O casal proprietário deste lar em Americana, interior de São Paulo, desejava que a casa fosse um espaço de lazer e convívio para os diversos filhos, netos e amigos. Para tanto, contaram com a expertise da designer de interiores Susan Bortoletto. A profissional optou por um estilo clássico e requintado, em cores leves e claras. A riqueza de detalhes, característica de composições de toada mais tradicional, é suavizada pela abundância de luz natural proveniente das generosas janelas. No ambiente, diversas características denotam conforto, como os sofás, as várias almofadas e o tapete. O apelo fica completo com agradáveis motivos florais e de pássaros, o toque final de charme para este espaço se tornar o point da família.
Entre os dias 14 e 18 de agosto, a Paralela Gift apresenta em São Paulo uma seleção de peças de decoração e design assinadas por importantes nomes do cenário. A feira, exclusiva para lojistas e profissionais da área, está em sua 24ª edição. Há mais de dez anos no mercado, a Paralela Gift é comandada pela designer paulista Marisa Ota, que agiu como curadora dos mais de 60 expositores participantes da edição atual.
Com produtos que variam entre o design autoral, a alta decoração e o artesanato contemporâneo, o evento reúne desde designers consagrados a talentos nascentes. A Paralela Gift, que nesta edição tem a Casa Petra como sede, é uma valiosa oportunidade para lojistas se antenarem nas novidades do mundo do design.
Confira nesta galeria os principais lançamentos que Casa Vogue viu por lá!
Na onda das apostas em design sustentável e ecológico, a Ornare apresenta essa semana a sua contribuição para o debate e para a produção dos móveis do futuro. Até domingo, os showrooms na Alameda Gabriel Monteiro da Silva e do D&D Shopping exibem o projeto Ornare Concept, com ações e intervenções artísticas. Estão expostas peças de design utilitário feitas a partir de sobras de materiais, como couro, madeira, vidro e espelho, e assinadas por nomes de relevo no cenário nacional.
O intuito é testar a viabilidade comercial dos protótipos, que podem até vir a serem produzidos pela marca em um futuro próximo. Por enquanto, cada peça ganhará no máximo quatro exemplares, segundo a Ornare - uma de cada será leiloada durante o evento.
Os showrooms também exibirão cerca de 25 fotografias com projetos de arquitetos e decoradores associados à marca. A ação, que acontece até o próximo dia 18, em São Paulo, é mais um investimento da marca para difundir o design brasileiro com grandes parcerias como Estúdio Cipó, Guto Requena e Mauricio Arruda, Hugo Sigaud, Kiko Sobrino, Luis Pons, PAX.ARQ, Renata Moura, Rodrigo Mindlin Loeb, Rodrigo Ohtake, Sergio Matos e Zanini de Zanine.
Já não é de hoje que a Botteh coleciona suspiros e queixos caídos com as reinvenções dos clássicos tapetes iranianos que comercializa. Por que, então, mexer em time que está ganhando? Pois a marca foi buscar na exuberância das pedras preciosas inspiração para sua nova série, chamada Joias do Irã, e lançada oficialmente nessa semana em São Paulo.
Espécie de desdobramento da coleção Reloaded, Joias do Irã traz peças cujos fios da tapeçaria passaram por processos de descoloração e estonagem para depois serem tingidos nas cores de rubis, esmeraldas e safiras azuis e amarelas. Essa técnica faz com que cada tapete reaja de uma maneira singular, originando peças únicas e diferentes entre si. Mantendo as tradições de tecelagem orientais, os tapetes são assim trazidos para o século 21.
Para celebrar o lançamento, a loja criou lá dentro um ambiente com aromas, chás típicos e decoração oriental. Joias do Irã pode ser vista e adquirida no showroom da marca na Alameda Gabriel Monteiro da Silva 296, em São Paulo.
Ela já chegou a ser apontada pela Time como uma das pessoas mais talentosas dos Estados Unidos. Tem no extenso rol de clientes um ex-presidente do país. E carrega consigo uma história de vida comovente. Assim é Sheila Bridges, cuja ousada combinação de cores do apartamento onde vive no Harlem, em Nova York, não dá falso parecer: estamos diante de uma das mais respeitáveis designers de interiores da cidade.
Sheila, que começou sua carreira no mundo da decoração no posto de assistente no escritório Shelton, Mindel & Associates, hoje dirige seu próprio escritório. No currículo, ela elenca clientes como o magnata da música Andre Harrell, o autor de best-sellers Tom Clancy e Bill Clinton. Nada mal para uma garota que se formou em propaganda, pela Universidade Brown, e mudou de rumo inesperadamente após alguns trabalhos ruins.
“Depois de tentar a sorte trabalhando em um restaurante de massas e na Bloomingdale’s, me deparei com a vaga de assistente no escritório de arquitetura e decoração”, relembra. Foi sorte. Foi destino. Algo despertou dentro dela ao atuar ali. “Eu podia me ver trabalhando naquele campo, me sentia confortável”, sorriu. Antes de se lançar em carreira solo, aos 30 anos, Sheila trabalhou também com o decorador Renny Saltzman. O resto é história.
História, aliás, não falta a esta mulher que leva orgulhosa acima dos olhos a marca maior de sua coragem. A cabeça careca.
Em 2004, aos 40 anos, Sheila estava no apogeu da carreira. Enquanto fazia suas aparições na televisão, desenhava produtos e lidava com clientes geniosos, seus cabelos caiam. Logo veio o diagnóstico: alopecia, uma doença autoimune. Com a doença, o veredito: ela teria que se reconhecer, pelo resto da vida, sem suas madeixas.
Aos poucos a figura de cabeça brilhante no espelho começou a parecer-se com ela. Foi então, numa tarde em que desfrutava o azul de sua sala de estar, que brotou no teto uma ideia. Sheila decidiu escrever um livro autobiográfico. “Eu acho importante que as mulheres contem suas histórias – especialmente as afrodescendentes”, disse. “Eu quis contar minha história, e só eu poderia contá-la do jeito certo, afinal, não deveria ser um livro sobre queda de cabelo, mas sobre se sentir confortável na própria pele”, explicou.
Assim, nasceu The Bald Mermaid, publicado nos Estados Unidos em julho. O livro assume um tom ácido, bem-humorado e, por que não, sensual. Uma amiga o descreve como “o encontro de Cornel West com Sex and the City”.
Atualmente, depois de abandonar sua carreira na televisão, a designer se dedica muito mais à produção de objetos interessantes, como a coleção de pratos cujo desenho é baseado nos marcos do seu bairro, o Harlem. Por causa de seus cabelos, ou da ausência deles, ela abandou mais que as aparições na telinha. Muita gente ficou para trás – amigos, amores e familiares. Um dos efeitos benéficos da calvície, como bem disse sua mãe, foi a seleção natural. Permaneceu na vida, só aqueles que valiam a pena.
Metade DesignMiami, metade Ventura Lambrate. Esta foi a impressão – para lá de positiva – deixada pela primeira edição do salão MADE (Mercado, Arte, Design), inaugurado nesta quarta-feira São Paulo. Peças únicas, edições limitadas, móveis vintage, obras situadas na fronteira entre o design e a arte e um compêndio de novos e consagrados talentos revelam-se a cada esquina percorrida pelos visitantes no prédio do Jockey Club (veja as galerias de fotos ao final).
Aberto ao público, ao contrário da maioria das feiras que acontece nessa época, o salão chama para si a responsabilidade de estabelecer na capital paulista um espaço para desenvolver uma cultura de design que vá além do mero aspecto comercial. Não que negócios não estejam sendo feitos nas salas do MADE – colecionadores e investidores compareceram em peso à abertura do evento.
O núcleo do salão está dividido entre o andar térreo e o primeiro pavimento do edifício do Jockey. Embaixo, estão os nomes de maior peso: galerias, antiquários e lojas especializadas em design-arte. Acima, um espaço denominado Coletivo apresenta o trabalho de novos designers e estúdios independentes. Exposições paralelas dentro e fora do prédio principal, de design de produto e gráfico, fotografia e artesanato, completam o evento, que ainda conta com uma caprichada programação de palestras.
Graças ao projeto cenográfico do Atelier Marko Brajovic, muita gente viu, pela primeira vez, os revestimentos e estruturas originais do prédio do Jockey, deixados à mostra (às vezes até demais...), num contraponto interessante a eventos como a Casa Cor, que cobrem e disfarçam tudo aquilo que é possível.
O MADE é fruto da mente do incansável Waldick Jatobá, organizador, diretor artístico e curador (além de novo colunista do site da Casa Vogue), que estava por trás do salão Design São Paulo, iniciativa pioneira realizada dois anos atrás. Sem nunca perder de vista a vocação do design para contribuir com o crescimento econômico do país, Jatobá espera receber até 8 mil visitantes até o fechamento do MADE, no domingo.
MADE – Mercado, Arte, Design
Local: Jockey Club de São Paulo
Endereço: Av. Lineu de Paula Machado 1.173 - São Paulo
Data: até 18 de agosto
Horários: quinta e sexta das 14h às 21; sáb. das 12h às 21h; e dom. das 12h às 20h
Entrada: R$ 20 (estudantes pagam meia)
No auge do sedentarismo humano, da praticidade de consumo em um click, da busca constante pelo conforto, a vida nômade parece ultraje. Mesclando esses conceitos aparentemente antagônicos, o estúdio espanhol de arquitetura ÁBATON idealizou a Casa Transportáble - APH80.
Sob um partido quase infantil, o projeto possui o formato de uma casa retangular com telhado em triângulo. Apesar de pequena – a casa toda possui 27 m² – há conforto em seus interiores, isso porque no ponto central, seu pé-direito é de 3,5 m de altura, seu projeto de interiores contempla divisões simples – quarto, sala/cozinha e banheiro – além de grandes portas que se abrem, levando o exterior para todos os ambientes.
Além de transportável, a casa é autossuficiente, é entregue (na Europa) em até 6 semanas e pode ser montada em 1 dia. E ai? Topa rodar por ai?
Comercial, sim, mas design oriented. A visita à edição 2013 da Casa Brasil não deixou dúvidas de que a feira cumpre o que se propõe. Designers e lojistas comentam, satisfeitos, o bom volume de vendas. Crise? Aqui ela parece não ter dado sinais. Apesar de a feira estar com um pavilhão a menos neste ano, lançamentos de alta qualidade se fizeram notar. Enquanto os designers apresentavam produtos que mostravam todo seu potencial criativo, a indústria investia em novos materiais e acabamentos e, em alguns casos, design assinado. Bom exemplo desse investimento é a Tramontina, que agora lança uma linha de cubas em quartzo, uma nova tecnologia para a empresa. A seguir, alguns destaques.
A mostra Brazil S/A, que reúne manifestações independentes e simultâneas de design e arte brasileiros, acontece em território estrangeiro desde 2010 – em Milão e Miami. Pela primeira vez, o evento pousa no país que lhe dá nome. A edição nacional não deixa nada a dever, pois conta com nomes fortes, como Fernando e Humberto Campana, Marcelo Rosenbaum, Jun Nakao, Zanini de Zanine e Guto Índio da Costa, entre outros.
É no Lounge das Artes da Bienal, no Parque Ibirapuera, em São Paulo, que os visitantes têm a oportunidade de conferir as criações dos grandes nomes do design nacional de 15 a 18 de agosto. Embora o ambiente não seja dos maiores, sobra espaço para criatividade e inovação. Logo na entrada há a exposição A Bola da Vez, que apresenta 28 obras de arte constituídas a partir de uma bola de futebol.
Adiante, encontra-se o estande 100% Brasil, que reúne belas peças assinadas por designers locais. Entre elas, a estante Niños e a MesaBichos de Henrique Steyer, o banco Preguiça, de Jacqueline Terpins, a mesa Carambola, de Sergio J. Matos e a banqueta Sela, de Flavia Pagotti. A poucos passos dali, um quadrante dominado por criações do Empório Beraldin joga luz sobre materiais da terra, como peles de peixe e pastilhas naturais.
Em dado ponto, o Clube dos Colecionadores do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP) expõe uma seleção de peças exclusivas. O programa, que existe há quatro anos, oferece assinaturas anuais aos amantes do design. Tal aquisição garante-lhes o recebimento de cinco peças únicas, desenhadas por cinco designers ou artistas nacionais a pedido do MAM. O museu mantém em seu acervo uma cópia de cada criação. Ao todo, há apenas 100 cópias de cada item.
A Apex-Brasil, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, fez uma participação mais que especial no primeiro dia do evento, ministrando uma palestra para celebrar o Ano da Inovação e Design Apex-Brasil 2013. (Cabe lembrar que a Apex é parceira no projeto Novos Talentos do Design Casa Vogue).
Mas o maior destaque da Brazil S/A talvez seja Origens do Olhar. Trata-se de uma exposição que apresenta ao grande público a visão dos formadores de opinião: os diretores das revistas nacionais de arquitetura, decoração e design. Cada um deles escolheu o nome de um designer de móveis e um fotógrafo de arquitetura para homenagear.
O evento comporta ainda diversas outras subjacências. Vale a pena conferir o conjunto completo ao vivo. Mas, antes disso, veja em nossa galeria uma breve seleção dos melhores cantos desta mostra plural.
Brazil S/A
Local: Lounges das Artes da Bienal
Endereço: Av. Pedro Álvares CAbral, s/nº
Data: até 18 de agosto
Horários: das 10h às 20h
Entrada franca
* A reportagem a seguir foi publicada originalmente neste site em 2 de julho de 2011. Nesta sexta-feira, 16 de agosto, chega aos cinemas o filme Flores Raras, que narra a história de amor entre a arquiteta Lota de Macedo Soares, interpretada por Glória Pires, e a poeta norte-americana Elizabeth Bishop, cuja casa em Ouro preto-MG é aqui retratada. Quem escreve é o artista plástico José Alberto Nemer, amigo da poeta e responsável pela manutenção da casa hoje em dia.
Conheci Elizabeth Bishop em 1968, na casa de um amigo, em Ouro Preto, MG. Conversamos durante o almoço, e ela me convidou para tomar o café na casa dela. Na época, Elizabeth tinha 57 anos, mas parecia ter muito mais. Aos poucos, essa impressão foi passando, pois, embora ela fosse realmente frágil fisicamente, tinha um olhar vivo e interessado sobre as pessoas e as coisas. Nesse encontro, enquanto ela preparava o café na cozinha, seus dois gatos – Suzuki e Tobias – se instalaram sobre as minhas pernas, no sofá da sala. Quando ela voltou, achou graça da intimidade dos gatos e comentou que eles “nunca perdem a oportunidade de experimentar o colo de algumas visitas”.
Eu era muito jovem e, embora não lesse em inglês nem conhecesse sua poesia (entre suas obras, Poemas do Brasil e O Iceberg Imaginário e Outros Poemas, pela Companhia das Letras), podia sentir a dimensão de seu talento em suas observações. Alguns desses insights, de tão sensíveis, poderiam ter virado poema. É o caso do comentário que fez sobre uma lamparina de querosene que ficava sobre a lareira. Era um trabalho popular e artesanal que usava o bojo de uma lâmpada queimada sustentada por alças de lata recortada, terminando com uma tampinha de garrafa de onde saía o pavio: “Agora sei por que gosto tanto deste objeto. Quem fez isso quis ressuscitar a luz da lâmpada”.
Ficamos amigos. Elizabeth acabava de voltar dos estados Unidos e de restaurar sua casa de Ouro Preto, comprada três anos antes, para nela se instalar. Depois de pronta, deu-lhe o nome de Casa Mariana, em homenagem à sua incentivadora Marianne Moore. Sua implantação e seu entorno já a colocam em situação privilegiada. Datada entre 1698 e 1711, é um exemplar raro do período do ouro e do diamante em Minas Gerais. Construída sobre um rochedo e com vista sobre a cidade e as montanhas, a casa, de 513 m², tem um imenso terreno que desce em terraços, com jardins e pomares sustentados por muros de pedra. Um riacho corre ao lado, margeando o terreno. Em carta a um amigo, Elizabeth conta que “a casa tem o telhado mais bonito da cidade: é como uma lagosta emborcada com a cauda em ângulo reto, onde fica a cozinha”. Ali, ela fazia, com alegria e métodos precisos, pratos deliciosos, como as abobrinhas ao forno, o lombo com purê de maçã-verde e a conserva acre-doce de legumes em banho de mostarda – esta, inigualável.
Ser seu hóspede era um instigante exercício da sensibilidade. A atmosfera da casa sempre pareceu mágica. Os móveis, típicos da região nos séculos 18 e 19, foram adquiridos em antiquários. Outras peças, como a lareira e a banheira, foram trazidas por ela dos Estados Unidos, assim como utensílios de cozinha de designers nórdicos. Acordava-se ao som de bob Dylan, Janis Joplin e Alfred Deller. No café da manhã, tinha-se a companhia da dona da casa para sua segunda xícara. A primeira, a empregada lhe servia na cama, bem forte, amargo, pingado de leite, com duas torradas quentes, manteiga e uma geleia de laranja que ela mesma fazia. A cama – com as cabeceiras em forma de pescoço de cisne – servia também para rascunhar poemas. No dia a dia, Elizabeth tinha o olhar muito atento e achava graça nas coisas, nas conversas, nas pessoas. Ríamos muito. Era uma graça criativa, fisgando o aspecto insólito de certas situações, elevando o cotidiano banal à categoria de pura poesia. Observadora afiadíssima, sua leitura da realidade era muito mais pelo understatement do que pela fachada puramente objetiva. Esse estado de espírito me lembra a definição de Pascal, “esprit de finesse”, mas também de perspicácia e penetração.
Quando seu grande amigo, o poeta americano James Merrill, veio visitá-la, ela o recebeu e logo invernaram por uma conversa sobre suas vidas e mágoas. Nessa época, eu estava hospedado na casa e entrei na sala no momento em que Elizabeth chorava. Percebendo isso, discretamente fiz meia-volta e saí. A poeta me chamou e disse: “pode entrar, eu estou apenas chorando em inglês”.
Quando Bishop morreu em Boston, em 1979, a Casa Mariana ainda lhe pertencia. Em 1982, minha irmã, Linda Nemer, a adquiriu da herdeira principal, Alice Methfessel. Mesmo sendo onde a família Nemer, em sua terceira geração, se reúne, a casa guarda intacto o aspecto original deixado pela poeta. Sempre houve o cuidado de dar-lhe a dimensão histórica merecida, estimulando sua vocação de ser um centro de referência à memória de Elizabeth Bishop e sua obra. Além de sua qualidade intrínseca, a Casa Mariana constitui-se, hoje, na mais autêntica e contundente presença de Elizabeth Bishop no Brasil.
A partir dessa sexta-feira, dia 16 de agosto, São Paulo ganha um novo evento de artes visuais: a 1ª edição da FotoBienalMASP. Idealizada por Teixeira Coelho, com curadoria de Ricardo Resende e em parceria com a Pirelli, a exposição ocupa o Museu de Arte de São Paulo com o trabalho de 35 fotógrafos e tem como tema a confrontação da fotografia com outras linguagens visuais.
A fotografia tem sido um dos mais ricos meios de experimentação artística das últimas décadas, consolidando-se como plataforma de criação vital no século 21. A superação dos limites analógicos abriu novas possibilidades, inimagináveis pouco tempo atrás. “As fronteiras foram abolidas e a fotografia hoje deu um passo além da fotografia como era conhecida”, escreve Teixeira Coelho, curador do Masp.
Com esse espírito inovador, a mostra pretende não focar somente na imagem obtida por um aparato tradicional, mas abrir um diálogo entre a fotografia e outras formas de expressão, como a pintura, o vídeo e a instalação. Para isso, foram convidados artistas de diferentes origens, jovens e consagrados, com pontos de vista diversos, criando uma discussão conceitual e estética alinhada ao momento multimídia e multicultural da arte atual.
Entre os autores que poderão ser vistos nessa primeira edição do evento estão Garapa, canal Motoboy, Caio Reisewitz, Rodrigo Braga, Berna Reale, Dora Longo Bahia, Odires Mlászho, a sérvia Marina Abramovic e o colombiano Oscar Muñoz.
FotoBienalMASP 2013
Local: Masp
Endereço: Av. Paulista, 1578 - São Paulo
Data: até 3 de novembro
Em busca de ultrapassar os limites da Europa Central, difundindo pelo mundo o potencial artístico de seu país, um grupo de designers poloneses criou, em 2010, a iniciativa The Spirit of Poland. Dessa vez, a nação escolhida para receber o quinto ciclo de apresentações foi o Brasil, que hospeda nessa semana uma série de exibições e eventos de jovens criadores representantes da Polônia.
As peças desta edição foram escolhidas a partir do conceito espírito/alma dos materiais, em que pesa a relação direta entre designer e matéria-prima, quando esta acaba por definir como será o produto final. Esse é o caso, por exemplo, da coleção de bijuterias feitas de carvão, em que além de aproveitarem a matéria-prima inusitada, os artistas do estúdio bro.Kat puderam trabalhar com artesãos e absorver sua experiência na área. Também têm seu espaço projetos que foram realizados graças às máquinas digitais disponíveis no mercado, como plotters a laser e fresadoras.
De uma maneira geral, os objetos à mostra exprimem o fascínio pelo material, sua relação com a ideia original e o olhar preciso do artista ao criar. Quem se interessar em conhecer essa arte polonesa poderá conferir a The Spirit of Poland até o próximo dia 18 na Design House, localizada na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 224, em São Paulo.
Há 61 anos no mercado, a Estar Móveis inaugura nesta semana a Estar Gabriel, sua nova loja em São Paulo. Neste espaço, a direção criativa dos produtos de design e decoração é de responsabilidade do artista Felipe Morozini. A partir de criações de nomes como Maurício Arruda, Jader Almeida, Debby Gram e Paola Abiko, Morozini cria espaços despretensiosos para fazer com que o visitante se sinta em casa.
Com arquitetura assinada pelo SuperLimão Studio, o projeto fica no número 1080 da alameda Gabriel Monteiro da Silva, e aposta no vidro para integrar a loja à praça da área externa. A construção também fez bom proveito da estrutura pré-existente, reutilizando paredes de tijolos e valorizando as vigas aparentes. Outra característica do projeto é a fachada com formas de colmeia, o que atribui nova volumetria à construção.
Esta elegante sala de estar, decorada por Sérgio Valliatti Junior e Luciana Patrão, pertence a um casal que ama o contemporâneo. Típicos paulistanos, eles são empresários cosmopolitas. Por isso o pedido foi claro: queriam estilo, sem modismos. O resultado foi um ambiente cheio de simetria e toques coloridos em meio aos tons neutros das peças maiores. Alguns detalhes contribuem para a sofisticação deste living, como os rodapés altos e os revestimentos nobres – mármores, madeiras, veludos e sedas. O ambiente liga-se à varanda envidraçada.
O casal de moradores deste apartamento em São Paulo queria ambientes que proporcionassem a sensação de bem-estar e conforto, para assim receber melhor amigos e familiares. Pelo retrato da sala de estar, podemos ver que as profissionais Carolina Vaiano e Vanessa Rossetto obtiveram êxito com a decoração escolhida. O contraste do creme e do branco com tons terrosos, bem como a oposição dos tecidos e fibras naturais com a laca que dá acabamento à mesa de centro, criam um ambiente que exala harmonia. Ao mesmo tempo, a poltrona Diz, de Sergio Rodrigues atribui personalidade à composição. Assim fica fácil congregar as visitas n lar.
O estúdio chileno Great Things to People busca valorizar a cultura de seu país de origem por meio da tecnologia. Seus integrantes empregam o design paramétrico na criação de peças de uso cotidiano, como bancos, copos, garrafas e vasos. A partir deste sábado, suas obras estão expostas ao público brasileiro na galeria Coletivo Amor de Madre, em São Paulo. Trata-se da mostra Local Resistance, que fica em cartaz até 31 de agosto.
As peças, inéditas no Brasil, manifestam a integração entre tradições locais, tecnologia de produção e trabalho manual. O design paramétrico funciona como um facilitador de estudos formais. Ele possibilita a exploração de todas as possibilidades de um objeto no campo virtual. Uma das peças geradas com softwares paramétricos é a Royal Mahuida, de bronze fundido. O Império Inca e a geometria da araucária foram as inspirações do desenho.
Com o mesmo intuito, de integrar arte e tecnologia, o Coletivo Amor de Madre disponibiliza na loja virtual da Apple seu novo aplicativo, desenvolvido em parceria com a produtora digital D3. A expectativa é que até o final do ano o programa esteja disponível também para a plataforma Android.
O aplicativo funcionará como uma galeria móvel, levando ao público informações sobre design e o Coletivo, além de disponibilizar peças para compra. “A peça escolhida para abrir o destaque da galeria móvel é a Royal Mahuid, do Great Things to People, dada sua importância na coleção chilena”, conta Olívia Yassudo Faria, diretora do Coletivo Amor de Madre.
As duas novidades marcam o início de uma nova etapa para a loja e galeria, focada no mundo digital.
Local Resistance
Local: Coletivo Amor de Madre
Endereço: Rua Estados Unidos, 2174 - Jardins - São Paulo - SP
Data: de 17 a 31 de agosto
Horário: de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h; sábados, das 10h às 18h
Entrada Franca
Pequenos apartamentos à beira-mar podem ser muito mais do que apenas lugares de descanso depois de horas de sol. Que o digam os arquitetos do estúdio italiano UdA, responsável por colocar a teoria em prática na Fun House, imóvel de apenas 40 m² de área inteiramente renovado por eles em Juan les Pins, sudeste da França. Baseada num conceito de cabanas internas, a reforma estabeleceu uma nova divisão de espaços na morada, e aproximou entre si, por conseguinte, os familiares passam os dias de folga lá.
O apartamento situado em um edifício dos anos 1960, em frente à praia, ganhou uma série de divisórias de madeira e metal. O que era um espaço de “confinamento” ganhou um novo desenho e melhor aproveitamento, com uma ampla sala de estar e dois quartos. A maioria das paredes internas não são exatamente paredes, no sentido estrito da palavra. Como se fossem tendas, os ambientes são delimitados por peças que esbanjam leveza, e que podem ser desmontados e remontados em locais diferentes. Isso sem falar do custo, mais baixo do que o das paredes de alvenaria tradiconais.
Para as portas de correr e armários embutidos, foram escolhidas cores relacionadas à natureza litorânea - o bege da areia e o o azul da água. Como tudo parece ser improvisado, qualquer hierarquia convencional de espaço acaba sendo deixada de lado, com o simples objetivo de estreitar as relações entre os membros da família.
O mobiliário vintage feito de vime e plástico, os papéis de parede e quadros de Domenico Gnoli arrematam o estilo despojado da "casa da diversão".
30 Personalidades por 30 Profissionais de Decoração é o título que batiza a quinta edição da Mostra Artefacto B&C, que abre neste domingo, dia 18, em São Paulo. Surgida de uma ideia do empresário Paulo Bacchi, novo CEO Internacional da marca, a proposta foi que cada profissional ou equipe de arquitetos, designers de interiores e paisagistas se inspirasse numa personalidade famosa para criar seu ambiente.
Nomes como os dos chefs Alex Atala e Carlos Bertolazzi, da top Isabella Fiorentino e dos atores Alessandra Negrini, Germano Pereira, Carmo Della Vecchia e Carlos Casagrande fazem parte da lista de homenageados, que conta ainda com jornalistas, blogueiras, artistas e figuras do universo da moda nacional, como o fotógrafo J.R. Duran e os pintores Claudio Tozzi e David Dalmau.
Cabe dizer ainda que a loja, localizada no Jardim América, foi totalmente repaginada pra melhor comportar a mostra e apresentar os móveis da nova coleção.
Abaixo, a lista de participantes e, entre parênteses, a pessoas (ou as pessoas) por eles homenageadas.
Abs Benedetti (Rose Benedetti)
Alessandra Castro (Lars Grael)
Beatriz Dutra (Janine Borba)
Beto Galvez e Nórea De Vitto (Adriana Bittencourt)
Bianka Mugnatto (Mônica Barbosa)
Brunete Fraccaroli (Mylla Christie)
Camila Klein (Suzana Gullo)
Carmen Mansor (Lilly Sarty)
Consuelo Jorge (Luciano Szafir)
David Bastos (Tuca Reinés)
Débora Aguiar (JR Duran)
Fábio Morozini (Felipe Morozini)
Fernando Piva (Alessandra Negrini)
Francisco Cálio (Carlos Casagrande)
Gilberto Elkis (Alex Atala)
Kiko Sobrino (Ricardo Almeida)
Leonardo Junqueira (Valdemar Iódice)
Lídia Damy Sita (David Dalmau)
Marília Caetano (Patricia Salvador e Lazaro Do Carmo)
Marília Veiga (Valéria Baracatt Gyy)
Marta De Sá (Gustavo Rosa)
Patrícia Penna (Francesca Monfrinatti)
Paulo Carvalho (Carlos Bertolazzi)
Roberto Cimino e Nelson Amorim (Germano Pereira)
Roberto Riscala (Gisele Fraga)
Roseli Muller (Carmo Della Vecchia)
Selma Tammaro (Cláudio Tozzi)
Triplex Arquitetura (Isabella Fiorentino)
Mostra Artefacto B&C 2013
Local: Artefacto B&C
Endereço: Avenida Brasil, 1.823, Jardim América – São Paulo
Data: de 19 de agosto a 19 de julho
Horário: de segunda a sexta, das 10h às 20h; sábado, das 10h às 18h
Entrada franca
Vincent Darré é o único adulto que vai, por livre e espontânea vontade, se deleitar junto a dezenas de crianças no tradicional teatro de marionetes do Jardim de Luxemburgo, em Paris. “Sou um passadista. Gosto de coisas que não mudam com o tempo, como o Guignol [personagem-título do show de marionetes francês], espetáculo até hoje igualzinho ao da minha infância!”, conta o designer de 50 anos, numa conversa regada a chá e histórias deliciosas. “Minhas almas gêmeas também são de outra época: Dalí, Ernst, Breton, Man Ray & cia.” Ao entrar em sua boutique, na rue du Mont Thabor, não restam dúvidas de que as referências de Darré fogem do clean que impera nos interiores contemporâneos: é abajur de caveira para cá, mesas e cadeiras-esqueleto para lá, sem contar a iluminação do espaço, feita por luminárias de mesa cirúrgica, arrematadas por ele em visitas semanais a mercados de pulgas.
A irreverente cômoda em forma de lagosta comprova que Dalí é uma de suas maiores inspirações, mas a identificação com o artista catalão vai além da estética. “Como Jean Cocteau, Dalí foi muito criticado por ter se aventurado em diversas áreas. Eu me identifico com eles porque faço o que quero”, revelou o francês, que já foi assistente de Karl Lagerfeld na Fendi, diretor criativo da Moschino e da Ungaro, fotógrafo da Vogue Paris e diretor de arte dos shows da cantora-atriz-performer Arielle Dombasle. É a Maison Darré, no entanto, que faz sua cabeça desde 2009, quando deu uma guinada na carreira depois de mais de 20 anos trabalhando para grandes maisons. “O projeto é antigo, mas antes eu pensava em unir decoração e moda. Eu logo vi que não tenho, para criar roupas, o mesmo frescor que tenho para móveis, uma novidade na minha vida.”
Cada projeto assinado por Darré é sempre fruto de encontros e amizades, como a estampa de cortinas desenhada pelo ilustrador e amigo Pierre Le-Tan. A' L'Eau Dali, uma série inspirada em animais aquáticos, foi concebida depois que uma de suas clientes pediu que ele criasse todos os móveis do seu banheiro. O convite para redecorar o apartamento de Elsa Schiaparelli, o qual servirá como QG da marca que ensaia um comeback, veio da sua amiga de longa data Farida Khelfa. Darré tirou de letra essa desafiadora missão. “Na minha juventude, eu ia almoçar todo domingo na casa de Schiaparelli porque era muito próximo da Marisa Berenson, grande modelo dos anos 1970 e neta da estilista”, relembra.
Sendo uma das figuras incontornáveis da noite parisiense desde a época da fervida boate Le Palace, é natural que Darré tenha sido a escolha do duo André e Olivier Zahm para criar os ambientes dos nightclubs mais disputados de Paris e Nova York: o Le Montana e o Le Baron, respectivamente. Adivinhe qual é o único faux pas para Darré quando o assunto é interiores? “Gosto de decoração exagerada, teatral. Acho um pecado ter medo do mau gosto. Nada mais chato do que uma sala com sofá bege e poltrona marrom, decorada por fotografias em preto e branco!”
Quem senta-se na poltrona de um teatro para assistir a uma ópera costuma ser agraciado com música sublime, cenários e figurinos espetaculares e uma dose de dramaticidade maior que a própria vida. Mas há uma outra perspectiva a ser observada, de igual imensidão - a do artista que se apresenta no palco. É esse ponto de vista que o fotógrafo David Leventi captou em sua série de fotos intitulada Opera. Com um detalhe essencial: a arquitetura, e não as pessoas nem a performance, como protagonista.
O projeto começou em 2007 por acaso, quando Leventi fotografou o Ateneu Romeno em Bucareste, na Romenia (curiosamente a única foto da série tirada dos fundos da plateia, e não de cima do palco). Dali em diante, o fotógrafo prosseguiu a desvendar esses lugares monumentais, realizando, no caminho, um antigo sonho de seu avô.
Anton Gutman, avô de Leventi, foi um famoso tenor dinamarquês que se apresentava com frequência nas grandes Óperas do Estado em Berlim e Viena. O fotógrafo cresceu ouvindo Gutman cantar pelos corredores de casa e assim herdou o gosto pela música clássica. No momento em que se viu diante de uma casa de ópera, percebeu que com seu trabalho poderia levar o avô a lugares onde ele nunca teve a oportunidade de estar.
Munido de uma antiga câmera 8x10, posicionada bem no centro do palco e sem auxílio de nenhuma iluminação além das existentes nas próprias casas, David Leventi passou a fotografar de forma sistemática. Seus cliques, provas materiais de que a ópera também é épica de cima do palco, já chegaram a espaços históricos como o Teatro alla Scala de Milão, o Real Teatro di San Carlo em Nápoles e um dos mais antigos, o Palais Garnier em Paris.