Um castelo de areia com vista para o mar. Assim é o hostel do sonhos da maioria das pessoas que responderam à pesquisa realizada pelo site Hostelworld em sua página do Facebook. E foi deste resultado que sirgiu a ideia de construir o "Sand Hostel", primeiro hostel feito de areia do mundo.
Para colocar de pé o empreendimento, na praia de Golden Coast, na Austrália, os idealizadores contaram com a ajuda do escultor de areia Dennis Massoud e do designer de produção Jon Dowding, que participou da realização de filmes como Mad Max e A Lagoa Azul.
Construído em 21 dias, com mais de 24 toneladas de areia, os quartos do albergue já estão esgotados, tanto para os hóspedes que fazem questão de um dormitório individual quanto para os que topam dividir e ficar no quarto que abriga até oito camas.
Quem conseguiu a vaga, ou estiver na cidade de Golden Coast entre os dias 20 e 22 de setembro, poderá desfrutar ainda de bares e shows de música ao vivo, além de atividades bem praianas, como yoga matinal e aulas de surf.
Para ressaltar ainda mais o clima despojado - como se fosse necessário - os ambientes são decorados com tecidos leves, objetos com fibras naturais e objetos que trazem a temática de praia.
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Projetado pelo escritório francês Vincent Callebaut, o Nautilus Eco-Resort foi pensado como um complexo 100% sustentável a ser construído nas águas calmas da ilha de Palawan, nas Filipinas. Com prédios verdes dispostos em uma grande espiral - seguindo um padrão inspirado na sequência Fibonacci – a ideia é reunir em um só espaço turistas e pesquisadores interessados em desfrutar e preservar a natureza local.
Para abrigar os hóspedes, o complexo conta com 12 torres em espiral, todas capazes de girar 360 graus, o que as permite seguir o sol – além de outra série de edifícios em forma de caracol que abrigam, no andar térreo, espaços de exposições dedicados a explicar os atuais desafios e preocupações ambientais.
Já no centro do complexo, a ideia é erguer um edifício de madeira em forma de montanha. Nele o telhado seria coberto de hortas e pomares orgânicos, enquanto o interior abrigaria duas piscinas, além de laboratórios científicos, uma escola primária, um espaço para crianças e um salão de esportes para os jovens locais.
Quando o assunto é tecnologia e sustentabilidade o projeto francês também não deixa a desejar e incluí, por exemplo, turbinas subaquáticas para capturar energia das ondas, além de muita vegetação nas paredes e nos telhados dos edifícios e, claro, painéis solares por toda a parte. A ideia é que o Nautilus Eco-Resort não só produza a própria energia, mas gere o suficiente para ajudar no abastecimento de comunidades próximas.
Para além da estrutura e da construção, o plano do resort conta com a ajuda de “ecoturistas voluntários” que seriam encarregados de recolher lixos encontrados na praia, colaborar com esquemas de reciclagem, proteger os corais, entre outras iniciativas destinadas a melhorar as condições locais.
Infelizmente o complexo que somaria 27 000 m² não tem data para ser implementado. Mas seu objetivo de “zero emissão, zero desperdício e zero pobreza”, já serve como inspiração para diversos hotéis que estão por vir.
O boxeador Floyd Mayweather Jr. está de volta às manchetes de todo mundo, mas desta vez não é por uma vitório no ringue. O atleta de 40 anos chamou atenção ao comprar uma nova mansão em Beverly Hills, Estados Unidos, por nada menos de US $ 25,5 milhões (cerca de R$ 79.9476). O lutador ainda gastou outros US $ 500 mil em móveis para o novo lar.
Com 8 quartos, 6 banheiros, dois lavados e muitos itens tecnológcios, a descrição da casa afirma que a decoração moderna tem inspirações francesas e esclarece que a residência ainda conta com um hall de entrada com um piso de mármore, uma escada com corrimão embutido (e iluminado por LED), sala de estar, sala de jantar com lareira, bar, adega de vidro e uma biblioteca decorada com painéis de ébano.
Na parte de fora, no subsolo do terraço, há um anexo com um cinema com 20 lugares, academia, lavanderia e uma garagem para quatro carros. Já no mesmo nível do quinta encontramos, além de um vasto gramado, piscina, spa, salão de jogos e, claro, churrasqueira.
Além desta casa Mayweather é dono de diversas outras propriedades, incluindo a "Big Boy Mansion", residência adquirida pelo boxeador em 2010 e que hoje possuí sua própria conta no Instagram com mais de 250 mil seguidores.
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Quando mulheres criativas se juntam, coisas mágicas podem acontecer. Prova disso é a nova Botanista, que abriu as portas em agosto no bairro de Pinheiros, em São Paulo, trazendo mais um sopro de renovação para a região do Largo da Batata. Misto de loja de plantas e café, o espaço híbrido também abriga exposições de arte e produtos ligados ao universo da botânica – tudo à venda no local.
Além de um reduto para amantes da natureza – repleto de folhagens em vasos de vários tamanhos, como jiboias e columeias –, a loja é um achado para olhares mais atentos. Cada planta, por exemplo, traz uma etiqueta com uma poesia relacionada ao exemplar em questão. “Pensamos que, ao levar para casa uma espécie que foi replantada e cuidada por nós, leva-se também uma história”, diz Elissa Rocabado, sócia da Botanista ao lado de Nubia Lima e Renata Canin.
Elissa, que é ilustradora e também tem uma carreira como tatuadora especializada em temas botânicos, cresceu em um ambiente rodeado de plantas. “Aprendi desde cedo receitas de cura e banhos de ervas para limpeza energética”, conta. “Quando trabalhei com moda, a botânica ocupou um espaço maior na minha vida. Na época, muitos clientes pediam estampas pintadas à mão e essa necessidade me levou a querer saber mais sobre como ilustrar essas belezas naturais”. Ela iniciou, então, um curso de ilustração botânica e depois não parou mais. Fez cursos de gravura e estudou artistas do século XIX e suas técnicas.
O trabalho trouxe uma conexão com outras fãs de botânica e também a vontade de ter um espaço que pudesse unir todas as paixões. Nubia Lima é designer, trabalhou com branding e agora está iniciando uma carreira na gastronomia. Ela queria abrir um café e ter um espaço onde pudesse juntar pessoas e questionar o que comemos e a forma como fazemos isso. Renata Canin é comunicóloga e trabalha em uma empresa de tecnologia, mas sua paixão é cantar e escrever. Ela também tem uma relação estreita com a botânica desde criança.
“As três tinham sonhos e queriam um espaço”, diz Elissa. “Nessas conversas sobre como seria esse lugar, a questão do feminino esteve muito presente. A Botanista veio para ser uma loja de plantas (ornamentais, medicinais e aromáticas), um café e também um espaço para manifestações artísticas e culturais protagonizadas por mulheres.”
Neste sábado (23), para celebrar a chegada da primavera, além de venda de plantas e de artes do acervo, a Botanista vai realizar o Flash Day das Tattooístas, um coletivo de tatuadoras de várias partes do Brasil que fazem trabalhos autorais de diferentes estilos. O atendimento será por ordem de chegada. O evento acontece a partir das 14h, com drinques e comidinhas.
Botanista
Rua Amaro Cavalheiro, 138, Pinheiros, São Paulo
Quintas e sextas, das 10h às 19h; sábados, das 10h às 18h www.facebook.com/abotanista
Uma das tendências mais fortes do ano, o rosa, em especial esse tom mais claro e um pouco envelhecido, que facilmente se encaixa na categoria Millennial Pink, chega à decoração com uma propriedade bastante rara: se adaptar aos mais diferentes estilos. Tanto em quartos vintage e maximalistas, quanto em salas de estar repletas de móveis minimalistas, como a escolhida de hoje; a cor traz um mix de personalidade e serenidade que agrada em qualquer ambiente.
Na sala produzida pela Ferm Living, para garantir que a decoração não fique delicada demais, o rosa ainda foi combinado com um marrom escuro, que aparece sem cerimônia e com muita originalidade no teto da sala. Para garantir a harmônia, a cor tinge também o estofado do sofá e parte do tapete – que abriga ainda outros tons terrosos.
O mobiliário com linhas retas e puras, a cor do momento e o teto fora do comum, ainda serve como uma forma de atualizar o décor - mesmo que ele venha com referências clássicas - como as boiseries que cobrem parte da parede desta sala.
Os proprietários deste apartamento na Vila Olímpia, em São Paulo – uma arquiteta e sapateadora e um advogado e atleta –, estavam com o casamento marcado quando compraram o imóvel e precisavam que tudo ficasse pronto a tempo de se mudarem logo após a lua de mel. Recorreram, então, às profissionais da MAB3 Arquitetura, que assumiram uma reforma de quatro meses com a missão de criar um projeto jovem e atemporal, com direito a mobiliário de design nacional e europeu.
Os clientes queriam uma sala acolhedora para receber os amigos, um quarto aconchegante e um home theater, onde passam boa parte do tempo, para relaxar. “Precisavam de uma casa que atendesse aos gostos pessoais de design e que fosse funcional ao mesmo tempo”, dizem as arquitetas Marcela Muniz, Renata Adoni e Mariana Bilman. Os 90 m² do apartamento não foram empecilho para que elas acomodassem tudo o que o casal precisava. Para tanto, criaram marcenaria personalizada e otimizaram os espaços.
A principal mudança estrutural ocorreu na cozinha, que foi aberta e integrada com a sala. A entrada do banheiro de serviço, por sua vez, mudou de lugar para que o cômodo fosse usado como lavabo. “O principal desafio foi conciliar a metragem do apartamento com todos os desejos que o casal tinha”, contam as arquitetas. “Até mesmo a poltrona Mole [Sergio Rodrigues], um dos pontos de partida do projeto, foi um desafio de encaixar, pois é uma peça grande, teoricamente para metragens mais generosas, mas conseguimos que ela ficasse perfeitamente inserida no contexto.”
Um dos pontos altos do projeto é a sala de jantar, onde foi instalado um banco fixo em “L” com gavetas na base para guardar objetos. A peça recebeu estofado com tecido de edição limitada desenhado por Patricia Urquiola e vem acompanhada de mesa com pintura tipo tecnocimento e cadeiras B&B Itália. Na parede mais próxima, o jogo de ganchos da Muuto acomoda bolsas e outros acessórios.
Logo ao lado, para guardar louças e outros utensílios, as arquitetas criaram um armário que passa despercebido por quem entra no apartamento, já que a porta-painel se confunde com as paredes. “A marcenaria foi desenhada especialmente para o projeto e feita sob medida”, contam as arquitetas. Além dos bancos da sala de jantar e do armário com porta-painel, elas criaram as prateleiras no living, a cabeceira e os criados-mudos da suíte, e o armário do home com baú e porta ripada para o ar condicionado. “Todos esses itens ajudam a otimizar os espaços e aumentam o conforto dos moradores no dia a dia.”
A base neutra ganhou toques de mostarda, azul-marinho e laranja, que aparecem no mobiliário e em alguns objetos. Na decoração foram aproveitadas várias peças que a moradora já tinha em seu acervo – a exemplo da mesa lateral Scapinelli, que foi trazida da casa da avó como um presente.
Formado pela Visual Arts School de Nova York, Adam Lister é daqueles artistas contemporâneos que adoram questionar a própria cultura e o quanto o comportamento das pessoas mudou ao longo dos anos. Suas primeiras obras eram retratos pixelados dos ícones da cultura pop cinematográfica, como Princesa Leia, Darth Vader e O Poderoso Chefão. A ideia era brincar com a identificação imediata da imagem (ou não), revelando uma característica muito comum da nossa mente: o reconhecimento e a capacidade de armazenamento de tanta informação visual, da qual somos expostos diariamente, seja física ou virtualmente.
Para a nova série, intitulada Art History 101, Adam escolheu a dedo obras clássicas de diferentes movimentos, épocas e autores, para recriá-las com sua famosa técnica de aquarela, em shapes geométricos (pixels). “Sou muito curioso em relação a tradução de linguagem visual, como lemos e compreendemos as coisas que vemos por aí”, comenta ele em entrevista à Casa Vogue. A escolha de trabalhar com a aquarela vem da paixão pela qualidade manual que a tinta tem à oferecer, gerando uma “transparência” natural, permitindo a justaposição de cores e formas. “O que seria um desenho rígido, ganha uma combinação interessante de tonalidades e jogo de profundidade”, complementa ele.
De A Última Ceia, de Leonardo Da Vinci, a Ofélia, de John Everett Millais, Adam Lister investiga cada detalhe dos quadros. “As imagens são como quebra-cabeças, cuidadosamente separadas e depois unidas para revelar o assunto”, diz. O resgate nostálgico das grandes obras da história da arte conversa com a noção imagética do inconsciente coletivo, apenas transformado em um novo símbolo, familiarizado com a memória afetiva das pessoas. “Essas obras foram inspiradas pelo meu amor pela abstração geométrica, pintura de campo e gráficos digitais”, revela o artista.
Além da questão de reviver de maneira contemporânea obras tão consagradas, Art History 101 mistura o avanço da tecnologia com as lembranças. “A abordagem inspirada nos games de 8 bits traz de volta a minha infância”, diz. A construção visual de Adam, portanto, remonta como nós mesmos lembramos de alguma coisa, primeiro uma cor, depois uma forma, não necessariamente nítida, e, então, a confirmação visual. “Tal como a forma como nossos sentidos podem desencadear vislumbres de memórias, essas pinturas são, em certo sentido, vislumbres congeladas de imagens familiares.”
Para entrar no clima do início da primavera, a Simplesmente ensina uma receita super fácil e refrescante para aproveitarmos os dias mais quentes! Um shake da frutinha que é prima do açaí, mas que possui quatro vezes mais antioxidantes do que ele: o Juçaí! Confira abaixo os detalhes:
Um banco feito de madeira de Jequitibá, com ripas posicionadas a exatos 1,5 cm de distância –para abrigar perfeitamente as 180 flores de feltro que formam um pequeno jardim no canto esquerdo da peça. Assim é o banco Jardim, mais uma criação única e artesanal da designer Inês Schertel.
Exposto na mostra DNA Artefacto durante a MADE 2017, a peça surpreende não só pela estética e originalidade, mas pelo trabalho artesanal que está por trás de seu design. Feitas a mão, cada flor de lã instalada no banco foi tingida usando pigmentos naturais, encontrados por Inês.
A designer explica que as cascas de acácia trouxeram os tons mais rosados, as folhas de eucalipto misturadas com ferro enferrujado geraram o cinza e a Erva de São Jorge, o amarelo. Cores que só estavam disponíveis na natureza naquela época do ano – entre os meses de março e abril, pouco antes do inverno começar.
“Se fosse em outra estação, as cores seriam diferentes”, explica Inês. Ela escolheu os tons que mais gosta para a primeira peça, e até guardou parte dos pigmentos para novas peças (que ainda não tem data para entrarem no mercado), mas se mostra aberta para fazer versões em mais tons, ou até mesmo uma edição 100% natural – usando apenas a cor original da lã.
Em um mundo tomado pelas tecnologias, Inês Schertel, apesar de se dizer fãs dos recursos hi-tech, surpreende ao voltar seu olhar para as formas orgânicas e o uso de materiais naturais. É da natureza que a designer tira suas referências.
“Coisas naturais são atemporais. Não tem tendência. Não tem complicação. É simples como a natureza”, explica Inês ao lembrar-se de uma frase célebre creditada a Leonardo Da Vinci: “A simplicidade é último grau de sofisticação”.
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Imagine que você está dentro de uma pirâmide minimalista e que, de minuto em minuto, uma gota cai do seu topo até sua base, onde, em um pequeno receptáculo, a água se acumula. No instante em que essa gota toca a superfície da água, ondas vindas de diversas praias paradisíacas tomam conta do espaço. Esse cenário onírico pode se tornar realidade se você estiver em Londres durante o London Design Festival, até o dia 24 de setembro, e visitar a instalação Drop in the Ocean, criada por Brodie Neill no ME London Hotel.
A obra, apesar de todo o caráter lúdico e pirotecnia visual, traz como pano de fundo uma causa importantíssima e urgente: a conscientização quanto ao despejo de plástico no oceano. "Dentro de alguns anos, teremos mais pedaços de plástico flutuando nos mares que peixes nadando", comenta Neill, que usa plástico recolhido de praias para criar um material visualmente parecido ao marmorite, chMdo por ele de Ocean Terrace, com o qual produz itens de mobiliário - em Drop in The Ocean, a mesa de centro Flotsam serve como piscina para que as infinitas gotas gotejem enquanto, na entrada do hotel, o banco Remix mostra as possibilidades de aplicação.
A obra site-specific foi imaginada exatamente para tomar partido da grandiosidade da arquitetura do ME London Hotel, desenhado por ninguém menos que Norman Foster, do Foster + Partners: o atrium em forma de pirâmide, onde está a recepção, fica no centro do prédio, onde antes haveria o pátio interno, enquanto todos os quartos - com ares de minimalismo futurista - ficam voltados para as ruas. Com um sistema tecnológico integrado, no instante em que uma única gota é liberada do topo da pirâmide, projeções de ondas capturadas em 6 praias ao redor do mundo são lançadas nas paredes curvas do espaço.
Entre os dias 17 e 20 de setembro, durante o London Design Festival 2017, a feira Decorex, famosa por reunir grandes nomes da decoração em apenas um lugar, tomou conta do Syon Park, próximo a Londres. Entre as centenas de expositores, trazemos, aqui, um tour visual daquilo que nos chamou mais atenção!
Para continuar a acompanhar as aventuras do nosso editor online Michell Lott pelos acontecimentos da semana de design londrina, siga a Casa Vogue no Instagram!
O que fazer com a enorme quantidade de descartes que povoa o nosso planeta? Reciclar é uma das saídas, mas o reuso, quando possível, é uma solução ainda mais efetiva. Não por acaso, o conceito de upcycling (o reuso de matérias-primas que já foram processadas para criar novos objetos de valor ainda maior) vem ganhando espaço nos últimos anos, e agora é tema de toda uma exposição.
Recém-inaugurada no Museum für Kunst und Gewerbe de Hamburgo, na Alemanha, a mostra Pure Gold. Upcycled! Upgraded! reúne criações de 53 designers do mundo inteiro, com diferentes abordagens para processar materiais descartados e criar produtos com grande valor agregado. A mostra busca despertar a consciência para técnicas de produção alternativas, e ao mesmo tempo revelar o que tem sido feito neste sentido ao redor do globo.
Assim, o curador geral Volker Albus, designer e professor na Karlsruhe University of Arts and Design, convidou mais seis curadores de diversas partes do mundo – a brasileira Adélia Borges ficou encarregada de indicar projetos da América Latina.
Complementando a proposta, uma plataforma digital desenvolvida pelo designer Axel Kufus, professor da Berlin University of the Arts, além de expandir a própria exposição, servirá como um repositório de conhecimento em constante evolução e uma rede para a cena maker internacional. O endereço é puregold.ifa.de
A mostra segue em cartaz em Hamburgo até 21 de janeiro de 2018, e depois viajará para a o sudeste da Ásia, fazendo paradas em Bangkok, Yangon, Hanoi e Manila. A ideia é que percorra 20 países em 10 anos.
Com 3,8 bilhões de litros de água contaminada, o lago artificial Jacqueline Kennedy Onassis Reservoir ocupa 1/8 da área total do Central Park, em Nova York. Um recurso desperdiçado, com claro potencial para se tornar um importante espaço público para cidade.
Pensando nisso, o escritório de design DFA acaba de apresentar a Central Park Tower, uma torre com 220 metros de altura que promete ser a mais alta do mundo construída em madeira e deve abrigar no seu centro uma turbina dedicada à purificação da água.
Segundo os criadores do projeto, o lago, estagnado e cercado como está hoje, representa uma ameaça à saúde para milhões de nova-iorquinos, turistas e animais. Mas a situação poderia começar a ser revertida em menos de 6 meses - tempo previsto para construção, usando peças de madeira pré-fabricada.
Para tornar a novidade não só útil, mas também atrativa para o público, a torre contaria ainda com uma plataforma de observação de 17 metros de comprimento, que permitirá que os visitantes tenham uma vista de 360 graus da cidade.
“Aqui nós combinamos arquitetura, recreação, resiliência e turismo em um projeto que beneficiaria milhões de nova-iorquinos e turistas. É um projeto conceitual que empurra os limites do que percebemos ser possível em uma cidade tão densa, histórica e ambientalmente vulnerável como a nossa”, concluí o escritório nova-iorquino.
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Uma vida moderna e descomplicada, na ponta dos dedos, é o que promete o condomínio Moou, que acaba de ser lançado no bairro da Vila Madalena, em São Paulo. Localizado na na rua Mourato Coelho, 1410, o empreendimento oferece uma série de facilidades que quase equivalem a uma assistente pessoal virtual.
O projeto da construtora SKR tem arquitetura do escritório FGMF e interiores do Superlimão Studio, e foco total na conectividade: por meio do aplicativo Compass será possível liberar a entrada de visitantes na portaria, agendar massagem, contratar a limpeza do apartamento, utilizar o serviço de lavanderia online, acessar o sistema de compartilhamento de bicicletas e até conhecer vizinhos pela rede social do prédio, com segurança.
Outro destaque é que os apartamentos terão tomadas USB, sistema de automação para iluminação e cortinas. Nas áreas de convivência, a internet será de alta velocidade e, na garagem, haverá ponto de recarga para carro elétrico. “O Moou é pensado para jovens de todas as gerações, para aqueles que se inspiram com a arte e o design, com a natureza, a tecnologia e a conectividade”, aponta o presidente da SKR, Silvio Kozuchowicz.
O quintal com paisagismo dos arquitetos Camila Vicari e Raul Pereira trará frutíferas, mesa de piquenique e redes de descanso para os moradores se sentirem em meio à natureza. As 38 unidades possuem 14 plantas flexíveis, com áreas entre 50 m² e 172 m². É possível morar em loft, loft com terraço, apartamentos duplex ou na cobertura. A entrega está prevista para 2020.
Que tal celebrar a primavera, que começa neste dia 22 de setembro, com um piquenique? Morar em grandes cidades não é desculpa para não aproveitar o dia ao ar livre. Vários parques em capitais brasileiras têm áreas próprias para esse tipo de reunião, e o que é melhor: muitos deles abrigam em seus jardins espécies que estão em pleno desabrochar nesta época do ano. Então prepare algumas comidinhas (como esta torta de queijo cremosa), separe a toalha xadrez e avise os amigos. Está dada a largada para a temporada mais florida do ano!
Além de 9 mil exemplares botânicos pertencentes a cerca de 1.500 espécies, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro tem uma área com mesas e bancos de madeira ideais para um lanche com os pequenos. Localizado nas ruínas da antiga fábrica de pólvora, o parque infantil oferece, ainda, brinquedos e caixa de areia para crianças de até 10 anos. Fique atento às regras do local: é proibido alimentar os animais. Funcionamento: segunda-feira, das 12h às 17h; terça a domingo, das 8h às 17h. R$ 15 (crianças até 5 anos não pagam)
Reduto de cinéfilos paulistanos com suas salas de cinema e uma biblioteca, a Cinemateca é também um agradável refúgio cercado de arte e verde em plena zona sul de São Paulo. O local tem um jardim com bancos e mesas repleto de árvores frutíferas e um conjunto de esculturas doadas por artistas que contribuíram para revitalização da área do antigo Matadouro. O horário para piquenique é das 8h às 17h nos dias úteis e sob consulta nos finais de semana. É permitida a presença de até 25 pessoas, em cada grupo, entre crianças e adultos. Entre um sanduíche e um suco, aproveite para observar a arquitetura dos galpões construídos em 1884. Funcionamento do jardim da Cinemateca: segunda a quarta-feira, das 8h às 18h; quinta a domingo, das 8h às 21h. Entrada gratuita
Parque do Museu Oscar Niemeyer
Além de incrível por dentro, o MON, em Curitiba, é cercado por uma área verde que vale a visita. Atrás do museu em formato de olho há um extenso gramado repleto de árvores conhecido como ParCão, pronto para receber piqueniques despretensiosos com vista para a belíssima arquitetura do edifício assinado por Oscar Niemeyer. A entrada é gratuita e a presença de cães está liberada. Funcionamento: 24 horas
Jardim do Museu da Casa Brasileira
Referência em arquitetura e design, o MCB oferece um respiro em plena Avenida Faria Lima, em São Paulo. Em torno do solar neoclássico construído nos anos 1940, que hoje funciona como sede do museu, há um convidativo jardim onde é possível estender a toalha e curtir a primavera sem pressa. Antes de ir, vale conferir algumas regras e recomendações disponíveis no site da instituição. Funcionamento: terça a domingo, das 10h às 18h. Entrada gratuita aos sábados, domingos e feriados; e R$ 10 de terça a sexta. Fechado às segundas.
Parque Ecológico Roberto Burle Marx
Com vegetação típica do cerrado e plantas medicinais, o Parque Ecológico Roberto Burle Marx, na região leste de Belo Horizonte, também é chamado de Parque das Águas por ser rico em nascentes. Instalados em uma área com mais de 170 mil m², seus jardins que homenageiam o renomado paisagista oferecem o cenário ideal para piqueniques, entre micos-estrela, saracuras, tucanos e pica-paus. Funcionamento: todos os dias, das 7h às 18h. Entrada gratuita
Talvez por ironia (feliz) do destino, boa parte dos produtos culturais lançados entre 2016 e, principalmente, 2017, falam sobre questões mundiais de extrema importância para a opinião pública. Desde o feminismo com Sofia Coppola, The Handmaid’s Tale e livros de Chimamanda Adichie até o racismo em Corra! (Jordan Peele) e O Vendido, de Paul Beatty. Darren Aronofsky acrescenta à lista seu novo filme, Mãe!, um indigesto drama psicológico sobre as invasões a mãe natureza.
“Não é sobre a sua mãe ou a minha mãe, é sobre a nossa mãe”, reflete ele em coletiva de imprensa em São Paulo. E não mesmo. As camadas de interpretação do filme são infinitas e passam longe dos trailers aterrorizantes que circulam na internet. Aronofsky não ia se render tão fácil aos padrões hollywoodianos só porque está fazendo filmes menos “indie”. “As pessoas não esperam ver o que vêem neste filme, porque ele tem atores grandes como Jennifer Lawrence, Javier Bardem e Michelle Pfeiffer”, brinca.
O ponto de partida para a elaboração do roteiro foi um único sentimento e, sendo um ambientalista, Darren tinha a necessidade de falar sobre a mãe natureza. “Ninguém nunca personificou ela.” Realmente. E à ele coube a responsabilidade de dar o start na questão, mas não pense em livros ilustrados e fauna mágica. Barulhos, câmera em movimento e sequências de cena frenéticas constroem um retrato visceral da sociedade contemporânea e a sua relação com o próprio habitat.
A primeira analogia feita pelo diretor de Cisne Negro foi colocar Jennifer em uma casa com seu marido (Javier Bardem), um escritor que precisa de inspiração para dar continuidade ao trabalho. Ao longo do filme, o casal recebe inúmeras visitas, mal-quistas pela esposa (no caso, a mãe natureza), que não era avisada de nada. “Todo mundo tem aquela visita que apagou cigarro no seu carpete em um jantar. É essa visita que você não esquece nunca”, comenta o diretor. Quanto mais gente entra na casa, mais aflitivo fica o filme. As sensações de indignação são misturadas com as indagações sobre “o que estou vendo exatamente?”, gerando emoções diversas durante as quase duas horas no cinema.
Fácil não ia ser, levando em consideração as outras obras de Darren, mas um aviso na porta talvez fosse necessário para acalmar os ânimos dos espectadores - e deixe para lá o gênero “terror”, a psicologia e o inconsciente coletivo são muito mais chocantes para esta narrativa.
A quebra de paradigmas começa desde a elaboração do roteiro, escrito em apenas cinco dias. “Queria fazer algo guiado por uma única emoção e ver o que sairia disso”, revela Darren. “É como o éter ou quando acordamos de manhã cedo e tentamos lembrar dos sonhos daquela noite. Não enxergamos, mas ele está ali.” O conceito foi lapidado com os produtores até chegar na versão final, impactante para a protagonista, que aceitou na hora o papel.
Apesar de Jennifer Lawrence seguir fazendo mais do mesmo, a importância dela em um papel como esse vai além da sua popularidade em Hollywood. A atriz feminista traz uma carga emocional para o papel da mãe natureza, vista como uma deusa mulher, aquela deixada às margens das decisões familiares, que deve sempre servir e não receber o mínimo de respeito em troca. Nesse ponto, o feminismo de Mãe! é belíssimo, mas, infelizmente, há quem diga que o filme é misógino e violento - camada mais rasa de interpretação, nada condizente com a profundidade do roteiro.
Quanto a Trump e suas políticas nada felizes em relação ao meio ambiente, Aronofsky diz não ter nenhuma relação de início: “escrevi o roteiro em 2015”. Contudo, não tem como desconsiderar a contemporaneidade de Mãe! quanto aos temas recorrentes de nossa sociedade. Principalmente quando um filme como este estreia na semana de reuniões do G20. “Os problemas ambientais, sociais e políticos existem há tempos, mas com Donald Trump conseguimos ver de onde vem o câncer”, debate.
Mesmo com tantas qualidades, Mãe! é um filme difícil de assistir, porque nenhum problema é fácil de engolir e sabemos disso. Sem contar o alto nível de experimentalismo do diretor, que deixa o espectador em vários momentos sem conseguir entender absolutamente nada do que está acontecendo. É preciso atenção, paciência e estômago. “Não é um filme de terror, mas ainda assim vai ferrar com você”, alerta Darren Aronofsky. Realmente.
Uma bienal gostosa de ver. Talvez a fixação pelos “fluxos” do mundo tenha ajudado a curadora Emma Lavigne a montar uma exposição que convida o visitante a percorrer os espaços de maneira leve e flutuante.
Segunda bienal da trilogia cujo tema é a palavra “moderno”, Mondes Flottants traz o conceito de “modernidade líquida”, apontado pelo sociólogo Zygmunt Bauman ao tratar da fluidez das relações no mundo contemporâneo, e de “obra aberta”, proposto por Umberto Eco.
Emma sugere um mundo sem formas rígidas e cheio de ondas e curvas por onde informações são transmitidas. Não faltam, assim, estudos de movimento (procure por Peter Moore, Molly Davies, David Medalla, Robert Breer, Héctor Zamora, Ola Maciejewska e Daniel Steegmann Mangrané) , obras sonoras e referências a músicos (destaque para David Tudor, Doug Aitken, Camille Norment, Shimabuku, Ari Benjamin Meyers e Céleste Boursier-Mougenot) e, é claro, a presença da água e do ar – repare nos trabalhos de Laurie Anderson, Hans Haacke, Gordon Matta Clark e Damián Ortega.
Vale buscar, ainda, pelos filmes de Philip Corner com música de Terry Riley, de Ewa Partum, de Fernando Ortega, Julien Discrit, Apichatpong Weerasethakul. A instalação luminosa de Lucio Fontana e os carimbos de Marco Godinho que formam a peça Forever Immigrant, a “escultura” de Tomás Saraceno também chamam a atenção.
Esta bienal não apresenta nenhuma obra life changing, mas as relações entre as peças são interessantes. Melhor exemplo disso está na sala onde estão as quatro esculturas de Ernesto Neto em diálogo com um belíssimo móbile de Alexander Calder, uma peça de Jean Arp e duas obras de Lucio Fontana.
Mas a presença brasileira não para por aí. Emma também selecionou três trabalhos de Lygia Pape, uma instalação sonora de Cildo Meireles e um bom exemplo de “obra aberta” de Rivane Neuenschwander. Veja, as seguir, a entrevista com a curadora:
1. Os termos "moderno" e "contemporâneo" têm a mesma origem, mas seus significados mudaram ao longo da história. Nesta bienal você trabalha com eles juntos, certo? Por quê? Segundo Thierry Raspail, a questão do moderno existe desde o século 17, mas "ser moderno" é um conceito que mudou. O que realmente é moderno hoje?
O sociólogo Zygmunt Bauman propõe uma crítica à noção de "modernidade" – enfatizando sua "natureza fluida, sempre em mudança, caleidoscópica" – que é rica em significação em uma era que atualmente sofre a "desvalorização irreprimível" da distância espacial, interpenetração e interconexão de rede, globalização galopante e fluxo acelerado de pessoas, ideias e bens.
Bauman descreve a sociedade contemporânea em termos de mobilidade contínua, um fenômeno que leva à dissolução de relacionamentos e identidades e à "liquidez" global.
O fluxo é o que conecta os indivíduos, o que lhes permite se comunicar, se aproximar e, ao mesmo tempo, pode arrancá-los e deslocá-los.
Nesta Bienal, prefiro procurar outra forma de "modernidade" em relação à abertura de obras de arte, a constante mobilidade definida no livro L'oeuvre ouverte [obra aberta], que Umberto Eco escreveu em 1965. Em minha opinião, ele se adequa melhor à cena artística de hoje e isso me permite criar um espaço onde a arte moderna e a arte contemporânea podem se misturar.
2. Em En quel temps vivons-nous? (Em que época vivemos?), Jacques Rancière sugere, em uma conversa com Eric Hazan, que “ uma das características dominantes da arte hoje é a criação de links através dos limites de práticas que são normalmente separadas e distintas". Os fluxos desse mundo moderno acabam favorecendo essa interdisciplinaridade na arte. O trabalho de Daniel Steegmann Mangrané, por exemplo, não deixa de ser um experimento biológico. Mas ele acaba fazendo uma critica à situação dos imigrantes com o seu viveiro de bicho-pau asiático que habitam um ecossistema essencialmente francês.
Exato. Vivemos em um mundo onde as conexões proliferam, um mundo globalizado que está gerando mobilidade constante e acelerando os fluxos. Muitos artistas da Bienal são atravessados por essa visão do mundo, como Damian Ortega, por exemplo, com seu fio de sal sem fim, que cai de um “submarino” fantasmagórico. Concentra a atenção nas zonas de transição entre o espaço interior e exterior, a qualidade indeterminada dos seus fluxos, trocas e territórios. Ou Marco Godinho com seu trabalho Forever Immigrant – uma espécie de haiku meteorológico cuja forma indefinida prolifera livremente pelo espaço, como uma nuvem ou um banco de neblina que se dissipa pelo museu – que examina o estado de incerteza e instabilidade em nosso mundo. Godinho visa promover o surgimento de "novos contextos e símbolos e territórios ainda indefinidos e não identificados, em uma projeção imaginativa e universalmente compreensível de sonhos e ilusões". Numerosas obras mostram essa propensão para porosidade e abertura para outros campos, outras formas, favorecendo um estado fragmentado, às vezes inacabado, como uma partitura musical que espera ser executada ou completada.
3. O moderno não significa modernidade ou modernismo. Como estes diferentes conceitos são tratados na Bienal? Você poderia explicar mais sobre a ideia de "modernidade ampliada" e "objetos de experiência"?
A palavra "moderno" permite um conceito mais "líquido" (risos) de modernidade e / ou modernismo. Enquanto a "modernidade" é um termo de arte usado nas ciências humanas e sociais para designar o período histórico que surgiu na Europa pós-medieval e se desenvolveu desde então, o "modernismo" é um movimento filosófico que, juntamente com tendências e mudanças culturais, surgiram de transformações amplas e de grande alcance na sociedade ocidental durante o final do século XIX e início do século XX, seguidas pelo desenvolvimento das sociedades industriais modernas e pelo rápido crescimento das cidades.
Quando falamos em "moderno", podemos facilmente traduzir por "relevantes". É o caso de obras-primas de Lucio Fontana, Hans Arp e outros que eu decidi mostrar em conjunto com peças contemporâneas e obras especificamente produzidas para a Bienal.
Isso não significa que se deve comparar o que foi criado há cinquenta anos com o que está sendo criado agora - simplesmente significa que as obras-primas "antigas" ainda são relevantes para nossos tempos, que ainda podem inspirar artistas mais jovens, que nos ajudam a compreender e moldar o mundo em que vivemos (como uma "modernidade ampliada") e o que está sendo criado hoje (como "objetos de experiência").
4. Qual seria a ligação de Fonntana e Arp com a obra de Ernesto Neto?
Fontana procurou "abrir espaço, criar arte para uma nova dimensão, conectá-la à infinidade do cosmos, além da superfície plana da imagem". Em seus textos, observa quão importante foi não criar uma exposição convencional de imagens e esculturas, mas cortar logo no coração da polêmica espacial.
Ernesto Neto nos aproxima mais do solo e das germinações que podem ser geradas lá. Ele também abre espaço, que se torna um gigantesco casulo onde experimentamos a gravidade, elasticidade e equilíbrio de seus materiais. Ambos os artistas exploram os limites do cosmos, a noção de "orgânico" e abrem o nosso mundo.
Neto é um artista maravilhoso que reage e se dedica à arte moderna e produz o que é o exemplo perfeito da “obra aberta” de Umberto Eco. "Eu começo onde Arp parou", disse certa vez, inspirado pelas formas biomórficas do escultor. Ele ainda traz referências dos objetos sensoriais e ambientes imersivos criados pelos grandes artistas do movimento neoconcreto brasileiro, como Hélio Oiticica, Lygia Clark e Lygia Pape. Ernesto Neto está ciente da modificação do nosso mundo, em que tudo está sempre em movimento.
5. O trabalho da Rivane Neuenschwander é uma maneira de protestar e fazer-se ouvir. Como a instalação Bataille entra no contexto moderno da exposição?
Inspirada pelo sistema de rizomas proposto por Gilles Deleuze e Félix Guattari, aberto a significados múltiplos e nômades, e que insiste na linguagem como um "evento puro", Rivane se concentra em formas de organizar as enunciações coletivas de um idioma como um fluxo expressivo.
Com a instalação Bataille, ela extrai palavras e conceitos das realidades e revoltas do mundo contemporâneo: palavras aqui adquirem um novo significado, depois de serem "enterradas" por algum tempo, na massa que a Internet pode representar.
As palavras transpostas para rótulos - como marcas de moda - formam um léxico que rompe com o espaço da revolta coletiva para forjar um alfabeto poético e intimista para cada visitante recompor e transportar. O trabalho sai da esfera de protesto público e ganha amplitude quando transformado em uma forma de entretenimento, no qual o "conjunto de imagens" sustenta a Sociedade de Espetáculo, como definido por Guy Debord.
6. Alguns artistas abordam o fluxo com a poética do caos, da dispersão, do nomadismo e do movimento. A Lygia Pape seria um elemento chave para esse grupo?
Sim. Alguns artistas, como Lygia Pape, consideram a arte como uma forma de catarse capaz de transfigurar o caos como uma cama de semente para o novo, como a reunião e a dispersão em um só lugar.
Divisor é um ambiente que une os corpos individuais em uma vasta "pele" que forma uma arquitetura constantemente em movimento. É um único corpo de dançarinos, como a experiência do Carnaval. Esta peça exemplifica o pensamento subjacente ao trabalho de Lygia Pape, em que a destruição - aqui, a separação dos corpos pela tela - é um aspecto do renascimento.
Divisor é imanente em uma das obras finais de Pape, New House, que existe em duas situações: uma tropicalizada pela vegetação da floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro, canibalizando os lados de vidro do cubo branco; e, a outra dentro do espaço de exposição, uma "intrusão forçada" de um tempo e contexto diferentes, completamente diferente do espaço controlado e domado do museu, que o trabalho pretende penetrar com "um impulso, um pensamento na luz". New House é a versão caótica e visceral da Ttéia, composta por fios de ouro ou prata esticados no espaço, como se fossem conectados os pontos de uma constelação invisível.
Unir design, obras de arte e peças que são referências pessoais dos clientes foi o objetivo do escritório Díptico Design de Interiores na concepção do décor desta casa de 350 m² no bairro do Jardim Paulistano, em São Paulo, onde moram a designer de sapatos Adriana Pedroso e sua família. Comandado pelo arquiteto Ricardo Caminada e pela sócia, a designer de interiores Daniela Berland Cianciaruso, o projeto transformou o imóvel em um espaço moderno e confortável.
No piso térreo, onde estão localizados área social, cozinha e quintal, o destaque é o living, que foi integrado à varada e à cozinha gourmet. O ambiente recebeu uma mesa de jogos e foi decorado com um exemplar da poltrona Mole, de Sergio Rodrigues, além de poltronas redondas Ottoman, da LignetRoset, e uma mesinha dourada assinada por Tom Dixon (Firma Casa).
Nas paredes, inúmeros quadros do acervo dos proprietários, além da palavra "grude", na letra da proprietária e moldada em neon, que é como o casal se chama.
No jantar, sobre o piso de granito bruto, a mesa de concreto com pés de madeira da Decameron Design acomoda cadeiras da Scandinavia Designs. “Escolhemos modelos diferentes para dar um charme”, explicam os profissionais da Díptico. Sobre ela, o lustre Heracleum II, de Berlim Pot para Mooi, atrai o olhar.
Integrada à cozinha, a adega abriga taças e copos dentro do armário de vidro serigrafado, que internamente traz o mesmo laranja da parede. No fundo da bancada de silestone, um charmoso reservatório de rolhas também funciona como decoração.
No andar superior, onde está a área íntima, a suíte do casal ganhou um tapete da Empório Beraldin, que conta com estampas criadas por Christian Lacroix. O guarda-roupa (integrado a uma penteadeira) foi desenhado pela Díptico e executado em madeira com revestimento em couro (trabalho da Unimóveis).
A solução combina com os criados-mudos, ambos da Etel. Rouba a cena um banco da Vermeil, aos pés da cama. Na parede, mais um toque pessoal do casal: gravuras que eles ganharam no casamento.
Já a laje foi transformada em terraço. Um tapete da Prototype, próprio para áreas externas, combina com sofás e pufes da Tidelli com poltroninhas da coleção Ibiscus, de Dominique Petot (Moroso).
Neste apartamento em Los Angeles, nos Estados Unidos, o greenery, cor do ano eleita pela Pantone, até se faz presente nas plantas. Mas quem rouba mesmo a cena é um delicado verde menta, resultando em um pano de fundo suave para o lar da fotógrafa Jaclyn Campanaro.
O tom esmaecido preenche as paredes, destacando esquadrias, a lareira e a marcenaria, que acomoda uma série de livros, todos pintados de branco. O teto, no entanto, emprega um verde acinzentado bem claro. A esta paleta, somam-se outros tons crus, como off-white e ráfia, além do clássico preto, escolhidos para os mobiliário e tapete e vasos — peças rústicas e que destacam texturas naturais, como o couro e o sisal. O resultado é uma casa versátil, com muita leveza e frescor!
Muitos são os eventos que movimentam a London Design Festival. Nesta matéria, você confere alguns itens portugueses que chamaram nossa atenção na feira 100% Design (de 20 a 23 de setembro), novidades conceituais da Design Frontiers (de 18 a 24 de setembro). E, para abrir, com vídeo, a exposição dos sempre impecáveis Dimore na galeria Mazzoleni (até 24 de setembro). Se tiver em Londres, don`t miss it!
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(Un)Confort Zone dos Dimore
A Mazzoleni convidou Britt Moran e Emiliano Salci da icônica Dimore Gallery para criar, com seu sofisticado mix de peças vintage e criações contemporâneas, a exposição (Un)confort Zone: com as peças do acervo da galeria londrina, surgiram 5 quartos escondidos por pequenas janelas que convidam o visitante a ter uma experiência voyeur.
Em meio às camadas de texturas, objetos de design e obras de arte, elementos muito vivos, como roupas de baixo, armas brancas, vestígios de cigarro e revistas de fofoca pincelam os ambientes cheios de conceito visual com uma boa dose de vida - e de mistério, uma vê que estes sinais contam, por si, uma história.
Para o lançamento de seu novo tecido de lã criado por Giulio Ridolfo, a Kvadrat convidou 19 estúdios de arte e design e fez a seguinte pergunta: o que você faria com uma tela em branco? Com essa provocação, surgiram projetos de diversas estéticas e funcionalidades da exposição My Canvas. Na imagem, o estúdio BCXSY criou o banco Catwalk, que evoca as formas de uma esteira.
Todos os dias somos expostos a uma quantidade gigante de informação. Ao abrir o jornal, ligar a TV ou acessar um site de notícias, encontramos uma série de discursos baseados em estatísticas para defender um determinado ponto de vista. Se nós aceitamos ou duvidamos dessas informações depende do nosso próprio conhecimento ou da nossas próprias experiências. Nós somos capazes de de distinguir entre o que é trivial e o que é importante, no fim das contas? Nós deveríamos sequer nos importar com o que nos é apresentado ou como nos é apresentado?
Como parte da maior consultoria de design independente do mundo, a Pentagram, Domenic Lippa frequentemente teve um papel importante em como os fatos e números são desenhados. Como um comentário em relação a isso, ele criou o livro 250 Facts & Figures e preencheu os espaços de uma sala inteira com ele, criando a instalação do mesmo nome. Os visitantes são, então, convidados a levar um desses livros para si, digerir em casa e refletir sobre a importância do design gráfico e da forma como as informações são propagadas nos dias de hoje.
Quem é criativo não se resume a pensar em soluções apenas para o seu campo de atuação. Jijibaba é uma marca de roupas que surgiu exatamente para dar espaço para que mentes criativas do design industrial possam aplicar suas estéticas e soluções na moda. Para a primeira coleção, Jasper Morrisson e Jayme Hayon foram convidados a transportar seus universos para uma coleção de moda masculina.
A Gufran lançou a poltrona Roxanne, de Michael Young é inspirada no universo musical de Sting e do The Police. A decoração disco e o design radical dos anos 1970 se uniram às tecnologias do mundo de hoje para dar vida às formas ousadas dessa poltrona de poliuretano estofado.
Apesar do nome e inspiração nórdicos, a marca Stabörd é portuguesa e desenvolveu, in house, uma couro ecológico que adiciona textura e geometria a suas criações com inspiração no modernismo.
A também portuguesa Trinta por uma linha usa materiais e estéticas típicas do país para criar móveis contemporâneos e cheios de humor. Seus nomes são inspirados em ditos populares da língua portuguesa e são todos feitos com encaixe, sem nenhum prego. A mesa de centro, por exemplo, se chama Segurar a Vela, graças à sua função de móvel acessório.
O escritório Branca, também de Portugal, remixa formas clássicas com a sabedoria artesanal do país para dar vida a móveis atuais e leves.