Claudia Jaguaribe à coleção de caricaturas de J. Carlos e Manolo. “Preocupo-me em não repetir materiais no mesmo ambientee fujo de casas datadas”, diz Raquel, que admira o estilo clean. “Adoraria acordar num lugar desse jeito, mas talvez me confundisse, pensando estar em uma loja.” Para ter uma casa assim, ela acha (diplomaticamente, como sempre) que fica meio sem personalidade – coisa que, definitivamente, não lhe falta.
A sala de jantar traz mesa de Candida Tabet, cadeiras de Ico Parisi, lustre da Scatto Lampadario e cortinas da Donatelli
A passagem do hall para o living exibe sofá de Paola Navone, na Casual Interiores, cubo de vidro de Jacqueline Terpins, na Firma Casa, aparadores de Candida Tabet e quadros de Vik Muniz (à esq.) e Claudia Jaguaribe (à dir.)
O quarto leva tela de Antonio Bandeira, foto de Gisele Bündchen, criados-mudos de Dinucci e tapete da By Kamy
Quadros de cartunistas e cadeiras dos anos 1970, na João Pedrosa, decoram a cozinha aberta para a sala de jantar, com tapete do Empório Beraldin
Na sala de estar, cubos de vidro, design Jacqueline Terpins, e tapete By Kamy
As salas todas integradas: livings, sala de jantar e cozinha aberta. Sofá Paola Navone na Casual. Todo o sistema de iluminação e automação é da Wall Lamps
Cozinha com equipamentos Viking e marcenaria de Spinosa
Quando a artista alemã Katharina Roters se mudou, em 2003, de uma metrópole da Alemanha para um pequeno vilarejo húngaro, seu olhar forasteiro não apenas fez com que a cidade ficasse mais interessante para ela, como também deu origem a um projeto fotográfico que nasceria mais de uma década depois. Desde então, as ruas de seu novo lar passaram a ser fotografadas por ela. O foco eram pequenas casas cúbicas, todas do mesmo tamanho e construídas em meados dos anos 1920. Mas o que chamou a atenção da fotógrafa não foi a semelhança entre elas – muito pelo contrário.
No livro Hungarian Cubes: Subversive Ornaments in Socialism, lançado recentemente, fica claro o porquê das residências comuns em toda a zona rural da Hungria terem feito os olhos de Katharina brilharem. Em busca de personalidade própria, os moradores criavam verdadeiras obras de arte em suas fachadas – partindo de padrões geométricos e seguindo estéticas diversas.
"Eu fui ficando cada vez mais fascinada pela qualidade irresistível deste fenômeno ornamental", conta a fotógrafa, que retirou, no pós-tratamento, todos os elementos dispensáveis, como fios de energia, árvores e qualquer aspecto que interferisse nas imagens. "Meu olhar de alguém de fora me permitiu ver essas casas sem o lastro intelectual e emocional que o povo local tem."
Tais lares, que foram erguidos em um período comunista pós-guerra, ganharam o nome de Cubos de Kádár, em referência ao presidente János Kádár. Hoje, eles acabam sendo destruídos ou reformados pelos moradores por representarem um passado em que a população se sentia subjugada. "Para eles, essas construções são como feridas abertas", conta Katharina. "Mas, apesar disso, essa prática ornamental espontânea e inconscientemente subversiva merece ser lembrada."
Hungarian Cubes: Subversive Ornaments in Socialism
Editora Park Books
176 páginas