Uma residência que permite uma vista sublime do Vale do Reno e das montanhas do Principado de Liechtenstein, um dos quatro menores países da Europa, situado entre a Suíça e a Áustria. A construção, assinada pelo escritório KM Architektur, tem um design flutuante que valoriza o uso de materiais como cobre, bronze, vidro, madeira e concreto, emoldurando a estrutura desenhada por dois ângulos em forma de “L”. Toda a fachada é coberta com madeira de pino branca natural retirada da região e de cobre e bronze, encaixando-a harmoniosamente à área verde ao redor do terreno.
A casa, idealizada para um casal e um filho, foi planejada respeitando os conceitos de sustentabilidade, envolvendo a qualidade ecológica dos materiais e as escolhas de soluções como o aquecimento de água por sistema solar e geotermal. Foi também priorizada a durabilidade e a resistência dos materiais para enfrentar as intempéries da região, visto que o imóvel foi erguido em plenos Alpes.
Outro diferencial da residência está na divisão em andares. O pavimento superior abriga a privacidade dos quartos e um grande terraço. O andar térreo acomoda uma generosa área para jantar, cozinhae sala de estar – entre estes dois últimos, uma lareira atua como divisor dos ambientes. Em frente a estes espaços está posicionada a piscina e um terraço, o qual circunda a morada e liga as áreas internas e externas por meio de vidros no lugar de paredes de concreto. Partes do telhado que se sobressaem abrigam a varanda e proporcionam sombra às extensões das vidraças, protegendo a casa do calor excessivo no verão. No inverno, a luz solar se torna uma fonte de energia.
No décor, o mobiliário elegante dialoga com as linhas retas da construção. Ao lado do vidro, a madeira ganha papel de destaque neste projeto. Usada do chão ao teto – e também no mobiliário, a exemplo da estante e da bancada da pia na cozinha – , ela aquece e transforma o que poderia ser um lugar frio em um lar acolhedor, onde a magia está na paisagem e na maestria com que o projeto se integrou ao horizonte.
Luxo é uma daquelas categorias indeterminadas, voláteis, difíceis de encaixotar. Todos entendem o que é, poucos sabem dar uma definição unívoca. A raiz etimológica sugere herança genética clara. A palavra vem do latim luxus, “excesso”, e, de fato, já foi sinônimo de abundância. Porém, as modas mudam e o conceito chegou a ser identificado como um estilo enxuto, minimal. E hoje, quais são as suas facetas na arquitetura contemporânea?
De acordo com o arquiteto Kiko Salomão, titular do escritório paulistano homônimo, luxo corresponde ao projeto exclusivo, singular. Ao desenho que é único, pois tem a cara de quem o habita. Fundada em 1995, a empresa vem desenvolvendo trabalhos residenciais e comerciais (de agências bancárias a hotéis) empregando estilos diferentes a cada vez, adaptados às necessidades e à “cara” dos clientes. Isso se traduz em criações altamente customizadas, particulares e, basicamente, irrepetíveis. “Para atingir esse objetivo, buscamos muitas referências, investimos na pesquisa de novos materiais, curamos muito as texturas”, reflete Kiko.
O apartamento que o arquiteto reformou no bairro do Itaim Bibi, em São Paulo, exemplifica bem a ideia. Na readaptação geral que deixou a cobertura na laje, tudo foi refeito para se ajustar às exigências dos moradores, um jovem casal com duas filhas pequenas. Nem a separação dos cômodos ou a localização da escada originais foram mantidas na obra, que durou um ano e meio.
Um outro pilar do escritório de Kiko, bem representado nesta residência, é a busca pela integração entre os projetos arquitetônico e de interiores. “Os elementos da decoração nascem com a arquitetura: quando criamos os espaços nós já sabemos como eles serão preenchidos, inclusive quais móveis vão compor o conjunto”, diz. A ideia é cultivada com tanta coerência que, quando não se encontra um mobiliário adequado, o mesmo é desenhado por sua equipe. Peças autorais espalham-se pela morada, estabelecendo um diálogo com os objetos adquiridos pelos donos em galerias de design e outros móveis mais funcionais, comprados para o novo apartamento. “Esta casa teve muita paginação. Criamos peças que agora começam a aparecer na mídia e ganhar atenção dos clientes”, orgulha-se Kiko, que não esperava o surgimento desse recente braço de trabalho.
O resultado é um apartamento amplo, de dois andares, com 960 m², três dormitórios e dois quartos de empregada. Na cobertura fica a chamada ala social, que inclui cozinhagourmet, churrasqueira, área de DJ, brinquedoteca, sauna, academia, home theater e piscina. Na residência, tudo remete ao estilo de vida dos proprietários. “Normalmente buscamos o ton sur ton. Neste caso, os moradores são jovens, gostam de ambientes mais escuros, aconchegantes, onde podem receber pessoas à noite.”
Então é nisso que consistiria a assinatura do escritório, talvez? Não exatamente. Hoje, por exemplo, Kiko Salomão está ocupado com a criação de um projeto em Miami que é inteiramente branco, do piso aos móveis, dos tapetes aos acabamentos. Dentre tanta variedade de gêneros, será que existe um denominador comum? “A gente procura harmonia, equilíbrio entre as partes. Uma coisa não pode chamar mais atenção do que a outra. Além disso, fazemos tudo para surpreender.”
Na linguagem do cinema, o termo ponto de vista designa o lugar para o qual a câmera aponta, como se fosse o olho do observador. Quando ele muda, o desenrolar e a interpretação da história também se transformam. Foi com inspiração nas diversas maneiras de ver uma mesma situação que o escritório sueco Note Design Studio criou, para a marca Menu, a coleção de castiçais POV - uma abreviação da expressão Point of View.
As duas primeiras peças de design – um candelabro de mesa e uma arandela – foram realizadas em 2013 sob a forma de esqueletos metálicos hexagonais. Uma brincadeira de formas e sombras se arma dependendo do ângulo que elas são observadas, dando origem a uma multiplicidade de interpretações visuais. Tais objetos fizeram tanto sucesso com o público que o estúdio resolveu dar a elas um irmão maior. Assim nasceu o escultural castiçal POV Large.
O novo objeto, feito para comportar sete velas, leva as formas minimalistas de seus antecessores para outro nível. Feito de aço com pintura nas cores preto ou branco, o POV Large promete ser a estrela da decoração, não importa de onde seja visto. "Nós amamos prestar atenção nos arredores e tentamos criar objetos que levem os outros a fazerem o mesmo", comenta o time da Note.
Desde que fundaram um dos mais conceituados escritórios de fotografia de arquitetura no Brasil, Denilson Machado e Juliano Colodeti trabalham com nomes estabelecidos e emergentes do mercado. Agora, reúnem 44 projetos na 7ª edição da obra ARQTE, lançada quarta-feira (17/12) na loja Novo Ambiente de Ipanema.
A dupla do MCA Estúdio retratou os escritórios, casas e apartamentos da obra nos últimos 12 meses. O trabalho exigiu boas horas na ponte aérea Rio-São Paulo, com direito a esticadas às cidades fluminenses de Angra dos Reis e Itaipava. São 38 escritórios do Rio de Janeiro e seis paulistas.
Denilson chama a atenção para jovens arquitetos pouco conhecidos, com um estilo de decoração mais descolado, passeando do pop ao industrial. “São profissionais na faixa dos 30 anos. Eles participam com apartamentos que não são grandiosos em tamanho e sim no conceito, bastante autoral. A presença destes projetos no livro ajudou a imprimir mais jovialidade e frescor à 7ª edição”, diz.
O volume de capa dura mede 30 x 30 cm, tem 288 páginas e 400 imagens. O Estúdio Sílvia Girão assina o projeto gráfico da edição, com tiragem de 2 mil exemplares.
Foi em meados dos 1970 que Fábio Alvim fincou seu nome na história do design brasileiro. Formado em Artes Plásticas, iniciou sua carreira como joalheiro e, gradativamente, transitou para a criação de luminárias. As peças feitas com a técnica na qual foi pioneiro, o mix entre metal e tecido, foram um grande sucesso na época – tanto que a luminária Concha foi catalogada pelo Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), dentre outras dezenas de premiações e reconhecimentos ao mérito que recebeu. Mas com a morte do paulistano em 1993, suas obras acabaram caindo no esquecimento, aguardando silenciosamente até que, 20 anos depois, pessoas especiais da sua vida se unissem para trazer de volta seu legado.
Em 2013, a carreira de Fábio Alvim foi homenageada no Museu da Casa Brasileira (MCB) – inaugurando a série anual Pioneiros do Design Brasileiro –, e debatida por nomes como Adelia Borges, Eddy Auresnede e Fábio Magalhães – sendo o último um apoiador permanente do designer, desde a época da faculdade, na qual era professor de Fábio. Foi a partir desse evento que a atriz Manuela Alvim viu sua vida tomar direções completamente diferentes das esperadas. A jovem resolveu dedicar-se ao projeto de trazer à tona as criações do pai.
"Sempre me senti chamada a fazer isso. Quando as pessoas começaram a falar o nome dele, percebi que tinha chegado a hora. Mas demorou um pouco até que eu conseguisse mergulhar em seu processo construtivo, já que eu jamais reeditaria suas peças se não fosse para ser como elas merecem", conta Manuela. "A produção dele é muito relevante e estava parada. Como disse Adelia Borges, ele trouxe para o design racional da época um pouco de sonho e poesia. Além disso, ele representa a maneira despretensiosa da produção brasileira. Enquanto não valorizarmos o que temos de melhor, não vamos parar de copiar as coisas de fora."
A primeira etapa do projeto foi trazer de volta a lumináriaConcha em uma série numerada. Em seguida, no mês de novembro de 2014, uma coleção de peças de metal e tecido integrou a feira MADE. E os planos não param por aí. "Estou estudando tudo o que posso para conseguir produzir com a exatidão que meu pai fazia. Em 2015 pretendo lançar também alguns itens da coleção de Esculturas de Luz, isso sem falar no livro."
Com a ajuda de Fábio Magalhães, Manuela se prepara para lançar Fábio Alvim – Design e Invenção, que servirá como instrumento essencial para eternizar a obra do pai. "Essa é uma etapa muito importante, pois ele não patenteou nada. Fico muito incomodada ao ver cópias de suas luminárias sem o devido crédito".
Além de uma justa homenagem, o retorno das obras de Fábio significa algo mais para Manuela. "Existe toda uma questão afetiva. Sou filha única e é muito gostoso retomar a conexão que tínhamos". Quando perguntada sobre possíveis intervenções pessoais na obra de seu progenitor, ela responde sem titubear. "Respeito o trabalho e a vida que ele dedicou à criação, por isso tento ser o mais fiel possível às peças que ele criou – a única coisa que mudou é a atualização da tecnologia. No futuro talvez eu chegue ao ponto de ousar mais. Tenho certeza absoluta que meu pai não se importaria. Muito pelo contrário, ficaria muito orgulhoso."
Uma ótima maneira de levar vida a um espaço é fazer uma composição eclética de quadros. Na sala de estar acima, pôsteres, ilustrações e pinturas se espalham pela parede e pelo piso – uma maneira moderninha de expor as obras. O mix de referências do design e da moda traz frescor para o cômodo decorado em tons monocromáticos. O destaque fica para as pinturas da sueca Emma Malm, que injetam cores através de pinceladas glamourosas e cheias de energia, e da mesa lateral de pallet, que traz para o ambiente um toque despretensioso.
Antes de se casar, a dupla de moradores dessa residência em Blumenau (SC) procurou os arquitetos do Studio Alencar com uma ideia na cabeça: construir um lar onde pudessem receber os amigos. Os profissionais misturaram revestimentos ousados e usaram de tons escuros para criar uma decoração com espírito de balada na morada de 176 m².
"Hoje o apartamento é bem movimentado", conta Nicholas Alencar, autor do projeto com Fernanda Rabello. "Eles fazem vários jantares e churrascos."
Colabora o fato da área social ter 96 m². O coração desse espaço amplo é a cozinha, cercada por balcões. Os outros ambientes formam um L ao redor do cômodo, com a sala de jantar e varanda de um lado e sala de estar e home theater do outro. Para acomodar os amigos, os arquitetos previram muitos assentos. Um dos destaques é o sofá da Sofá Brasil, que serve a sala de TV e o estar. Outro são os bancos de bar 102 criados por Jader Almeida.
Nenhuma parede divide os espaços. Para delimitar os ambientes, foram usados revestimentos especiais. Assim, o vidro preto marca o jantar e multiplica reflexos dos convidados ao infinito. O home theater recebeu tecido neutro, enquanto a sala de estar ganha cerâmica texturizada da Mosarte. Já a cozinha e churrasqueira são marcadas por revestimentos da Palimanan, material rústico geralmente usado em áreas externas. O piso é de porcelanato marrom.
Essa paleta escura ganha charme com o projeto luminotécnico. Luminárias embutidas lavam superfícies interessantes, como cortinas. Os profissionais também instalaram faixas em pontos-chave, criando efeitos como as bancadas e o o arranjo de teto retroiluminados. As lâmpadas de forro com luz focada multiplicam as opções.
Alguns ambientes têm decoração ainda mais ousada. É o caso do lavabo, onde a pia de corian foi iluminada por dentro com uma fita de LED. Outro exemplo é o quarto, com piso e divisórias pintadas de cinza-concreto. Formada por três painéis de capitonê, a cabeceira da cama ocupa uma parede inteira. Arrematam o ambiente dois criados-mudos negros encimados por abajures artesanais da Di Murano.
Os proprietários dessa casa de 750 m² implantada em uma área nobre de Curitiba são um casal bem sucedido, com dois filhos jovens, e dois grandes hobbies: gastronomia e carros antigos. Ao contratarem as arquitetas Denise e Carolina Leal Ribas para projetar sua nova morada, eles expuseram alguns desejos. A construção deveria ter traços elegantes, amplos espaços para receber os amigos e ambientes aconchegantes. Também deveria ter uma área para acomodar a coleção de automóveis antigos da família - que atualmente conta com dez exemplares.
Para compatibilizar tais demandas, a solução proposta pelas arquitetas foi distribuir os espaços em três pavimentos da residência que combina em sua fachada elementos contemporâneos e clássicos e, em seus interiores, se destaca pelos amplos vãos livres, sem pilares.
No piso inferior foi alocada a área de serviço e a garagem, concebida não apenas para guardar os carros, mas para servir como um local de permanente exposição da coleção dos veículos de diferentes épocas.
No térreo ficam os ambientes de uso social e a área de lazer. Neles, predomina um visual sóbrio e discreto, reflexo da personalidade dos moradores, e a preferência por texturas sofisticadas. A paleta de cores é essencialmente neutra, com exceção do banco azul neon (Jhovini) e das coloridas telas do artista plástico Mangabeira no living. Integrada ao living, a mesa da sala de jantar tem base de madeira e tampo em vidro preto. As cadeiras, fornecidas pela Empório Beraldin, foram cobertas com veludo igualmente escuro.
Muito aproveitado pelos moradores, que recebem amigos com frequência para jantares regados a bons vinhos, o núcleo de lazer da casa congrega um generoso espaço gourmet com churrasqueira, além de um home theater.
A churrasqueira recebeu frontão em granito preto absoluto e painéis amadeirados que também se estendem para a parede lateral e pelo balcão. Os móveis planejados são da Bontempo. O home theater foi concebido com portas Dolomoti, da Cinex, que deram flexibilidade para o cômodo poder ser totalmente integrado ao espaço gourmet ou ficar isolado quando se quer apreciar um filme mais reservadamente.
O acesso ao piso superior, onde está o setor íntimo da casa, acontece por uma escada lateral, com degraus totalmente revestidos em mármore crema marfil, mesmo material utilizado no hall do elevador que faz movimentação vertical tanto para área íntima, quanto para área de serviço e para a garagem.
Com pé-direito duplo e amplas aberturas, a circulação que dá acesso às suítes oferece amplitude e iluminação natural durante todo o dia. Desse ponto, chega-se à suíte máster, equipada com móveis de linhas retas e acabamento laqueado fornecidos pela Bontempo, tecidos claros, e texturas que imprimem uma atmosfera acolhedora.
O décor da suíte da filha foi projetado para refletir a personalidade da jovem, o que culminou em um ambiente suave e delicado, com predomínio do branco. Muito diferente é a suíte do filho, criada para um jovem independente que mora com os pais, mas não abre mão de sua privacidade. O mobiliário em linhas retas confere um ar moderno e masculino ao ambiente, complementado pelo papel de parede da Ferrari colocado na cabeceira da cama.
O quarto de hóspedes mantém coerência com o conceito adotado em todo o projeto de interiores. Mais uma vez os tons de areia e marrom foram a aposta das arquitetas para criar um cenário de requinte e aconchego.
O equilíbrio exato entre conforto e elegância é algo que muitos profissionais perseguem quando vão realizar projetos de interiores. O mesmo aconteceu com a arquiteta Jóia Bergamo quando ela assumiu a tarefa de personalizar esse imóvel de 450 m², na Vila Nova Conceição, área nobre da capital paulista. Os proprietários, um casal de meia idade com três filhos jovens, têm um gosto requintado. Na lista de desejos da família para sua nova morada constavam espaços amplos, sofisticados, agradáveis para receber e para aproveitar as horas de lazer. Também era importante que o apartamento tivesse um visual atemporal, capaz de abrigar com harmonia peças herdadas de família.
Para atendê-los, Jóia apoiou-se no estilo contemporâneo, mas com toques de elementos clássicos, que adicionaram elegância ao décor. Logo na galeria de entrada, a imponente porta pivotante em laca preta dá uma pista do que há nos interiores.
Para que as peças de época não deixassem os ambientes pesados, a arquiteta apostou em duas estratégias. A primeira foi dar preferência a uma composição neutra, com peças com uma pegada minimalista e uma paleta de cores predominantemente neutra.
Outra medida que atenuou a sobriedade, mas sem comprometer o luxo, foi combinar as peças clássicas com outros elementos pretos. Na sala de jantar, por exemplo, o buffet em laca preta junto à parede espelhada faz um contraponto às cadeiras e aos pratos na parede do acervo dos proprietários.
Visando dar o máximo de amplitude à área social, a varanda, que abriga um espaço gourmet, foi unificada ao living. No espaçoso salão foram organizados vários ambientes integrados e livres de barreiras visuais. Para compô-los, foram escolhidos móveis de linhas retas e leves, como a mesa de centro Artefacto e os sofás Breton. Os tapetes By Kamy complementam a ambientação cobrindo o piso de mármore branco (Rokka Mármores).
De modo geral, tons escuros foram usados com comedimento, em alguns acessórios e na marcenaria do home em imbuia e laca preta. As cores mais vivas também foram reservadas aos detalhes, aparecendo em objetos decorativos, em almofadas e em obras de arte.
O projeto de iluminação, realizado pela Puntoluce, buscou valorizar a arquitetura e o acervo da família. Jóia conta que foram combinados vários tipos de lâmpadas, como AR 70 e 110, dicroica e PAR 20, para que a mistura de cores e de intensidades adicionassem maior sensação de acolhimento aos espaços.
Na área interna do apartamento distribuem-se quatro suítes com closets. Em todas elas predomina a opção por um designclean, com móveis contemporâneos em tons de cru e bege. Tecidos macios ao toque e os papéis de parede arrematam os ambientes, adicionando aconchego ao décor.
Criar combinações ousadas de texturas e materiais pode parecer difícil, mas o resultado alcançado vale muito a pena. No quarto acima, construído em tons de preto, branco, bege e amarelo, a rusticidade dos materiais orgânicos se encontra com a contemporaneidade das estampas geométricas. Enquanto a cabeceira e o tapete trazem fibras naturais para o espaço de piso e parede escuros, as almofadas e roupa de cama criam um elaborado mix de padronagens gráficas. Os criados-mudos e as luminárias pendentes são responsáveis por traçar um link entre as duas estéticas. Ambos adotam os materiais de uma e as formas da outra.
Os cônjuges moradores desse apartamento em Curitiba fizeram fortuna na internet. Tania e Guilherme Barthel fundaram o Grupo NZN, dono de marcas como o site de downloads Baixaki e o portal de receitasTudo Gostoso. Se o design gráfico dessas páginas é informal, na vida privada o casal apostou no estilo limpo e cheio de brilho da arquiteta Samara Barbosa, do escritório Smart Arquitetura.
É a segunda vez que a profissional decora o dúplex. Agora, o casal pediu espaços leves para receber os amigos. "Foi um desafio. Mas como eles me conhecem há bastante tempo, tive liberdade para criar", conta Samara. A principal medida foi substituir o bege predominante por tons mais claros.
O primeiro piso tem áreas sociais integradas. Com a reforma, apenas o enorme quadro de Luiz de Souza permaneceu no living. Todo o resto foi trocado. Salas de estar e jantar receberam mármore da Stone Gallery e papéis de parede off-white. A composição em tom sobre tom transmite harmonia aos espaços, banhados pela luz indireta das luminárias embutidas em rasgos no forro de gesso.
O toque de sofisticação fica por conta da marcenaria em laca brilhante da Moss para Casa. Samara também escolheu móveis claros da Artefacto, responsáveis por trazer aconchego e luminosidade ao projeto. Usar espelhos foi outra arma. "São curingas. Eles ampliam e deixam os ambientes chiques", conta a arquiteta.
Na sala de jantar, peças-chave acrescentam luxo à combinação. É o caso do pendente da Fine Art Lamps e as cortinas de seda. O painel de vidro negro esconde uma televisão - sua tela só aparece quando o aparelho está ligado.
No outro extremo da área social fica o living gourmet, um espaço onde o casal pode cozinhar para os amigos. O ambiente de pé-direito duplo ladeado por amplas janelas ganha aconchego com o porcelanato que imita madeira e móveis em preto e branco. O pendente de cristal maciço trazido da Itália arremata a combinação.
As alas íntimas ganharam piso de madeira. O projeto do home theater foi criado com base em um dos móveis preferidos de Tânia, a poltrona Salvatore, também da Artefacto. Assim, Samara escolheu tons de cinza grafite, que combinam com a estampa. Armários ao fundo abrigam a coleção de lembranças de viagem do casal. No quarto, detalhes brilhantes contrastam com os revestimentos suaves, como o papel de parede creme.
O verão está com tudo e as tão sonhadas férias à beira da piscina e praias do Brasil e do mundo estão prestes a começar. Apesar de serem tentadoras as comidas desta época do ano, manter a boa forma é fundamental para não se arrepender. Pensando nisso, o chef Jurandir Meirelles, do restaurante Zucco, em São Paulo, preparou um cardápio leve e muito saboroso. Casa Vogue selecionou um de seus pratos e traz, com exclusividade, a receita da Insalata di gamberoni crocantti (salada de camarões crocantes). Veja abaixo o passo a passo da receita que traz um mix de folhas com um crocante empanado de camarão.
Ingredientes
• 200 g de camarão pistola
• Gotas de limão siciliano a gosto
• 30 g de pão de forma
• 10 g de tomilho fresco
• 20 ml de azeite
• Uma pitada de sal
• 20 g de alface
• 10 g de rúcula
• 10 g de endívias
• 10 g de radicchio
• 50 g de azeitonas pretas desidratadas
Modo de preparo
Para a crosta
Passe o pão de forma numa peneira, junte a raspa de limão e o tomilho picado. Tempere com um pouco de sal e pimenta a gosto, misture bem e reserve. Enquanto isso, bata a azeitona até ficar grossa como uma pasta não muito densa.
Para o camarão
Abra o camarão ao meio sem separá-lo, tempere com sal, pimenta e azeite, e leve para grelhar. Quando estiver pronto, retire, coloque em uma assadeira pequena, cubra com a crosta e regue um pouco de azeite. Leve ao forno para ficar crocante por 5 minutos.
Para finalizar
Monte no prato uma saladinha temperada com azeite e limão siciliano, e, ao lado, junte os camarões e regue com o molho de azeitonas pretas desidratadas. Decore com uma fatia de limão siciliano.
Se não fosse pela intervenção do Rethink Design Estudio, a sala de estar acima seria apenas mais um ambiente clássico. Para começar, a combinação formada por piso de tábuas de madeira e paredes e teto em tons de branco ganhou uma injeção de energia ao receber pinceladas de rosa e de amarelo. A estratégia funciona por dois motivos. Primeiro, porque os tons vibrantes são apenas dois e foram aplicados pontualmente – no sofá, no quadro, nos detalhes das poltronas e no zigue-zague das cortinas. Segundo, porque entre os móveis de formas tradicionais, figuram alguns que trazem contemporaneidade para o local, como a mesa lateral de formas gráficas e o tapete com recortes atuais.
Se essa casa mudou pouco desde os anos 1970, o mesmo não aconteceu à família que a habita. O casal de proprietários viu os filhos crescerem e saírem do ninho. Agora, voltam para visitas com cônjuges e amigos. O lar de 600 m² na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, precisava de uma transformação.
Acionada, a arquiteta Vera Rebello criou espaços mais amplos e integrados para abrigar quem ela define como "a população que orbita o lugar durante a semana", mas não vive por ali de segunda a sexta.
Trocar os revestimentos foi o primeiro passo. "A casa era muito marrom, com lajotas no piso e o forro em tons de madeira natural", lembra Vera. As cores escondiam o tesouro da construção: as esquadrias de pinho de riga, madeira rara, encontrada apenas em demolições.
A sala recebeu portas de vidro voltadas para o jardim e tinta branca nos lambris (madeira do forro). A composição mais iluminada destacou a madeira e valorizou o pé-direito de 5 m. Os sofás claros da Empório Beraldin e as poltronas azuis da Artefacto trouxeram ainda mais leveza ao décor. Sobre a pedra mineira, o tapete Avanti cria aconchego rústico.
A cozinha perdeu divisórias e ganhou uma ilha – onde o marido se diverte durante o final de semana. O ambiente tem materiais modernos: porcelanato, vidro nas janelas basculantes e eletrodomésticos de aço inox. Os móveis, da Favo, são brancos e discretos. Esse conjunto também ressalta o pinho tradicional.
O mezanino era especialmente escuro, por conta do teto baixo e anguloso e do assoalho desgastado de madeira. O telhado foi pintado de branco, mas teve as dobras mantidas na cor original. Dessa maneira se nota o dinamismo da estrutura. Já o piso foi raspado e revestido de sinteco, o que trouxe de volta o tom original.
O arranjo do mobiliário cria uma atmosfera íntima. O ambiente ganhou tapetes brancos, pufes de couro fazendo as vezes de mesa de centro e uma mesa de jogos, cercada pelas cadeiras B34, desenhadas por Marcel Breuer. Dos assentos é possível observar a sala logo abaixo.
O quarto do filho solteiro foi decorado em tom sobre tom. O azul marca o painel de gesso acartonado e a bancada de laca, que formam uma cabeceira utilitária. Cliques de Daniel Gurjão trazem as belezas do Rio para o interior.
Os amantes de objetos de design assinado sabem muito bem que, para possuí-los, é necessário desembolsar uma boa quantia. Uma ótima oportunidade para aqueles que desejam começar uma bela coleção sem gastar muito é a linha de luminárias lançada pela Tok&Stok para o ano de 2015.
Com o objetivo de unir estética, funcionalidade e a visão de quem entende do assunto, a marca convidou um time caprichado de profissionais e estúdios especializados na criação de tais artefatos para dar origem à coleção Luminárias Assinadas 2015, com produtos criativos, design limpo e soluções contemporâneas.
Bruno Faucz, Carlos Fortes, Carolina Armellini e Paulo Biacchi (Fetiche Design), Maneco Quinderé, Ricardo Heder, Mariana Betting Ferrarezi e Roberto Hercowitz (Em2 Design), e Nódesign tiveram total liberdade para conceber suas peças. Com inspiração nos universos da arquitetura e da cenografia, cada uma delas traz, com diversão, sofisticação e funcionalidade, o DNA de seus criadores.
Bruno Faucz - Luminária Cipó e Linha Twiggy
O designer catarinense mesclou funcionalidade, minimalismo e diversão em suas criações. A primeira delas, Cipó, é um híbrido de luminária e prateleira. Com orifícios na extremidade, acomoda um pendente com fio elétrico colorido. Já a linha Twiggy traz duas peças – um abajur e uma mesa lateral – que mesclam madeira e metal com linhas retas e arredondadas.
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Carlos Fortes - Linha Muxarabi
Aliando estética, funcionalidade e economia à inspiração nas tradicionais janelas e varandas treliçadas da arquitetura árabe, o designer criou dois pendentes que lançam nas paredes belos efeitos de luz e sombra. Nas cores preto e branco, usam lâminas sobrepostas de madeira recortada a laser para criar tramas mágicas.
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Em2 Design - Luminária Carry On
A luminária Carry On, criação do estúdio formado pela dupla Roberto Hercowitz e Mariana Betting Ferrarezi, faz uma releitura divertida dos já clássicos pendentes industriais. A estrutura de aço ao redor da lâmpada simula a posição de um feixe de luz e pode ser pendurada na parede ou apoiada na mesa.
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Fetiche Design - Luminárias Farol e Farolete
O estúdio de Paulo Biacchi e Carolina Armellini abraçou referências náuticas e vintage e uniu a leveza do acrílico à qualidade do alumínio para criar o pendente Farol e a luminária de mesa Farolete. Com formas simples e cores do universo navy – azul, vermelho e branco – as peças recriam os objetos usados pelos marinheiros.
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Maneco Quinderé - Linha Grampho
O lighting designer do Piauí usou sua experiência como cenógrafo para criar as luminárias de piso e de teto da linha. Com sotaque retrô, as peças trazem inspiração em um gramofone que Quinderé tinha em casa. O destaque fica por conta do LED âmbar que elas possuem no alto da cúpula, que lança um foco dramático de luz no ambiente.
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Nódesign - luminária #Prontofalei e linha Versa
Enquanto a #Prontofalei traz personalidade lúdica e splashes de cor, a linha Versa aposta na sofisticação do mobiliário como referência. A primeira, formada por um corpo humanoide de alumínio e uma placa acrílica, convida o usuário a deixar uma mensagem com caneta de tinta removível. Já a segunda, composta por uma luminária de mesa, uma de teto e outra de piso, faz uma reinterpretação da estética clássica que se adapta muito bem a espaços requintados.
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Ricardo Heder - Luminária Fidalga
Quase uma instalação, a peça criada pelo renomado designer brasileiro busca proporcionar liberdade ao usuário, já que pode ser instalada em qualquer altura, lugar ou posição.
Uma das vantagens de habitar uma casa com um pedaço de área verde é poder criar uma horta e preparar receitas com ingredientes orgânicos plantados e colhidos com amor. Foi pensando em levar esse pequeno luxo para os habitantes de apartamentos e casas de São Paulo – a cidade de pedra – que surgiu o projeto Horta Arte Gourmet.
A ideia surgiu quando Davi Moraes se deparou com um palete na garagem de sua casa, colocou a mão na massa e o transformou em um canteiro. "Quando revesti a peça com espelhos, ela se tornou um sucesso entre meus amigos", conta o estudante de Marketing.
O plano ganhou força quando surgiu uma feira de projetos em sua faculdade. Foi quando o amigo Eduardo Alves entrou na história e formou com ele a parceria que daria origem ao Horta Arte Gourmet. "As coisas foram acontecendo muito naturalmente. Como eu e o Eduardo já tínhamos experiência com a terra, já que nossos pais têm sítio, unimos o útil ao agradável".
Enquanto os dois buscavam cursos de especialização na área, as hortas suspensas com ornamentos de azulejos, cordas e elementos rústicos foram passando de boca a boca e chegaram ao conhecimento de Bia Goll, dona do Otto Bistrot, no bairro paulistano da Consolação. Ao mesmo tempo em que contratou a dupla para levar o trabalho para seu restaurante, incutiu neles o conceito de alimentos orgânicos e cedeu o espaço para que dessem workshops de horticultura para crianças. "Acho muito importante apresentar para os pequenos o contato com a terra. Vivemos em um mundo em que as pessoas não se conectam mais com o planeta", conta Moraes.
E com a mesma naturalidade com que o Horta Arte Gourmet surgiu, ele segue seus passos e a ligação com a natureza se tornou mais intensa. Além de reutilizar madeira de descarte – dentre as quais a dupla já encontrou até madeira de lei, como a peroba – as hortas artesanais são entregues de bicicleta e montadas na casa do cliente. "Gostamos de fazer tudo na frente deles, para que aprendam e comprem a ideia. Além de trazer vegetais sem agrotóxicos, estamos plantando a semente de uma vida mais verde."
A arquiteta Leila Dionizios costuma adotar algumas estratégias em seus projetos para torná-los especiais e únicos. O equilíbrio entre o clássico e o moderno, a introdução de pitadas de cor em meio a uma base neutra e a escolha de tecidos e materiais com toque macio e aconchegante são algumas delas. Para esse apartamento de 320 m² na Barra da Tijuca não foi diferente. O imóvel pertence a um casal maduro com duas filhas adultas, que moram fora do Rio, mas que visitam os pais com frequência aos finais de semana.
Para atender as necessidades do casal, que estava em busca de um estilo leve, com ambientes claros e amplos, foram feitas algumas modificações na planta original. O escritório, por exemplo, foi aberto para a sala de jantar, podendo ser fechado por portas de correr, de acordo com o interesse dos usuários.
Por todos os ambientes predominam tons suaves e revestimentos nobres, como o mármore (Marmoraria Royal) no piso. Os matizes mais dramáticos foram reservados para detalhes como a poltrona berinjela do home, as telas pinceladas de vermelho nas paredes e a mesa em laca preta na sala de jantar.
No living, a presença marcante da madeira com acabamento mais rústico evidencia a preocupação em tornar o espaço acolhedor, mas sem perder a pegada mais natural e descontraída. No ambiente há peças fornecidas pela Finish, Artefacto e Way Design.
Integrado ao living há o home theater, que recebeu tratamento especial para garantir ótimo conforto acústico aos seus usuários. Nas paredes foram instalados painéis acústicos de tecido em tom cru, com pequenos rajados em preto. Já no teto foi colocado um painel translúcido (Hunter Douglas) com alto índice de absorção acústica, e que também cumpre a função de luminária.
Leila conta que o projeto de iluminação foi desenvolvido com a intenção de valorizar as texturas e os revestimentos utilizados no projeto. Para tanto, foi criada uma iluminação mais geral, embutida em rasgos e em cortineiros, incrementada com focos estratégicos direcionados para telas e móveis de destaque. Todas as luminárias e circuitos de automação foram fornecidos pela Vigolucci.
Um ambiente especialmente apreciado pelo casal de moradores é a varanda gourmet, utilizada por eles para passar momentos agradáveis junto à família e aos amigos. O lugar foi equipado com chopeira, frigobar, churrasqueira e TV. Também recebeu mobiliário Tidelli, incluindo banquetas de fibra trançada, e marcenaria executada pela Colodetti. Um pequeno mosaico confeccionado com ladrilho hidráulico na parede junto à pia adiciona personalidade ao décor e faz uma referência nostálgica aos bares do Rio antigo.
Para o quarto de casal o design de interiores procurou criar um ambiente sofisticado e acolhedor, em sintonia com o conceito utilizado no restante do apartamento. Na hora de definir cores e revestimentos, as escolhas recaíram sobre a madeira e sobre os tons de bege e fendi. Destaque para o papel de parede utilizado na cabeceira da cama (Orlean) que confere um charme sutil ao ambiente.
Localizado na cidade histórica de Laguna, o Cabo de Santa Marta é um lugar muito procurado na costa catarinense por suas praias desertas e por ter algumas das paisagens mais estonteantes do estado. Nesse cenário paradisíaco, um casal de jovens empresários decidiu construir um refúgio confortável para reunir a família e amigos em férias e feriados. Amantes da vida ao ar livre e da boa mesa, eles queriam que a construção tirasse proveito da paisagem, trazendo a natureza para os interiores o máximo possível.
Os arquitetos Marcos Sônego, Michele Lindemann e Brunna Canto da Silva deram formas concretas a esses desejos. Para a família, eles projetaram uma residência de 336 m² de área distribuídos em dois pavimentos e um subsolo. O fato de o lote adquirido pelo casal estar dentro de um condomínio fechado, ampliou as possibilidades para a produção de uma arquitetura mais permeável, onde a transparência pudesse ser mais facilmente explorada, sobretudo no térreo, onde estão alocados os espaços de vocação social.
Com linhas puras e elementos sóbrios, a casa foi erguida diante da paisagem de modo muito respeitoso e elegante, combinando paredes de concreto aparente com acabamento frisado, brises de madeira e vidros laminados. No lado externo também se sobressaem o deque de madeira e a pérgola de concreto, que ajuda a controlar a insolação e, de modo sutil, reduz a altura do pé-direito na varanda.
Com amplos vãos livres e balanços, a estrutura tem pilares muito esbeltos. Graças ao esquema estrutural utilizado foi possível garantir integração máxima aos ambientes de convívio. Cozinha, jantar, estar e varandas compõem quase que um único pavilhão livre de barreiras visuais. Associada às amplas aberturas de vidro, a união dos ambientes teve, ainda, o papel de democratizar a vista para o mar e favorecer a ventilação natural. Basta olhar para fora para visualizar e sentir a natureza.
A decoração procurou manter-se fiel ao propósito de criar espaços amplos, claros e fluídos. O mobiliário fornecido por Pierini Móveis, Italsofa, Saccaro e Sierra tem design discreto deixando que os revestimentos se sobressaiam. Nesse ponto, destacam-se as paredes com aplicação de mármore travertino romano (Palimanan), bem como o forro e as paredes superiores do living com lambris de freijó. No piso a opção foi por revestimento cerâmico em placas de grandes dimensões que remetem à rusticidade do cimento. Para a extensa bancada em ilha que acomoda fogão, cubas, banquetas e serve de apoio ao conjunto gourmet, a opção foi pelo elegante silestone branco.
Marcos Sônego conta que o projeto de iluminação foi concebido de acordo com a função de cada espaço, buscando o equilíbrio entre aconchego e sofisticação. A iluminação pontual foi utilizada nas áreas de trabalho, como na bancada da cozinha, e em pontos estratégicos para valorizar os revestimentos e texturas das paredes. No estar, os pendentes fornecidos pela New Line iluminam de forma geral, preenchem o pé-direito duplo de seis metros e proporcionam um ar leve e contemporâneo.
Engastada na parede do living, a escada revestida com mármore travertino conduz o usuário ao pavimento superior onde se tem acesso a uma passarela que parece flutuar sobre o estar. Desse ponto é possível chegar às quatro suítes, todas elas com janelas que se estendem até o chão e com uma atmosfera suave, obtida com o uso de tecidos naturais, tons neutros e marcenaria leve.
Famoso por assinar inúmeras lojas de grifes do calibre de Chanel e Louis Vuitton – e por só vestir couro preto –, o arquiteto Peter Marinoé o grande homenageado do mês em Miami. No Bass Museum, a mostra One Way: Peter Marino exibe parte de sua coleção pessoal de arte, composta por obras de Anselm Kiefer, Damien Hirst, Vik Muniz e outros contemporâneos de peso. Já no Design Miami, ele recebe a edição inaugural do Design Visionary Award, prêmio por suas realizações na arquitetura e no design, além de um espaço para expor as criações de sua autoria que converteram esse motociclista nova-iorquino em um dos pilares do setor de luxo. “Quando comecei, os arquitetos ‘sérios’ esnobavam esse nicho; peguei para mim”, diz the Pedro, como é conhecido, em entrevista à Casa Vogue.
A residência de Andy Warhol foi seu primeiro projeto solo. Como isso aconteceu? É verdade, tudo teve início com Andy, no final dos anos 70. Eu já trabalhava por conta própria, ele me pediu para reformar sua casa na rua 66, em Nova York, uma área de 740 m², onde morou até morrer, em 1987. Em seguida, foi a vez do novo prédio da Factory (o ateliê de Warhol) na Union Square. Ele disse apenas: “Quero meu estúdio aqui, a sala de reunião ali”. Eu era muito jovem, tudo era informal. Aprendi um bocado e também me diverti bastante.
E as cultuadas Boxes, a série de caixas de bronze de sua autoria expostas nas duas mostras em sua homenagem em Miami? São obras de design na fronteira da arte, não? Sempre gostei das ideias do baú do tesouro e da caixa de joias que guardam algo semiprecioso, mágico. Minhas Boxes são peças únicas, inspiradas nos baús medievais, feitas de bronze dourado ou prateado, ou patinadas de preto. Trazem uma forte carga sensual, assim como o couro.
O que o levou a esboçar uma arquitetura que se instalou na fronteira da arte, da moda e do design? Nos meus projetos, sempre convidei artistas e designers a colaborarem comigo desde o início. Não vejo a arquitetura contemporânea como algo fechado, é uma manifestação intimamente envolvida com a arte e o mobiliário, como ocorria na Renascença, do final do século 15 a meados do século 16. Esse é meu grande diferencial frente aos outros escritórios. A união da arte com a arquiteturainduz as pessoas a terem experiências inusitadas. Esse confronto me agrada.
Agora fale sobre o Peter Marino colecionador de arte e de sua famosa coleção. Ela começa lá atrás, com antiguidades, porque não existe arquiteto que não sinta fascínio pela Grécia clássica ou atração pela Roma antiga, são conceitos introduzidos na faculdade. Minhas primeiras obras foram duas polaroids do artista plástico Lucas Samaras, compradas na Pace Gallery, em Nova York, que fica próxima do escritório de arquitetura Skidmore, Owings & Merrill, onde fiz meu primeiro estágio. Senti um calafrio ao assinar o cheque: era certo fazer aquilo? Hoje, coleciono livros raros, prata, porcelana, ilustração, fotografia, escultura, antiguidades e obras contemporâneas. Coleciono até flores para o meu jardim nos Hamptons, onde desenhei o paisagismo. Alguém ainda duvida que tenho uma personalidade multifacetada?
