A família precisava de uma casa para abrigar seus itens queridos, garimpados nas muitas viagens que fazem para diversos destinos do mundo. Eles queriam também espaço para as crianças, com ambientes bem acolhedores, além de uma galeria que exibisse todas suas obras de arte. O terreno para abrigar esses sonhos já existia: trata-se de um belo lote em meio à mata nos arredores da cidade da Guatemala. Coube aos arquitetos do escritório Solis Colomer Arquitectos encontrar soluções para todos os pedidos, e ainda preservar a vegetação existente, de forma que a morada se integrasse ao máximo à paisagem. O resultado é uma construção de tirar o fôlego, composta de vários volumes, ora revestidos de pedras, ora de concreto, ora pintados de branco.
Todos funcionam como grandes vitrines, com suas fachadas repletas de esquadrias de vidro. “Do lado de fora, se veem os espaços internos da casa, assim como as vivências de seus habitantes no dia-a-dia; por dentro, todas as atividades dos moradores são emolduradas por um fundo natural, composto pelas diferentes espécies de árvores, animais e sons do exterior”, conta o arquiteto Roberto Melgran, líder da equipe que trabalhou no projeto. “A construção é a essência da mistura harmoniosa entre o homem e a natureza”, diz.
Internamente, os ambientes são grandiosos, mas a sensação é de aconchego, graças ao assoalho de madeira, aos revestimentos de pedras rústicas e papéis de parede estampados. Distribuídos ao longo dos 1.115 m² que compõem a casa, os espaços ocultam uma surpresa: a galeria, o único ambiente que não tem vidros voltados para o exterior. Ela abriga as obras de arte de artistas latino-americanos colecionadas pelos moradores, e é banhada pela luz natural que passa pela cobertura de vidro durante o dia. “A galeria é um espaço íntimo de contemplação, um lugar de experiências, que se materializam nas obras de arte que ela contém. Em meio aos outros ambientes que a envolvem, ela se define como um cofre de recordações”, completa o arquiteto.
Na hora de construir um ambiente, nada melhor que apostar no contraste de elementos para criar um efeito surpreendente. Na sala de estar acima, o rústico se choca com o sofisticado enquanto o espaço interno se funde com o externo. Para começar, duas mesas de centro – uma esculpida à mão e outra clássica, de finos tubos metálicos – servem de apoio para objetos decorativos de estética oposta. Na primeira, descansa um vaso de metal dourado enquanto a segunda serve de base para uma pequena escultura de madeira. O sofá de elegantes linhas retas ganha almofadas de estampas orgânicas e uma manta de lã de ovelha. Graças à abundância de luz, uma trepadeira cresce em um dos cantos, criando a ilusão de que, em vez de sala de estar, o cômodo é um aconchegante quintal protegido do sol direto.
Em poucos lobbies do mundo é possível tomar chá com vista para uma tela como a Big Retrospective Painting, de Andy Warhol, com 11 metros. Ou jantar cercado pelo conjunto de pinturas Les quatre saisons, de Camille Pissarro. Estas e outras obras raras estão entre as mais de 100 que integram a coleção do The Dolder Grand.
O hotel de luxo localiza-se em uma antiga estação de cura de 1899, nas montanhas às bordas de Zurique. Da janela dos quartos, hóspedes apreciam a vista para a cidade, o lago e os Alpes.
O prédio tradicional, com torres pontiagudas e telhados de duas águas, foi completamente transformado em 2008. A equipe de obras demoliu todos os prédios recentes e criou duas asas com arquitetura contemporânea – dedicadas ao spa e ao golfe – ao redor da construção. O arquiteto Norman Foster, vencedor do Pritzker de 1999, orquestrou a reforma.
O chef Heiko Nieder comanda o restaurante, que conquistou duas estrelas no Guia Michelin com seus pratos leves e contemporâneos. Entre as delícias estão lagosta com coco, amendoim, manga e manjericão-de-folha-larga; batata com ovo, cebolinha e caviar beluga; além de robalo e ouriço do mar com chorizo, pepino, amêndoas e laranja. O amor pela experimentação se estende ao menu de sobremesas, no qual Nieder não teme usar vegetais.
O spa mistura influências japonesas e europeias, com saunas, banhos de vapor e
tratamentos para os pés. Hóspedes podem mergulhar em seixos aquecidos na terapia do Sunaburo ou em piscinas aromáticas. E, ao ar livre, é possível se aquecer em uma generosa hidromassagem.
A opulência do espaço atraiu personalidades como o príncipe William, o ex-presidente Bill Clinton e o astro Leonardo DiCaprio. O ator se sentiu tão confortável durante a estadia no espaço que se misturou aos outros hóspedes para usar o spa e explorar o lobby. Por este e outros motivos, não é de surpreender que o estabelecimento cinematográfico tenha servido como set para o filme Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres, com Daniel Craig e Rooney Mara.
A teoria do hedonismo surgiu na Grécia antiga para designar o prazer como o bem maior da vida humana. Com o passar dos séculos, o termo ganhou outro significado na linguagem comum e passou a indicar uma busca egoísta de prazeres momentâneos. Foi com base em tais conceitos que os arquitetos portugueses Nuno Pimenta e Frederico Martins construíram uma versão miniatura e ecofriendly das casas de vidro de Mies van der Rohe, a pequena hospedaria The Hedonist.
A casa, formada de andaimes reaproveitados, pallets de madeira e placas de fibra de vidro fazia parte do projeto Hotel Shabby Shabby, idealizado pelo Theater der Wellt 2014 festival, na cidade alemâ de Mahhein. Durante evento, 22 quartos temporários foram erguidos por artistas, designers e arquitetos de todo o mundo em locais inesperados da cidade. Cada uma deles não poderia ultrapassar o orçamento de €250.
A estrutura de The Hedonist, instalada na margem do rio Neckar, foi pensada para proporcionar diversas experiências para aqueles que ali se hospedavam. Durante o dia, oferecia vistas da natureza. De noite, as cortinas podiam ser fechadas para aumentar a privacidade ou, graças a oito lâmpadas penduradas no teto, a habitação tornava-se um cubo luminoso de luz vermelha.
"O cômodo ganhou esse nome porque ele se adapta ao usuário. Pode significar a interpretação de felicidade de cada um ou simplesmente um estado transitório de mente – seja isso acordar com uma bela vista de 360° ou passar uma noite excitante com alguém", explica Nuno Pimenta. "The Hedonist reflete o bem e o mal, o branco ou o vermelho, a opacidade ou a transparência, a timidez ou o exibicionismo."
Para conhecer os outros projetos, acesse a página do Facebook Shabby Shabby
De acordo com o psicólogo Dan McAdams, o se humano têm a tendência de construir narrativas para dar significado ao que acontece em seu redor. A designer Joyce Wang parece dominar tal arte, já que seu mais recente projeto, o não menos que deslumbrante restaurante Moot 32, foi premiado como o Interior do Ano no Inside Festival, em Singapura. Para dar vida aos suntuosos espaços que ocupam o porão do Standard Chatered Bank, na parte central de Hong Kong, a chinesa vislumbrou uma história fantástica e cheia de mistérios que se revela na decoração maximalista.
"O restaurante conta a história do porão de um importante banco e de como ele evoluiu com o tempo. Imaginei um espaço em que ricos imigrantes chineses esqueceram suas valiosas heranças familiares e que, mais tarde, tornou-se o dormitório dos empregados dessa empresa", explica Joyce. "As peças históricas teriam sido abandonadas organicamente e o processo de criação se baseia nisso. Camadas sobre camadas de referências ecléticas contam uma trajetória autêntica, passando a impressão de que o lugar sempre existiu e nunca passou por um projeto de design. Cada objeto é um pista da história política e social da cidade."
Para dar origem a esse universo onírico, objetos e mobília garimpados se unem a outros feitos sob medida. Acessórios vintage de propaganda chinesa, cadeiras dinamarquesas feitas de treliça, talheres britânicos do início do século 20 e candelabros cinquentistas dos Estados Unidos da América se unem em uma heterogênea harmonia. "A impressão que fica é que o estilo dos ambientes se formou da mistura entre os lifestyles de seus antigos ocupantes", completa a designer.
Para tornar o espaço sem janelas menos claustrofóbico, a atenção foi deslocada para os aparatos. Tanto que o acesso ao Mott 32 já é uma experiência em si. Como o restaurante está dentro do prédio de um banco, o caminho ganhou ares de aventura e exclusividade. Uma cadeia de lustres industriais, drapeados nas paredes e painéis de espelhos facetados tornam a entrada triunfal. Ao chegar no salão, diferentes estratégias de iluminação criam moods e ambientes personalizados.
Na sala de jantar principal, inúmeras narrativas logo chamam a atenção. "Uma janela que abre para a cozinha principal e revela o trabalho dos chefs, que é cercado de instrumentos metálicos, patos pendurados por ganchos e um enorme fogão. Em contraste, as salas de espera foram elegantemente revestidas por seda bordada – um vestígio da Dinastia Qing –, e acabamentos modernos. No teto desse espaço, uma claraboia foi projetada nos moldes das colunas octogonais do Standard Chartered Bank, para dar a impressão de luz do dia". Para completar esse rico cenário, um bar no estilo boticário ostenta armários vintage, um balcão de mármore sólido e luminárias de corda custom-made.
O estabelecimento ainda possui salas privativas que materializam outros minicontos. A primeira delas, mais íntima e com um ar de conspiração, se abre através de uma porta de cofre e dispõe de uma única mesa de bambu com bandeja giratória de bronze. A segunda – a maior delas –, guarda uma enorme coleção de lustres antigos com tradicionais portas sanfonadas de vidro texturizado. "Neste espaço há uma grande luminária inspirada nos antigos ábacos que fica sobre mesas de jantar Mahjong. As paredes foram decoradas com vasos chineses antigos", detalha Joyce.
A sala batizada de 10 Downing Street, um resgate do passado colonial de Hong Kong, adiciona um toque surreal ao repertório do restaurante. Uma parede de tijolos abandona sua tradicional monotonia para dar forma a uma intrigante ondulação de onde brotam misteriosas lâmpadas. Por fim, a sala Tangerine surpreende com centenas de pincéis chineses de tamanhos variados pendurados em cada um dos lados. O teto em forma de cúpula e o espelho antigo que alonga o lugar criam uma experiência quase cinematográfica.
E nem o banheiro escapa do clima. Inspirado em cofres privados, traz pesadas portas metálicas, acolchoamentos de couro e uma pia central que transborda drama.
Para a criação de um chocolate, pode-se escolher experimentar nos ingredientes, na composição, no país de origem do cacau, na técnica do chocolatier, entre muitos outros fatores. Mas Nendo, como bom designer, decidiu explorar intensamente a forma.
O resultado são os Chocolatexture Sets, nove chocolates que têm exatamente o mesmo tamanho (26 x 26 x 26 mm) e sabor, mas com grandes diferenças na textura, que alteram significativamente a sensação que se tem ao consumir o produto.
Os chocolates, em edição limitada de 400, e estarão a venda no Chocolatexture Lounge, espaço desenvolvido pelo arquiteto para a 20ª edição da feira Maison & Objet, que acontece em Paris de 23 a 27 de janeiro e para qual foi escolhido designer do ano. Corra lá para garantir o seu!
Trabalhar com a efemeridade é um desafio que traz para a mente de quem o aceita uma nova forma de ver a vida. A obra do italiano Leonardo Ulian eleva esta lição a um nível mais alto ao combinar dois elementos que são verdadeiras odes à transitoriedade: a tecnologia e as mandalas. O primeiro é um exemplo de finitude graças à constante evolução de gadgets e acessórios. Feitos para durar por apenas alguns anos, objetos que revolucionam a vida do usuário em um dia, acabam virando sucata no outro. O segundo, que surgiu como um exercício tibetano realizado pelos monges, necessita de horas ou dias de dedicação para o surgimento de uma beleza fadada a ser destruída.
Foi para fazer um paralelo improvável entre as duas fontes tão diferentes que o artista radicado em Londres criou a série Technological Mandalas. "Combinar estes mundos opostos é uma maneira de sublinhar o fato de que a tecnologia eletrônica se tornou fundamental na vida contemporânea, algo a se louvar", conta ele. "As mandalas são verdadeiras obras de arte e de paciência que podem ser destruídas facilmente depois de dias de trabalho. O mesmo acontece com todos esses acessórios eletrônicos essenciais em nossa vida."
O interesse pelos chips coloridos e fios brilhantes que formam rádios, celulares e computadores apareceu quando Ulian era apenas um garoto. A curiosidade infantil de descobrir o que há dentro dos itens do dia a dia acabou evoluindo para os trabalhos que ele chega a levar 10 dias para concluir. "Pode parecer uma dúvida óbvia, mas ainda hoje me pergunto como funcionam esses objetos sobre os quais ninguém questiona o funcionamento. A descoberta é, para mim, como um processo mágico, alquimia."
Para dar origem às mandalas hi-tech, o artista cria para si um sistema de regras, impedimentos e erros que permite a ele pernsar de forma concreta em algo belo. "Criar mandalas é um exercício puro e fascinante de geometria. Uma representação ordenada que é usada para explicar algo que provavelmente não tem nada a ver com a geometria: o significado de tudo que percebemos ao nosso redor como seres humanos." O resto é pura intuição. "E não há uma forma de acelerar o processo de produção. É apenas uma questão de estar na peça com calma e sem pressa. É como meditar."
Ulian também criou uma série chamada Microchips Synapses – na qual usa os pequenos processadores e fios de cobre para mimetizar as conexões entre as células do cérebro – e totens compostos por livros e fios. Suas novas peças ganharão uma exposição solo que acontecerá, em março, na The Volta New York Art fair, um sinal de que, ao unir duas facetas da efemeridade, talvez o artista tenha conseguido driblá-la.
Entre galerias ocidentais e orientais, 145 delas dividem o centro de convenções do resort de luxo Marina Bay Sands Singapore - o complexo é o segundo mais caro do mundo, e custou mais de US$ 5 bilhões. Em seu primeiro dia de abertura, a feira recebeu cerca de 7 mil convidados, que puderam observar (e comprar) obras de artistas renomados, como Andy Warhol, e também artistas emergentes, como Zul Mahmod. Criada para representar o sudeste asiático, são 34 galerias de Singapura, oito das Filipinas e dez da Malásia.
Art Stage Singapore
Data: de 22 à 25 de janeiro
Local: Marina Bay Sands Singapore
Endereço: 10 Bayfront Avenue, Singapore 018956
Air in Different Colours, de Lu Zhengyuan, na Philippe Staib Gallery
Fotografia Hiding in Paris - Pharmacy, de Liu Bolin, na Galeria Paris-Beijing
Northerly, de Jovian Lim, na Clear Edition & Gallery
Foodchain, de Jee Young Lee, na Opiom Gallery
Tree... #4, de Myoung Ho Lee, na Gallery Hyundai
Mount Athos, de Masanori Handa, na Ota Fine Arts
There, de Ahn Doojin, na Leehwaik Gallery
Untitled, de Taisuke Koyama, na G/P + g3 Gallery
Ottavio Tazzi & Glove Save the Queen, de Omar Hassan, na Contini Art UK
Long Take - Slow Dissolve, de Robert Boynes, na Brenda May Gallery
Love Interlaced No. 7 , de Thanawat Promsuk, na La Lanta Fine Art
Unknown Country in the Deep Forest, de Chisato Tanaka, na Kobayashi Gallery
Tahiti Rain Song, de Jewels Stevens, na Kick Gallery
Marilyn Monroe (John F. Kennedy), de Kim Dong Yoo, da Leehwaik Gallery
Cloud, de Leandro Erlich, na Art Front Gallery
Chrome Meltdown Mini, de Desire Obtain Cherish, na UNIX Gallery
I Keep Up With Art, de Desire Obtain Cherish, na UNIX Gallery
Depois de levar um soco, a obra Argenteuil Basin with a Single Sailboat, de mais de 130 anos, ficou com um buraco
O irlandês Andrew Shannon entrou na National Gallery of Ireland e fez o que ninguém esperava: esmurrou uma das obras mais preciosas do museu, a pintura Argenteuil Basin with a Single Sailboat, de Claude Monet.
Na ocasião, homem foi condenado a cinco anos de prisão, mas o estrago já estava feito.
Restaurar o quadro estimado em US$ 12 milhões exigiu dos profissionais do museu um esforço de 18 meses – tempo suficiente para construir uma casa, por exemplo. Mas como se faz para dar nova vida a um trabalho de 1872 cujo autor, é claro, morreu há muitas décadas?
O primeiro passo foi removê-la da moldura, tomando o cuidado de prender bem frente e verso. Os restauradores instalaram adesivo sobre a imagem, para fortalecer a pintura.
A seguir, os técnicos começaram a "recosturar" os fundos, unindo as bordas rasgadas. Com a ajuda de um microscópio e ferramentas de precisão, os profissionais uniram fio por fio. Só então foi possível virar a obra para cima e retirar o adesivo – bastou umedecer um pouco, o que exigiu boas doses de habilidade e coragem.
Boa parte da pintura ficou danificada após o incidente
A pintura original: um dos tesouros do museu
O dano foi tão grande que os funcionários precisaram reforçar a tela com tecido de linho, materiais sintéticos e filme termoplástico adesivo – tudo isso em pouco mais de um milímetro de espessura. Os técnicos sabiam que mais de 100 fragmentos da tinta endurecida se descolaram do quadro no dia do ataque. Eles foram coletados e guardados até poderem voltar à pintura. Detalhe: os pedaços mediam entre 0,3 e 1 mm.
Alguns fragmentos da tinta original se perderam para sempre. As porções da tela afetadas receberam uma mistura de giz e gelatina. O material foi tingido com as cores da tinta original. Caso seja preciso removê-lo, a pintura sai com água e pode ser detectada com luz ultravioleta.
Só então o quadro voltou para a parede – dessa vez protegido por um vidro anti-reflexo e reforçado com uma grade no verso. Todo esse esforço valeu a pena, já que o quadro em questão é uma verdadeira obra-prima!
Restauradores aplicam adesivos sobre a tela
O tecido foi reparado fibra a fibra
Retirada dos adesivos
Técnico reforça a tela com com tecido de linho, materiais sintéticos e filme termoplástico adesivo
O delicado momento de devolver a tela ao seu suporte original
Os restauradores fixaram de volta fragmentos milimétricos
Funcionária dá os últimos retoques com a ajuda de um microscópio
Morar em uma das cidades mais charmosas do mundo requer, em alguns casos, criatividade. Ainda que em um espaço minúsculo, estar em Paris já basta, diriam muitos. E se for preciso se adaptar às pequenas dimensões de moradia, tudo bem, afinal você está na Cidade Luz. E, embora não tenha sido este o mote do escritório de arquitetura Kitokopara este projeto de apenas 8 m², com certeza, quem o habita tem pensamento semelhante.
De olho nos quartos de empregada, que por muito tempo foram considerados pouco atrativos e isolados nas belas construções de estilo Haussmann, sendo usados frequentemente como sótãos, eis que surgiu a proposta de transformar um pequeno espaço pouco atraente em um lugar superfuncional, mas com charme e que atendesse às condições confortáveis de moradia.
Diante desta necessidade, o escritório colocou em prática a inventividade arquitetônica aliada à expertise em design de interiores, conseguindo, inclusive, valorizar a vista frontal e a entrada da luz do sol.
Apesar da área reduzida, o local teria de permitir atividades como dormir, cozinhar, comer, lavar, trabalhar e armazenar o máximo de itens. E aí entrou em cena o conceito de canivete suíço, o que tornou possível congregar todas as necessidades de um morador na diminuta área. Na prática, o canivete suíço é uma simples faca, que conta com o sistema de puxar e dobrar, proporcionando uma infinidade de ferramentas em um objeto pequeno. Dessa forma, o novo quarto da empregada se transformou em uma transcrição modular deste objeto, com elementos de armazenamento: uma cama, uma mesa, um guarda-roupa, uma escada, uma minicozinha e um banheiro, todos completamente integrados a um grande gabinete e que pode ser desdobrado, de acordo com as necessidades. E quando todos os elementos estão guardados neste grande gabinete, a área do cômodo fica liberada para circulação.
Para atingir o conceito de multifuncionalidade em sua plenitude, foram usados armários modulares e embutidos, tudo devidamente planejado em seus mínimos detalhes. E isso inclui os tons usados nas paredes e nos armários – cinza e branco –, que proporcionaram amplitude onde era praticamente impossível visualizar esta ideia. Sendo assim, a falta de espaço aliada à necessidade de um ambiente multifuncional, vista no primeiro momento como uma restrição bastante complexa, resultou, ao final, na grande ideia deste projeto.
Assim como os planetas, as estrelas percorrem as galáxias seguindo órbitas. O caminho dos gigantescos corpos celestes inspirou o designer português Luis Meneses na criação da luminária Stardust, para a marca Delightfull.
Com sete braços, cada um com uma lâmpada incandescente na ponta, a luminária lembra um candelabro. No entanto, suas hastes não são fixas: giram em trajetórias circulares, já que estão fixadas em pares nos três pedestais rotatórios da base.
A diferença de altura entre hastes cria movimento e passa a impressão de que a peça é mais larga do que seus 40 cm e mais alta do que seus 1,49 m. As dimensões permitem ocupar cantos da casa com sua luz quente – os designers sugerem usá-la em ambientes como salas de lareira ou lobbies.
As peças são produzidas artesanalmente no Porto, com tubos de latão encaixados de maneira telescópica. O metal recebe polimento ou revestimentos como níquel, ouro e cobre. A ideia é refletir o brilho das lâmpadas e transmitir sofisticação.
Apesar de ter crescido em uma fazenda - buscando água no poço artesanal e cozinhando em fogão à lenha -, foi na cidade, mais especificamente em São Paulo, que a chefEdir Nascimento fez história e conheceu uma de suas paixões gastronômicas: o autêntico pastel de feira.
Com cursos no Le Cordon Blue, em Paris, e o comando de restaurantes como o Alucci Alucci no currículo, a proprietária do 339 Gastronomia fez questão de criar a sua própria versão, mas com toques de gourmet: no lugar da carne do recheio, moqueca de siri e, para acompanhar, molho de bobó de camarão.
Como sexta é um dia ideal para ir à feira em São Paulo, Edir fez questão de compartilhar com os leitores de Casa Vogue seu pastel favorito. Veja o passo a passo abaixo e bom apetite!
Pastel de moqueca de siri com molho de bobó de camarão
Para 8 pessoas
Ingredientes
Preparo
• Massa de pastel comprada na feira
• 1 litro de óleo de milho
Recheio
• 1 kg de carne de siri bem fresca
• 1 pimentão vermelho picado
• 3 tomates maduros cortados em cubinhos
• 1 cebola picada
• 3 colheres de sopa de azeite
• ½ vidro de azeite de dendê
• 1 vidro de leite de coco
• 1 pimenta dedo-de-moça
• 3 dentes de alho amassados
• 1 colher de sopa de cheiro verde picado
• Sal e pimenta a gosto
Molho de bobó de camarão
• 1 kg de camarão de tamanho médio
• ½ kg de camarão pequeno
• ½ kg de mandioca descascada
• 1 pimentão vermelho
• 1 tomate cortadinho
• 1 cebola
• 1 vidro de leite de coco
• Azeite de oliva
• 3 colheres de sopa de azeite de dendê
• Sal e pimenta do reino a gosto
• Coentro e cebolinha a gosto
Modo de preparo
Recheio
• Refogue o alho no azeite, junte a cebola e a carne de siri. Deixe apurar.
• Acrescente o pimentão, o azeite de dendê, o leite de coco e a pimenta dedo-de-moça cortada em rodelas (sem sementes). Refogue em fogo baixo e junte o cheiro verde.
• Deixar esfriar para rechear os pastéis.
Molho de bobó de camarão
• Refogue os camarões pequenos e as cascas dos camarões grandes. Junte a cebola, o tomate e a mandioca cortada, além do alho.
• Quando a mandioca estiver mole, bata tudo no liquidificador, até virar um creme. Coe e leve de volta a uma panela.
• No fogo, junte o dendê, os camarões médios o leite de coco, o cheiro verde, a pimenta dedo de moça e deixe cozinhar por cinco minutos.
Finalização
• Faça pastéis do formato e do tamanho que mais gostar (para o rendimento sugerido, o tamanho é médio).
• Para servir, coloque numa travessa, com uma molheira no meio, contendo o molho de bobó.
Good Medicine, 2014, impressão sobre página de livro, grafite e cartão postal, Piti Tomé, 106 x 98 cm
Paulistanos e turistas terão a oportunidade de conhecer artistas plásticos sem galeria em São Paulo. Três exposições na cidade prometem oxigenar o circuito cultural entre os meses de janeiro e fevereiro.
A 6ª edição do Salão dos Artistas sem Galeria, idealizado pelo Mapa das Artes, promove exposições na Zipper e na Sancovsky, antiga galeria Arterix. Com o objetivo de facilitar uma entrada no mundo das artes, o evento traz criadores que não tenham representação na cidade de São Paulo.
Os selecionados de 2015 foram Andrey Zignnatto, Charly Techio, Cida Junqueira, Evandro Soares, Fernanda Valadares, Lucas Dupin, Marcos Fioravante, Myriam Zini, Piti Tomé e Thais Graciotti.
Corpo Sólido, 2014, Matias Mesquita, óleo sobre placas de cimento, 78,5 x 140 x 12 cm
Após a abertura, o júri fará uma votação para definir o ganhador do prêmio. O escolhido ganhará individual na Orlando Lemos Galeria, em Nova Lima (MG), simultânea à coletiva com os dez selecionados, que acontece entre 7 e 29 de março.
Os 145 artistas inscritos para o salão foram convidados a escolher as suas galerias preferidas. A Zipper saiu na frente, com 30 votos.
É também na casa paulistana que expõe Matias Mesquita, carioca radicado em Brasília e sem vínculo com galerias paulistanas. A mostra Traços de Impermanência traz pinturas que retratam nuvens do céu do centro-oeste brasileiro. Compostas com óleo sobre placas de concreto, as obras contrastam a efemeridade do vapor de ar à rigidez do cimento. "Imagem e matéria, que supostamente seriam opostos sustentando-se num sensível equilíbrio simbiótico, agora fundem-se", explica o artista.
6º Salão dos Artistas Sem Galeria
Data: de 23 de janeiro até 21 de fevereiro
Local: Galeria Sancovsky (antiga Arterix)
Endereço: praça Benedito Calixto, 103, Pinheiros, São Paulo, SP
Horário: de segunda a sexta, das 10h às 19h; sábados, das 10h às 18h30
Data: de 24 de janeiro até 21 de fevereiro
Local: Zipper Galeria
Endereço: rua Estados Unidos, 1.494, Jardins, São Paulo, SP
Horário: de segunda a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 11h às 17h
Data: de 7 a 29 de março de 2015
Local: Orlando Lemos Galeria
Endereço: rua Melita, 95, Jardim Canadá, Nova Lima, MG
Horário: de segunda a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 11h às 17h; domingo, das 12h às 16h
Traços de Impermanência
Data: de 24 de janeiro a 21 de fevereiro
Local: Zipper Galeria
Endereço: rua Estados Unidos, 1494, Jardins, São Paulo, SP
Horário: de segunda a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 11h às 17h
Memórias e paisagem simbólica, 2013, fotografia, Charly Techio, 90 x 60 cm
The Botcher, 2014, pastel sobre papel, Marcos Fioravante, 30 x 40 cm
The Crippler, 2014, pastel sobre papel, Marcos Fioravante, 30 x 40 cm
The Observer, 2014, pastel sobre papel, Marcos Fioravante, 30 x 40 cm
Porque?, 2014, acrílica sobre tela, Myriam Zini, 24 x 18 cm
Tempo-Revés, 2014, instalação composta por caixas e calendário recortado, Lucas Dupin, 40 x 30 cm
Detalhe da instalação Tempo-Revés
Calendários recortados marcam a instalação Tempo-Revés, de Lucas Dupin
Empilhamento, 2013, bloco estrutural de cerâmica amassado, Andrey Zignatto, 65 x 40 x 20 cm
Empilhamento, 2013, bloco estrutural de cerâmica amassado, Andrey Zignatto, 65 x 40 x 20 cm
Contaminação Sobre Canto Virtual 1, 2013, carimbo em acrílica sobre foto da obra “Canto Virtual” de Cildo Meireles impressa em papel, Andrey Zignatto, 90 x 60 cm
Contaminação, 2013, fatias de tijolo de cerâmica, Andrey Zignatto, 20 x 10 x 7 cm
Araçatuba I, 2013, acrílica sobre tela e apropriação de óleo sobre tela de A. Salvador, Cida Junqueira, 104 x 120 cm
343,17,S, 38,30,58,W, 2014, encáustica sobre compensado naval, Fernanda Valadares, 160 x 160 cm
Março, 2013, óleo sobre placa de cimento, Matias Mesquita, 140 x 23 cm
Sem título, 2012, óleo sobre placas de cimento, Matias Mesquita, 100 x 45 cm
Uma maneira simples e cheia de charme para criar diferentes ambientes em um mesmo cômodo é apostar em cores bem marcadas na parede. O local acima, decorado pela francesa Marianne Evennou, é um ótimo exemplo disso. Uma faixa azul marinho com bordas douradas segue do piso ao teto delimitando um pequeno home office. Para aumentar a concisão desse escritório de divisórias virtuais, a escrivaninha e as prateleiras receberam o mesmo tom azulado e se expandem quase até as extremidades cor de ouro. O microespaço fica ainda mais cool graças aos objetos e acessórios. Livros amarelos pontuam energia, organizadores geométricos trazem textura, uma cadeira vintage faz uma brincadeira de temporalidades e uma dupla industrial – a luminária e a lixeira – temperam contemporaneidade.
Improvisação No 1, 1910, óleo sobre tela, Museu Estatal Russo
A partir do dia 27 de janeiro os cariocas terão a oportunidade de conhecer de perto as obras do precursor do abstracionismo nas artes. É a mostra Kandinsky: Tudo começa num ponto que chega ao CCBB do Rio de Janeiro depois de uma temporada de dois meses em Brasília.
Com mais de uma centena de obras e objetos, a exposição feita sob a curadoria de Evgenia Petrova e Joseph Kiblitsky reúne peças vindas do Museu Estatal Russo de São Petersburgo e de outros sete museus russos, além das obras trazidas da Alemanha, da Áustria, da Inglaterra e da França. A coleção, que confronta as obras do artista com outros de suas época e com joias da arte popular do norte da Sibéria, traça uma linha do tempo que reconstrói seu universo criativo e explicita as referências iniciais. Emerge daí um Kandinsky que poucos conhecem no Ocidente.
O rio no outono, 1901-1903, óleo sobre compensado de madeira, Museu Estatal Russo
Kandinsky: Tudo começa num ponto será dividida em cinco blocos. O primeiro deles resgata as raízes da obra do russo com a cultura popular de seu país; o segundo explora o universo espiritual xamanista do norte da Rússia; o terceiro conta a experiência do artista na Alemanha e com o grupo Der Blaue Reiter; o quarto revela o diálogo entre música e pintura através da amizade que ele teve com Schönberg e, finalmente, o quinto desbrava sua relação com seus contemporâneos.
“Ao selecionarmos obras para essa exposição, seguimos a biografia do artista até sua partida definitiva da Rússia, em 1922, e recorremos a suas memórias, artigos e catálogos, especialmente O Cavaleiro Azul e o Salão de Izdebsky. Isso ajuda a entender o contexto no qual se formou um artista plástico como ele", comenta Evgenia.
A mostra, que vem pela primeira vez para a América Latina, parte para Belo Horizonte em 18 de abril e depois para São Paulo, no dia 21 de julho, onde termina sua itinerância de quase um ano pelo país.
Kandinsky: Tudo começa num ponto
Data: de 27 de janeiro a 30 de março de 2015
Local: CCBB Rio de Janeiro
Endereço: Rua Primeiro de Março, 66, RJ
Horário: de quarta a segunda-feira, das 9h às 21h
Igreja Vermelha, 1901-1903, óleo sobre compensado de madeira, Museu Estatal Russo
Amazona com leões azuis, 1918, óleo sobre vidro, Museu Estatal Russo
O rio no verão, 1901-1903, óleo sobre compensado de madeira, Museu Estatal Russo
São Jorge, 1911, óleo sobre tela, Museu Estatal Russo
No branco, 1920, óleo sobre tela, Museu Estatal Russo
Outono, 1901-1903, óleo sobre compensado de madeira, Museu Estatal Russo
Murnau. Paisagem estival, 1909, estudo para o quadro Casas na montanha, óleo sobre cartão, Museu Estatal Russo
Todo mundo aqui no Vamos Receber concorda. Verão tem jeito de praia, de beira da piscina, de brisa e, sobretudo, de férias e descontração.
E quer coisa mais descontraída que servir aperitivos deliciosos no jardim ou à beira da piscina enquanto a conversa com pessoas queridas segue animada?
Pensando nisso, hoje mostraremos a vocês como fazer palitinhos com conchas na ponta para deixar os aperitivos ainda mais charmosos. Testamos esses palitinhos durante nossas férias na Bahia e os convidados amaram.
Use para servir frutos do mar e outros petiscos de verão!
Vamos lá?
As instruções? Mais fácil impossível: peguem os palitos, adicionem a cola quente na ponta e colem as conchas: seus palitinhos já estão prontos.
Agora é só começar a petiscar.
Um beijo grande!
Thais Senna e sua sogra, Maria Emilia Senna, são apaixonadas por vestir a mesa, especialmente para receber amigos e familiares queridos. A dupla comanda o blog Vamos Receber, que traz sempre uma novidade sobre o tema.
No Brasil, morar abaixo do subsolo nunca foi popular e, levando em consideração a imensa superfície do país, podemos entender por quê. Quem escolheria viver numa ”caverna”, quando podemos eleger domicilio na superfície, aproveitando espaço, luz natural e, para os mais sortudos, vistas encantadoras?
A proposta original de Earthscraper para concurso de ideias para arranha-céu organizado pela Evolo
De forma geral, o uso do subterrâneo ainda não seduz. De fato, o mundo abaixo de nossos pés sempre veiculou um campo lexical do sujo, do mal, do inferno, em oposição ao mundo celeste, que aproxima o ser humano do divino, da eternidade, da pureza e do bom.
A divina comedia, de Dante Alighieri
Entretanto, para alguns países, a ocupação humana dos subsolos parece ser cada vez mais uma solução interessante para nossa sociedade em busca de um futuro sustentável. As vantagens desse tipo de construção são várias: economia no isolamento acústico e térmico, proteção contra tempestades, melhor proteção contra incêndio, integração à paisagem, tetos verdes, economia de energia, segurança, etc.
Para a Suíça, por exemplo, além dessas vantagens, os subsolos são uma reserva fundiária estratégica, já que as áreas construtíveis do país estão esgotando. De fato, o laboratório de pesquisa para a cidade subterrânea Deep City da Escola Politécnica Federal de Lausanne- EPFL, identificou nos subsolos quatro tipo de recursos: espaço, geotermia, águas subterrâneas e geomateriais. Estúdios de design e de pesquisa nas escolas de arquitetura helvéticas como a EPFL estão focando nesta disciplina promissora junto com engenheiros de geologia e do meio ambiente.
Já nos Estados Unidos, projetos como resposta para crises climáticas estão sendo divulgadas.
Projeto do Studio Matsys
De acordo com o site dos arquitetos da foto acima, num futuro próximo, no qual o planeta estará sofrendo com a crise hídrica, Sietch Nevada foi imaginado como um protótipo urbano para o Sudoeste do Estados Unidos, que torna o armazenamento, uso e coleta de água essencial para a forma e desempenho da vida urbana. Invertendo os padrões urbanos estereotipados de programas dispersos a céu aberto, o Sietch é uma comunidade densa e subterrânea. Uma rede de canais de armazenamento de água está coberta com estruturas residenciais e comerciais ondulantes. Estes canais ligam a cidade a enormes aquíferos profundos e prestam serviços de transporte, bem como de irrigação agrícola. As cavernas transbordam com vida urbana densa: uma Veneza subterrânea. Organizadas em células, essas estruturas constituem uma nova tipologia que articula a rede subterrânea urbana e as atividades ao nível da superfície de captação de água, geração de energia, agricultura urbana e aquicultura. Além disso, o Sietch também é uma fortaleza, um bunker, preparando para possíveis guerras por água na região.
Se, até recentemente, as formas concretas de ocupação dos subsolos se limitaram aos estacionamentos, metrôs, equipamentos de infraestruturas e bunkers militares, estamos, hoje, percebendo novos meios de apropriação desses espaços marginais.
Já conhecemos diversos exemplos de cidades que usaram os meios de transportes subterrâneos como catalisador de espaços públicos e comerciais enterrados. As vantagens não são apenas econômicas e práticas, tais espaços também geram conforto aos moradores de cidades de clima extremo. Pensem em Montreal, no Canadá, onde as temperaturas invernais podem chegar a 32 graus negativos, ou nos invernos gelados e verãos úmidos de Osaka, Japão. Nesses casos, o underground, que na cidade canadense atinge 32 quilômetros de comprimento, cobrindo 41 quadras (uns 12km²), torna-se, por alguns meses, o espaço mais frequentado pelos habitantes, propondo um clima controlado e confortável em espaços públicos e comerciais.
Felizmente, esses espaços subterrâneos estão se abrindo a novos usos e funções. Projetos de reapropriação de infraestruturas de transportes enterradas e estações de metrô abandonadas estão ganhando popularidade no mundo inteiro. Tais projetos aproveitam as infraestruturas negligenciadas para criar novos espaços públicos de usos insólitos em relação à historia do mundo subterrâneo.
Inspirado no “High Line Park” em Nova York, só que não suspenso mas, sim, subterrâneo, o projeto de parque urbano apelidado “Low Line Park” tem autoria dos arquitetos James Ramsey e Dan Barasch. Assim como o primeiro, deve ocupar uma estação de trem abandonada desde 1948
Nathalie Kosciusko-Morizet, candidata de centro-direita à prefeitura de Paris e ex-ministra do Meio Ambiente, propôs uma série de planos para transformar estações abandonadas do metrô da cidade em oásis subterrâneos
Com a ajuda dos arquitetos Manal Rachdi, da OXO Associates e de Nicolas Laisne, Nathalie imaginou no lugar das estações descuidadas espaços elegantes para exibir arte, restaurantes abertos, parques e piscinas públicas.
Também conhecemos as representações utópicas e distópicas das cidades na ficção científica que provavelmente influenciam os projetos de urbanistas e arquitetos na concepção dos masterplans das cidades do futuro.
No México, por exemplo, um projeto de Earthscraper do Studio BNKR criou um dialogo sobre o futuro da cidade, invertendo o ícone da modernidade que se cristalizou na forma dos arranha-céus.
O projeto é uma pirâmide invertida com um vazio central para permitir que todos os espaços habitáveis possam aproveitar a iluminação natural e a ventilação
Para conservar as inúmeras atividades que acontecem na praça da cidade durante todo o ano (concertos, manifestações políticas, exposições ao ar livre, encontros culturais, desfiles militares) o enorme buraco será coberto com um piso de vidro que permite a vida do Earthscraper misturar-se a tudo o que acontece no topo. (Fonte: Archdaily)
Mas o que nos interessa hoje é como o subsolo, esse espaço técnico e logístico precioso (ele nos providencia água, eletricidade, esgoto, internet, transporte, infraestruturas, etc.), que permitiu às cidades existirem e se desenvolverem como nós as conhecemos, poderia também ser muito mais que uma reprodução caricatural das moradias trogloditas ou das cidades de ficção cientifica.
Além de ser uma reserva fundiária interessante para evitar o desgaste territorial e o afastamento dos cidadãos do centro urbano tradicional devido à expansão dramática da arquitetura vertical, o subterrâneo permite um relevante e inédito “terreno” de investigação para a pesquisa arquitetônica contemporânea.
Seguem abaixo alguns exemplos de projetos construídos que demonstram que arquitetura subterrânea não significa enterrar um prédio, ao contrário, existem várias formas de pensar e construir os edifícios subterrâneos do século 21.
Ewha Womans University, Seul – Dominique Perrault
Villa Vals, Suíça - SeARCH/CMA
Danish National Maritime Museum, Copenhague – BIG
Villa Aloni, Grécia - Deca ARCHITECTURE
Earth House, Coreia do Sul – BCHO Architects
No Brasil, onde temos muita luz do sol e calor extremo, a condição subterra seria interessante para economizar energia, proporcionando moradias e espaços arejados, além de densificar as cidades, evitando o escalonamento urbano e preservando nosso meio-ambiente. Minha preocupação, como arquiteta de interiores, é a qualidade dos espaços internos que serão projetados e quais seriam os recursos para criar ambientes agradáveis que não nos façam esquecer que estamos no subsolo, aproveitando essa condição para criar soluções arquitetônicas e sensações inéditas. Além disso, mesmo se conseguirmos criar arquitetura subterrânea de qualidade, precisamos ainda convencer a população de que o futuro não está necessariamente nas alturas.
Enobrecer o subterrâneo: um exercício que mexe apenas com as formas espaciais, mas também com nosso modo de vivenciar a arquitetura.
A feira de arte contemporânea Art Los Angeles Contemporary (ALAC) inicia sua sexta edição em Santa Mônica no dia 29 de janeiro, no Barker Hangar - uma área de aproximadamente 3.700 m² que já fez parte do aeroporto de Santa Mônica. A ALAC receberá 70 exibidores com um mix de galerias e artistas emergentes e consagrados, e se propõe a ser a feira internacional que representa a West Coast americana. Além da programação tradicional das galerias, o local receberá painéis de discussão, exibição de filmes, performances e conversas com artistas.
Entre o consagrado e o inusitado
Ry Rocklen, nativo de Los Angeles, participa pela primeira vez da feira representado pela galeria Praz-Delavallade. Ele prefere utilizar objetos familiares, transformando-os em readymades. Roupas e utensílios descartados são colocados de forma irônica para retratar uma certa banalização da cultura norte-americana, como em American Shirt (2015). Travess Smalley, da Foxy Production, nasceu e trabalha em Nova York. Suas obras são criadas com uma diversidade de processos: manipulação digital, scanners, impressoras, photoshop e colagens fazem parte das composições, o que torna impossível definir qual material foi utilizado primeiro.
American Shirt, de Ry Rocklen, na Praz-Delavallade
Untitled, de Travess Smalley, na Foxy Production
Obras de artistas consagrados também estarão presentes, como as fotos de Deborah Turbeville, representada pela Foxy Production. A fotógrafa americana morreu aos 81 anos em 2013, e suas fotos retratam os anos 1970 com um toque surrealista. Olafur Eliasson, representado pela islandesa i8 Gallery, é conhecido por utilizar elementos naturais para transformar museus e galerias em ambientes imersivos. Suas instalações são baseadas na crença de que arte pode criar um espaço sensitivo para todos os observadores.
Art Los Angeles Contemporary
Data: de 29 de janeiro à 1 de fevereiro
Local: The Barker Hangar
Endereço: 3021, Airport Avenue, Santa Monica, CA 90405
Bathhouse, de Deborah Turbeville, na Foxy Production
Mat for multidimensional prayers, de Olafur Eliasson, na i8 Gallery
Untitled (Doll Army from Maine), de John Miserendino, na Louis B. James
Intermission, de Fiona Banner, na 1301PE
Full Spectrum Suburban House Fire, de James Cordas, na Et al.
Reference Frame, de Kate Bonner, na Et al.
Gingham, Pink and Blue, da Frank Selby, na American Contemporary
Não é sempre que peças de grandes artistas do mobiliário podem ser adquiridas com descontos. Por isso, quem estiver por São Paulo no sábado (24/1) e domingo (25/1) ganha a oportunidade de complementar a coleção com peças restauradas de Sérgio Rodrigues e Jorge Zalszupin, entre outros.
Trata-se da venda especial de móveis no Marton Estúdio, tradicional loja da Barra Funda pilotada pelo artista plástico e designer José Marton. Um exemplo: a poltrona Jangada com banqueta, um dos maiores clássicos de Jean Gillon, sai por R$ 33.500, um desconto de 20%.
As ofertas também abrangem as peças da série de móveisEntrelinhas, criadas por Marton e ganhadores do IF Design Award. Ente as marcas vendidas no espaço estão A 4 Mãos, AMMA Store, Atelier de Indumentária, A Bolha Editora, Bododo, Editora C4, Editora Ipsis, Greghi, Henry Alavez, Jéssica Lengyel, m ao quadrado por Carol Rios, Marton +, Move Institute, Prima, Royal Textile Co., Tito Bikes e Um Pra Seis.
Venda Especial
Data: 24 e 25 de janeiro
Local: Marton Studio
Endereço: Rua Cônego Vicente Miguel Marino, 286, 6º andar, São Paulo, SP
Tel. (11) 2666-5566
Horário: das 11h às 19h
Formas de pagamento: dinheiro e cartões (bandeiras Visa e Master)
Poltrona Mole com banqueta, de Sérgio Rodrigues, por R$ 25 mil. Elas costumam custar R$ 32 mil
Poltrona Jangada com banqueta, de Jean Gillon custava R$ 43 mil e será vendida por R$ 33.500
Mesa de centro Pétala, criada por Jorge Zalszupin, custa R$ 22.500. O preço anterior era R$ 29 mil
Estante Facetas, do selo m ao quadrado
Buffet Cubo, do m ao quadrado
Buffet Entrelinhas
Série Poente, do m ao quadrado. Os pratos passaram de R$ 55 para R$ 29; os prato de sobremesa, de R$ 36 a R$ 19; o conjunto com 4 xícaras e pires, de R$ 158 a R$ 79; a cumbuca, de R$ 46 a R$ 24; o apoio para talheres (2 unidades), de R$ 32 para R$ 24; o apoio para copos (4 unidades), de R$ 70 por R$ 49; o porta-guardanapos (4 unidades), de R$ 36 por R$ 27
Bandejas Pantone, da m ao quadrado, custam a partir de R$ 33
Conjunto Poente de xícaras e pires, da m ao quadrado, passaram de R$ 158 por R$ 79
Estatueta representando o Divino Espírito Santo, criada em ouro, prata, turquesas e diamantes, século 19, 7 x 5,5 x 3 cm
Antes do século 20, a província de São Paulo era pobre se comparada ao esplendor do minério em Minas Gerais, o comércio da Bahia ou ao apogeu da corte imperial, no Rio de Janeiro. Mas novas pesquisas revelam que nessa sociedade de menor destaque também havia diversos artesãos especializados em metais nobres.
Parte dessa riqueza pouco conhecida pelos historiadores estará presente na exposição Arte Sacra na Ourivesaria, do Museu de Arte Sacra (MAS) de São Paulo. A mostra traz cerca de 130 peças usadas nas celebrações católicas – entre elas, relíquias, jarras, cruzes, santos óleos e uma instalação de lampadários. A curadoria é de Jorge Brandão e Maria Inês Lopes Coutinho.
Muitas peças destacam-se pela riqueza de detalhes. A cruz peitoral que pertenceu ao Cardeal D. Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, por exemplo, é feita de ouro maciço, esmeraldas, rubis e diamantes. Uma estatueta do Divino Espírito Santo foi criada com ouro, prata, turquesas e diamantes. Outro exemplo é conjunto de coroas dos séculos 18 e 19. Longe do esmerado acabamento típico das obras europeias, os artesãos da colônia usavam moldes para criar as detalhadas peças.
Coroas dos séculos 18 e 19, feitas de ouro, 13,5 x 6,2 cm; 4,8 x 9,2 cm e 8,2 x 4 cm
“Os itens prestaram-se no passado às celebrações de batismo, casamento e morte; às comemorações de datas especiais, às coroações e ocasiões de alta significação simbólica e devocional”, conta José Carlos Marçal de Barros, diretor executivo do MAS. Basta olhá-los mais de perto para perceber que não pertenciam, mesmo, ao cotidiano da São Paulo de ruas de terra do passado.
Arte Sacra na Ourivesaria
Data: de 25 de janeiro a 8 de março
Local: Museu de Arte Sacra de São Paulo
Endereço: Avenida Tiradentes, 676, Luz, São Paulo
Horário: de terça a sexta, das 9h às 17h; sábado e domingo, das 10h às 18h
Vaso para Santos Óleos do século 18, de prata batida, repuxada e cinzelada, 6 x 3,2 x 2 cm
Detalhe de cruz peitoral que pertenceu ao Cardeal D. Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, século 18. Feita de ouro maciço, esmeraldas, rubis e diamantes, 17 x 11 x 1,4 cm
Rosário feito de ouro e brilhantes, século 19, 70 cm (corrente), 9 x 5,2 x 1 cm (cruz)
Anel de ouro, ametista e brilhantes, sem data, 3,2 x 2 x 2,5 cm
Anel de ouro lavrado e ametista que pertenceu ao 2º Arcebispo de São Paulo, Dom José Gaspar de Affonseca e Silva, 3,3 x 3,4 x 2,5 cm
Corrente de cruz peitoral do século 18, de ouro maciço, 88,2 cm
Naveta do final do século 17, de prata repuxada e cinzelada, 17 x 25,5 x 7 cm